Ondine

Ondine

Syracuse (Colin Farrell) é um pescador irlandês pouco acostumado com a sorte. Mas isso muda quando ele encontra uma misteriosa mulher em sua rede de pesca. Ele desconfia que ela possa ser uma sereia, mas sua filha de dez anos – que, por causa de um problema de saúde vive numa cadeira de rodas – acha que ela é uma Selkie, uma espécie de mulher foca da mitologia local.

Colin Farrell voltou à sua Irlanda natal para esta simpática fábula, escrita e dirigida por Neil Jordan, outro irlandês ilustre. O que é mais legal em Ondine é a dúvida que o filme levanta: seria Ondine uma Selkie de verdade?

Além de Farrell, dois nomes se destacam no elenco: a bela e pouco conhecida Alicja Bachleda (mexicana, descendente de poloneses) como Ondine, e Alison Barry como a esperta filha do pescador. Claro, como é um filme do Neil Jordan, Stephen Rea, seu ator favorito, também está lá.

Neil Jordan é um grande diretor e já fez grandes filmes, como Entrevista Com um Vampiro, Traídos Pelo Desejo e Fim de Caso. Aqui, é um filme mais modesto, uma história romântica no formato de um conto de fadas moderno.

O roteiro anda por um caminho perigoso, mas consegue resolver de maneira satisfatória o mistério de Ondine. Pelo menos heu gostei da solução do filme!

Enfim, nada essencial. Mas um filme leve e agradável, quem for assistir não vai se arrepender.

A Vida Até Parece Uma Festa

A Vida Até Parece Uma Festa

Documentário sobre banda paulista Titãs, um dos maiores nomes do rock nacional dos anos 80, escrito e dirigido pelo vocalista Branco Mello e por Oscar Rodrigues Alves. Sem se preocupar com narração nem com ordem cronológica, o filme mostra vários momentos importantes da carreira da banda.

Como coleção de imagens, o filme é um deleite para os fãs. São inúmeras gravações de todas as fases da banda. Arquivos de tv, gravações pessoais, trechos de shows, bastidores de estúdio, descontração nas viagens… Branco Mello, Tony Bellotto, Charles Gavin, Paulo Miklos, Sérgio Britto, Nando Reis, Marcelo Fromer e Arnaldo Antunes estão bem à vontade, e em várias épocas diferentes – vale lembrar que a banda surgiu em 1981 e está aí até hoje!

Mas como documentário, é fraco. A opção de não usar uma linha narrativa enfraquece momentos importantes. Por exemplo: André Jung, primeiro baterista da banda, trocou de lugar com Charles Gavin, então no Ira!. Isso é citado rapidamente por Charles, de maneira casual. O mesmo acontece com a participação de Ciro Pessoa (o “nono Titã”), com a prisão de membros da banda por envolvimento com heroína e com a saída de Arnaldo da banda – a saída de Nando e a morte de Frommer estão mais bem documentadas. Quem conhece a história dos Titãs conhece tudo isso, mas, e os que não conhecem?

Tem outro problema, este de ordem técnica – o volume das músicas está muito mais alto que os diálogos. Poxa, as músicas a gente já conhece. Os diálogos é que são novidade!

Mesmo assim, A Vida Até Parece Uma Festa é obrigatório para os fãs do Rock BR. O filme traz algumas cenas bem interessantes, como a apresentação do seminal Trio Mamão e as Mamonetes (com Branco Mello, Marcelo Fromer e Tony Bellotto) num programa de tv, onde Wilson Simonal era jurado. Gostei também do momento embaraçoso, quando o produtor Liminha dá uma grande bronca em Charles durante uma gravação. Quer dizer, gostei de ver, mas não queria estar presente…

Atração Perigosa

Atração Perigosa

Com uma bem sucedida carreira de ator e um Oscar de melhor roteiro em casa (de 1998, por Gênio Indomável, ao lado de Matt Damon), Ben Affleck agora investe também na carreira de diretor. Este é seu segundo longa, depois de Medo da Verdade, de 2007. E aqui, ele acerta a mão num típico “filmão” hollywoodiano.

O bairro de Charlestown, em Boston, é famoso por ter gerado várias famílias de assaltantes a banco. Doug MacRay (Ben Affleck) é um desses, é líder de uma pequena gangue, enquanto seu pai está na cadeia. Depois de um assalto, eles fazem uma gerente do banco de refém durante a fuga. Ao investigar a refém, Doug descobre que ela também mora em Charlestown e começa a se envolver com ela.

