Crítica – Minha Vida Sem Mim
Com apenas 23 anos, mas já mãe de duas meninas, Ann descobre que está com câncer terminal e só tem mais dois meses de vida. Diferente do esperado, ela não conta para ninguém sua nova situação. Mas resolve criar uma lista de coisas para fazer antes de morrer.
A premissa parecia aquele filme Antes de Partir, onde Jack Nicholson e Morgan Freeman fazem uma lista de coisas para fazer antes de “chutar o balde” (o título original é The Bucket List). Mas não, a lista de Ann é muito mais modesta, e com coisas mais reais, como “dizer mais às minhas filhas que eu as amo”. E por isso mesmo, muito mais próxima do público comum.
Pelo elenco principal – Sarah Polley, Mark Ruffalo, Scott Speedman – a gente poderia achar que se trata de um filme americano. Nada disso, é uma co-produção entre Canadá e Espanha. E, realmente, Minha Vida Sem Mim (My Life Without Me, no original, lançado em 2003) tem cara de filme europeu. Afinal, foi escrito e dirigido pela pouco conhecida espanhola Isabel Coixet. E ainda tem a El Deseo, produtora dos irmãos Agustín e Pedro Almodóvar, na produção executiva.
Aliás, o elenco é o que Minha Vida Sem Mim tem de melhor. Sarah Polley (que curiosamente fez Madrugada dos Mortos no ano seguinte) lidera o elenco de maneira espetacular como a jovem mãe que se vê num beco sem saída. Mark Ruffalo, hoje badalado como o “Hulk que deu certo” (antes dele, Eric Bana e Edward Norton não convenceram no mesmo papel) também está perfeito como o amante amargurado. E ainda tem alguns europeus, como Maria de Medeiros (a cabelereira), Leonor Watling (a vizinha) e Alfred Molina (o pai), contracenando com as americanos Deborah Harry (sim, a Debbie Harry do grupo Blondie, aqui fazendo a mãe) e Amanda Plummer (a colega de trabalho). Todos estão muito bem. Só não gostei muito do marido, interpretado por Scott Speedman – mas não sei se isso foi por causa do ator ou do personagem escrito para ele.
O filme é triste, claro – um filme onde a protagonista tem uma doença terminal não poderia ser de outro jeito. Mas não é depressivo, a gente até consegue dar algumas risadas ao longo da projeção.
Minha Vida Sem Mim não é para qualquer hora. Mas é um belo filme.
p.s.: Curiosidade para os fãs de Supernatural: o médico é interpretado por Julian Richings, que fez “A Morte” no seriado. Olhando pra cara dele, heu diria que ele tem mais cara de morte do que de médico…