Argo

Crítica – Argo

Filme novo dirigido (e também estrelado) por Ben Affleck.

Teerã, Irã, 4 de Novembro de 1979. A embaixada norte-americana é tomada de assalto por um grupo revolucionário iraniano que faz mais de cinquenta reféns. Seis americanos conseguem fugir e são acolhidos na casa do embaixador canadense. A CIA então pocura um agente especialista em fugas que arquiteta um plano literalmente hollywoodiano para tirá-los do país. Baseado em uma história real.

Ben Affleck já tinha mostrado talento na direção de Atração Perigosa. Agora ele confirma isso com Argo, filmão hollywoodiano, do jeito que a indústria cinematográfica curte.

Tudo aqui funciona redondinho. Super produção, história emocionante e bem conduzida, grandes atores e um “tema político baseado em fatos reais”. E a ambientação na virada dos anos 70 para os 80 só ajuda Argo a ter cara de “clássico dos anos 70”.

Preciso falar mais sobre a ambientação de época. O trabalho foi minucioso, cada detalhe do filme remete à época retratada. Digo mais: ao fim do o filme, vemos várias fotos das pessoas reais ao lado dos personagens – as caracterizações ficaram perfeitas.

O elenco é outro destaque. Ben Affleck deixa o ar de galã e o jeito engraçadinho e assume o papel com seriedade. Alan Arkin e John Goodman não têm grandes papeis, mas a dupla ganhou os melhores diálogos. Bryan Cranston confirma a boa fase da carreira e tem um personagem que parece ter saído dos grandes filmes políticos feitos nos anos 70. Ainda no elenco, Clea DuVall, Victor Garber, Adrienne Barbeau, Titus Welliver, Kerry Bishé e Tate Donovan.

Argo está passando no Festival do Rio, mas com certeza vai entrar em cartaz em breve!

A Little Bit Zombie / Um Pouco Zombie

Crítica – A Little Bit Zombie / Um Pouco Zombie

Comecemos o Festival do Rio!

Às vésperas de seu casamento, Steve é picado por um mosquito e começa a sentir estranhos sintomas: não sente mais seu pulso, rejeita comida normal e passa a ter desejo por cérebros. Steve logo descobre que ele se tornou um zumbi. Mesmo assim, nada fará com que sua noiva Tina desista do casamento.

Ver filmes em festivais é “loteria”. Precisamos de sorte, já que como são filmes muito recentes, temos poucas referências por aí. E muitas vezes criamos uma expectativa errada sobre um filme. Foi o que aconteceu aqui. A página do imdb dava a impressão de que A Little Bit Zombie seria um “trash clássico”, daqueles com muito humor negro e muito gore. Mas não é.

Dirigido por Casey Walker, A Little Bit Zombie (Um Pouco Zombie, na tradução brasileira) não é exatamente ruim. Mas está bem longe de ser um bom filme. O pior problema foi não assumir a vocação trash. Uma trama onde a “zumbificação” é transmitida por um mosquito não pode ser séria. Acredito que A Little Bit Zombie seria melhor se fosse mais escrachado. Do jeito que ficou, parece mais uma comédia leve com ar de sessão da tarde.

Ok, o filme traz algumas boas piadas. Mas são poucas, o humor é bem bobo. E pra piorar, o ritmo é leeento…

As atuações são fracas, mas isso não é nenhuma surpresa. No elenco, só atores poucos conhecidos: Stephen McHattie, Kristopher Turner, Crystal Lowe, Kristen Hager, Emilie Ullerup, Shawn Roberts e Robert Maillet.

A Little Bit Zombie não é ruim, mas é fraco. Espero ter mais sorte nas próximas escolhas.

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Se você gostou de A Little Bit Zombie, o Blog do Heu recomenda:
Chillerama
Evil Dead
Todo Mundo Quase Morto

O Quinto Elemento

Crítica – O Quinto Elemento

(Antes de começar a falar do Festival do Rio, posso falar de um filme que revi outro dia?)

