A Pedra Mágica

A Pedra Mágica

Não me canso de falar aqui no blog o quanto sou fã do Robert Rodriguez. Este ano, o melhor filme dentre os 26 que vi no Festival do Rio foi o dele, o sensacional Machete. Isso porque antes ele fez Planeta Terror e Sin City. O cara é gênio. E tem mais: ele tem uma carreira paralela, de filmes infantis. Ele fez os três Pequenos Espiões e também Shark Boy e Lava Girl. A Pedra Mágica é o seu novo filme pra criançada.

Nesta fábula amalucada, um garoto descobre uma pedra colorida capaz de realizar qualquer desejo. Quando outras pessoas descobrem os poderes da pedra, o caos se instala no pequeno subúrbio de Black Falls, dominado por uma grande companhia que fabrica o Black Box, uma engenhoca que parece uma mistura de celular com videogame com mini-computador com mais um monte de coisas.

A Pedra Mágica é um filme divertido, com personagens bem construídos e um roteiro não linear muito bem escrito. E, assim como faz em seus filmes direcionados ao público adulto, Rodriguez faz de tudo. Aqui ele dirigiu, escreveu, produziu, editou e ainda trabalhou na fotografia e na trilha sonora.

Preciso falar do roteiro. O título original, Shorts, deve ser porque o filme é contado em seis pequenos episódios. Mas, como fez Quentin Tarantino (amigo e parceiro de Rodriguez) em Pulp Fiction, os episódios não estão na ordem cronológica! E, com uma edição bem feita, isso torna o filme ainda mais divertido.

O elenco adulto tem alguns nomes conhecidos, como William H. Macy, John Cryer, Leslie Mann e James Spader. Mas o melhor nome do elenco está no “time infantil”: a (ainda) desconhecida Jolie Vanier, de apenas 11 anos, como a vilã Helvetica Black. A menina é ótima!

(Mais uma bola dentro de Rodriguez: seus filhos estão no elenco, como em vários de seus outros filmes – Rebel Rodriguez esteve em Planeta Terror e Shark Boy e Lava Girl. Mas, diferente de muita gente adepta ao nepotismo, seus filhos são coadjuvantes. Os papéis principais ficam com as crianças realmente talentosas!)

Os efeitos especiais são bastante eficientes para mostrar esse mundo louco. Jacarés andando em duas patas, um pterodátilo, um monstro de meleca, alienígenas minúsculos, um robô gigante, dois personagens em um só corpo, um personagem que vira um besouro, outro com chocolates infinitos… A imaginação estava fértil quando escreveram o roteiro, e os efeitos especiais acompanham tudo isso.

Claro, tem gente que vai achar tudo aqui exagerado. E é sim, os personagens adultos são caricatos, os desejos pedidos à pedra são absurdos, o tal aparelho Black Box faz tudo… Mas, caramba! É um filme infantil!

Boa opção para quem quiser um filme infantil diferente do óbvio.

A Casa das Coelhinhas

A Casa das Coelhinhas

Tenho um hábito nem sempre saudável. Vejo quase tudo o que cai em minhas mãos. Numa dessas, vi este lamentável A Casa das Coelhinhas (House Bunny, no original)

A trama não faz o menor sentido. Uma menina passa toda a infância num orfanato, e de lá sai direto para a Mansão Playboy, onde vira uma coelhinha. Fora da mansão, acaba numa fraternidade universitária.

A Casa das Coelhinhas é ruim em vários aspectos. O principal é que se trata de uma comédia completamente sem graça! Mas tem mais, muito mais. Por exemplo: acho difícil alguém se identificar com a nossa heroína Shelley (Anna Faris) – uma menina burra e mimada não gera simpatia de ninguém.

A trama é clichê e extremamente previsível. Claro que as meninas feias da fraternidade vão ficar bonitas depois de se maquiarem e pintarem os cabelos. Claro que Shelley ganhará o poster. E claro que a fraternidade coneguirá a casa. Aquela cena final deu raiva de tão óbvia.

Ainda sobre as meninas, que deveriam ser “excluídas” – alguém me explica por que uma delas está grávida? Se ela engravidou, é porque teve um pai, não? E como uma menina que passou anos usando um aparelho na coluna consegue sair correndo naturalmente? E por aí vai…

Fujam!

