Sightseers / Turistas

Crítica – Sightseers / Turistas

Tina e seu namorado Chris desejam fazer uma viagem romântica, embarcando num trailer para desbravar paisagens e lugares históricos da Inglaterra. O problema é que Chris e Tina vão se envolvendo em acontecimentos estranhos e violentos.

De vez em quando aparece um filme desses. Muita violência e assassinatos em doses desmedidas, tudo executado por pessoas com cara de gente comum. Lembrei logo de Henry, O Retrato de um Assassino, que, por coincidência, também vi no mesmo Festival, anos atrás. É o caso deste Sightseers, novo filme de Ben Whitley (Kill List).

O interessante de Sightseers é que os protagonistas são apresentados como pessoas normais. O elenco foi bem escolhido, Alice Lowe e Steve Oram (também autores do roteiro) têm cara de pessoas normais, não têm nada do glamour hollywoodiano. Digo mais: parecem ingleses que a gente esbarra nos pubs quando viaja por lá pelas cidades pequenas.

Sightseers tem algumas cenas muito violentas. A crueza mostrada é o mais assustador: não estamos lidando com um mal sobrenatural, o mal está no vizinho que mora ao lado.

O ritmo do filme começa devagar, mas depois engrena. E como é curto (pouco menos de uma hora e meia), flui fácil.

Sightseers não deve entrar no circuito. Mas Kill List também não entrou. Quem quiser ver, é só procurar…

p.s.: Apesar do título em português, cuidado para não confundir este filme com aquele Turistas de 2006, filmado aqui no Brasil!

Come Out And Play

Crítica – Come Out And Play

A refilmagem de ¿Quien Puede Matar A Un Niño?!

A história é igualzinha: um casal vai passar as férias em uma ilha distante do continente. Ao chegar lá, descobrem que todos os adultos sumiram. E também descobrem que todas as crianças têm atitudes suspeitas.

Aliás, não é só a história que é igual. Come Out And Play (também chamado de Juego de Niños) é uma refilmagem quase quadro a quadro. Tudo é recriado exatamente igual ao original.

Quando aparece o nome do filme na tela do cinema, está escrito “Makinov’s Come Out And Play“. Nunca tinha ouvido falar antes deste Makinov. Procurei informações, o imdb não tem nada sobre ele. Este Come Out And Play é o seu único filme por enquanto. Mas acho que ele pode se declarar o “dono” do filme – segundo o imdb, ele foi o diretor, roteirista, produtor e fez a edição, fotografia e foi o responsável pelo som. O cara fez tudo, o imdb só cita mais um outro nome nos créditos inteiros. Gostei disso!

Plasticamente, esta refilmagem é mais bonita que o original, as imagens são mais bem feitas, os cenários são mais belos. Mas, por outro lado, achei as crianças todas muito fracas. Nenhuma criança consegue ser assustadora.

Tem outro problema: devido ao mundo politicamente correto, as cenas violentas envolvendo crianças são quase todas editadas demais. Exemplo: mostra a criança, corta, mostra o cara sendo esfaqueado, corta, mostra a criança. Se fosse bem feito, tudo bem. Mas a edição falhou aqui.

No elenco, os pouco conhcidos (apesar dos longos currículos) Vinessa Shaw e Ebon Moss-Bachrach fazem o feijão com arroz.

No geral, acho que Makinov fez um bom trabalho ao resgatar um filme clássico e semi obscuro. Mas quem gostar desse, recomendo ver o original. Apesar das falhas técnicas, o original ainda é melhor.

p.s.: Não achei o poster do filme no google. Peguei uma foto de uma cena.

¿Quién Puede Matar A Un Niño?

Crítica – ¿Quién Puede Matar A Un Niño

(Off Festival do Rio)

Há tempos heu tinha curiosidade sobre este semi obscuro filme espanhol de 1976, muito recomendado por aí em fóruns na internet. Quando soube que a refilmagem ia passar no Festival do Rio, resolvi ver logo de uma vez.

