Crítica – The Tunnel

Crítica – The Tunnel

Durante uma crise de falta de água em Sydney, um grupo de jornalistas resolve investigar uma galeria de túneis subterrâneos porque desconfiam que o governo está escondendo algo lá.

A primeira coisa que a gente lembra é de filmes de “câmera encontrada”, como Bruxa de Blair ou a série Atividade Paranormal. Mas na verdade, The Tunnel está mais próximo de “mockumentários” como This Is Spinal Tap – trata-se de um documentário fake.

Li por aí que este filme australiano, estreia de Carlo Ledesma na direção, teve uma distribuição diferente. O download gratuito seria a única forma de se assistir The Tunnel. Mas parece que um estúdio comprou os direitos e o filme foi lançado no mercado de home video. Mesmo assim, o download continuou liberado. Baixar este filme não é ilegal!

The Tunnel tem seus bons momentos. O clima de tensão que rola na segunda metade do filme é muito bem construído. E os atores desconhecidos passam credibilidade.

Porém, The Tunnel tem três grandes defeitos. O primeiro é o ritmo lento da parte inicial – na primeira meia hora, não acontece praticamente nada. E, vendo o “documentário”, já sabemos desde o início do filme quem morreu e quem não morreu – e como é um filme de terror, isso faz uma grande diferença.

Antes do terceiro defeito, avisos de spoilers leves:

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

Mas o pior é o fim desleixado. Acaba o filme sem ninguém explicar absolutamente nada sobre o que aconteceu. Não acho que um filme precisa explicar todos os detalhes – por exemplo, Abismo do Medo é um bom filme mesmo sem sabermos o que acontece na caverna. Mas aqui, em The Tunnel, acaba o filme e a gente não tem ideia de quem é o “inimigo”. Pode ser algo sobrenatural, como um fantasma; pode ser um ser fantástico como um vampiro; podem até ser pessoas normais que moram lá embaixo… Será que isso foi pra tentar vender uma continuação?

FIM DOS SPOILERS!

O resultado final é um filme interessante, mas que poderia ser melhor sem se esforçar muito…

 

Crítica – Moulin Rouge

Crítica – Moulin Rouge

Há tempos queria rever Moulin Rouge. Aproveitei que estou numa “onda musical” enquanto lapido o roteiro do meu primeiro longa (Você Não Soube Me Amar – O Filme).

Paris, 1899. Um escritor se apaixona pela estrela do badalado clube noturno Moulin Rouge. O problema é que ela também é cortejada por um poderoso duque, que investe dinheiro no clube.

Moulin Rouge é um grande filme. O diretor Baz Luhrmann já tinha chamado a atenção com seu filme anterior, Romeu + Julieta, quando filmou atores e cenários contemporâneos recitando os versos clássicos originais de Shakespeare – o contraste era usar o visual moderno com o inglês arcaico. Agora a sua “novidade” era contar uma história passada em 1899, mas usando músicas atuais.

A trilha sonora é de longe o melhor de Moulin Rouge. Músicas de Elton John, Madonna, Beatles, U2, Kiss, Nirvana, Queen e The Police, entre outros, estão revistas e misturadas em arranjos muito inspirados. Só a trilha sonora já vale o filme.

Outro destaque é o visual do filme, muito bem cuidado, assim como os figurinos, tudo muito colorido, tudo meio estilizado. Luhrmann foi um pouco exagerado ao compor o visual de Moulin Rouge, mas admito que gostei disso.

Infelizmente, nem tudo funciona. O filme é longo, pouco mais de duas horas, e cansa – principalmente na segunda metade. E o exagero característico do diretor atrapalha quando o filme está cansativo.

No elenco, destaque para o casal principal, Nicole Kidman e Ewan McGregor, que inclusive cantam as suas músicas – Nicole está lindíssima, acho que esse é um dos filmes que melhor souberam aproveitar sua beleza. John Leguizamo faz um anão (!), usando cgi e truques de câmera (depois de O Senhor dos Aneis, acho que ficou mais fácil para atores altos interpretarem pessoas pequenas). Ainda no elenco, Jim Braodbent, Richard Roxburgh e uma ponta da cantora Kylie Minogue, como a fada verde.

Depois deste filme, de 2001, Lurmann só foi lançar um novo filme em 2008, o épico não tão bem falado Austrália. Mas este ainda não vi – e nem tenho muita vontade…

Maníaco (1980)

 

Crítica – Maníaco (1980)

Quando vi Maníaco no Festival do Rio, dois meses atrás, fiquei curioso para ver o original. Foi difícil de achar, mas finalmente encontrei!

Desequilibrado, Frank Zito assassina mulheres em Nova York e guarda seus escalpes para adornar os vários manequins que ele tem guardados em casa.