Há tempos heu queria rever este divertido filme de Luc Besson, de 1997. Aproveitei o blu-ray gringo com legendas em português…

Século 23. Uma ameaça maligna se aproxima da Terra. A única esperança é o Quinto Elemento, que vem ao nosso planeta a cada 500 anos para proteger a raça humana, trazido pelos Mondoshawans. Mas o cruel Jean-Baptiste Emanuel Zorg, com a ajuda dos malvados Mangalores, quer atrapalhar a chegada do Quinto Elemento.

O Quinto Elemento (The Fifth Element, no original) é um daqueles felizes casos onde tudo dá certo. Luc Besson, que escreveu a história quando ainda estava na escola, conseguiu um equilíbrio perfeito entre a ficção científica, a ação e a comédia. Aliás, não se trata exatamente de uma comédia, mas o clima de galhofa rola durante toda a projeção – acho que a melhor coisa de O Quinto Elemento é que em momento nenhum o filme se leva a sério. (E isso porque não estou falando da quantidade incontável de referências à saga Guerra nas Estrelas, além de outras grandes produções da ficção científica…)

O visual do filme é impressionante. Os figurinos são de Jean-Paul Gaultier, e boa parte dos cenários e veículos foram desenhados pelos quadrinistas franceses Moebius e Mézières. Os efeitos especiais foram caríssimos, custaram 80 milhões de dólares – o maior orçamento para efeitos da história até então. Na época do lançamento, O Quinto Elemento era o filme mais caro produzido fora de Hollywood – nem tem cara de filme francês!

Luc Besson estava em ascensão – este filme veio depois de Imensidão Azul (1988), Nikita (90) e O Profissional (94). Em seguida ele dirigiria o fraco Joana D’Arc, e depois ficaria um tempo sem dirigir, só produzindo e escrevendo roteiros. Podemos dizer que O Quinto Elemento foi um grande marco em sua carreira.

O elenco é outro destaque. Bruce Willis faz o de sempre, mas faz bem feito; Milla Jovovich, ainda pouco conhecida, está ótima como a maluquinha Leeloominaï Lekatariba Lamina-Tchaï Ekbat De Sebat; Gary Oldman faz um vilão excelente, à beira da caricatura; Chris Tucker está perfeito com sua exageradíssimo mistura de Prince com Lenny Kravitz. Ainda no elenco, Ian Holm, Luke Perry, Brion James e Mathieu Kassovitz.

(Detalhe curioso: a língua falada por Leeloo foi inventada por Besson e praticada entre ele e Milla. Diz a lenda que no fim do filme eles já dialogavam nessa língua…)

Heu já era fã do filme, e depois de rever continuei fã. Recomendado para quem não viu!

Festival do Rio 2012

Festival do Rio 2012

Vai começar mais um Festival do Rio!

Pra quem não conhece: trata-se de um dos maiores festivais de cinema do Brasil (talvez o maior). São centenas de filmes espalhados por vários cinemas cariocas durante duas semanas. Tem filme pra todos os gostos: filme bom, filme ruim, filme famoso, filme obscuro, filme aguardado que decepciona, filme que ninguém ouviu falar que surpreende.

Os filmes são divididos por mostras. Os mais conhecidos estão nas mostras “Expectativa” e “Panorama do Cinema Mundial”, mostras que reúnem filmes que estiveram recentemente em festivais fora do Brasil, ou filmes novos de cineastas conhecidos. Todos os filmes são inéditos, boa parte deles entra no circuito depois.

E existem as mostras com filmes mais obscuros. A mostra Mignight Movies é o “cantinho esquisito” do Festival. Filmes bizarros e estranhos são comuns aqui. Claro que é a minha mostra favorita…

Ano passado, criaram duas subdivisões para a Midnight Movies: a Midnight Música e a Midnight Terror. Este ano apareceu outra subdivisão, a Midnight Surf. Se boa parte dos filmes das mostras principais têm chances de entrar em cartaz, pouca coisa destas mostras vai voltar pras telas!

Ainda tem uma outra mostra interessante: John Carpenter, com 14 filmes do mestre, desde o primeiro underground Dark Star até o último Aterrorizada (nunca lançado aqui no Brasil)

(Além destas mostras, ainda tem a Premiere Brasil, Premiere Latina, Foco Reino Unido, Imagens de Portugal, Mostra Gay, Intinerários Únicos, Geração, DOX, Meio Ambiente, Fronteiras e Alberto Cavalcante. É filme pra dedéu!)

