O Espião Que Sabia Demais

(Hoje inauguro uma novidade aqui no blog: um texto escrito po um colunista convidado! Com vocês, Gabriel França!)

Crítica – O Espião Que Sabia Demais

Baseado no livro de espionagem escrito por John Le Carré.

“Você eu não somos tão diferentes assim. Nós fomos treinados para identificar as falhas dos sistemas um do outro. Meu lado é tão sujo quanto o seu”.

São exatamente com estas palavras que George Smiley, interpretado de forma espetacular por Gary Oldman, propõe a maior incursão filosófica de seu personagem. Somos todos sujos, corruptos, traidores, mentirosos, egocêntricos e movidos por nossas paixões. Como também somos as nossas ações e a forma como que entendemos e conhecemos a cada um. No fundo somos aqueles personagens do baile de máscaras, uma das grandes cenas do filme dirigido pelo sueco Tomas Alfredson.

Existem duas formas de compreender O Espião Que Sabia Demais (Tinker, Tailor, Soldier, Spy): 1) como um poderoso thriller de espionagem sobre a paranóia da Guerra Fria. 2) como um filme que usa tal fundo histórico e geopolítico para discutir as paixões humanas e suas maiores implicações no mundo. Ou unindo as duas concepções.

Tinker, Tailor, Soldier, Spy é uma fita absolutamente inovadora em termos técnicos neste gênero fílmico. Aqui nos é proposto um ritmo lento, gradual e constante. Onde cada parte é imprescindível para o todo. Não temos tiros, montagem frenética ou apostas em violência descabida. Por isso a fita é diferenciada, ousada em diversas cenas, de uma força simbólica que pouco vi nos últimos anos. Há de se comentar, por exemplo, a cena na Hungria entre um informante e Jim Prideaux (Mark Strong) e os olhares trocados por Prideaux e Bill Haydon (Colin Firth) numa certa cena relevante durante a trama.

Temos muito aqui do cinema de Bergman, Hitchcock e alguns breves lapsos de Operação França (The French Connection) ao longo dos 127 minutos. Tudo isso adicionado ao excelente roteiro que retira todas as gorduras do seriado produzido pela BBC nos anos 70 e do próprio livro. No entanto a grande sacada do roteiro e do próprio Tomas Alfredson é fazer um ajuste narrativo na introdução que é absolutamente genial! Desde já Alfredson, indubitavelmente, um dos grandes diretores da nova geração. Já havia mostrado potencial em seu filme de vampiros adolescentes Deixe Ela Entrar. Aqui fez o seu potencial prevalecer em terreno concreto.

Um exemplo da delicada e econômica direção do Alfredson é quando Smiley e seus dois colaboradores Peter Guillam (Benedict Cumberbatch) e Mendel (Roger Lloyd-Pack) estão em um carro e sofrem um “ataque” de uma mosca. Ao contrário de Peter incomodado com a mesma, Smiley simplesmente abre a porta do carro com um simples e leve movimento, com uma tranqüilidade e serenidade ímpares.

Não podemos nos esquecer da brilhante trilha sonora, uma realização de Alberto Iglesias, que já trabalhou com diretores do calibre de um Pedro Almodóvar. A música do desfecho (a francesa La Mer aqui interpretada pelo espanhol Julio Iglesias) é absolutamente contagiante e um grande acerto da produção. Certamente uma das melhores da temporada e bem utilizada em momentos propícios criando fortes contornos dramáticos.

Aliás, voltando ao elenco, o que falar sobre ele? Há anos não via um elenco tão rico em um único filme. Cada personagem, mesmo com poucos minutos em cena, deixa muito bem a sua marca. Mark Strong, Tom Hardy, Ciarán Hinds, Colin Firth, John Hurt, Benedict Cumberbatch, Toby Jones e Simon MCBurney.

Gary Oldman é um show à parte. Uma interpretação esplendorosa, de um dos maiores atores da face da terra. Sinceramente, são extremamente indescritíveis os seus trejeitos aqui, sua fria racionalidade em frente a um homem sutil e frágil com inúmeros conflitos internos.

As indicações ao Oscar de Melhor Ator, Roteiro Adaptado e Trilha Sonora Original foram absolutamente justas. E poderia ter sido perfeitamente indicado em categorias como Melhor Diretor, Fotografia e Filme. Tudo o que a política academia deseja em filme existe em Tinker, Tailor, Soldier Spy. Os votantes preferiram filmes burocráticos como Cavalo de Guerra (War Horse), Histórias Cruzadas (The Help) e Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud and Incredibly Close).