Lost Boys 3 – The Thirst

Lost Boys 3 – The Thirst

Mais uma continuação do clássico oitentista Garotos Perdidos (de 1987). A segunda parte, Lost Boys 2 – The Tribe, já veio tardiamente, em 2008. Agora, parece que abriu o filão para continuações.

Em uma cidade de praia na California, o caçador de vampiros Edgar Frog passa por problemas financeiros. A escritora best seller Gwen Lieber o contrata para resgatar seu irmão, capturado pelo vampiro alfa que tem planos de criar um exército de vampiros

Este terceiro filme teve um problema: Corey Haim, protagonista do primeiro filme (e que aparece numa cena extra do segundo) morreu em março deste ano, antes do filme ser feito. Assim, o personagem principal voltou a ser Edgar Frog, coadjuvante no primeiro mas protagonista no segundo. Pelo menos o ator Corey Feldman foi mantido. (Em uma espécie de homenagem, Haim aparece algumas vezes, em cenas tiradas do primeiro filme)

Lost Boys 3 – The Thirst não é de todo ruim. Mas tem uma falha grave: falta um bom vilão. Caramba, o primeiro filme trazia Kiefer Sutherland em grande forma, um dos melhores vampiros dos anos 80 (ao lado de Chris Sarandon de A Hora do Espanto). O vilão aqui é fraco e tem carisma zero.

Por outro lado, a bola dentro é que o filme aproveita pra cutucar o fenômeno Crepúsculo – os livros de Gwen Lieber são bem neste estilo de romancezinho vampirinho água-com-açúcar.

O elenco está ok para o que o filme pede. Corey Feldman (que nos anos 80, teve uma grande carreira, fazendo, entre outros, Goonies, Gremlins e Conta Comigo), o tempo todo com cara de mau e voz gutural, só funciona porque o filme é meio piada. Jamison Newlander volta para um pequeno papel como o outro irmão, Alan Frog. E, se tem um nome digno de nota, é a belíssima Tanit Phoenix, a Gwen Lieber, que parece uma Elizabeth Hurley mais nova.

O fim do filme traz um gancho explícito. Lost Boys 4 não deve tardar a aparecer…

O Enviado

O Enviado

No dia seguinte ao seu aniversário de 8 anos, Adam morre num acidente. Um estranho médico cientista propõe aos seus pais uma experiência que desafia a lei e a ética: um clone, uma cópia exata do menino falecido.

Dirigido em 2004 por Nick Hamm (que logo antes tinha feito O Buraco), O Enviado traz uma premissa boa, o tema clonagem é muito interessante. Mas o desenvolvimento da trama deixou muito a desejar!

A primeira parte do filme funciona bem. O clone Adam é uma cópia exata do Adam original, até completar 8 anos de idade. A partir daí, começa a virar um ser sinistro. E é aí que o filme escorrega, tentando criar uma explicação completamente inverossímel sobre um outro DNA inserido no embrião. Era melhor ter seguido pelo caminho sobrenatural, pessoas desafiando Deus e tendo que aguentar as conseqüências…

O elenco é até legal. Greg Kinnear fora indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante seis anos antes, por Melhor é Impossível. Rebecca Romijn estava em alta, nos anos anteriores ela fez Femme Fatale, os dois primeiros X-Men, Rollerball e O Justiceiro. E o médico é ninguém menos que Robert De Niro, oras!

Mas não tem bom elenco que segure um roteiro fraco. E a prova está nos extras do dvd: são apresentados quatro finais diferentes do “oficial”! Aparentemente, os realizadores realmente se perderam!

No fim, O Enviado nem é ruim. Mas também não é bom. Tem coisa melhor por aí.

p.s.: Na internet, rolam umas cenas de nudez da Rebecca Romijn neste filme. Mas não tem nada no dvd brasileiro…

Os Outros Caras

Os Outros Caras

Com a morte de dois policiais herois, outros dois policiais querem os holofotes. O problema é que eles não levam muito jeito para serem estrelas – Terry Hoitz (Mark Wahlberg) carrega um erro enorme no currículo, enquanto Allen Gamble (Will Ferrell) é um grande medroso.

Dirigido por Adam McKay, especialista em comédias bobas com Will Ferrell, Os Outros Caras (The Other Guys no original) é uma boa surpresa: trata-se de uma divertida comédia policial. A parte “ação” é muito bem feita, boas cenas de perseguições de carros, bons tiroteios. E a comédia tem algumas sacadas bem legais.