Como são muitos filmes e pouco tempo, o negócio é analisar a programação e arriscar alguma coisa. Pena que quase todos são tiros no escuro. Tem alguns filmes tão novos que ainda não têm nem comentários no imdb!

Ano passado consegui ver muita coisa, vi 24 filmes. Este ano comecei a analisar a programação e já separei 18. Costumo pensar em filmes que não devem passar de novo – se um filme vai ser lançado no circuito, espero pra ver depois.

Ano passado, antes do Festival começar, já tinha visto 6 filmes. Este ano só vi um, o ótimo O Segredo da Cabana, que, se tiver tempo, vou rever na tela grande.

Vou dar algumas dicas aqui. Só aviso que as minhas dicas são chutes! Não tem como saber se o filme vai ser bom…

O Segredo da Cabana – Interessante e inovador terror, que tem cara de slasher clichê mas não é bem isso. Uma das melhores surpresas que vi nos últimos tempos no estilo.

Argo – Thriller hollywoodiano dirigido e estrelado por Ben Affleck, contando a história real de como seis refugiados políticos conseguiram fugir do Irã em 1980 com a ajuda de uma produção hollywoodiana fake.

Selvagens – Oliver Stone tem um elenco estelar num filme sobre drogas: Taylor Kitsch, Blake Lively, Aaron Taylor-Johnson, John Travolta, Benicio Del Toro, Salma Hayek, Emile Hirsch e Demian Bichir.

Nós e Eu – Novo filme de Michael Gondry, o mesmo de Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças, trazendo alunos de uma escola no ônibus para realizar o último trajeto juntos antes das férias de verão.

Hemingway & Gellhorn – O romance entre Ernest Hemingway e a correspondente de guerra Martha Gellhorn. Dirigido por Philip Kaufman, com Nicole Kidman, Clive Owen, David Strathairn e Rodrigo Santoro.

Magic Mike – Steven Soderbergh dirige um filme sobre strip-tease masculino. Com Channing Tatum, Alex Pettyfer, Olivia Munn e Matthew McConaughey.

Twixt – O novo Francis Ford Coppola. Ok, Tetro, seu último, foi fraco. Mas o cara tem crédito, afinal ele fez Apocalipse Now, Dracula e a trilogia O Poderoso Chefão, dentre outros.

Monty Python – A Autobiografia de um Mentiroso – Uma animação contando a biografia de Graham Chapman, narrada pelo próprio – ele gravou o áudio pouco antes de morrer, em 1989. Tem participação de outros quatro ex-Monty Python.

In the Land of Blood and Honey – Filme dirigido (mas não estrelado) por Angelina Jolie, situado durante a guerra civil na Iugoslávia que arrasou os Bálcãs nos anos 1990. Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro de 2012.

Killer Joe – Um traficante contrata um policial que trabalha como matador de aluguel para matar a própria mãe. Dirigido por William Friedkin, com Matthew McConaughey, Emile Hirsch, Thomas Haden Church e Juno Temple.

Coisa de Criança – Uma menina rebelde de dez anos de idade que passa o seu tempo roubando, vandalizando e se engajando em um comportamento antissocial.

Quarto 237 – Teorias Loucas Sobre O Iluminado – Teorias em torno de mensagens subliminares escondidas no filme de Kubrick – especulações envolvendo o holocausto, o genocídio de povos indígenas e até conspirações governamentais

Turistas – Uma típica viagem de namorados vai ganhando contornos bizarros à medida que o casal vai se envolvendo em acontecimentos estranhos e violentos.

Comic-Con Episode IV: A Fan’s Hope – Documentário sobre a Comic-Con, em San Diego, a maior convenção de quadrinhos e cultura geek do mundo. Participações de Stan Lee, Josh Whedon, Seth Rogen, Kevin Smith, entre outros.

O Livro do Apocalipse – Filme coreano em três episódios que tematizam possíveis fins da humanidade: vírus que transformam pessoas em zumbis, um robô que alcança a iluminação espiritual e a chegada de um meteoro.

