A Mulher Selvagem / The Woman

Crítica – A Mulher Selvagem / The Woman

Um advogado extremamente machista encontra uma mulher selvagem em uma floresta. Ele decide capturá-la e civilizá-la a sua maneira, prendendo-a num porão escuro na casa onde vive com a esposa e os filhos

Heu não sabia, mas esta é a continuação do estranho Offspring, tem até a atriz Pollyanna McIntosh repetindo o papel do outro filme. Mas, se você não viu o filme anterior, não se preocupe, as histórias são independentes.

Assim como acontece em Offspring, A Mulher Selvagem / The Woman tem imagens muito fortes, com muito sangue e muito gore. E, desta vez, achei o visual menos tosco. Nisso, o filme é eficiente.

Mas não gostei muito do roteiro, co-escrito pelo diretor Lucky McKee e pelo escritor Jack Ketchum, autor do livro que deu origem à história (Ketchum também escreveu Offspring). Tem um elemento misterioso muito mal desenvolvido que aparece na parte final. E os personagens são mal construídos, a família é apenas um fraco esboço do que poderia ser.

O resultado final nem é muito ruim. Mas heu esperava mais de um filme que ganhou o prêmio de melhor filme do Rio Fan 2011, e agora ganhou sessões no Festival do Rio…

Raiva / Kalevet

Crítica – Raiva / Kalevet

Um filme de terror israelense? Tem coisas que a gente só vê em festivais!

Em uma reserva florestal, grupos de pessoas desconhecidas entre si se metem em situações inesperadas e com consequências violentas.

Raiva é israelense, mas o estilo não foge muito do que vemos por aí em filmes hollywoodianos. Me lembrou filmes como Viagem Maldita e Doce Vingança, onde pessoas comuns são submetidas a situações extremas. O filme tem algumas coisas muito boas, mas tem um grave defeito: um roteiro cheio de pontas soltas.

Vamos primeiro ao que funciona. As mortes são muito bem mostradas, tanto graficamente, quanto na parte auditiva, com trilha e efeitos sonoros eficientes. Gostei muito de quase todas, com destaque para a marretada e para a explosão da mina. Alguns diálogos são bem legais também – a cena com o casal que briga é hilária!

Mas o roteiro preguiçoso atrapalha. São vários pontos fracos, como por que Tali foi colocada na armadilha, ou qual o sentido daquele incêndio. Acaba o filme e a gente fica se perguntando um monte de coisas.

Mas mesmo com roteiro fraco, ainda acho que vale a experiência.

A Pele Que Habito

Crítica – A Pele Que Habito

Pedro Almodóvar é um dos diretores mais prestigiados entre boa parte dos cinéfilos cariocas. Nada como usar o seu novo filme para abrir o Festival do Rio, hoje à noite, né?

O doutor Robert Ledgard (Antonio Banderas) passou doze anos se dedicando à criação de um novo tipo de pele, depois que sua mulher sofreu queimaduras fatais num acidente de carro. Vera, uma misteriosa paciente, é usada para testar a pele.

Vou confessar uma coisa aqui: por motivos diversos, perdi vários filmes seguidos de Almodóvar. Não tenho nada contra ele, foi apenas coincidência. Curiosamente, antes dele ser popular (fase pré Mulheres À Beira de um Ataque de Nervos), vi muita coisa da sua fase underground, como A Lei do Desejo e Pepi, Luci, Bom y Otras Chicas del Montón. Mas agora heu estava devendo, o último filme que vi dele foi Carne Trêmula, de 1997.

A expectativa era grande, já que fazia tempo que heu não via nada dele. Mas não me decepcionei, A Pele Que Habito é um bom filme, e traz algumas coisas que são a cara do diretor espanhol, apesar de ter uma temática científica, com direito a roteiro em ordem não cronológica.

A melhor coisa de A Pele Que Habito é a estrutura do seu roteiro. A trama tem uma reviravolta de roteiro sensacional, acho difícil o espectador sair ileso – conversei com algumas pessoas depois da sessão de imprensa, e o desconforto era uma sensação comum. E a fotografia também é bem cuidada, o filme tem várias imagens belíssimas.

A Pele Que Habito também traz uma coisa que é a cara de seu diretor: personagens bizarros vivendo situações bizarras. Toda a parte do Tigre é genial!

O elenco está muito bem. Antonio Banderas, que não trabalhava com o seu compatriota desde Ata-me, muitas vezes é canastrão, mas aqui acerta o tom. Elena Anaya, linda linda linda, está ótima num papel difícil. E Marisa Paredes, eterna musa de Almodóvar, também tem um papel importante.

Nem tudo é perfeito. Almodóvar quis homenagear o Brasil, então criou alguns personagens brasileiros. Mas, caramba, por que não colocar atores brasileiros? O sotaque dos gringos é horrível!

Mesmo assim, A Pele Que Habito é um bom filme e merece ser visto. Pena que a sessão de hoje é só pra convidados (heu também não tenho convite…). Mas tem sessões domingo e segunda. E a estreia nacional está prevista para 4 de novembro – a maioria dos filmes do Festival do Rio não tem exibição garantida no circuito.

