Selvagens

Crítica – Selvagens

Filme novo do Oliver Stone!

Dois amigos dividem uma plantação de maconha e o coração de uma mesma namorada. Suas vidas se complicam quando eles começam a ser chantageados por um cartel mexicano de drogas.

Oliver Stone é um cara talentoso, não há dúvidas com relação a isso. Mas também é um cara chato. Uma famosa crítica estadunidense uma vez declarou que iria se aposentar para nunca mais ter que ver os seus filmes. Em certo ponto, concordo com isso. Vejam um exemplo: Stone fez um ótimo filme sobre o Vietnam, Platoon. Aí resolveu fazer um segundo filme sobre o Vietnam, Nascido em 4 de Julho. Chega, né? Nada, quando ninguém mais aguentava mais ouvir falar de Vietnam, ele fez mais um filme sobre o mesmo tema, Entre O Céu e a Terra.

Tudo isso aí em cima foi pra explicar que prefiro quando Stone faz algum filme que não tem nenhum compromisso com posições políticas, como The Doors ou U-Turn. É o caso de Selvagens.

Baseado no livro de Don Winslow (co-autor do roteiro junto com o próprio Stone e mais um crédito), Selvagens está mais próximo de U-Turn do que de The Doors, por não se basearem em fatos e pessoas reais. E Selvagens tem um forte ponto em comum com U-Turn: ambos têm ótimos personagens.

Arriscaria a dizer que o melhor de Selvagens é sua galeria de personagens, principalmente os secundários. Se o trio principal apenas está ok, Salma Hayek, John Travolta, Benicio Del Toro, Emile Hirsch e Demián Bichir valem o ingresso.

O trio principal é um dos pontos fracos. Aaron Taylor-Johnson, o melhor dos três, parece meio perdido (ele estava bem melhor em Kick-Ass); Taylor Kitsch (John Carter) é boa pinta e tem jeito de galã de Hollywood, mas é limitado como ator; Blake Lively (Atração Perigosa) é bonitinha mas fraquinha, e sua narração em off só atrapalha.

(Nada contra a nudez dos dois protagonistas. Mas por que Blake Lively não tira a roupa também? Nas duas cenas de sexo do início do filme, ela está vestida enquanto seus parceiros estão nus…)

Mas acho que o pior de Selvagens é a história fraca. A começar por algumas posrturas dos personagens principais – qualé a do traficante zen com preocupações ecológicas (enquanto mantem um parceiro violento)? E sobre o roteiro, como é que os caras vão deixar tudo para o dia seguinte, mesmo com um violento cartel de traficantes na cola deles? E isso porque não estou falando do final duplo – parece que resolveram criar um novo final para agradar plateias mais caretas.

A parte técnica ê muito boa, pelo menos isso. Selvagens oferece um belo espetáculo visual. Mas no geral, a irregularidade do filme pode desagradar mais do que agradar.

Selvagens passou no Festival do Rio, mas, olha só, acabou de entrar no circuito!

Kid-Thing / Coisa de Criança

Crítica – Kid-Thing

Sinopse tirada da programação oficial do Festival do Rio:

Annie é uma menina rebelde de 10 anos, agressiva e destrutiva. Ela vive com seu pai, que passa grande parte do tempo dormindo. Sem limites ou parâmetros, ela passa o seu tempo roubando, vandalizando e se engajando em um comportamento antissocial. Um dia, ao andar pela floresta, ela é surpreendida pela voz de uma mulher pedindo socorro de dentro de um poço abandonado. Assustada, ela a princípio não sabe como agir, mas acaba voltando ao local repetidas vezes, primeiro com sanduíches, depois com walkie-talkies, e mais tarde com um pedido.

A sinopse de Kid-Thing (traduzido como Coisa de Criança pelo Festival do Rio) dava sinais de que poderia ser um bom e violento filme independente. Ou então que seria mais um filme independente chaaato.

Claro, segunda opção. Chaaato…

Cria da dupla de irmãos David Zelner (direão, roteiro e elenco) e Nathan Zelner (produção, fotografia e elenco), Kid-Thing tem um problema comum: falta uma história. A personagem da menina rebelde é interessante, mas se ela não tem nada para contar, temos um filme monótono onde nada acontece. Assim, temos vários momentos sonolentos em um filme de apenas uma hora e vinte e três minutos. Algumas cenas são insuportavelmente chatas, tipo aquela das raspadinhas na mesa. E a cena do professor de violão causa vergonha alheia.

Pra não diz que Kid-Thing é completamente inútil, aprendi como se hipnotiza uma galinha. Uau. Mudou a minha vida.

Agora, o pior de tudo é que me conheço: heu não aprendo. Por pior que tenha sido Kid-Thing, ano que vem vou achar um filme semelhante na Midnight Movies de 2013. E vou comprar ingresso…