A Quinta Estação – No interior da Bélgica, quando a tradicional fogueira que anuncia o fim do inverno falha, a primavera não chega. Condenada a um inverno sem fim, a cidade aos poucos mergulha em estado de calamidade.

Maníaco – Elijah Wood interpreta um homem que restaura manequins, colocando neles o couro cabeludo que ele próprio escalpela de mulheres reais. Roteiro de Alexandre Aja, direção de Franck Khalfoun.

Os Erros do Corpo Humano – Um cientista canadense chega à Alemanha para trabalhar numa controversa pesquisa genética. Mas descobre que os outros pesquisadores fazem parte de uma conspiração com objetivode criar um vírus devastador.

Possessão – Uma adolescente compra uma antiga caixa de madeira e acidentalmente libera um dibbuk, um antigo espírito maligno, que agora habita o corpo da garota.

Juego de Niños – Um casal resolve fazer uma romântica viagem a uma ilha. Mas descobrem que apenas crianças circulam por lá, e algo está errado. Refilmagem mexicana do elogiado espanhol ¿Quién puede matar a un niño?, de 1976.

Thale – Terror norueguês sobre uma Huldra: um ser da mitologia escandinava que tem a aparência de uma linda mulher nua, com um rabo de vaca, que pode se vingar com poderes sobrenaturais se o meio em que vive é desrespeitado.

Ahí va el diablo – Terror argentino. Durante uma viagem, duas crianças desaparecem. No dia seguinte as duas retornam, mas passam a se comportar de maneira estranha.

O Clube do Vamos Fazer a Professora Abortar – Um filme japonês com esse título já é o suficiente pra me tirar de casa!

Um Pouco Zombie – Um vírus transforma um homem em zumbi às vesperas do seu casamento. Mas a noiva não quer estragar a festa e faz de tudo para manter a situação normal.

John Carpenter – São 14 filmes dele. Recomendo quase todos (talvez heu deixasse de fora Memórias de um Homem Invisível e Fuga de Los Angeles). O problema é tempo. Mas as minhas recomendações seriam os clássicos como O Enigma de Outro Mundo, Fuga de Nova York, Christine – O Carro Assassino,ou Eles Vivem. Ou o recente Aterrorizada, que nunca foi lançado aqui. Ou o ultra-underground Dark Star, seu projeto de fim de faculdade que só chegou aqui no Brasil em vhs…

A partir de amanhã, começo a comentar os filmes aqui…

Paranorman

Crítica – Paranorman

Alvíssaras! Novo longa metragem em animação stop motion em cartaz nos cinemas!

Um garoto meio esquisito tem o dom de conversar com pessoas mortas. E sofre bullying na escola por causa disso. Mas seu dom pode salvar a cidade de uma maldição centenária.

Escrito e dirigido pelo estreante Chris Butler, Paranorman é a nova cria do estúdio Laika Entertainment, o mesmo que fez o ótimo Coraline e o Mundo Secreto. Desta vez, o tema continua ligado ao terror, mas o clima do filme é menos sombrio.

A qualidade do stop motion é impressionante. Às vezes parece que estamos vendo uma animação por computador. Aliás, cheguei a pensar que se tratava de uma animação “normal”, de tão bem feita.

Uma coisa muito legal em Paranorman são as citações a filmes de terror, desde a sensacional sequência inicial até a máscara de hóquei do Jason Vorhees. Boa sacada pro público que curte esta onda!

Não posso falar do elenco, já que vi a versão dublada. Mais uma vez deu pena ao ver quem está no áudio original: Anna Kendrick, Casey Affleck, Christopher Mintz-Plasse, Leslie Mann e John Goodman, entre outros. E quem não reconheceu o nome do protagonista Kodi Smit-McPhee, é o menino da versão americana de Deixe-me Entrar.

Se tem uma crítica que podemos fazer é que tenho minhas dúvidas se os menores não vão se assustar. Minha filha de 11 anos adorou, mas meu filho de 3 ficou com medo dos zumbis…

Tenho a impressão que stop motion é uma arte do passado, cada vez temos menos filmes no estilo. Mas pelo menos a qualidade ainda é alta. Se temos poucos, que pelo menos mantenham a qualidade!

