Come Out And Play

Crítica – Come Out And Play

A refilmagem de ¿Quien Puede Matar A Un Niño?!

A história é igualzinha: um casal vai passar as férias em uma ilha distante do continente. Ao chegar lá, descobrem que todos os adultos sumiram. E também descobrem que todas as crianças têm atitudes suspeitas.

Aliás, não é só a história que é igual. Come Out And Play (também chamado de Juego de Niños) é uma refilmagem quase quadro a quadro. Tudo é recriado exatamente igual ao original.

Quando aparece o nome do filme na tela do cinema, está escrito “Makinov’s Come Out And Play“. Nunca tinha ouvido falar antes deste Makinov. Procurei informações, o imdb não tem nada sobre ele. Este Come Out And Play é o seu único filme por enquanto. Mas acho que ele pode se declarar o “dono” do filme – segundo o imdb, ele foi o diretor, roteirista, produtor e fez a edição, fotografia e foi o responsável pelo som. O cara fez tudo, o imdb só cita mais um outro nome nos créditos inteiros. Gostei disso!

Plasticamente, esta refilmagem é mais bonita que o original, as imagens são mais bem feitas, os cenários são mais belos. Mas, por outro lado, achei as crianças todas muito fracas. Nenhuma criança consegue ser assustadora.

Tem outro problema: devido ao mundo politicamente correto, as cenas violentas envolvendo crianças são quase todas editadas demais. Exemplo: mostra a criança, corta, mostra o cara sendo esfaqueado, corta, mostra a criança. Se fosse bem feito, tudo bem. Mas a edição falhou aqui.

No elenco, os pouco conhcidos (apesar dos longos currículos) Vinessa Shaw e Ebon Moss-Bachrach fazem o feijão com arroz.

No geral, acho que Makinov fez um bom trabalho ao resgatar um filme clássico e semi obscuro. Mas quem gostar desse, recomendo ver o original. Apesar das falhas técnicas, o original ainda é melhor.

p.s.: Não achei o poster do filme no google. Peguei uma foto de uma cena.

¿Quién Puede Matar A Un Niño?

Crítica – ¿Quién Puede Matar A Un Niño

(Off Festival do Rio)

Há tempos heu tinha curiosidade sobre este semi obscuro filme espanhol de 1976, muito recomendado por aí em fóruns na internet. Quando soube que a refilmagem ia passar no Festival do Rio, resolvi ver logo de uma vez.

Um casal vai passar as férias em uma ilha distante do continente. Ao chegar lá, descobrem que todos os adultos sumiram. E também descobrem que todas as crianças têm atitudes suspeitas.

Hoje o cinema fantástico espanhol está em alta, com nomes consagrados como Alejandro Amenábar (que nasceu no Chile mas se mudou jovem para a Espanha), Álex de la Iglesia e Jaume Balagueró. Mas muitos cosideram que o início do desta fase nasceu com Narciso Ibáñez Serrador e este ¿Quién Puede Matar A Un Niño?. Curiosamente, Serrador teve longa carreira, mas na tv, fez muito pouca coisa para o cinema.

(Falei em “fase” porque se a gente pensar em “cinema fantástico espanhol”, não tem como não lembrar também do genial Luis Buñuel. Buñuel é fantástico tanto pelo talento quanto pela temática. Mas Buñuel é outra época, outro estilo, outra história…)

¿Quién Puede Matar A Un Niño? tem um tema difícil: crianças assassinas. Durante o filme, um personagem chega a falar “quem pode matar uma criança?”, justamente o título. Acho que a coragem de abordar este tema é o que causa tanto falatório em cima do filme.

Tudo é meio tosco. Por um lado é legal, porque a precariedade gera uma crueza interessante no visual do filme, tudo parece mais real. O filme é muito violento, mais pelo tema do que por imagens fortes. E uma trilha sonora simplérrima ajuda o clima de tensão presente ao longo da projeção.

O elenco tem cara de amador. Os atores principais Lewis Fiander e Prunella Ransome fizeram vários outros filmes, mas nada digno de nota. E as crianças não têm cara de atores e atrizes mirins profissionais. Mas, pro que o filme pede, funciona, combina com a crueza citada no parágrafo de cima.

O fato de ser uma produção obscura de quase quarenta anos trás, feita na Espanha, elevou o status de cult de ¿Quién Puede Matar A Un Niño?, hoje considerado um clássico do cinema de terror. Mas, claro, não é pra qualquer um.