Amanhã Nunca Mais

Crítica – Amanhã Nunca Mais

Walter (Lázaro Ramos) é um cara pacato, aquele tipo de cara que não sabe dizer não, e por isso, é usado de capacho pelas pessoas próximas. No dia da festa de aniversário de sua filha, ele tem que pegar o bolo, mas muitos imprevistos estarão no seu caminho.

Amanhã Nunca Mais segue a linha de Depois de Horas, de Scorsese, onde o destino prega inacreditáveis peças consecutivas com o personagem de Griffin Dunne. A pessoa errada no lugar errado, várias vezes seguidas Nas mãos certas, isso pode gerar uma boa comédia. Felizmente, podemos constatar que isso acontece com o filme do diretor estreante Tadeu Jungle.

Vindo da publicidade, Jungle imprime um estilo ágil aos desencontros sofridos por Walter. O roteiro e a edição ajudam. Amanhã Nunca Mais é um filme curtinho, outra coisa boa, não precisa encher linguiça.

Antes de começar a sessão, Jungle falou para o plateia do cine Odeon que desde o início do projeto o nome de Lázaro Ramos foi pensado para o papel principal. Realmente, um inspirado e carismático Lázaro faz um bom trabalho com seu inseguro Walter. Também gostei de Maria Luiza Mendonça e Milhem Cortaz, ambos exagerados, mas nunca acima do tom; e de Fernanda Machado, contida na dose certa.

Boa diversão despretensiosa, deve estrear no circuito em breve.

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Uma Noite Fora de Série
Meu Tio Matou Um Cara
O Homem do Futuro

Operação Invasão / Batida Policial / The Raid Redemption / Serbuan Maut

Crítica – Batida Policial / Operação Invasão / The Raid Redemption / Serbuan Maut

A primeira coisa que chama a atenção aqui é que é um filme de ação feito na Indonésia. Mas não se trata apenas de um filme vindo de um país exótico – Batida Policial é um dos melhores filmes de ação dos últimos tempos!

A trama é simples: uma equipe do FBI entra num prédio para tentar capturar um chefão do crime. Mas a equipe acaba presa em uma emboscada. E dá-lhe tiros, explosões e pancadarias…

Escrito e dirigido pelo galês Gareth Evans, Batida Policial tem ação ininterrupta. Sabe a expressão “de tirar o fôlego”? É por aí. Tiroteios, explosões, brigas com armas brancas, pancadaria com as mãos nuas, tem tudo isso, em quantidade abundante, e com boa qualidade – os personagens lutam silat, uma arte marcial comum na Indonésia. Por um lado, foi muito legal ver isso na tela grande; por outro lado, se fosse em dvd, heu voltaria algumas cenas pra rever.

O filme não tem frescuras. Os únicos cenários são dentro do prédio velho, com seus corredores e apartamentos. Efeitos especiais, só nas explosões e tiroteios. Personagem feminino, só na cena inicial. Também não tem um alívio cômico. O filme inteiro é na adrenalina, na testosterona.

Outra coisa: a câmera não é tremida como nos Transformers da vida. Vemos tudo claramente, as coreografias das lutas devem ter dado um trabalhão pra fazer. Tem uma cena onde um cara sozinho sai pelo corredor, sem nenhuma arma nas mãos, e, sozinho, briga com literalmente dezenas de adversários!

Na saída do cinema, ouvi umas pessoas falando de um certo “filme anterior”. Descobri que existe um filme indonésio de 2009 chamado Merantau, também escrito e dirigido por Gareth Evans, e também estrelado por Iko Uwais, o protagonista de Batida Policial. Vou procurar esse filme…

Agora é esperar que Batida Policial seja lançado por aqui. Se for lançado, recomendo para quem curte um bom filme de ação!

p.s.: Quando passou no Festival do Rio de 2011, este filme foi chamado de “Batida Policial”. Depois, quando foi lançado comercialmente, o nome mudou para “Operação Invasão”.

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Attack The Block
Os Mercenários
Tropa de Elite 2
300

Entrevista – Dario Argento

Entrevista – Dario Argento

Vou inaugurar uma nova fase no Blog do Heu. A partir de agora, tentarei fazer entrevistas, sempre que tiver a oportunidade – o que aconteceu no último fim de semana por causa do Festival do Rio, que trouxe para a nossa cidade Dario Argento, grande cineasta italiano e um dos maiores nomes na história do cinema de horror.