Coração de Tinta

Crítica – Coração de Tinta

Mo (Brendan Fraser)tem um raro talento: quando lê um livro em voz alta, tem o poder de trazer do livro o personagem que está sendo lido. Mas como não sabe controlar seu poder, nem sempre as coisas funcionam como deveriam.

Simpática fantasia dirigida por Ian Softley, diretor de estilos variados (o quase musical Backbeat, o terror A Chave Mestra, a ficção científica K-Pax…), Coração de Tinta (Inkheart, no original) foi baseado no livro homônimo de Cornelia Funke, que parte de uma premissa muito interessante e empolgante para incentivar a leitura: e se pudéssemos transformar em reais os personagens dos livros?

Pena que o roteiro não sabe aproveitar bem esta premissa – poderiam explorar bem mais o poder de Mo. No máximo vemos algumas referências a outras histórias, como a Excalibur do Rei Arthur, os sapatinhos de cristal da Cinderela e o Totó e os macacos voadores do Mágico de Oz. Muito pouco, pela quantidade de opções possíveis.

Pra piorar, o roteiro dá uma pirada na parte final e o fim do filme não faz o menor sentido. Não vou falar por causa dos spoilers, mas posso dizer que não foi legal mudarem as “regras do jogo” aos 45 do segundo tempo.

Sobre o elenco: acho que sou o único crítico no Brasil que gosta do Brendan Fraser. Leio sempre um monte de coisas contra ele, mas acho que vou com a cara dele. Na minha humilde opinião, ele funciona bem aqui. Mas o destaque é Paul Bettany – talvez porque o seu Dustfinger é de longe o personagem melhor construído de todo o filme. Ainda no elenco, Andy Serkis, Hellen Mirren, Sienna Guillory, Eliza Bennet, Jim Broadbent, e, numa ponta bem pequenininha, Jeniffer Connelly, a esposa de Betany na vida real, como a esposa do seu personagem Dustfinger.

Ainda podemos citar como destaques os belos cenários na Itália e na Inglaterra e os efeitos especiais discretos e eficientes.

Como falei lá no segundo parágrafo, Coração de Tinta é um filme simpático. Só não espere muito mais do que isso.

Poder Paranormal

Crítica – Poder Paranormal

Novo filme de Rodrigo Cortés, diretor e roteirista de Enterrado Vivo, desta vez à frente de uma produção de maior porte.

A Dra. Margaret Matheson e seu parceiro Tom Buckley são especialistas em desmascarar falsos casos paranormais. Quando Simon Silver, um vidente cego de fama internacional, resolve retornar depois de 30 anos afastado dos holofotes, ele acaba atraindo a atenção da dupla, que quer desmascarar o “poder” do médium.

Enterrado Vivo foi um interessante e criativo exercício de claustrofobia – um filme de uma hora e meia que só tem um único ator, e tudo se passa dentro de um caixão. Um ótimo exemplo de como se fazer um filme com recursos mínimos. Agora, Cortés tinha uma produção convencional em mãos. Bom sinal, né? Pena que nem tudo funciona.

Poder Paranormal (Red Lights, no original) se desenvolve bem, cria uma boa tensão ao longo da projeção, mas parece que no meio do caminho algo se perdeu. O roteiro, também escrito por Cortés, resolve guardar uma grande reviravolta para o fim. O problema é que essa reviravolta não convence ninguém. Mas antes de falar disso, vamos aos avisos de spoiler:

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

Um monte de coisas soam forçadas depois da revelação final. Mas nada justifica o fato de ninguém pensar em testar a visão de Silver. Como assim o cara não é cego e ninguém pensou em verificar isso em mais de 30 anos?

FIM DOS SPOILERS!

O elenco traz alguns bons nomes. Cillian Murphy e Sigourney Weaver estão bem liderando o elenco. Robert De Niro não está mal, mas está longe do grande ator que foi anos atrás. Ainda no elenco, Elizabeth Olsen, Joely Richardson e Toby Jones.