Um dos destaques do filme é Will Farrell. Sim, por incrível que pareça, o ator com cara de bobão que “cometeu” o lamentável Terra Perdido funciona perfeitamente aqui. Mark Wahlberg também não é reconhecido por seus dotes como ator, mas pelo menos tem alguns títulos legais no currículo, como Boogie Nights e Rock Star. E ambos estão ótimos juntos, rolou uma boa química com a típica dupla de filmes onde um não tem nada a ver com o outro.

O resto do elenco ainda tem alguns nomes legais, como Michael Keaton, Ray Stevenson, Steve Coogan e Eva Mendes, além de participações mais que especiais de Samuel L. Jackson e Dwayne Johnson.

O roteiro traz algumas situações muito engraçadas. Mas não é 100%, alguns momentos são bobos, como, por exemplo, o namoro de Gamble usando a sogra de pombo correio. Desnecessário…

Segundo o imdb, a previsão de lançamento para Os Outros Caras aqui no Brasil era pra ser em 8 de outubro. Estamos no meio de novembro, e nada ainda… Sorte que existe o torrent!

Top 10: Atores Parecidos

Top 10: Atores Parecidos

Sabe quando a gente está vendo um filme, achando que é um ator, e, na verdade, é outra pessoa na tela? Existem vários casos de atores parecidos uns com os outros. Vou listar aqui os que acho mais parecidos.

Como são vários casos interessantes de semelhança, resolvi dividir o Top 10. Hoje postarei os atores, semana que vem farei um novo Top 10, desta vez com atrizes. Aguardem!

Lembrando, sempre, dos outros Top 10 já feitos aqui no do blog: filmes de zumbi, filmes com nomes esquisitos, filmes sem sentido, personagens nerds, estilos dos anos 80, melhores vômitos, melhores cenas depois dos créditos, melhores finais surpreendentes, melhores cenas de massacre, filmes dos ano 80 e 90 nunca lançados em dvd no Brasil, estilos de filmes ruins, casais que não convencem, musicais para quem não curte musicais, melhores frases de filmes, melhores momentos de Lost, maiores mistérios de Lost, piores sequencias, melhores filmes de rock, melhores filmes de sonhos, melhores filmes com baratas, filmes com elencos legais, melhores ruivas, melhores filmes baseados em HP Lovecraft e filmes que vi em festivais e mais ninguém ouviu falar. Visitem!

Em ordem decrescente…

10.Jack Nicholson e Michael Ironside

Michael Ironside anda meio sumido. Mas ele poderia ser o “primo pobre” do Jack Nicholson, não acham?

09.Ryan Reynolds e Jason Lee

O estilo de humor engraçadinho é o mesmo. E, nessas fotos, os dois exageraram: mesma barba, mesma roupa, mesmo chapeu feio…

08.Jeffrey Dean Morgan e Javier Bardem

Jeffrey Dean Morgan é um eterno coadjuvante em Hollywood. Quem sabe o recente sucesso americano do seu sósia espanhol Javier Bardem não o ajuda?

07.Kurt Russell e Patrick Swayze

Estes têm estilos bem diferentes, então fica mais difícil de confundir. Mas olhe bem para ambos!

06.Leonardo Di Caprio e Emile Hirsch

Emile Hirsch é o clássico caso do galãzinho que quer ser parecido com o astro. E parece, poderia interpretar Di Caprio mais novo…

05.Tom Hanks e Dan Stulbach

Dan Stulback poderia viver em Hollywood e ganhar a vida como sósia de Tom Hanks…

04.Josh Duhamel e Johnny Knoxville

Outro caso de estilos diferentes. Josh Duhamel é pretendente a galã; Johnny Knoxville é “o” Jackass em pessoa. Mas olha bem pra cada um deles…

03.Ben Kingsley e  Patrick Stewart

Patrick Stewart era o Ghandi? Ben Kingsley era o capitão Picard, de Star Trek? Ou o contrário?

02.James Belushi e Bill Murray

Tem gente que até hoje acha que era o James Belushi em Caça-Fantasmas! Pra ajudar a confusão, ainda tinha o John Belushi, primo de James, que fazia filmes no mesmo estilo que o Bill Murray (ambos foram parceiros de Dan Aykroyd).