Posso afirmar que vejo como absolutamente injustas as críticas em relação ao filme. Que é inconclusivo, confuso, lento… Nada disso possui alguma razão em meu ponto de vista. Pois outra grande sacada do Alfredson, a partir roteiro escrito por Bridget O’Connor e Peter Straughan, é confiar no seu espectador, chamá-lo para o filme e não transformá-lo em algo menor (subestimando nossa inteligência), tampouco se utilizando de artifícios baratos de um episódio de série barata que passa em um canal tosco de TV Fechada.

Infelizmente, no cenário nacional, será mais uma obra-prima que não ganhará um público que merece.

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Gabriel França, 23 anos, graduado em História, professor, pós-graduado pela Universidade de Brasília, tricolor de coração e um cinéfilo maníaco.

Precisamos Falar Sobre o Kevin

Crítica – Precisamos Falar Sobre o Kevin

Baseado no best-seller homônimo de Lionel Shriver, o filme mostra as dificuldades no relacionamento de uma mãe com seu filho mais velho.

Rolou uma certa polêmica em torno da sinopse deste filme. Precisamos Falar Sobre o Kevin (We Need To Talk About Kevin, no original) é daquele tipo de filme que o quanto menos você souber, melhor. E alguns sites, incluindo o imdb, já entregam o suposto spoiler na sinopse. Mas heu particularmente achei isso uma tempestade em copo d’água, o tal spoiler é meio previsível desde o início do filme.

Escrito e dirigido pela pouco conhecida Lynne Ramsey, Precisamos Falar Sobre o Kevin é uma experiência desconfortável, tanto pelo tema incômodo, quanto pela edição fora da ordem, alternando o presente e o passado, e sem explicar muito sobre o que aconteceu no meio do caminho. Por isso, acredito que não agradará a todos. Precisa ter boa vontade com o filme…

Precisamos Falar Sobre o Kevin não é um filme ruim, mas também não é bom. A impressão que fica é que se trata apenas de um veículo para atores, só serve para mostrar como Tilda Swinton é uma excelente atriz. Aliás, o trabalho do elenco é realmente o que tem de melhor aqui. Swinton está sensacional (achei um grande erro ela não estar entre as indicadas ao Oscar, por mais difícil que seja a concorrência com Meryl Streep em Dama de Ferro e Rooney Mara em Millenium – Os Homens que Não Amavam As Mulheres). E ela não está sozinha, Jasper Newell e Ezra Miller também brilham interpretando o Kevin do título em fases diferentes da vida. Além deles, John C. Reilly, num papel menor.

Vale pela Tilda Swinton…

Os Descendentes

Crítica – Os Descendentes

O “queridinho indie do Oscar 2012″…

Matt King, um dos herdeiros de uma grande área no Havaí, está no meio de um turbilhão. Como sua esposa sofreu um acidente de barco e está em coma, ele precisa se reaproximar das filhas, na mesma época que seus primos querem vender uma grande propriedade da família, num negócio que envolve milhões de dólares. No meio de tudo isso, Matt descobre que sua esposa tinha um amante.

Os Descendentes (The Descendants, no original) não é um filme ruim, mas, na minha humilde opinião, não merece esse hype todo. É apenas mais um filme comum, bem feito, como muitos por aí. Por que está badalado e concorrendo ao Oscar de melhor filme? Mistérios de Hollywoood…

Mas não entendam errado, Os Descendentes não é ruim. A história é atraente, ficamos grudados nos passos de Matt King e seus dramas pessoais. O problema é quando um bom filme é vendido como um dos melhores do ano. Aí a expectativa cresce, e a gente se pergunta por que isso tudo.

O filme foi dirigido por Alexander Payne, ganhador do Oscar de melhor roteiro e indicado para melhor diretor por Sideways – Entre Umas e Outras em 2004. Não vi Sideways, mas pelo que li, Os Descendentes segue a mesma linha – e agora ele concorre a três estatuetas, filme, diretor e roteiro. Ou Payne é bom e heu não reparei; ou ele tem muitos amigos influentes… 😉 (E isso em contar que Os Descendentes já ganhou Globo de Ouro de melhor filme drama e melhor ator!)