Sábado passado a assessoria de imprensa cedeu espaço ao Blog do Heu, e lá fui heu bater um papo rápido com o mestre Argento. Ele falou da grande influência que Hitchcock tem no seu trabalho; falou de seu novo projeto, Dracula 3D, com Thomas Kretschmann e Rutger Hauer; falou sobre a dificuldade de se escrever o roteiro de um videogame; sobre seu contato com George Romero no projeto Dois Olhos Satânicos; dentre outras coisas.

Preciso citar a ajuda que tive de Oswaldo Lopes Jr, também crítico de cinema, que não só me ajudou com as perguntas, como ainda tirou as fotos que estou postando aqui. Valheu, Oz!

Blog do HeuKeith Emerson é um grande músico, mas fez pouquíssimas trilhas sonoras. Por que a escolha para fazer a trilha de A Mansão do Inferno?

Dario Argento – Eu me lembro, conheci Keith Emerson em um teatro em Londres. Nós conversamos, ele era fã dos meus filmes, e disse, “sim, eu gostaria de fazer uma trilha sonora”.

Blog do Heu O sr. é conhecido como um dos maiores nomes da história do cinema de horror. Mas o roteiro do famoso faroeste Era uma Vez no Oeste foi escrito por você, ao lado de Sergio Leone e Bernardo Bertolucci. Como é trabalhar em um estilo diferente, ao lado de grandes nomes consagrados em outros gêneros?

Dario Argento – O roteiro foi um trabalho coletivo, cada um contribuiu com um pouco. Sergio Leone me chamou. Eu era crítico, e ele gostava do meu texto, então achou que eu poderia ser um bom roteirista. Além disso, Sergio foi o primeiro e único a usar protagonistas mulheres, ele queria algo diferente dos outros roteiristas e, por essa razão, quis trabalhar com pessoas jovens.

Blog do Heu Vários diretores consagrados, como Paul Verhoeven, John Woo e Guillermo Del Toro, têm carreiras em seus países e também nos EUA. Por que o sr. nunca teve uma carreira em Hollywood?

Dario Argento – Fiz alguns filmes em Hollywood, como Trauma e Dois Olhos Satânicos. Também fiz dois filmes para a série Masters of Horror, Pelts e Jennifer, que foram filmados em Los Angeles. É bom filmar lá, mas sou europeu, gosto de voltar para Europa, gosto da atmosfera do meu país.

Blog do Heu Por causa do seu estilo único, gostaria de saber quais cineastas o influenciaram no início, não necessariamente terror, e especificamente, cineastas italianos. Fellini? De Sica?

Dario Argento – Antonioni. A atmosfera dos filmes de Antonioni. Também Fellini, mas não influenciou no meu estilo, meu estilo é muito pessoal.

Blog do Heu Os livros da série Giallo Mandadori começaram a ser editados em 1929, mas o cinema só os conheceu a partir dos seus filmes. Foi o sr. que começou a fazer filmes neste estilo ou alguém fez antes?

Dario Argento – Eu me inspirei no Giallo, mas não é a mesma coisa. Eu procurei acrescentar algo pessoal nas histórias.

Por fim, perguntei o que ele conhecia de terror brasileiro, e lhe entreguei um dvd de Mangue Negro e uma cópia de A Capital dos Mortos.

O papo rendeu momentos agradáveis, fotos memoráveis, autógrafos em dvds e a certeza de que esta será a primeira de muitas entrevistas que vocês poderão acompanhar aqui no Blog do Heu. Promessa de cinéfilo/fã!

Entre Segredos e Mentiras

Crítica – Entre Segredos e Mentiras

Um herdeiro de uma família milionária (Ryan Gosling) se apaixona e se casa com uma mulher humilde (Kirsten Dunst). Quando ela desaparece misteriosamente, ele se torna o principal suspeito. Baseado em fatos reais.

Sabe quando um filme é “correto”, mas não é bom? É o caso aqui. Entre Segredos e Mentiras (All Good Things, no original) tem um bom elenco, uma bem cuidada reconstituição de época e uma bela fotografia. Mas parece que o filme não “decola” nunca.

Não sei precisar exatamente onde está o problema do filme dirigido por Andrew Jarecki (Na Captura dos Friedmans). Talvez seja o ritmo excessivamente lento; talvez seja a história pouco interessante. O fato é: Entre Segredos e Mentiras não empolga.

Mas, como disse, o filme não é ruim. Podemos destacar um bom trabalho do elenco, principalmente o casal principal. Kirsten Dunst e Ryan Gosling (principalmente Gosling) convencem com seu casal complexo. Os coadjuvantes Frank Langella e Lily Rabe também estão bem.