Um casal vai passar as férias em uma ilha distante do continente. Ao chegar lá, descobrem que todos os adultos sumiram. E também descobrem que todas as crianças têm atitudes suspeitas.

Hoje o cinema fantástico espanhol está em alta, com nomes consagrados como Alejandro Amenábar (que nasceu no Chile mas se mudou jovem para a Espanha), Álex de la Iglesia e Jaume Balagueró. Mas muitos cosideram que o início do desta fase nasceu com Narciso Ibáñez Serrador e este ¿Quién Puede Matar A Un Niño?. Curiosamente, Serrador teve longa carreira, mas na tv, fez muito pouca coisa para o cinema.

(Falei em “fase” porque se a gente pensar em “cinema fantástico espanhol”, não tem como não lembrar também do genial Luis Buñuel. Buñuel é fantástico tanto pelo talento quanto pela temática. Mas Buñuel é outra época, outro estilo, outra história…)

¿Quién Puede Matar A Un Niño? tem um tema difícil: crianças assassinas. Durante o filme, um personagem chega a falar “quem pode matar uma criança?”, justamente o título. Acho que a coragem de abordar este tema é o que causa tanto falatório em cima do filme.

Tudo é meio tosco. Por um lado é legal, porque a precariedade gera uma crueza interessante no visual do filme, tudo parece mais real. O filme é muito violento, mais pelo tema do que por imagens fortes. E uma trilha sonora simplérrima ajuda o clima de tensão presente ao longo da projeção.

O elenco tem cara de amador. Os atores principais Lewis Fiander e Prunella Ransome fizeram vários outros filmes, mas nada digno de nota. E as crianças não têm cara de atores e atrizes mirins profissionais. Mas, pro que o filme pede, funciona, combina com a crueza citada no parágrafo de cima.

O fato de ser uma produção obscura de quase quarenta anos trás, feita na Espanha, elevou o status de cult de ¿Quién Puede Matar A Un Niño?, hoje considerado um clássico do cinema de terror. Mas, claro, não é pra qualquer um.

Killer Joe

Crítica – Killer Joe

Endividado, o jovem Chris planeja matar a própria mãe para pegar o dinheiro do seguro de vida. Para isso, ele e o seu pai contratam o policial Joe Cooper para fazer o serviço. O problema é que Joe quer Dottie, a irmã caçula de Chris, como caução até o pagamento.

O veterano diretor William Friedkin (O Exorcista, Operação França) está de volta, ainda em forma aos 77 anos de idade. Seu novo filme, Killer Joe, não é um filme fácil. Não é fácil de se assistir, muito menos de se criticar. Por um lado é um filme muito bem feito e com um elenco inspiradíssimo; por outro lado, é um filme extremamente desconfortável.

O melhor de Killer Joe sem dúvida é o elenco. Mathew McConaughey, Thomas Haden Church e Emile Hirsch estão sensacionais. Odiáveis e sensacionais. Gina Gershon parece que enganou a todos quando fez Showgirls e parecia uma atriz fraca, aqui ela arrebenta. E Juno Temple consegue exalar ao mesmo tempo ingenuidade e sensualidade.

Friedkin repete a parceria com Tracy Letts, com quem fez Possuídos em 2007. Letts é o roteirista e também autor da peça de teatro que deu origem ao filme. Killer Joe traz uma excelente galeria de personagens bem construídos – e todos são pessoas desprezíveis e sem moral. São bons exemplos de “white trash” sulista americano. Ninguém se salva, não conseguimos torcer por nenhum dos personagens do filme.

Li em alguns lugares que Killer Joe seria uma comédia de humor negro. Olha, algumas cenas causaram risos nervosos no cinema onde vi o filme, mas acho difícil chamar um filme desses de comédia. Killer Joe tem alguns momentos difíceis. Uma cena em particular, envolvendo uma coxa de frango do Kentucky Fried Chicken, vai fazer algumas pessoas se retirarem da sala do cinema com o estômago embrulhado.