Festival do Rio – 2011

Festival do Rio – 2011

Uêba! Sexta agora começa o Festival do Rio 2011!

Como todos sabem, o Festival traz, por duas semanas, centenas de filmes espalhados por algumas salas. Filmes de todos os tipos, novos e velhos, bons e ruins, filmes de todos os estilos, filmes para todos os gostos, desde o mais alternativo até o mais mainstream.

Os filmes são divididos em mostras. A maior parte dos filmes mais procurados está nas mostras Panorama do Cinema Mundial e Expectativa 2011 – nunca entendi quais são os critérios para um filme ficar em uma e não na outra, me parecem ser filmes com o mesmo perfil. Também tem as Premieres Brasil e Latina, que também trazem sempre algumas sessões concorridas, além de várias outras mostras de estilos diferentes.

E, claro, tem a minha mostra favorita: a Midnight Movies. É onde se concentram os títulos mais bizarros do Festival, ou seja, é onde estão os melhores filmes segundo os meus critérios. Sou fã dos Midnight Movies desde a época do Fest Rio, festival que rolava aqui nos anos 80…

Este ano, a Midnight Movies está dividida. Ano passado rolaram vários documentários musicais dentro da Mostra; este ano tem uma “sub mostra” Midnight Música. O mesmo com filmes de terror: tem a Midnight Terror. Legal, essa daí já nasceu favorita! (Apesar de repetir alguns filmes que passaram este ano no Rio Fan, que rolou em julho deste ano)

Ah, e, pra quem curte, tem uma mostra com a filmografia completa de Dario Argento!

Claro que não dá tempo de ver tudo que parece ser legal. E como a maior parte dos filmes é inédita, a gente precisa de sorte pra arriscar nas opções certas. Assim como fiz ano passado, vou dar umas dicas aqui. Mas sempre lembrando que não existe garantia. Já vi muito filme bom no risco, mas também já vi muito filme ruim…

Os únicos que posso palpitar sem arriscar são os que já vi. Graças ao download, seis dos filmes inéditos do Festival já foram comentados aqui no blog (coincidência ou não, três estão na Midnight Movies, e os outros três na Midnight Terror). São eles: Paul (comédia de ficção científica sobre nerds que encontram um alienígena), Attack The Block (uma gangue de adolescente londrinos combate uma invasāo alienígena), Rare Exports (filme finlandês com um Papai Noel do mal), Red State (filme de terror dirigido pelo Kevin Smith), The Troll Hunter (mockumentário norueguês sobre um caçador de trolls) e Vermelho, Branco e Azul (um desconfortável filme independente). (Além destes, também já falei de alguns filmes do Dario Argento: A Mansão do Inferno, Giallo – Reféns do Medo, O Fantasma da Ópera e O Pássaro das Plumas de Cristal.)

Vou agora citar alguns filmes que pensei em assistir. Mas lembro que não vi nenhum ainda, então não recomendo nada!

– Alien Lésbica Solteira Procura

Vale ser visto só pelo título…

– Amor Debaixo D’Água

O início da sinopse é besta. Mas leiam este trecho: “O musical tem trilha da banda austríaca Stereo Total e pertence ao movimento pink film, um gênero de soft porn típico do Japão” – Musical? Soft porn???

Aqui é meu Lugar

Sean Penn como um ex rock star cinquentão. Pode ser legal.

– Batalha Real 3D

A ideia da série japonesa Battle Royale é muito boa: jovens são colocados à força em um reality show fatal, de onde sai apenas um sobrevivente.

Batida Policial

A sinopse parece de filme policial americano. Mas a produção é da Indonésia…

O Bosque

Um grupo de jovens idealistas parte para uma floresta. Até aí, tudo bem. Mas eles ligam tvs e computadores em tomadas nas árvores!

– Chapeuzinho Vermelho do Inferno

Adaptação do clássico infantil, feita em Cuba e na Costa Rica.

A Coisa

Prequel de O Enigma de Outro Mundo, clássico de John Carpenter. Não sei se presta, mas, se heu fosse escolher um único filme do Festival, era esse aqui.

Dark Horse

Novo filme de Todd Solondz. Não sei se vale, não gostei do seu último, A Vida Durante a Guerra.

Drive

Promessa de bom blockbuster hollywoodiano.

Finisterrae

Fantasmas russos vagando pelo caminho de Santiago de Compostela…

– George Harrison: Living in the Material World e Pearl Jam Twenty

Documentário de banda de rock é tudo parecido. Mas esses dois são dirigidos por Martin Scorsese e Cameron Crowe. Pelo menos eles têm pedigree. Pra quem curte, também tem outros, com gente como U2, Iggy & The Stooges e Sigur Rós.

Gigante de Aço

Promessa de bom blockbuster hollywoodiano.

– Juan dos Mortos

O primeiro filme de zumbis feito em Cuba. Nuff said.