Atração Perigosa é um típico blockbuster hollywoodiano, elenco com grandes nomes, parte técnica redondinha, grandes cenas de roubos e tiroteios. Ok, o roteiro não traz nenhuma reviravolta, tudo é meio previsível, mas pelo menos é simples e eficaz. Affleck fez um bom trabalho, seu filme não vai decepcionar os fãs do estilo.

O elenco está ótimo. Ben Affleck não é tudo isso como ator, a gente sabe disso, mas, em seu trabalho múltiplo de diretor + ator (ele também é um dos roteiristas), ele está ok. Jeremy Renner (Guerra Ao Terror) é o grande nome do elenco, como o explosivo amigo de Doug. As meninas Rebecca Hall e Blake Lively também estão bem, e o elenco ainda conta com o auxílio luxuoso de Pete Postlethwaite e Chris Cooper em pequenos papeis.

Curiosidade no elenco para os fãs de séries de tv: os dois policiais do FBI tinham papeis pequenos em séries já comentadas aqui no blog. John Hamm faz um ex-namorado de Liz Lemmon em 30 Rock, enquanto Titus Welliver era ninguém menos que o “Homem de Preto” em Lost.

Por fim, gostaria de falar do nome do filme. Não gostei nem do original “The Town” (“A Cidade”? Que cidade? Boston? Por que?); nem do nome em português, Atração Perigosa, que valoriza uma trama secindária (a relação do bandido com a refém). Por que não usar o nome do do romance de Chuck Hogan que deu origem ao roteiro, The Prince of Thieves, “O Príncipe dos Ladrões“?

Affleck não chega a ser um Michael Mann, mas seu Atração Perigosa é um bom filme!

Amor Além da Vida

Amor Além da Vida

Em tempos do sucesso de Nosso Lar e suas histórias sobre o pós morte, resolvi rever Amor Além da Vida, na minha humilde opinião, o melhor filme sobre o assunto.

Chris Nielsen perde os dois filhos num acidente, e, quatro anos depois, quando morre, vai parar num paraíso maravilhoso. Mas está faltando uma coisa: sua esposa, Annie. Quando Annie se suicida e vai para o inferno, Chris resolve arriscar sua permanência no paraíso atrás da redenção de sua alma gêmea.

Este filme, dirigido pelo neo-zelandês Vincent Ward e baseado num livro de Richard Matheson, tem um visual impressionante. Rendeu até o Oscar de Melhores Efeitos Especiais de 1999. Fiquei até com vontade de fazer um Top 10 de visuais deslumbrantes (Terry Gilliam? Tim Burton?).

Chris gosta de quadros. Quando morre, vai parar dentro de um. É um quadro vivo, os cenários são tinta! E este não é o único momento onde a parte visual se destaca. É ao longo de todo o filme. O cuidado com os quadros é tão grande que, nos créditos finais, aparece uma lista de quais obras foram citadas ao longo do filme.

O visual e os efeitos especiais ajudaram o filme a não ser piegas – poucos anos antes, Ghost – Do Outro Lado da Vida trazia uma trama parecida, sobre um casal separado por um falecimento, e virou um marco da pieguice. Aqui, em Amor Além da Vida, não só temos o visual extasiante, como também a história é mais bem construída – não se trata apenas do casal, também tem o amor pelos filhos.

O elenco se baseia na dupla Robin Williams e Cuba Gooding Jr. Ok, hoje, em 2010, ambos não emplacam sucessos há algum tempo (principalmente Cuba, já que Robin Williams continua com papeis menores em comédias de sucesso como os dois Uma Noite no Museu). Mas, em 98, quando Amor Além da Vida estava sendo feito, eram dois nomes em alta – Williams ganhara o Oscar de melhor ator coadjuvante em 1997 por Gênio Indomável; enquanto Cuba ganhara o mesmo prêmio no ano seguinte, por Jerry Maguire. Ainda no elenco, Annabella Sciorra, Max Von Sydow e Rosalind Chao.

Por fim, contarei uma experiência pessoal. Assim como o protagonista, heu também tive uma filha que faleceu, não por acidente, mas por problemas cardíacos. Por isso este filme é tão importante para mim!

Filmaço. Dá pra ver com patroa, pela belíssima história de amor, além de ter cenas de tirar o fôlego de tão bonitas. Até os marmanjos têm permissão para chorar aqui!