Apesar de sua qualidade, Killer Joe é daqueles filmes que a gente não recomenda pra qualquer um. Mas se você tiver estômago forte, pode curtir.

Thale

Crítica – Thale

Ano passado vi O Caçador de Trolls, um filme de terror / fantasia baseado em uma lenda escandinava. Chegou a hora de conhecer outra lenda nórdica!

Ao limpar uma cena de crime, os amigos Elvis e Leo encontram uma Huldra – um ser da mitologia escandinava que tem a aparência de uma bela mulher com um rabo de vaca.

O Caçador de Trolls falava de trolls (dããã); Thale fala da huldra, uma espécie de Iara que tem rabo de vaca em vez de rabo de peixe (a lenda é bem parecida com a nossa Iara, ela é conhecida por seduzir jovens homens solteiros e levá-los para as montanhas).

A ideia era muito boa. Mas o resultado final não é grandes coisas. O filme tem apenas uma hora e dezesseis minutos e consegue ter momentos arrastados!

Parece que o orçamento do diretor e roteirista Aleksander Nordaas era limitado. Neste aspecto, ele não decepcionou. Até que, tecnicamente falando, o resultado é muito bom, as criaturas que aparecem no filme são simples e bem feitas. O problema foi outro.

Acho que faltou história pra contar. A apresentação dos dois personagens centrais foi muito boa, num clima meio CSI. A introdução da misteriosa huldra também foi ótima. Mas a partir daí, o filme não desenvolve mais nada.

O elenco está ok. Silje Reinåmo atua com naturalidade, apesar de passar metade do filme sem roupa; Erlend Nervold e Jon Sigve Skard parecem velhos amigos.

Como curiosidade, claro que vale, afinal, não é todo dia que vemos filmes fantásticos noruegueses. Mas não espere muita coisa.

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p.s.: Devido aos horários complicados das sessões do Festival, escolhi a sessão de terça feira às 23:45 – detalhe: acordo às 6 da manhã na quarta. Mas, ok, abro mão de preciosas hora de sono uma vez só durante o Festival, ao sair do cinema a uma da madrugada. Mas… A sessão anterior atrasou, e a sala só foi liberada dezesseis minutos depois! Pelo menos o cara responsável pela projeção foi inteligente e começou as propagandas obrigatórias (as mesmas antes de absolutamente todas as sessões do festival) antes mesmo do público entrar na sala…

Possessão

Crítica – Possessão

Uma menina compra uma antiga caixa de madeira numa venda de jardim. Misteriosamente, ela se torna obcecada pela caixa e seu comportamento muda radicalmente, tornando-se cada dia mais agressiva. Seu pai decide investigar a origem da caixa e descobrem que ela liberou um dibbuk, um antigo espírito maligno.

Dois anos atrás passou no Festival o filme A Substituta, uma espécie de Prova Final infantil feito na Dinamarca. Já tinha visto um filme do mesmo diretor, o dinamarquês Ole Bornedal, O Principal Suspeito, do fim dos anos 90. Guardei o nome do cara. Agora, quando anunciaram este Possessão e vi seu nome, já tinha ideia do que veria.

Possessão não traz nada de novidade ao subgênero “terror com possessão demoníaca”. Mas pelo menos Bornedal fez um feijão com arroz bem feito. Possessão é um terror “à moda antiga”. Com um clima tenso e sério do início ao fim e alguns sustos aqui e acolá, ajudados por efeitos especiais discretos e eficientes e uma boa trilha sonora acrescida por efeitos sonoros nos lugares certos.

Gostei da jovem Natasha Calis, que faz um bom trabalho ao alternar inocência e medo (assim como Isabelle Fuhrman em A Órfã). Aliás, não sei se sou o único, mas achei Natasha bem parecida fisicamente com Anna Paquin na época d’O Piano. Ainda no elenco, Jeffrey Dean Morgan, Kyra Sedwick e Madison Davenport.