Pena que isso não é suficiente. Entre Segredos e Mentiras não é ruim, mas também está longe de ser bom. Tem coisa melhor por aí.

Batalha Real 3D

Crítica – Batalha Real 3D

Gosto muito dos dois filmes japoneses Battle Royale – tenho um dvd duplo com os dois filmes, de 2000 e 2003. Acho o conceito genial: um jogo onde alunos indisciplinados têm que se matar até sobrar apenas um. Quando soube de um novo filme, em 3D, logo virou um dos mais aguardados do Festival do Rio 2011.

Mas…

1- O guia do Festival fala em “nova versão”. Pensei que era uma continuação ou refilmagem. Nada disso, é exatamente o mesmo filme de 2000, convertido pra 3D. Mas é uma conversão tosca, acho que nunca vi um 3D tão mal feito na minha vida.

2- Ainda o 3D. Ao sair da sala, ouvi algumas pessoas reclamando com o gerente do cinema sobre o 3D. Não foi só impressão minha, houve uma falha técnica, e o efeito 3D não estava realmente funcionando. A imagem aparecia manchada, mas, ao colocar os óculos, as manchas continuavam, e nada de efeito tridimensional. Fiasco total!

Sobre o filme, ja falei dele aqui. É exatamente o mesmo filme, não preciso falar de novo sobre ele.

Battle Royale continua bom. Mas a sessão 3D no Festival foi desnecessária. Se heu soubesse, veria outro filme qualquer no mesmo horário.

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p.s.: Acho muito estranho mudar o nome de um filme depois de anos chamando por outro nome. “Battle Royale” não é “Batalha Real“! É a mesma coisa que alguém resolver chamar Guerra nas Estrelas de Star Wars – OH, WAIT!

😛

Chapeuzinho Vermelho do Inferno

Crítica – Chapeuzinho Vermelho do Inferno

No primeiro post sobre o Festival do Rio 2011, falei sobre o risco de se assitir um filme ruim. Como temos poucas informações sobre cada filme, existem boas chances de se pegar algo muito ruim pela frente. É o caso deste Chapeuzinho Vermelho do Inferno.

Tá, um filme com esse nome não tinha muito como fugir do trash. Mas, uma co-produção entre Cuba e Costa Rica, escrita e dirigida por Jorge Molina, o principal ator coadjuvante do divertido Juan de los Muertos, contando uma versão distorcida da historinha clássica infantil? Prometia pelo menos ser um bom trash!

Mas não. Chapeuzinho Vermelho do Inferno é ruim, muito ruim. É um filme ruim em tantos aspectos que não sei nem por onde começar.

Aliás, minto, sei por onde começar. Pedofilia é uma coisa errada. Mostrar uma atriz com cara de adolescente nua é errado e desnecessário. Mas mostrar uma adolescente nua praticando zoofilia com um filhotinho de cachorro é muito errado e totalmente desnecessário. Poucas vezes na minha vida tive vontade de sair da sala de um cinema durante a projeção – e quase me levantei nesta cena. (Ainda rola uma cena de estupro em cima de um cadáver, com a mesma adolescente…)

Isso já seria o suficiente pra Chapeuzinho Vermelho do Inferno ser jogado no lixo. Mas tem mais. Além da pedofilia e da zoofilia (e ainda rola incesto), o filme é tosco demais. Começa pela imagem – diferente de quase todos os filmes presentes no Festival, que são em película, aqui a projeção é em vídeo/dvd, trazendo uma imagem horrível na tela. E a maquiagem é muito mal feita, um ator homem faz a vovó, e o visual dele parece um palhaço de circo de periferia.

A história não só é doente, como o humor presente no filme é digno de programas televisivos como A Praça é Nossa e Zorra Total. Alguns personagens caricatos, como o irmão retardado, não têm nenhum sentido na trama. E, pra manter a proposta apelativa, qualquer coisa é pretexto pra todas as atrizes tirarem a roupa – nem precisa de motivo.

Na sessão que heu estava, no cinema do Shopping da Gávea, tinha uma pessoa, umas duas fileiras atrás de mim, que dava gargalhadas. Quase que fui perguntar pra ele qual era o motivo das risadas…

Resumindo: não é o pior filme da minha vida, porque, como disse um amigo meu, gosto de “filmes limítrofes” – aqueles filmes que ficam na linha entre o ruim e o divertido – então, infelizmente, posso dizer que já vi coisa pior. Mas Chapeuzinho Vermelho do Inferno entra fácil num top 10. E, na minha humilde opinião, é mais ofensivo que A Serbian Film.