Maníaco é um típico slasher dos anos 80. O que mais importa aqui são as mortes. Neste aspecto, o filme é eficiente. O protagonista é bem construído, o gore é abundante e o clima de tensão rola por toda a projeção.

Assim como acontece na refilmagem, a trilha sonora é bem interessante. Efeitos sonoros tirados de sintetizadores analógicos ajudam o clima tenso – às vezes lembra Dario Argento.

O diretor William Lustig não tem um currículo interessante. Antes deste filme, dirigiu dois pornôs sob o pseudônimo Billy Bagg; depois, o que fez de mais conhecido é a série Maniac Cop. Podemos dizer que Maníaco foi seu ponto alto na carreira.

No elenco, o destaque é para Joe Spinell e seu desagradável Frank Zito. Ainda no elenco, a bela Caroline Munro, logo depois de ter feito a “pérola” Starcrash. O maquiador Tom Savini faz um papel pequeno, mas a morte de seu personagem é a cena mais famosa do filme (a cabeça que explode).

O filme é legal, mas nem tanto. Tem uma coisa que me incomodou: me parece difícil que um cara feio e esquisitão como Joe Spinell consiga se aproximar de uma mulher bonita como Caroline Munro…

Agora, a inevitável comparação. Este Maníaco de 1980 é bom, mas achei a refilmagem melhor. Por exemplo, a maquiagem é excelente (Tom Savini era o melhor maquiador do estilo), mas o filme atual mostra detalhes muito mais realistas. Outra coisa: o Frank da refilmagem tem uma profissão, tem uma vida – o que faz este Frank para viver? Por fim, gostei da câmera “POV”, característica da refilmagem, que não existe aqui.

Mesmo assim, Maníaco ainda é uma boa opção. E obrigatório para apreciadores de slasher dos anos 80.

p.s.: Pra quem gosta de um pornô vintage, Sharon Mitchel interpreta uma das enfermeiras. Mas aviso logo: ela aparece rapidamente e não tira a roupa!

El Mariachi

Crítica – El Mariachi

Li há pouco tempo uma entrevista com o Robert Rodriguez, um dos meus diretores favoritos, onde ele falava sobre produções simples e baratas. Me empolguei pra rever El Mariachi, seu filme de estreia.

Um mariachi chega em uma cidade atrás de trabalho, mas é confundido com um assassino que sempre carrega suas armas num case de violão.

Vi El Mariachi no cinema, na época que foi lançado por aqui. Não achei um bom filme na ocasião, e confirmo agora, não é um bom filme. Mas é um filme importante e essencial para os fãs de Rodriguez.

El Mariachi é um grande “laboratório”: Rodriguez estava aprendendo a fazer cinema. Seu talento está na tela – ângulos, movimentos de câmera – mas os recursos eram perto de zero. Aliás, este filme é famoso por ser um dos filmes mais baratos da história, diz a lenda que custou apenas 7 mil dólares (num tempo pré cinema digital, foi filmado em película). Lembro de reportagens na época com profissionais brasileiros afirmando que seria impossível se fazer um longa com tão pouco dinheiro, que só a parte da película sairia mais cara que isso…

Mas Rodriguez fez. E uma prova de que isso foi uma aprendizagem e que não custou muito é a quantidade de tarefas que ele próprio fez no filme. Além de produzir, dirigir, escrever o roteiro e editar o filme, Rodriguez está creditado como fotografia, edição adicional, operador de câmera, operador de dolly, efeitos especiais, edição de som e fotos still.

(Rodriguez manteve este estilo ao longo de sua carreira, ele é um workaholic que gosta de fazer de tudo um pouco em seus filmes. Mas acho que nunca fez tanta coisa como aqui.)

Mas, apesar de todo o talento e vontade de Rodriguez, a falta de dinheiro é clara. Quase todo o elenco é amador, e isso fica claro com várias atuações bem abaixo da crítica. E tudo fica pior nas cenas de ação – se Rodriguez estivesse fazendo um drama, talvez o visual não fosse tão tosco.

Três anos depois, Rodriguez fez praticamente uma refilmagem, com A Balada do Pistoleiro. Mas esse ainda preciso rever antes de palpitar…

No elenco, claro, ninguém conhecido. O papel principal é de Carlos Gallardo, que depois voltaria a trabalhar com Rodriguez em A Balada do Pistoleiro e Planeta Terror. Gallardo também trabalhou por trás das câmeras, aqui ele produziu, operou a dolly e trabalhou nos efeitos especiais. Consuelo Gómez também voltou para A Balada do Pistoleiro; e podemos esquecer o resto do elenco. 😉

Mesmo assim, achei o resultado final positivo. El Mariachi pode não ser um grande filme, mas é uma aula de como se fazer cinema barato.