Um Método Perigoso

Novo filme de Davis Cronenberg. Jung e Freud são os personagens principais.

– A Mulher Selvagem

Uma mulher selvagem é capturada e presa num porão. Prêmio de melhor filme do último Rio Fan.

Ninja Kids!!!

Parece ser infantil, mas é dirigido pelo barra-pesada Takashi Miike, o mesmo de Ichi The Killer.

O Pequeno Polegar

Se estivesse na mostra Geração, heu passava pra minha filha. Mas tá na Midnight Movies, e tem um ogro devorador de crianças na história…

Raiva

Primeiro filme de terror produido em Israel.

Rock Brasília, Era de Ouro

Documentário sobre as bandas de Brasília (Legião, Capital, Plebe). O assunto me interessa.

Shark Night 3D

É um filme chamado Shark Night. E é em 3D. Precisa de mais?

– Sleeping Beauty

Tem título de conto de fadas, mas sinopse de filme estranho.

Torrente 4 3D

Quarto filme do anti-heroi Torrente, o detetive corrupto, beberrão e preguiçoso de Madri. O 3D me atrai, mas não vi o 2 e o 3…

A Última Sessão

Um funcionário de um cinema sai por aí matando mulheres.

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Provavelmente, não conseguirei ver todos esses. E ao longo das próximas duas semanas, vou descobrir outros filmes pela programação. Ou seja, minha programação é imprevisível. Só garanto uma coisa: falarei de todos aqui no blog!

Bons filmes!

Contágio

Crítica – Contágio

Beth volta aos EUA depois de uma viagem a Hong Kong e começa a passar mal. Ela não sabe, mas está carregando um perigoso e mortal vírus, que a mata dois dias depois. Aos poucos, novos casos aparecem pelo mundo, dando início a uma epidemia global.

Uma coisa interessante no novo filme de Steven Soderbergh é que este é um tipo de coisa que pode acontecer a qualquer momento. Um terror real! E com direito a falência da sociedade e o caos reinando nas ruas. Mas o clima do filme não é terror, nem ação (como o semelhante Epidemia, de 1995). É um drama com núcleos de personagens que não necessariamente se encontram, semelhante a Short Cuts, de Robert Altman.

A semelhança com Altman também rola por causa do excelente elenco multi estrelado, como também acontece de vez em quando em filmes de Soderbergh. Vários bons atores estão presentes, como Gwyneth Paltrow, Matt Damon, Jude Law, Laurence Fishburne, Kate Winslet, Marion Cotillard, Elliot Gould e Jennifer Ehle.

Gostei da estrutura do filme, mostrando o dia a dia da epidemia. Gostei também do fim do filme, mas não falo aqui por causa de spoilers. E também da trilha sonora tensa, a cargo de Cliff Martinez, ajuda na dramaticidade dos acontecimentos.

No fim, podemos dizer que em pelo menos um aspecto Contágio é eficiente: um cara tossiu dentro do cinema, e heu fiquei bolado…

A previsão de estreia é no dia 28 de outubro, mas quem etiver ansioso, vai passar antes no Festival do Rio, que começa esta sexta.

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Se você gostou de Contágio, o Blog do Heu recomenda:
O Desinformante
Substitutos
Pulp Fiction

O Escritor Fantasma

Crítica – O Escritor Fantasma

Ewan McGregor é contratado para ser o ghost writer de um livro escrito pelo ex primeiro ministro inglês – ghost writer é aquele profissional que trabalha no texto de outra pessoa, mas não assina o trabalho. Aos poucos, ele descobre que o trabalho é mais perigoso do que parecia.

Trata-se do novo filme do grande Roman Polanski, concluído na época que ele estava em prisão domiciliar na Suíça, esperando ser extraditado ou não para os Estados Unidos pelo crime de pedofilia, cometido décadas antes. Coincidência ou não, o filme tem algo de autobiográfico, com o político em casa, esperando para saber se vai ser levado para um julgamento em outro país.

O Escritor Fantasma lembra Chinatown, onde um homem também vai descobrindo aos poucos que os problemas onde está envolvido. Não só na trama, como também no ritmo – assim como em Chinatown, o ritmo aqui é lento. Mas o talento de Polanski não deixa O Escritor Fantasma cair na monotonia e ser um filme chato.

O nome traduzido é curioso. A tradução está correta, mas aqui no Brasil ninguém usa a expressão “escritor fantasma”, usa-se o original “ghost writer”. Enfim, o personagem é tão fantasma / ghost, que nem tem nome!

O elenco está ok. Além de McGregor, o filme conta com Olivia Williams, Kim Cattrall, Pierce Brosnan, Tom Wilkinson e um quase irreconhecível James Belushi em um papel pequeno.

Polanski ganhou o Urso de Prata de Melhor Diretor no Festival de Berlim por este filme, mas não sei o quanto a sua situação pessoal ajudou a decisão do júri. Mesmo assim, O Escritor Fantasma não vai decepcionar os apreciadores do estilo.