George Clooney está cotado para vencer o Oscar de melhor ator hoje por este filme. Ainda falando sobre o hype em torno do filme, Clooney não está mal, mas… Ele está com a mesma cara de George Clooney de sempre! Acho que um prêmio de melhor ator deveria ir para um ator que fizesse algo diferente do usual – e olha que Clooney já tem um Oscar em casa, de ator coadjuvante, por Syriana… Lembro do Tom Hanks, quando ganhou seus dois Oscars, por Filadelfia e Forrest Gump, dois trabalhos realmente impressionantes. Ainda no elenco, Shailene Woodley, Amara Miller, Nick Krause, Beau Bridges, Robert Forster, Matthew Lillard e Judy Greer.

Um filme agradável. Mas supervalorizado.

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A Invenção de Hugo Cabret

Crítica – A Invenção de Hugo Cabret

Tinha uma coisa me encucando desde que vi o primeiro trailer deste filme. Como assim, uma fábula infanto-juvenil em 3D, dirigida pelo Martin Scorsese? Scorsese nunca fez um filme infantil, até onde sei… Enfim, fui ao cinema ver, incentivado também pelos 11 Oscars que está concorrendo (a  premiação é amanhã!). E posso dizer: A Invenção de Hugo Cabret é um filmaço!

Paris, anos 30. Hugo é um órfão que vive escondido pelos engrenagens dos relógios da estação de trem. Seu pai lhe deixou um autômato, que ele tenta consertar – até descobrir que o autômato pertencia a George Méliès, diretor de cinema, o grande precursor do cinema de ficção.

A primeira dúvida que heu tive era como seria o estilo do Scorsese em um filme direcionado aos pequenos. O cara é o autor de vários fimes excelentes, mas sempre com temas adultos, e muitas vezes violentos –  como Taxi Driver, Os Bons Companheiros, Cabo do Medo, Gangues de Nova York e Ilha do Medo. Neste aspecto, A Invenção de Hugo Cabret difere de sua filmografia, e pode ser classificado como um novo clássico infanto-juvenil.

Mas que ninguém pense que A Invenção de Hugo Cabret é só para os pequenos. Adultos também vão apreciar o filme, principalmente aqueles que são fãs de cinema. Poucas vezes a magia do cinema esteve tão bem representada nas telas. E em alguns momentos, parece que estamos vendo making offs dos filmes de George Méliès!

Outra coisa que chama a a tenção aqui é o 3D. Quem me lê sempre, sabe que não sou um fã dessa “febre 3D”. Um filme não precisa de 3D para ser bom, a não ser que seja um filme do estilo “circense”, tipo Dia dos Namorados Macabro, Fúria Sobre Rodas ou Piranha, onde o 3D faz parte da diversão (e você tem que se abaixar pra desviar das coisas atiradas na direção da câmera). E ainda é pior quando um filme é feito usando os meios convencionais e posteriormente convertido para 3D, aí a gente vê como o efeito é artificial e desnecessário. Pois bem, o 3D de Hugo Cabret é um dos melhores já feitos até hoje. Em algumas cenas, a gente realmente sente a profundidade, como nos flocos de neve, ou na cena do aquário usado por Méliès (quando ele filma através do aquário). E Scorsese mostra que está em plena forma, quase aos 70 anos (que ele completa em novembro deste ano) – alguns travellings em 3D pela estação são belíssimos!

O elenco é outro destaque. O pouco conhecido Asa Butterfield interpreta o personagem título; Sacha Baron Cohen (o Borat!) está excelente como o inspetor da estação; Chloë Grace Moretz, minha atriz mirim contemporânea favorita, também está ótima, como sempre (como em Kick-Ass e Deixe-me Entrar). Ainda no elenco, Ben Kingsley, Christopher Lee, Jude Law, Ray Winstone, Emily Mortimer e Michael Stuhlbarg.

A Invenção de Hugo Cabret é o grande favorito para o Oscar amanhã, está concorrendo a 11 estatuetas, incluindo melhor filme e melhor diretor (Scorsese já foi indicado sete vezes para melhor diretor e duas vezes para melhor roteirista, mas só ganhou uma vez, como diretor, por Os Infiltrados). A concorrência este ano está boa, se Hugo Cabret ganhar, será legal; mas se perder para O Artista, não será injusto.