Por fim, preciso falar que não gostei do nome. Por que fazem filmes com nomes repetidos? Além do Possessão de 1981, com Isabelle Adjani e Sam Neill; existem outros 18 filmes chamados Possession segundo o imdb. Por que não usar outro nome?

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Se você gostou de Possessão, o Blog do Heu recomenda:
Arraste-me Para o Inferno
A Órfã
Sobrenatural

Moonrise Kingdom

Crítica – Moonrise Kingdom

Não sei por que, mas heu nunca tinha visto nenhum filme do Wes Anderson. Aproveitei o Festival pra consertar esta “falha”!

Verão de 1965. Em uma pequena ilha na costa da Nova Inglaterra, Sam e Suzy, que se conheceram um ano antes, combinam de fugir juntos – ela, da casa dos pais; ele, do acampamento escoteiro.

Gostei muito do estilo do diretor. Como disse, este foi o meu primeiro Wes Anderson, mas pelo que li, o estilo dele é sempre assim – Anderson é um daqueles raros casos da Hollywood contemporânea que mantém um estilo próprio (assim como Tim Burton ou Terry Gilliam). Os enquadramentos são sempre bem cuidados – existe uma simetria impressionante em quase todos os planos – e os movimentos de câmera são pensados milimetricamente. Essas características, combinadas com uma trilha sonora fora do lugar comum, uma bela fotografia e personagens muito bem construídos, dão a Moonrise Kingdom um ar delicioso.

O clima deste mezzo drama mezzo comédia é meio fantástico, às vezes parece que estamos vendo um filme de fantasia infanto-juvenil. Aliás, diria que poucas vezes vi no cinema um romance entre adolescentes de uma maneira tão bonita e delicada. Acho que vai ter muito marmanjo saindo do cinema com inveja de uma experiência adolescente dessas.

Claro que o elenco ajuda. Dois adolescentes estreantes fazem o casal principal, Kara Hayward e Jared Gilman – ambos estão ótimos. E eles tem um excelente time de coadjuvantes: Bruce Willis, Edward Norton, Bill Murray, Frances McDormand, Tilda Swinton, Harvey Keitel e Jason Schwartzman.

Como disse, gostei do filme, assim como gostei do estilo do diretor. Em breve vou procurar os seus outros filmes.

Jack & Diane

Crítica – Jack & Diane

Mais um filme indie besta…

Jack e Diane são duas jovens que se conhecem em Nova York e logo se sentem atraídas uma pela outra. Só que ao descobrir que Diane está de mudança para a Europa, Jack tenta se afastar.

Falei aqui outro dia do Kid-Thing. Jack & Diane tem um problema bem parecido: falta história.

O filme é mais ou menos assim: Diane encontra Jack, Jack encontra Diane, algumas coisas aleatórias acontecem com as duas, e o filme acaba sem levar nada a lugar algum.

Tem gente no imdb citando Jack & Diane como um filme “lésbico de lobisomem”. Seria um caminho interessante, mas passa bem longe do resultado final. Tem lesbianismo sim. Mas não espere lobisomens!

No fim de Jack & Diane rola uma cena nada a ver com o resto da história, um “plot twist” completamente inesperado, e se a trama fosse naquela direção, o filme seria bem melhor. Mas nada, tudo logo volta ao marasmo…

Me parece que o diretor e roteirista Bradley Rust Gray estava perdido. Além do “plot twist” inesperado, rolam outras ideias igualmente desperdiçadas ao longo da projeção. Por exemplo: a cena com a cantora Kylie Minogue é completamente dispensável, não leva a lugar nenhum. Ou a constrangedora cena onde Diane tenta raspar os pelos púbicos e sei lá por que não consegue. Aliás, acho que o filme inteiro é assim, cenas desconexas aglomeradas, tentando criar uma linha narrativa. Tentativa frustrada…

Num filme desses, é complicado falar do elenco – os atores não têm nada a fazer. Só posso dizer que a Juno Temple é boa atriz porque a vi em outras produções (nos próximos dias falarei aqui de Killer Joe onde Juno está sensacional), aqui ela só anda de um lado pro outro usando roupas feias. Ah, Riley Keough (que interpreta Jack) é neta de Elvis Presley.

