Crítica – Coração de Tinta
Mo (Brendan Fraser)tem um raro talento: quando lê um livro em voz alta, tem o poder de trazer do livro o personagem que está sendo lido. Mas como não sabe controlar seu poder, nem sempre as coisas funcionam como deveriam.
Simpática fantasia dirigida por Ian Softley, diretor de estilos variados (o quase musical Backbeat, o terror A Chave Mestra, a ficção científica K-Pax…), Coração de Tinta (Inkheart, no original) foi baseado no livro homônimo de Cornelia Funke, que parte de uma premissa muito interessante e empolgante para incentivar a leitura: e se pudéssemos transformar em reais os personagens dos livros?
Pena que o roteiro não sabe aproveitar bem esta premissa – poderiam explorar bem mais o poder de Mo. No máximo vemos algumas referências a outras histórias, como a Excalibur do Rei Arthur, os sapatinhos de cristal da Cinderela e o Totó e os macacos voadores do Mágico de Oz. Muito pouco, pela quantidade de opções possíveis.
Pra piorar, o roteiro dá uma pirada na parte final e o fim do filme não faz o menor sentido. Não vou falar por causa dos spoilers, mas posso dizer que não foi legal mudarem as “regras do jogo” aos 45 do segundo tempo.
Sobre o elenco: acho que sou o único crítico no Brasil que gosta do Brendan Fraser. Leio sempre um monte de coisas contra ele, mas acho que vou com a cara dele. Na minha humilde opinião, ele funciona bem aqui. Mas o destaque é Paul Bettany – talvez porque o seu Dustfinger é de longe o personagem melhor construído de todo o filme. Ainda no elenco, Andy Serkis, Hellen Mirren, Sienna Guillory, Eliza Bennet, Jim Broadbent, e, numa ponta bem pequenininha, Jeniffer Connelly, a esposa de Betany na vida real, como a esposa do seu personagem Dustfinger.
Ainda podemos citar como destaques os belos cenários na Itália e na Inglaterra e os efeitos especiais discretos e eficientes.
Como falei lá no segundo parágrafo, Coração de Tinta é um filme simpático. Só não espere muito mais do que isso.