Crítica – O Preço do Amanhã
Num futuro próximo, a medicina evoluiu e conseguiu parar o envelhecimento. As pessoas param de envelhecer quando completam 25 anos, depois têm que trabalhar para comprar mais tempo para viver – neste caso, literalmente, “tempo é dinheiro”.
Trata-se do novo filme de Andrew Niccol, o nome por trás dos interessantes Gattaca (roteiro e direção) e O Show de Truman (apenas roteiro). E, mais uma vez, Niccol acertou a mão – O Preço do Amanhã é um bom filme!
A premissa é muito boa e foge do óbvio. Tá, não é a trama mais original do mundo, mas, no meio do mar de refilmagens, releituras e continuações que infestam Hollywood atualmente, é legal ver algo que não parece uma cópia descarada.
Assim como fizera em Gattaca, Niccol cria um conceito muito interessante para o seu filme – parece até uma história de Philip K. Dick. Gosto do seu estilo de ficção científica – nada de alienígenas ou naves espaciais, a história se passa aqui mesmo, em um possível futuro, onde a nossa sociedade vive em meio a avanços tecnológicos. Aliás, essa trama com as pessoas contando as horas que faltam inclusive poderia render um bom seriado, à la Fuga do Século 23 (Logan’s Run). A cenografia também é muito boa, um cenário moderno, mas com prédios e carros clássicos ao fundo.
A trama pode ser interpretada como uma grave crítica ao capitalismo. Mas o filme não é sisudo, também pode ser visto como diversão pipoca, com direito a cenas de ação e correria. Um bom equilíbrio entre o blockbuster e o “filme sério”.
O elenco é ótimo. Não acompanho a carreira musical de Justin Timberlake, mas posso dizer que se o cara só dependesse dos filmes para sobreviver, ele não passava fome. Assim como em A Rede Social, Amizade Colorida e Professora Sem Classe, Timberlake manda bem aqui. E ele não está sozinho, o resto do elenco também está bem: Amanda Seyfried (Mamma Mia), Olivia Wilde (Tron – O Legado), Cillian Murphy (Batman – O Cavaleiro das Trevas), Johnny Galecky (The Big Bang Theory), Alex Petyfer (Eu Sou o Número 4) e Vincent Kartheiser.
(Ainda sobre o elenco, rola uma coisa curiosa: como os personagens param de envelhecer aos 25 anos, só rolam atores jovens no filme…)
O Preço do Amanhã é bom, mas poderia ser melhor, se tivesse um roteiro mais bem amarrado. A grande quantidade de pontas soltas me incomodou um pouco. Vou citar alguns exemplos, mas, para evitar spoilers, vou deixar o texto em branco. Para ler, selecione o texto abaixo:
– Will acordou com 116 anos a mais. Por que esperar a noite para encontrar com a mãe?
– A mãe de Will foi pagar um empréstimo e saiu de lá com apenas uma hora e meia de vida, sendo que tinha que pagar uma hora no ônibus. Não é meio arriscado? E se o ônibus quebrasse? E se ela não se encontrasse com o filho?
– Um carro conversível capota ribanceira abaixo, e os dois passageiros sem cinto de segurança ficam quase intactos dentro do carro?
– Onde Will aprendeu a atirar e dirigir tão bem?
– Os “minute men” não seriam tão fáceis de ser derrotados!
E por aí vai…
Posso afirmar que essas inconsistências no roteiro não chegam a estragar o filme. Mas acho que, se não fossem as inconsistências, O Preço do Amanhã seria um forte candidato a um dos melhores filmes do ano…
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