Por fim, preciso falar mais uma vez do título nacional. O filme foi baseado no livro homônimo, escrito por Brian Selznick , então o erro desta vez não é do tradutor brasileiro. E parece que o livro originalmente se chama “The Invention of Hugo Cabret”, ou seja, o erro vem de mais longe ainda. Mas, será que alguém pode me explicar que “invenção” é essa? Hugo Cabret não inventou nada, a invenção é de George Méliès… O nome original do filme é mais correto: “Hugo“.

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As Aventuras de Tintim
O Artista
Micmacs à Tire-Larigot

Roubo nas Alturas

Crítica – Roubo nas Alturas

Filme novo com Ben Stiller, Eddie Murphy e Mathew Brodderick? Ok, vamos ver qualé.

Quando funcionários de um prédio de luxo de Nova York descobrem que caíram em um golpe, aplicado pelo rico morador da cobertura, eles resolvem se unir para tentar roubá-lo e recuperar o dinheiro perdido.

Roubo nas Alturas (Tower Heist, no original) é um daqueles filmes onde um bom elenco sustenta uma trama divertida e improvável. O plano do assalto tem algumas situações meio forçadas, mas o filme não deixa de ser interessante por isso.

O melhor de Roubo nas Alturas é sem dúvida o elenco. Eddie Murphy está bem diferente do “estilo Norbit” – onde ele faz vários papeis em uma comédia com humor de gosto duvidoso. Aqui, Murphy tem um papel secundário, e seu personagem lembra os bons tempos de comédias policiais, como Um Tira da Pesada. Gosto do Ben Stiller, ele não é um grande ator, mas sabe muito bem escolher os seus projetos, tanto como ator, quanto como diretor (tipo Trovão Tropical). E sou fã de Mathew Brodderick – pô, o cara é o Ferris Bueller! Brodderick tem um papel menor aqui, e mesmo assim é uma das melhores coisas do filme. E os três não estão sozinhos, o elenco ainda conta com outros bons nomes como Téa Leoni, Alan Alda, Casey Affleck, Michael Peña e Gabourey Sidibe.

A direção ficou a cargo de Brett Ratner, profissional competente mas sem muita personalidade – o cara dirigiu A Hora do Rush, Dragão Vermelho, X-Men 3… Como o filme é construído em cima do bom elenco, Ratner só tem que ficar quieto e não atrapalhar. E a parte técnica segue a mesma filosofia de não atrapalhar o trabalho dos atores – tudo certinho, tudo até meio previsível. Gostei das locações, com algumas belas paisagens de Nova York.

Roubo nas Alturas não vai virar o filme preferido de ninguém. Mas pode ser uma boa diversão, se você estiver no clima certo.

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Assalto em Dose Dupla

Superman 4: Em Busca da Paz

Crítica – Superman 4: Em Busca da Paz

Já que revi os três primeiros, aproveitei o embalo e revi também Superman 4: Em Busca da Paz.

Superman resolve promover a paz no planeta acabando com todas as armas nucleares. Mas o seu arqui-inimigo Lex Luthor tem uma nova criação: o Homem Nuclear!

Vamos a uma breve contextualização histórica. Os produtores Alexander e Ylia Salkind queriam um tom cartunesco para os filmes do Homem de Aço, mas o diretor Richard Donner não obedeceu e criou um grande épico no primeiro Superman, de 1978. Superman 2 tem duas versões, uma com a cara de Donner, e outra, dirigida por Richard Lester, com o tom cartunesco pretendido pelos produtores. Sem Donner por perto, Superman 3 não é um filme sério, a concepção é toda de Lester e dos Salkind. Já o quarto filme não tem nem Donner, nem Lester, nem os Salkind. A produção é da dupla Golan Globus, famosa por filmes de ação de qualidade duvidosa, como Comando Delta, O Grande Dragão Branco e a série Braddock. Ou seja, Superman 4 é o fundo do poço…

Superman 3 é ruim, né? Dirigido por Sidney J. Furie, o 4 consegue algo que parecia impossível: é pior! Só existe um meio de se “sobreviver” a Superman 4: enxergá-lo como um filme trash. Se a gente fizer de conta que está vendo uma produção “nível Troma”, o filme pode até ser engraçado… Porque algumas cenas são trash demais. Achei que a fuga de Lex Luthor da prisão tinha sido ridícula, mas o filme se supera – existe algo pior do que o Superman usar a visão laser (?) pra reconstruir (?) a Muralha da China?

