Oscar 2012 – Comentários Nerds

(Escrevi este texto para o site TBBT. Como o assunto é cinema, resolvi publicar aqui também!)

Oscar 2012 – Comentários Nerds

Duas semanas atrás rolou a entrega do Oscar, o prêmio maior do cinema mundial. Pra ver a lista de ganhadores, é só dar uma googleada básica. Para fazer algo diferente do óbvio, vou fazer comentários nerds sobre alguns dos prêmios.

Melhor Filme

O Artista é um bom filme, o Oscar ficou em boas mãos. Se fosse para A Invenção de Hugo Cabret ou Meia Noite em Paris também seria justo. Pelo menos não foi pra Árvore da Vida, uma das picaretagens mais pretensiosas dos últimos tempos.

Melhor Diretor

Qualé, Academia? Michel Hazanavicius fez um belo trabalho com o seu O Artista, mas ele precisa comer muito arroz com feijão para barrar Martin Scorsese em qualquer disputa!

Melhor Ator

Jean Dujardin fez um bom trabalho em O Artista. O problema aqui é que alguns dos seus concorrentes têm currículos que falam mais alto. Gary Oldman foi Dracula, Beethoven, Sid Vicious, Sirius Black e Comissário Gordon; Brad Pitt esteve em 12 Macacos, Snatch, Clube da Luta, Seven, Bastardos Inglórios e Queime Depois de Ler. E nenhum dos dois tem Oscar…

Melhor Atriz

Muita gente reclamou que Meryl Streep estava todo ano na lista de indicadas ao Oscar – ela já foi indicada 17 vezes. Mas, convenhamos, há trinta anos ela não ganhava. E, convenhamos, foi merecido. Mas, se fosse a Rooney Mara por Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres, não seria injustiça.

Melhor Longa Metragem de Animação

Aqui ficou fácil. Por causa de uma regra estranha da Academia, As Aventuras de Tintim, a melhor animação de 2011, não entrou no páreo – parece que animação por captura de movimento não entra na disputa. E, como 2011 foi a primeira vez que a Pixar nos decepcionou (Carros 2 é fraquinho), a disputa ficou fácil para Rango. Porque, afinal, ninguém viu Um Gato em Paris nem Chico & Rita; e Kung Fu Panda 2 e Gato de Botas podem ser divertidos, mas não podem ser “melhor animação do ano”.

Melhor Figurino

O único comentário que posso fazer aqui é que tinha um filme do Roland Emmerich (Anônimo) concorrendo a um prêmio que não é ligado a efeitos especiais…

Melhor Maquiagem

Ok, a Meryl Streep ficou igual à Margareth Tatcher, por isso A Dama de Ferro ganhou. Mas o Voldemort de Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 não tem nariz! Será que não merecia uma atenção maior?

Melhor Trilha Sonora

Tadinho do John Williams, ele estava indicado duas vezes (As Aventuras de Tintim e Cavalo de Guerra), mas perdeu… Ele só tem 5 estatuetas, apesar de ter sido indicado QUARENTA E SETE vezes… ¬¬
O prêmio ficou em boas mãos, a trilha de O Artista é uma das melhores coisas do filme.

Melhor Canção

Aqui vou contra a maré ufanista que torcia por um Oscar brasileiro. Apesar de gostar do Sergio Mendes, a concorrência era desleal. A música dos Muppets (“Man or Muppet”) tinha participação do Sheldon!

Melhores Efeitos Especiais

Ninguém pode falar mal dos efeitos especiais de A Invenção de Hugo Cabret. Mas o macaco Cesar de Planeta dos Macacos não ganhar foi estranho. Parece que a Academia olhou mais o filme do que o efeito em si.
E se Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 ganhasse nem ia ser tão injusto, afinal, existe um histórico de 8 filmes com bons serviços prestados aos efeitos especiais. Gigantes de Aço é bem feito, mas só isso; Transformers: O Lado Oculto da Lua tem que ficar feliz por ter sido indicado.

Melhor Ator Coadjuvante
(by Edu Starling)

Muita gente boa concorrendo, mas convenhamos que o pomposo Capitão Von Trapp interpretando o “surpreendente” pai (sem spoilers :D) do personagem Oliver (interpretado por Ewan McGregor) era prato feito pra Academia. No final das contas, foi uma belíssima homenagem a esse fantástico ator, que teve vários bons momentos nas telas mas pra mim fica na memória o general Chang (um klingon viciado em Shakespeare) em “Star Trek VI – The Undiscovered Country.

Melhor Direção de Arte

A Invenção de Hugo Cabret ganhou. E Harry Potter e as Relíquias da Morte completou oito filmes sem levar nenhum único Oscar, em nenhuma categoria…

Mientras Duermes

Crítica – Mientras Duermes

Uêba! Filme novo do Jaume Balagueró, um dos diretores dos dois primeiros REC!

César (Luis Tosar) é o porteiro de um pequeno prédio de apartamentos. Simpático e prestativo, ele guarda segredos sinistros.

REC foi um dos melhores filmes de terror da década passado. Terrorzão, com direito a violência gráfica e uma boa dose de gore. Já Mientras Duermes segue outro caminho. Trata-se de um bom suspense à moda antiga, sem nada de gore – a não ser talvez para quem tem fobia de baratas. E mesmo assim, tenso como poucas vezes no cinema contemporâneo.

