Killer Joe

Crítica – Killer Joe

Endividado, o jovem Chris planeja matar a própria mãe para pegar o dinheiro do seguro de vida. Para isso, ele e o seu pai contratam o policial Joe Cooper para fazer o serviço. O problema é que Joe quer Dottie, a irmã caçula de Chris, como caução até o pagamento.

O veterano diretor William Friedkin (O Exorcista, Operação França) está de volta, ainda em forma aos 77 anos de idade. Seu novo filme, Killer Joe, não é um filme fácil. Não é fácil de se assistir, muito menos de se criticar. Por um lado é um filme muito bem feito e com um elenco inspiradíssimo; por outro lado, é um filme extremamente desconfortável.

O melhor de Killer Joe sem dúvida é o elenco. Mathew McConaughey, Thomas Haden Church e Emile Hirsch estão sensacionais. Odiáveis e sensacionais. Gina Gershon parece que enganou a todos quando fez Showgirls e parecia uma atriz fraca, aqui ela arrebenta. E Juno Temple consegue exalar ao mesmo tempo ingenuidade e sensualidade.

Friedkin repete a parceria com Tracy Letts, com quem fez Possuídos em 2007. Letts é o roteirista e também autor da peça de teatro que deu origem ao filme. Killer Joe traz uma excelente galeria de personagens bem construídos – e todos são pessoas desprezíveis e sem moral. São bons exemplos de “white trash” sulista americano. Ninguém se salva, não conseguimos torcer por nenhum dos personagens do filme.

Li em alguns lugares que Killer Joe seria uma comédia de humor negro. Olha, algumas cenas causaram risos nervosos no cinema onde vi o filme, mas acho difícil chamar um filme desses de comédia. Killer Joe tem alguns momentos difíceis. Uma cena em particular, envolvendo uma coxa de frango do Kentucky Fried Chicken, vai fazer algumas pessoas se retirarem da sala do cinema com o estômago embrulhado.

Apesar de sua qualidade, Killer Joe é daqueles filmes que a gente não recomenda pra qualquer um. Mas se você tiver estômago forte, pode curtir.

Thale

Crítica – Thale

Ano passado vi O Caçador de Trolls, um filme de terror / fantasia baseado em uma lenda escandinava. Chegou a hora de conhecer outra lenda nórdica!

Ao limpar uma cena de crime, os amigos Elvis e Leo encontram uma Huldra – um ser da mitologia escandinava que tem a aparência de uma bela mulher com um rabo de vaca.

O Caçador de Trolls falava de trolls (dããã); Thale fala da huldra, uma espécie de Iara que tem rabo de vaca em vez de rabo de peixe (a lenda é bem parecida com a nossa Iara, ela é conhecida por seduzir jovens homens solteiros e levá-los para as montanhas).

A ideia era muito boa. Mas o resultado final não é grandes coisas. O filme tem apenas uma hora e dezesseis minutos e consegue ter momentos arrastados!

Parece que o orçamento do diretor e roteirista Aleksander Nordaas era limitado. Neste aspecto, ele não decepcionou. Até que, tecnicamente falando, o resultado é muito bom, as criaturas que aparecem no filme são simples e bem feitas. O problema foi outro.

Acho que faltou história pra contar. A apresentação dos dois personagens centrais foi muito boa, num clima meio CSI. A introdução da misteriosa huldra também foi ótima. Mas a partir daí, o filme não desenvolve mais nada.

O elenco está ok. Silje Reinåmo atua com naturalidade, apesar de passar metade do filme sem roupa; Erlend Nervold e Jon Sigve Skard parecem velhos amigos.

Como curiosidade, claro que vale, afinal, não é todo dia que vemos filmes fantásticos noruegueses. Mas não espere muita coisa.

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p.s.: Devido aos horários complicados das sessões do Festival, escolhi a sessão de terça feira às 23:45 – detalhe: acordo às 6 da manhã na quarta. Mas, ok, abro mão de preciosas hora de sono uma vez só durante o Festival, ao sair do cinema a uma da madrugada. Mas… A sessão anterior atrasou, e a sala só foi liberada dezesseis minutos depois! Pelo menos o cara responsável pela projeção foi inteligente e começou as propagandas obrigatórias (as mesmas antes de absolutamente todas as sessões do festival) antes mesmo do público entrar na sala…