E, como diria um telemarketing vagabundo, “e não é só isso!”. Superman 4 tem um dos piores vilões da história do cinema. Fiquei com vontade de criar um Top 10 de piores vilões só pra incluir o Homem Nuclear, que é ridículo em todos os aspectos, desde o vestuário até as atitudes.

E o pior é que o elenco principal tá todo aí. Christopher Reeve, Margot Kidder e Gene Hackman voltam a seus papeis, assim como os coadjuvantes Jackie Cooper e Marc McClure. Mariel Hemingway aparece para ser um novo par romântico para o Super – o tempo não foi generoso com Margot. Outra curiosidade no elenco é Jon Cryer, hoje famoso pela série Two And a Half Men, no papel do sobrinho abestalhado de Luthor.

Enfim, ruim com força. Vale só como piada. Nem preciso dizer que a série parou aqui, né? Rolou um reboot em 2006, mas acho que vou dar um tempo agora e não vou mais ver mais nada de Superman por um bom tempo…

Anjos da Noite 4 – O Despertar

Crítica – Anjos da Noite 4 – O Despertar

Não sei se alguém ainda tem paciência para esta franquia, mas, olha lá, o quarto Anjos da Noite já vai estrear nos cinemas semana que vem…

Quando humanos descobrem a existência de vampiros e lycans (lobisomens), começa uma guerra para erradicar as duas espécies. A vampira Selene (Kate Beckinsale) é capturada e, quando consegue fugir, doze anos depois, descobre um complô em andamento.

Anjos da Noite 4 – O Despertar (Underworld: Awakening, no original) tem uma grande virtude: é um filme honesto. Quem se propõe a vê-lo sabe exatamente o que vai encontrar: tiros e explosões com visual estilizado, um fiapo de história com vampiros e lobisomens, e Kate Backinsale em uma roupa apertada de couro. Trama elaborada? Personagens bem construídos? Filme que vai entrar em listas de melhores? Nada disso, não aqui…

A parte técnica funciona bem nas cenas de ação, o filme traz algumas sequências eletrizantes. Mas por outro lado deixa a desejar no cgi dos lycans. É inaceitável uma produção hollywoodiana atual ter cgis tão capengas.

E tem outro problema, ainda pior: o filme não tem uma história. A trama parece uma sequência de justificativas para as cenas de ação. Não me lembro direito dos outros Anjos da Noite, pra mim são “filmes fast food” – vejo, me divirto na hora, e esqueço logo depois. Sei que a franquia é meio “lado B”, mas não me recordo de serem tão vazios em conteúdo.

Dirigido pelos desconhecidos suecos Måns Mårlind e Björn Stein, Anjos da Noite 4 – O Despertar tem o roteiro escrito por Len Wiseman, diretor dos dois primeiros filmes e roteirista de todos os quatro filmes da franquia. Wiseman também é casado com Kate Beckinsale, deve ser por isso que ela voltou para a série.

No elenco o grande nome é Kate Beckinsale. Quase quarentona, ela está linda e com um corpaço. E manda bem nas cenas de ação, tanto na p%$#rrada quanto no uso de armas de fogo – parece que a sua Selene quer disputar o trono de “kick-ass queen” com a Alice (Resident Evil) de Milla Jovovich, já que a Angelina Jolie aparentemente aposentou a sua Lara Croft…

Curiosamente, Kate não esteve na parte 3. A protagonista feminina foi Rhona Mitra, que parece uma Kate genérica (Rhona também é bonita e dona de belas curvas, mas tem um currículo bem mais fraco). Achei que Kate ia tentar mudar o rumo da carreira, mas aí ela fez um filme policial na neve (Terror na Antértida), e uma das melhores coisas do filme eram as suas curvas. Parece que ela desistiu e voltou a investir no lado “coroa gostosa”.

Um último comentário sobre o elenco: Stephen Rea deve estar precisando de dinheiro, para ter aceitado um papel num filme desses! Ainda no elenco, Sandrine Holt, Michael Ealy, Charles Dance e Theo James.

Enfim, como falei lá no começo, Anjos da Noite 4 – O Despertar tem o seu público alvo, que não vai esperar nada muito diferente. Então não vai decepcionar muita gente. Mas se você não é fã da franquia, acho que nem vale a pena. Tem coisa melhor por aí…

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O Lobisomem
Anjos da Noite 3 – A Rebelião
Resident Evil 4: Recomeço
Terror na Antértida

Cavalo de Guerra

Crítica – Cavalo de Guerra

Oba! Dois filmes simultâneos de Steven Spielberg em cartaz nos cinemas!