No fim, fica aquela sensação de boa ideia estragada por um fim preguiçoso. Rodrigo Cortés ainda tem crédito, ainda quero acompanhar sua carreira. Mas precisa tomar cuidado para não virar um novo Shyamalan.

Resident Evil 5 – Retribuição

Crítica – Resident Evil 5 – Retribuição

Mais um Resident Evil!

Alice (Milla Jovovich) é capturada e levada para dentro de uma instalação da Umbrella. Para fugir de lá, terá que passar por vários estágios (que parecem fases de um videogame).

Quando soube que Resident Evil 5 – Retribuição estava pra estrear, resolvi fazer algo que todos deveriam fazer sempre antes de ver uma continuação: revi os quatro filmes anteriores. Só que neste caso em particular, não sei se foi a melhor coisa a se fazer, pois vi muitos defeitos que passariam em branco. Vou chegar lá daqui a pouco!

Primeiro, vamos ao que funciona. A parte técnica é impecável. Os efeitos especiais são de cair o queixo, todas as lutas são bem coreografadas, e a câmera lenta está inspiradíssima. Gostei até do 3D, apesar de atualmente não ter muita paciência pro efeito.

A série Resident Evil sempre foi boa em colocar mulheres bonitas lutando. Agora são várias (Milla Jovovich, Sienna Guillory, Michelle Rodriguez e Bingbing Li), e com roupas colantes de cheias de decotes. Fetichista ao extremo! Me lembrou Sucker Punch

Outra coisa: dos cinco filmes, este é o que mais tem cara de videogame. Cada cena parece uma nova fase do jogo. Só não sei se é igual ao videogame original porque nunca joguei.

Agora, vamos ao que deu errado…

O roteiro, apesar de ser escrito pelo mesmo escritor de todos os outros filmes, não faz o menor sentido. O quarto filme tinha um gancho empolgante, mas, assim como aconteceu entre o terceiro e o quarto filmes, o gancho logo foi esquecido e a história foi recomeçada do zero – como se nada tivesse acontecido, Alice acorda em um novo lugar e temos uma nova trama.

Também achei estranho o papo de usar clones, me pareceu uma desculpa pra tapar buracos no roteiro. Mas criou falhas na lógica: se uma Rain (Michelle Rodriguez) não tem nada a ver com a outra, como Alice sabe usar a linguagem de sinais para falar com a menina?

Outras coisas mudaram também e parecem erros de continuidade. Jill Valentine tinha cabelos pretos no segundo filme, mas reapareceu loura – fato que nos lembra que os cabelos de Alice eram mais claros nos primeiros filmes. Caramba, se é a mesma atriz fazendo a mesma personagem, por que não usar o mesmo cabelo? Isso porque não tô falando dos zumbis, que no primeiro filme eram lentos como os zumbis clássicos do George Romero, mas parece que contrataram um personal trainer e agora correm com o pique do Usain Bolt.

Falando em zumbis: o primeiro Resident Evil era um filme de zumbis; agora não mais. Aparecem alguns tipos de monstros, mas não sei se algum deles é um zumbi. Tem aqueles bichos que a boca se abre em quatro, tem aquele gigante com o machado, tem os soldados zumbis com metralhadoras, tem o monstrão grandão… E cadê os zumbis? Tão em outro filme…

A direção ainda é de Paul W.S.Anderson, o mesmo do primeiro e quarto filmes, e marido de Milla Jovovich. Na direção, ele faz um bom trabalho. Mas ele também é o roteirista, e nesta função, ficou devendo.

O elenco traz um monte de gente de volta de outros filmes da quadrilogia. Além de Milla, temos a volta de Sienna Guillory, Michelle Rodriguez, Oded Fehr, Boris Kodjoe e Colin Salmon, e novos papeis interpretados por Bingbing Li, Aryana Engineer, Johann Urb e Kevin Durand.

Com mais erros que acertos (na minha humilde opinião), este quinto filme se tornou o mais fraco de todos. E, pra piorar, termina com um empolgante gancho. Mas que sabemos que pode ser ignorado no sexto filme…

Você Não Soube Me Amar – O Curta

Você Não Soube Me Amar – O Curta

O post de hoje é diferente. Em vez de escrever uma crítica, vou falar sobre a produção de um filme novo. O meu primeiro filme!