Enfim, dispensável.

Os Erros do Festival do Rio

Os Erros do Corpo HumanoOs Erros do Festival do Rio

Heu ia escrever sobre o filme Os Erros do Corpo Humano, afinal, comprei o ingresso, fui até o cinema e comecei a ver este filme alemão, da mostra Midnight Movies, na sessão de domingo às 17:30 do Estação Barra Point.

Mas o filme travou no meio, e a sessão foi cancelada.

Quer dizer, foi um pouco pior. Não só a sessão foi cancelada como o público foi desrespeitado.

A imagem travou, e ninguém do cinema apareceu pra dar satisfações. Levantei da minha poltrona e fui procurar alguém do cinema pra descobrir o que acontecera. O rapaz que estava na porta não sabia de nada. A gerente? Estava na bilheteria. Me senti num cinema poeira vagabundo.

De repente um sujeito truculento entrou na sala e começou a berrar com uma pessoa – depois descobri que ele estava gritando com o funcionário responsável pelas legendas eletrônicas. O cara disse que não tinha como voltar o filme, e que a sessão estaria cancelada. Mas, detalhe interessante: ele nunca se dirigiu ao público.

Sexta passada o Segundo Caderno d’O Globo fez uma matéria falando sobre falhas técnicas e sessões canceladas durante o Festival do Rio. Segundo a organização do Festival, a culpa seria de novos projetores digitais que usam um formato novo, o DPC. Tirado do jornal: O arquivo do DCP dá uma garantia de qualidade. Será? Pra que serve uma imagem melhor se o filme trava no meio?

Ok, a gente entende as dificuldades dos organizadores do evento. Mas eles têm que entender que o espectador não pode pagar por isso!

Comprei um passaporte que me dava direito a retirar até 25 ingressos. Pelo que entendi das regras do passaporte, se heu desisto de um filme, não tenho direito a reclamar sobre o ingresso perdido. Da mesma forma, se o cinema cancela unilateralmente uma sessão, acredito que o espectador deveria ter o ingresso de volta, ou o valor integral deste (18 reais). Nada! A gerente Tania, mal educada e mal humorada, disse que só poderia devolver 8 reais! E se recusou a falar sobre o estacionamento do shopping.

( Parece que a gerente se esforçava pra convencer os espectadores a nunca voltarem para aquele muquifo. Bem, por mim, ela pode ficar tranquila. Não pretendo pisar no Barra Point nunca mais!)

Olha, heu entendo que não foi culpa do cinema se o filme travou. Mas tampouco foi culpa do espectador. O mínimo que o cinema deveria oferecer era o valor integral do ingresso mais o valor do estacionamento do shopping, além de um pedido de desculpas.

Aí a gente se lembra de outros pequenos problemas que aconteceram nos últimos dias. Vi O Livro do Apocalipse com legendas eletrônicas na sala 4 do Vivo Gávea. Sentei na fileira C, de onde não consegui ler as legendas que ficam embaixo da tela – e olha que não sou baixinho!

Durante os créditos de Moonrise Kingdom, a voz do protagonista voltou, mas do nada os créditos foram cortados. Pelo menos umas 30 pessoas ainda estavam dentro da sala vendo o filme.