Cavalo de Guerra mostra a saga do cavalo Joey, criado por um adolescente às vésperas da Primeira Guerra Mundial, depois vendido para o exército inglês, depois usado pelos alemães e mais algumas pessoas pelo meio do caminho.

Assim como em 1994, Steven Spielberg lançou dois filmes no mesmo ano. Naquela ocasião, ele foi muito bem sucedido – enquanto Jurassic Park bateu todos os recordes de bilheteria, A Lista de Schindler lhe deu os primeiros Oscars de melhor filme e melhor diretor (ele voltaria a ganhar melhor diretor em 98, com O Resgate do Soldado Ryan). Pena que este ano ele não vai nem chegar perto, Cavalo de Guerra só está concorrendo a seis Oscar (e não está bem cotado); enquanto As Aventuras de Tintim é legal, mas não está tão bem nas bilheterias.

Cavalo de Guerra é a adaptação do livro infantil escrito por Michael Morpurgo. Então, que ninguém espere um novo O Resgate do Soldado Ryan. A violência é bem discreta, apesar de ser um filme de guerra.

Trata-se de um filmão à moda antiga. Um épico sobre a saga de um cavalo que se separa de seu dono. Sim, o personagem central é Joey, o cavalo. Todos os outros são coadjuvantes, inclusive Albert, o seu dono.

Como um bom épico, Cavalo de Guerra traz imagens belíssimas e algumas sequências muito boas, como o primeiro ataque dos ingleses aos alemães, ou o cavalo fugindo pelas trincheiras na parte final. O filme é um pouco longo, quase duas horas e meia. Mas a condução de Spielberg é boa, e o ritmo não é cansativo.

Infelizmente, nem tudo é perfeito. Vemos uma clara tendência para se dramatizar tudo de maneira excessiva, várias cenas foram feitas para tirar lágrimas do espectador. Aí o filme fica meloso demais, desnecessariamente. Precisa de um aviso para os diabéticos: “cuidado com o excesso de açúcar!” E o excesso de açúcar ainda traz outro problema: certos trechos tornam-se previsíveis demais.

No elenco, rola uma grande injustiça nos créditos. O verdadeiro protagonista é Finders Key, o cavalo! O resto é coadjuvante. Bons atores, como Emily Watson, Tom Hiddleston e David Thewlis dividem o espaço na tela com os menos conhecidos Jeremy Irvine, Benedict Cumberbatch e Peter Mullan. Mas todos em papeis secundários, o filme é centrado no cavalo.

(Falando nisso, me bateu uma dúvida: com o nível atual dos efeitos especiais, não dá pra saber quais cenas usaram um cavalo real e quais foram cgi…)

Cavalo de Guerra sofre com mais um problema: o extenso (e bem sucedido) currículo de seu diretor. Se fosse feito por outra pessoa, talvez a expectativa fosse menor. Mas Spielberg é um dos maiores nomes do cinema contemporâneo. E Cavalo de Guerra, apesar de ser um bom filme, está longe dos seus melhores filmes.

Enfim, bom filme, mas Spielberg pode ser melhor que isso. Sorte a nossa que ele mostrou, com As Aventuras de Tintim, que ainda tem fôlego na carreira.

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Footloose (1984)

Crítica – Footloose (1984)

A refilmagem de Footloose já está disponível para download. Resolvi então rever o original, um dos meus filmes preferidos dos anos 80.

A trama é simples, e até meio clichê. Jovem meio rebelde se muda para uma cidadezinha de população com mentalidade retrógrada e bate de frente com uma lei local que proíbe a dança. Claro que rola um romance com a menina bonitinha que é filha do pastor que manda na comunidade. Claro que rola uma briga com o valentão ex-namorado da bonitinha. E claro que tudo acaba bem com todos dançando, agora dentro da lei. Previsível, mas nem por isso ruim.

O diretor é Herbert Ross, de Flores de Aço e O Segredo do Meu Sucesso, nada muito famoso hoje em dia. Já sobre elenco, tenho algumas coisas a falar. Em primeiro lugar, é curioso ver Kevin Bacon praticando ginástica olímpica e dançando daquele jeito. O cara tá aí até hoje, fez dezenas de filmes famosos, e não me lembro dele fazendo nada parecido em nenhum outro filme. Não é um John Travolta, por exemplo, que também tem uma carreira extensa, mas aparece dançando em vários filmes. E olha que Bacon dança muito bem!