Há anos que estou desenvolvendo um musical. Uma história simples: um casal se conhece, fica junto, briga, se separa, descobre que ainda se gosta, se reencontra e termina junto. O detalhe: quase sem nenhum diálogo falado, quase todos os diálogos são cantados – usando trechos de músicas de rock nacional dos anos 80!

Tentei montar uma peça de teatro. Mas trabalhar com teatro é burocrático demais, por incrível que pareça. Depois de tentar por um tempo, desisti e quase larguei o projeto.

Passei mais de um ano com a ideia guardada. Até que bateu um estalo: por que não tentar cinema? Sei que é difícil, mas pelo menos heu estaria trabalhando em algo com a minha cara (vejo vários filmes por semana, enquanto vou ao teatro duas ou três vezes ao ano).

Cheguei a pensar em fazer o longa, de uma hora e meia, na marra, tudo com produção amadora. Mas me deram uma dica que hoje vejo que foi o melhor caminho: fazer um curta pra mostrar a minha ideia para possíveis produtores. Mas resolvi começar com um curta – mais fácil, mais rápido e mais barato. E agora estou pensando no longa!

Chega de papo. Vejam o filme! Podem comentar lá embaixo o que acharam. Chegou a minha vez de ser criticado! 🙂

Valheu!

Créditos:
Elenco
Zoraide – Suzana Muniz
Johnny – Rodrigo Rosado

Direção – Helvecio Parente

Produção – Helvecio Parente e Dany Valle
Assistente de Direção – Oswaldo Lopes Jr.
Roteiro – Helvecio Parente
Edição — Everaldo Santos
Assistente de Produção – Marcelo Melo
Câmera – Dantas Jr
Câmera – Guilherme Kuhnert
Inestimáveis pitacos e sugestões: Dany, Oswaldo, Marcelo, Dantas e Guilherme

Trilha sonora gravada por Elemento Surpresa e Dany Valle
Elemento Surpresa é:
Vocal – Carlos Costa
Guitarra – Paulo Guilherme
Baixo – Nema Antunes
Bateria – Rabicó
Teclados – Helvecio Parente
Vocal Adicional – Dany Valle

Mixado no Estúdio Azul por Marcio MM Meirelles

Corra Lola Corra

Crítica – Corra Lola Corra

Há tempos que heu tinha vontade de rever este bom filme alemão de 1998. Aproveitei uma promoção na Amazon e comprei baratinho o blu-ray gringo com legendas em português.

O melhor de Corra Lola Corra é o roteiro, mais inteligente do que a maioria que vemos por aí. Porque a história é simples: o namorado de Lola (Franka Potente) se meteu em uma encrenca e por isso ela precisa conseguir 100 mil marcos. O mesmo fiapo de história é contado três vezes, com alguns detalhes diferentes entre cada uma das vezes – e é nesses detalhes que o roteiro é genial. Detalhes importantes para a trama (como a trava da arma); detalhes irrelevantes porém divertidos (as suposições sobre o futuro das pessoas em volta).

A estética do filme é bem legal. Diferentes texturas de imagem (rola até uma sequência em desenho animado), edição frenética e música techno hipnotizante. O ritmo do filme é acelerado, coerente com a correria de Lola – que passa quase o filme inteiro literalmente correndo.

O filme foi escrito e dirigido por Tom Tykwer (Perfume – A História de um Assassino), diretor alemão sem muitos títulos famosos no currículo. Liderando o elenco, temos Franka Potente, que depois foi pra Hollywood e ficou mais conhecida quando estrelou os dois primeiros filmes da trilogia Bourne. Ainda no elenco, Moritz Bleibtreu, Herbert Knaup e Nina Petri.

Queria aproveitar pra relatar algo curioso. Comprei o blu-ray americano. Ao colocar no aparelho, algo avisou ao disco que meu player é brasileiro. As mensagens sobre direitos autorais e o menu já vieram direto em português!

Corra Lola Corra não é um grande filme nem fez muito sucesso. Mas não vai decepcionar quem curte roteiros bem escritos.