Mientras Duermes consegue criar um excelente clima de tensão, graças ao bem amarrado roteiro de Alberto Marini e à direção inspirada de Balagueró – que, mais uma vez, constroi quase todo o filme dentro de um velho prédio de apartamentos, como fez nos dois REC.

O filme tem um grande trunfo: César, um personagem desagradável e genial, interpretado de maneira magistral por Luis Tosar. O personagem é tão bem construído que, em determinada cena, ele tenta fugir de um apartamento sem ninguém ver. E a gente torce por ele, mesmo sabendo que ele é um ser repugnante.

E assim o filme segue, acompanhando o porteiro César e suas atitudes altamente questionáveis….

O fim do filme não explica muita coisa, na verdade o motivo de César ser daquele jeito não fica claro. Mas isso não torna o filme ruim. Mientras Duermes é um bom filme de suspense. Pena que a gente não sabe se vai ser lançado por aqui…

Em breve teremos as continuações de REC. Paco Plaza está desenvolvendo o terceiro filme, que será um “prequel”; enquanto Balagueró fará sozinho o quarto filme, que teoricamente vai dar um fim à série. E, no seu “tempo livre”, Balagueró mostra que está em forma!

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Se você gostou de Mientras Duermes, o Blog do Heu recomenda:
A Sétima Vítima

Los Crimenes de Oxford
Rec 2
O Orfanato

Poder sem Limites

Crítica – Poder sem Limites

É, mais um filme com “filmagens encontradas”…

Três amigos adolescentes entram em contato com um misterioso artefato e ganham poderes telecinéticos. Quase super herois, eles agora têm que lidar com os próprios problemas.

Poder sem Limites (Chronicle, no original) é o mais novo exemplar da “família found footage” – filmes onde a câmera subjetiva é usada para tentar criar um realismo maior. Mas, na minha humilde opinião, esta característica atrapalha este filme. Vou explicar: desta vez, não é uma “câmera encontrada”. Todo o filme é feito usando a câmera subjetiva, mas são várias as fontes. Além da câmera do protagonista, tem a câmera de uma coadjuvante, cenas pela webcam, através de câmeras de segurança e até de celulares. Por um lado, isso deu uma agilidade maior à montagem. Mas por outro lado, alguns ângulos ficaram forçados demais – como por exemplo em parte da luta final, onde o personagem precisa manter celulares flutuando em volta dele. Ora, não era mais fácil se usassem um estilo tradicional de filmagem? Achei que essa proposta enfraqueceu o filme.

Pena, porque a premissa era interessante: uma espécie de filme de super heroi mas sem o papo de identidades secretas e de salvar os mais fracos. Os adolescentes, quando ganham os super poderes, continuam agindo como adolescentes normais.

A direção é de Josh Trank, que co-escreveu o roteiro com Max Landis. Ambos são novatos, mas um deles é filho de John Landis – ele mesmo, diretor de Um Lobisomem Americano em LondresIrmãos Cara de Pau. O filme não tem estrelas, mas tem pedigree…

Como quase todo filme de “found footage”, o elenco é de desconhecidos (acho que o único filme no estilo com gente famosa é Atividade Paranormal 2, estrelado por Sprague Grayden). O trio principal Dane DeHaan, Alex Russell e Michael B. Jordan tem uma boa atuação, apesar de trabalhar com personagens perto de clichês.

Os efeitos são muito bons, aquilo tudo realmente parece de verdade – sensação amplificada pelo lance da câmera na mão. A parte final do filme é eletrizante, como poucas vezes visto em filmes do estilo. O povo que fez Cloverfield deve ter ficado com inveja…

Tem uma parte do roteiro que não gostei muito. Nada grave, nada que estrague o filme. Spoilers leves abaixo:

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Se eles planejaram não contar pra ninguém, por que fazer o show de mágica? Aquilo me pareceu meio fora de propósito…

FIM DOS SPOILERS!

Poder sem Limites pode não ser um dos melhores filmes do ano, mas está bem longe dos piores!

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Se você gostou de Poder sem Limites, o Blog do Heu recomenda:
REC
A Mulher de Preto
X-Men Primeira Classe

7 Nights of Darkness

Crítica – 7 Nights of Darkness

Outro dia falei de Grave Encounters aqui, lembram? Um suposto programa de tv em um antigo asilo abandonado – e assombrado. Pois bem, 7 Nights of Darkness é quase a mesma coisa.

A sinopse aqui é quase igual. Acho que a única diferença é que é um reality show no lugar do programa estilo Caçadores de Mitos. Grupo de pessoas se fecha dentro de um asilo abandonado e algo dá errado. E, como acontece no outro filme, alguém pegou as filmagens feitas dentro da casa e as editou.

Mais uma vez, temos o uso da câmera subjetiva, são os próprios atores que filmam tudo. E, mais uma vez, isso não traz nada de novo. Esse lance de “encontraram gravações reais perdidas” já não engana ninguém há tempos. Para um filme que usa este recurso ser atraente, precisa trazer algo de novidade – o que não acontece aqui.

Em defesa do filme, podemos dizer que os efeitos especiais são simples e eficientes, e às vezes o filme tem um clima interessante. Também rola um susto aqui, outro ali. Mas é pouco. Se Grave Encounters era apenas interessante, 7 Nights of Darkness nem isso.

p.s.: A cena depois dos créditos é legal!

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Se você gostou de 7 Nights of Darkness, o Blog do Heu recomenda:
[REC]
O Caçador de Trolls
Grave Encounters