Falando em Travolta, diz a lenda que ele foi chamado antes para o papel, mas recusou. Tom Cruise teria sido chamado, mas preferiu fazer All The Right Moves; Rob Lowe também, mas teria machucado o joelho. E Bacon teria largado Christine, o Carro Assassino para fazer Footloose. Já para o papel que ficou com Lori Singer, a lista é ainda maior: teria sido recusado por Daryl Hannah, Elizabeth McGovern, Michelle Pfeiffer, Jamie Lee Curtis, Meg Ryan, Jodie Foster, Tatum O’Neal e Brooke Shields.

Outro comentário é sobre os coadjuvantes. Todo mundo lembra dos principais, Kevin Bacon, Lori Singer, John Lithgow e Dianne Wiest. Mas poucos se lembram dos amigos, interpretados por Chris Penn e Sarah Jessica Parker. Sim, eles mesmos, o gordo Nice Guy Eddie de Cães de Aluguel e a líder das peruas de Sex And The City são os melhores amigos dos protagonistas aqui.

Um último comentário sobre o elenco: Lori Singer, que parecia uma Daryl Hannah genérica, sumiu. Antes disso, ela tinha feito O Homem do Sapato Vermelho, pouco depois fez Warlock – O Demônio, e em 93 esteve em Shortcuts. Nos anos 90, fez uns filmes meio vagabas como Sunset Grill e F.T,W., e depois sumiu. Pelo imdb, de 1998 pra cá ela fez um curta e um episódio de Law & Order. Só.

A trilha sonora é sensacional. Até hoje a música Footloose anima qualquer festa dançante. A música do Kenny Loggins é tão boa que aparece na cena final e na divertida abertura, que mostra closes de pés dançando. E não é só a música tema, o filme é recheado de músicas boas, como Almost Paradise (Mike Reno e Ann Wilson), Holding Out for a Hero (Bonnie Tyler), Let´s Hear It For The Boy (Deniece Williams) e I’m Free (outra do Kenny Loggins).

Não sei se falo só por mim, mas Footloose foi um dos filmes mais marcantes da minha adolescência. Momento “mico do blogueiro”: por causa deste filme, usei os cabelos arrepiados, num corte imitando o Kevin Bacon… Meu álbum de formatura na escola, em 1988, é uma prova disso…

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O Pacto

Crítica – O Pacto

Devido ao passado recente de Nicolas Cage, comecei a ver O Pacto (Seeking Justice, no original) com os dois pés atrás. Mas… não é que dessa vez ele acertou?

Um professor tem uma vida tranquila, até que sua esposa é atacada e estuprada. Ainda no hospital, ele é abordado por um desconhecido que se oferece para matar o estuprador. O problema é o tipo de favores que este desconhecido vai cobrar depois.

Não sabemos ainda se O Pacto é uma volta aos bons tempos, quando Cage estrelou, em seguida, A Rocha, Con Air e A Outra Face. Mas é bem melhor que a sua média atual, com bombas como Caça Às Bruxas, Reféns e o trash Fúria Sobre Rodas (e o pior é que tá pra estrear Motoqueiro Fantasma 2, com um grande potencial de ser ruim…).

A trama lembra A Caixa, filme baseado na série Twilight Zone. Mas se A Caixa se perde na parte final, O Pacto consegue segurar a tensão por todo o filme sem deixar a peteca cair.

A direção é de Roger Donaldson, que nunca fez um “filmaço”, mas tem alguns bons títulos no currículo, como A Fuga, O Inferno de Dante e o recente Efeito Dominó. Gosto muito de A Experiência, ficção científica / terror dirigida por ele, na minha humilde opinião o seu melhor trabalho. Mas reconheço que é um diretor de segundo time.

O elenco está ok. Como disse, Nicolas Cage não está mal, e Guy Pearce manda bem, como sempre. Ainda no elenco, January Jones (X-Men Primeira Classe), Jennifer Carpenter (Quarentena), Harold Perrineau (Lost) e Xander Berkeley (24 Horas).

O Pacto não vai mudar a vida de ninguém. Mas é um filme “honesto”.

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