Ontem rolou Twixt, o novo Coppola. Na entrada, todos receberam óculos 3D. Mas ninguém avisou que o filme não é 3D! Twixt tem apenas duas cenas em 3D, lá perto do fim do filme. E durante a projeção, quase todos estavam de óculos. Me pergunto se estes que ficaram o filme inteiro de óculos gostaram do 3D ao longo do filme…

E o pior é que não temos onde reclamar. Ano passado vivi dois problemas (Batalha Real no Vivo Gávea com defeito no 3D; Amor Debaixo D’Água no Estação Ipanema com problemas no som), em ambas as ocasiões me sugeriram mandar e-mail para o site do Festival. Claro que mandei o e-mail. Claro que fui ignorado.

Bola fora do Festival. Ano que vem vou pensar duas vezes antes de comprar um passaporte.

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p.s.: Não posso falar de Os Erros do Corpo Humano, só vi até a metade. Quando estiver disponível pra download, termino de ver…

Maníaco

Crítica – Maníaco

Até agora, a melhor surpresa do Festival do Rio 2012!

Frank é um restaurador de manequins. E também é um assassino serial, com fixação por arrancar escalpos de mulheres para grampear nos seus manequins. Quando ele conhece a artista plástica Anna, interessada pelos seus manequins, sua obsessão aumenta.

Por ser uma refilmagem de um filme obscuro de 1980, heu não esperava muito de Maníaco. Principalmente por saber que foi produzido e roteirizado por Alexandre Aja, que não fez grande coisa na refilmagem de Viagem Maldita e decepcionou na de Espelhos do Medo (se bem que gostei da sua versão de Piranha). Mas gostei do resultado, diria que Maníaco é uma das melhores refilmagens que vi recentemente.

Dirigido por Frack Khalfon (P2  – Sem Saída, também produzido e roteirizado por Aja), Maníaco tem uma característica interessante: quase todo o filme é em “POV” (point of view) – a câmera mostra o ponto de vista do personagem. Elijah Wood, o protagonista, pouco aparece, apesar de estar presente em todas as cenas do filme.

O estilo “POV” cansa um pouco (são apenas umas duas ou três cenas curtas sob outro ponto de vista). Mas por outro lado, isso cria uma cumplicidade com o espectador muito maior do que nos filmes convencionais – estamos literalmente dentro da cabeça do assassino, vendo através dos seus olhos e ouvindo os seus pensamentos.

A escolha de Elijah Wood como o maníaco foi arriscada – ele será eternamente lembrado como o hobbit Frodo de O Senhor dos Aneis. Tudo bem que ele fez um assassino em Sin City, mas era um personagem pequeno e não muito marcante. Mas posso dizer que o Sr. Frodo, quer dizer, Elijah Wood, não decepcionou. (O único problema de ter Elijah Wood num papel destes é que é impossível não lembrarmos do Gollum nos momentos em que estamos dentro da cabeça de Frank e este tem surtos de dupla personalidade…) O resto do elenco não tem ninguém muito conhecido. Nora Arnezeder, America Olivo, Liane Balaban, Genevieve Alexandra e Megan Duffy fazem um bom trabalho.

Preciso falar das cenas de violência. Não vi o original, mas li que a maquiagem foi feita por Tom Savini, sinônimo de boa qualidade. Mesmo assim, não acredito que uma maquiagem feita há 32 anos atrás seja tão eficiente como a desta nova versão de Maníaco. As cenas são muito fortes. Arrisco a dizer que estamos diante das melhores cenas de escalpelamento da história do cinema!

Ainda preciso falar da trilha sonora, com um toque new wave ointentista. A princípio a gente não associa esta sonoridade com filmes de terror. Mas a trilha criou um clima tenso que lembra os bons momentos de Dario Argento. Algumas cenas dão nervoso, são daquelas que a gente se contorce na cadeira!

Segundo o imdb, a previsão de estreia de Maníaco aqui no Brasil é em 30 de agosto de 2013. Poxa, por que esperar tanto tempo? Sorte que já vi. Pena que não posso recomendar pra ninguém por um bom tempo.

Fiquei com vontade de ver o original. Vou baixar, mas só terei tempo de ver depois do fim do Festival…