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Se você gostou de Chapeuzinho Vermelho do Inferno, o Blog do Heu recomenda que você reveja os seus conceitos.

Rock Brasilia: Era de Ouro

Crítica – Rock Brasilia: Era de Ouro

Durante o Festival do Rio, costumo deixar de lado documentários musicais. Nada contra, é que priorizo filmes toscos com pouca chance de entrar no circuito. Mas quando li sobre este Rock Brasilia: Era de Ouro, achei que era a minha cara – pra quem não sabe, gosto tanto do estilo que fundei uma banda só de rock nacional anos 80, a Perdidos na Selva (a banda ainda existe, mas não toco mais nela).

O documentário de Vladimir Carvalho fala sobre o “rock de Brasília” – enquanto o rock nacional estourava no eixo Rio-SP, três bandas que vieram da capital alcançaram o sucesso: Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial.

Além de imagens de arquivo, o filme mescla entrevistas atuais com outras feitas anos atrás. Isso era essencial, afinal, Renato Russo, morto há exatos 15 anos, é um dos personagens principais dessa galera. Esse artifício da “entrevista de arquivo” funciona muito bem. Os relatos de Renato Russo se encaixam perfeitamente com os depoimentos atuais de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá (Legião), André Mueller e Philippe Seabra (Plebe), Dinho Ouro Preto, Fê e Felipe Lemos (Capital). Até parece que as entrevistas foram feitas na mesma época.

Se por um lado as entrevistas misturadas funcionam, por outro, o texto fica um pouco confuso, principalmente na parte final, quando acontecem os relatos do que aconteceu com cada uma das três bandas depois dos anos 80. São três histórias entrecortadas, e cada uma delas nada tem a ver com as outras.

Outra coisa que senti falta foi das pessoas que fizeram parte da história mas não estão no filme. André Pretorius, um dos fundadores da banda seminal Aborto Elétrico (junto com Renato Russo e Fê Lemos), é citado como um personagem importante, mas o filme não fala do que aconteceu com ele (pesquisei na wikipedia, ele faleceu de overdose, em 1987, na Alemanha, então com 26 anos). O mesmo posso falar sobre os outros componentes das três bandas – Negrete (Legião), Loro Jones e Bozo Barretti (Capital), e Jander e Gutje (Plebe), que foram deixados de lado no documentário – Gutje fala rapidamente em uma entrevista antiga, Jander e Negrete aparecem em imagens de arquivo, Loro Jones é ignorado, e Barretti é citado como alguém que atrapalhou o sucesso do Capital.

Apesar disso, gostei do filme, que documenta passagens históricas interessantes, como o famoso show de Brasília onde Renato foi atacado por um fã e depois comprou briga com os seguranças, ou um relato sobre a primeira viagem da Plebe, ou ainda as reações de Chico e Caetano ao verem a Legião pela primeira vez em seu programa de tv na Globo.

Imperdível para fãs de rock nacional anos 80!

Shark Night 3D

Crítica – Shark Night 3D

Sabe quando um filme não precisa se esforçar muito pra agradar, e mesmo assim não consegue atingir o objetivo?

A sinopse aqui é o de sempre. Um grupo de jovens universitários, todos bonitos e sarados, vão passar um fim de semana numa casa num lago (de água salgada), mas um deles é atacado por um tubarão. Aos poucos, eles descobrem que estão cercados.

A trama é besta, o elenco é limitadíssimo, os personagens são clichê. Mas isso tudo é aceitável, afinal, o público que se propõe a ver um filme desses na verdade se preocupa mais em ver mortes bem filmadas, de preferência com muitas coisas sendo atiradas na direção da tela, e melhor ainda se for com mulheres usando pouca roupa. E é aí que Shark Night 3D é fraco.

O 3D nem é mal feito. O problema é que são poucas as cenas usando o efeito de maneira satisfatória. Poucas coisas são atiradas na direção do espectador! E Shark Night 3D tem zero de nudez e gore – no máximo, rolam mulheres de biquini e algum sangue discreto.

Se a parte trash é fraca, a parte séria é lamentável. O roteiro é repleto de inconsistências – se heu começar a listar os furos, o post não acaba hoje. E o elenco só tem jovens desconhecidos e com pouco talento para a atuação – o cara que faz Blake é terrível, no mau sentido!

Decepcionante. Reveja Piranha 3D, vale mais a pena.