01.Johnny Depp e Skeet Ulrich

Johnny Depp veio antes e tem uma carreira de maior prestígio. Mas atire a primeira pedra quem nunca viu a cara do Skeet Ulrich e pensou “ei, mas esse aí não é o…”

As Múmias do Faraó

As Múmias do Faraó

Oba! Filme novo do Luc Besson em cartaz nos cinemas brasileiros!

Paris, 1911. A jovem Adèle Blanc-Sec (Louise Bourgoin) é uma jornalista que vai até o Egito em busca da cura da doença de sua irmã, que pode estar na tumba secreta de um faraó. Ao retornar para casa, descobre que um pterodáctilo está aterrorizando a cidade.

As Múmias do Faraó é baseado nos quadrinhos do franco-belga Tardi. É uma divertida mistura de Indiana Jones com Tintin!

Aliás, essa semelhança com Indiana Jones não é muito boa para o filme como um todo. Toda a parte inicial no Egito é uma aventura bem no estilo do nosso arqueólogo favorito. E isso faz o que vem depois ser um pouco sem graça… O pterodátilo, apesar de muito bem feito, não é traz sequências tão divertidas quanto a primeira parte…

Os desavisados podem achar que o filme é a volta de Luc Besson à cadeira de diretor. Claro, afinal, depois de Joana D’Arc, de 1999, ele deu um tempo na direção e se dedicou a escrever e produzir um monte de filmes (como Taxi, Carga Explosiva e B13). Mas a sua volta aconteceu mesmo em 2005, com o intimista Angel-A. E ele ainda fez os filmes infantis Arthur e os Minimoys (2006 e 2009).

O certo aqui é falar que é a volta de Luc Besson ao posto de maior diretor de blockbusters fora dos EUA. As Múmias do Faraó é uma super-produção, bem ao estilo do que ele fazia nos bons tempos, como Nikita, O Profissional e O Quinto Elemento. Os efeitos especiais são excelentes! E as múmias são mostradas como nunca antes no cinema.

O humor às vezes é meio caricato, alguns personagens são meio bobos. Mas, ora, trata-se de uma adaptação de quadrinhos! E, no papel principal, uma nova estrela: Louise Bourgoin – rola até uma breve nudez! Quem lê o blog vai se lembrar, falei dela aqui no post sobre Buraco Negro, filme cabeça que passou no Festival do Rio.

Para finalizar, heu gostaria de fazer umas perguntas ao distribuidor brasileiro: por que só cópias dubladas? E por que o filme não entrou em cartaz na Zona Sul? E isso porque não estou falando do nome do filme – as múmias são uma parte importante da trama,mas só aparecem no fim. Por que não chamar de “As Extraordinárias Aventuras de Adèle Blanc-Sec”? Falta de respeito com o espectador…

O fim do filme traz um interessante gancho para uma continuação. Que venha logo!

Hedwig – Rock, Amor e Traição

Hedwig – Rock, Amor e Traição

Hansel é um jovem que mora em Berlim Oriental, mas sonha com o rock ocidental. Até que conhece um militar americano que promete levá-lo para os Estados Unidos. Mas, antes disso, para poder se casar, Hansel precisa fazer uma cirurgia de troca de sexo e virar Hedwig. A cirurgia não dá certo, deixando Hedwig com um órgão sexual do tamanho de uma polegada (a “angry inch” do título original), mas mesmo assim ela consegue ir para os EUA. Lá, abandonada pelo seu marido militar, ela conhece o jovem Tommy Gnosis, a quem ensina tudo sobre amor e sobre rock. Quando suas músicas começam a fazer sucesso, Tommy as rouba e abandona Hedwig, que, agora, faz shows em pequenos restaurantes e bares com a sua própria banda.

Hedwig – Rock, Amor e Traição (Hedwing And The Angry Inch, no original) é a adaptação de um musical de sucesso na off-Broadway, onde ficou dois anos em cartaz. Mas o filme tem um problema grave: seu protagonista. O ator / autor / diretor James Cameron Mitchel fez tudo, e ficou parecendo uma grande egotrip.Talvez fosse melhor ele entregar a direção e / ou o roteiro para outra pessoa. Pra piorar, o seu Hedwig tem carisma zero, é um personagem super antipático. Fica difícil gostar de um filme assim.