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Se você gostou de Shark Night 3D, o Blog do Heu recomenda:
Dia dos Namorados Macabro 3D
Fúria Sobre Rodas
Piranha 3D
Premonição 5

Juan de los Muertos

Crítica – Juan de los Muertos

Tem alguns filmes que aparecem de vez em quando em festivais que a gente PRECISA ver. O primeiro filme de zumbis feito em Cuba é um desses. Imperdível!

Juan é um quarentão preguiçoso e de bem com a vida. Quando acontece uma epidemia de zumbis em Havana, ele cria, com seus amigos também desocupados, um serviço de extermínio de zumbis.

O filme, escrito e dirigido por Alejandro Brugués, é muito engraçado. Daqueles de rir até perder o fôlego. Humor negro de primeira linha!

A trama é o de sempre: epidemia de zumbis, blá blá blá. Mas o bem bolado roteiro tem um bom timing de piadas, e aproveita pra inserir um monte de comentários sócio-políticos sobre a situação de Cuba. E o melhor de tudo é que em momento nenhum o filme fica panfletário, as críticas entram naturalmente nas piadas (a piada dos carros russos é sensacional!).

O elenco não tem ninguém conhecido. Os atores estão ok em seus papéis caricatos. Os efeitos especiais às vezes parecem toscos demais, mas, para o que o filme pede, funcionam. A maquiagem também é boa, o filme traz quantidade de gore suficiente para o que o estilo pede.

Infelizmente, Juan de los Muertos não será visto por muita gente – convidei algumas pessoas para verem o filme comigo no último domingo, quase todos não se interessaram pela esquisitice “filme cubano de zumbis”. Mas torço pelo sucesso do filme. Este é daqueles pra comprar o dvd e rever de vez em quando!

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Se você gostou de Juan de los Muertos, o Blog do Heu recomenda:
Todo Mundo Quase Morto
Fido – O Mascote
Evil Dead

A Coisa

A Coisa

Ficou pronto o prequel de O Enigma de Outro Mundo, um dos melhores filmes de John Carpenter!

Antártica, 1982. Um grupo de pesquisadores noruegueses descobre, dentro do gelo, uma nave espacial e um alienígena. Mas o alienígena consegue escapar, e agora ninguém mais pode confiar em ninguém, já que a criatura tem a capacidade de se transformar em todo ser humano que toca.

Quando li a lista das centenas de filmes do Festival do Rio, confesso que este foi o que mais me interessou. Sou um grande fã de O Enigma de Outro Mundo, de 1982, (que, por sua vez, é refilmagem de O Monstro do Ártico, de 1951). Já tinha ouvido falar deste A Coisa, que contaria os fatos anteriores ao filme, mas nem sabia que já estava pronto, muito menos prestes a ser exibido no Brasil – as legendas já estão na película, e quando isso acontece, normalmente já tem previsão de entrar no circuito. Legal!

A Coisa não decepciona, o diretor estreante Matthijs Van Heijningen faz um bom trabalho ao recriar o clima tenso que rolava na versão da década de 80. Porque, no que diz respeito a recriação / homenagem / cópia, o filme é excelente. Às vezes, até parece uma refilmagem! Os efeitos especiais são bem feitos, nem parecem cgi. E a trilha sonora de Marco Beltrami segue a linha da trilha anterior de Ennio Morricone – o tema principal monocórdico do outro filme chega a ser usado.

No elenco, apenas um nome conhecido: Mary Eisabeth Winstead (À Prova de Morte, Scott Pilgrim Contra o Mundo). Os nerds de plantão poderão reconhecer os dois pilotos de helicóptero: Adewale Akinnuoye-Agbaje, o mr. Eko de Lost; e Joel Edgerton, o Owen Lars da nova trilogia de Star Wars. E o monte de atores noruegueses (desconhecidos por aqui) que completam o elenco não fazem feio.

A Coisa é bom, mas não é perfeito. Achei a parte dentro da nave desnecessária e forçada demais. E tem mais uma ou outra coisinha, como os veículos danificados que voltam a andar. Bem, felizmente, nada muito grave.

Ainda preciso falar duas coisas sobre o título do filme. Primeiro sobre o título original: o título é exatamente igual ao dos anos 80, ambos se chamam “The Thing“. Como fazer pra diferenciá-los? E com relação ao título nacional, fiquei na dúvida sobre a tradução”oficial”, já que o imdb o chama com o mesmo nome do filme de quase trinta anos atrás, “O Enigma de Outro Mundo“. Mas acho que vai ser A Coisa mesmo, afinal, as legendas da película estão assim.

Última coisa: não saiam logo que começarem os créditos. Durante os créditos rolam cenas importantes ligando o filme com o de 82!