Pena, porque a parte musical é ótima. A trilha sonora composta por Stephen Trask (que faz Skszp, um dos membros da banda) tem várias músicas muito boas, e alguns números musicais são bem criativos.

No elenco, um nome desponta, Michael Pitt, que faz o jovem Tommy Gnosis, e que depois disso fez Os Sonhadores, Last Days, a refilmagem de Violência Gratuita e hoje está na série da HBO Bordwalk Empire. O resto do elenco era desconhecido e continua até hoje assim.

Há pouco estreou uma versão brasileira nos teatros cariocas, dirigida por Evandro Mesquita. Pretendo ver qualé…

Cinderela Baiana

Cinderela Baiana

Há muito que heu queria ver este famoso involuntário trash brasileiro. Tomei coragem e assisti! Sim, trata-se de um trash no nível de Plan 9 ou Manos, The Hands Of Fate!

A trama escrita e dirigida por Conrado Sanchez fala de uma menina do interior da Bahia, que, ao se mudar pra Salvador, se destaca por causa de suas habilidades como dançarina e é contratada por um grande empresário para ser a dançarina de um grupo de axé.

Ok, a gente já sabia que o filme é ruim, muito ruim. Afinal, um filme baseado no talento da “atriz” Carla Perez não rola, né? Mas o buraco é mais embaixo. O filme é REALMENTE ruim. Daqueles que, de tão ruim, se tornam obrigatórios! O roteiro é um lixo, cheio de furos, a história óbvia e clichê e as atuações são TODAS muito muito ruins, do nível de peça infantil de escola. Mas, se isso já era esperado, o filme surpreende por ser ainda muito pior!

Tem um monte de detalhes que tornam Cinderela Baiana um lixo monumental. Antes de tudo, queria perguntar por que esse título. Pelo que me lembro, a história original da Cinderela falava de uma menina que foi morar com a madrasta, era maltratada pelas irmãs “postiças”, e conseguiu ajuda da fada madrinha para conseguir ir ao baile, onde conheceu o príncipe, mas tinha que voltar antes da meia noite porque sua carruagem ia voltar a ser uma abóbora, então, na fuga, perdeu seu sapato de cristal, sapato este que o príncipe usou para encontrá-la novamente. Confere?

(Aliás, Cinderela também tem um furo enorme no roteiro, porque se a carruagem voltou a ser abóbora, o sapato também deveria voltar a ser o que era. Mas deixemos isso pra outro post!)

A Cinderela Baiana não tem NADA a ver com a Cinderela original! Por que, meu Deus, por que chamar de Cinderela???

(E, ainda falando do título, no poster a gramática está correta; mas, no filme, está escrito “bahiana”, com “H”! Será que é uma homenagem à famosa ocasião onde Carla Perez falou “I” de “Escola”? Socorro!!!)

Mas, vamos ao filme. A ideia é mostrar um filme de uma dançarina, né? Então, por que não arranjaram uma que dança bem? A srta (ou sra) Perez não dança bem, ela executa coreografias de axé e rebola. Faça uma rápida busca no youtube, você verá dezenas de pessoas que dançam melhor. E a prova está logo na cena que abre o filme. Uma banda toca num palco, e a sra (ou srta) Perez se atrapalha para tentar seguir a coreografia do colega ao lado. Céus, será que não dava nem pra ensaiar uma coreografia pra abrir o filme?

Mas isso é só o começo. O filme é repleto de cenas tão malfeitas que temos a nítida impressão de que foi de propósito. Quer um exemplo? Vários dos diálogos estão com o áudio fora de sincronia com o video, mas isso acontece muito no cinema nacinal, infelizmente. Mas, em uma das cenas na academia de dança, ela dança fora de sincronia com o áudio. Caramba, era um filme ligado à dança, será que não rolava de sincronizar direito?

E o roteiro? Olha, já vi muito roteiro ruim e cheio de furos. Mas o que explica uma menina com no máximo uns dez anos de idade se mudar pra Salvador, e, apenas três anos depois, já ser a Carla Perez adulta? Outra coisa: por que criar uma dançarina rival (aliás, mais bonita e que dança melhor), pra depois esquecer dela? E por aí vai…

Pelo menos o roteiro traz várias frases divertidíssimas. Acho que era involuntário, não queriam fazer graça. Mas, momentos como a cena final são antológicos! Carla, não se sabe por que, vestida de odalisca, fala a uma criança “Me dê isso menina, você devia estar brincando e estudando, não jogada na estrada pra ganhar uns míseros trocados pra matar a fome.” Aí pega uma gaiola de passarinho, solta o bicho e fala “Vai passarinho, você, como a criança também tem o direito a liberdade. De que adiantam essas campanhas demagógicas se estas crianças continuam aqui na estrada e com fome? Todos os pequeninos merecem proteção, alimentação, amor e paz.” E faz uma pomba da paz com as mãos. E depois todos começam a dançar o Tchan. Detalhe 1: a letra fala “pau que nasce torto nunca se endireita” – de que adianta então ela tentar consertar? Detalhe 2: até freiras seguram o tchan! Sensacional, não?

Os atores estão todos péssimos, claro. E olha que Lázaro Ramos faz um dos amigos de Carla! Mas tem um que achei o pior de todos: Perry Salles, que faz Pierre, o empresário. O cara berra o filme inteiro! E é um personagem incoerente – um cara daqueles ia tentar dar uns pegas em todas as dançarinas…

Ainda tem mais, muito mais. A cena da briga entre o cantor Alexandre Pires e dois capangas do Pierre é pateticamente ruim, talvez a pior cena de luta da história do cinema.

O filme é tão ruim que abstraí a grande quantidade de música ruim que vem “no pacote”. Porque, todos sabem, a música baiana boa não está presente. Gosto de Raul Seixas e Camisa de Vênus, respeito Caetano e Gil (apesar de não ser fã), respeito até a Pitty. Mas axé não, né? Música que precisa de coreografia pra funcionar não pode ser boa!

E por aí vai. Quem estiver na pilha de um trash legítimo, vai se divertir. Mas, por favor, que fique avisado: o filme é ruim, muito ruim!

Crimewave – Dois Herois Bem Trapalhões

Crimewave – Dois Herois Bem Trapalhões

Às vezes acho que tem uns filmes que só heu conheço e mais ninguém no mundo. Crimewave – Dois Herois Bem Trapalhões, comédia que o Sam Raimi fez em 1985, logo após o primeiro Evil Dead, é assim. Vi no cinema, numa sessão única numa maratona diurna do Estação Botafogo, e tempos depois comprei o vhs original. Detalhe: não conheço mais ninguém que viu este filme!

Claro que Crimewave não foi lançado em dvd no Brasil. Achei num site americano e encomendei um pra mim. O dvd é chinês! E olha que estamos falando de um filme dirigido por Sam Raimi e com roteiro dos irmãos Coen!

Esta estranha comédia de humor negro conta história de Vic, um típico loser que está prestes a ir para a caderia elétrica por um crime que não cometeu. Ele conta em flashbacks a sua história bizarra, envolvendo personagens ainda mais bizarros.

Mas o mais importante aqui não é a história, e sim como ela é contada. Crimewave – Dois Herois Bem Trapalhões tem cara de desenho animado! O humor negro, o estilo caricato dos personagens, tudo aqui lembra aqueles desenhos antigos como Tom & Jerry e Pica Pau.

Claro que este filme não é para qualquer um. Precisa estar no clima de ver um filme com atores de carne e osso, mas com humor de desenho animado. Mas, no clima certo, Crimewave – Dois Herois Bem Trapalhões é divertidíssimo!

O elenco está todo propositalmente caricato – já viu desenho animado neste estilo com personagens “reais”? No elenco principal, nenhum nome de ponta. Bruce Campbell, claro, faz um papel canastrão, e Brion James, que fizera Blade Runner três anos antes, é um dos assassinos. Mas, entre as participações especiais, dá pra gente ver os roteiristas Joel e Ethan Coen como dois repórteres, e Frances McDormand é uma das freiras mudas.

Por fim, preciso falar que o nome em português é uma das piores traduções da história do cinema. Brasileiro. Como assim, “dois herois”??? Só tem um! Ou será que o título se refere aos dois vilões? Tudo bem que “Onda de Crimes” não é o melhor dos nomes, mas pelo menos é coerente com a trama…

p.s.: A capa do dvd que comprei é tão horrorosa quanto o título em português.Também não tem nada a ver com o filme! Olhem aqui embaixo: