Crítica – Indomável Sonhadora
Atrasado, fui ver mais um dos filmes do Oscar.
Hushpuppy é uma menina de 6 anos de idade que vive na “Banheira”, uma comunidade miserável isolada às margens de um rio. Seu pai, alcoólatra e doente, se recusa a procurar ajuda médica.
Dirigido pelo estreante Benh Zeitlin, Indomável Sonhadora tem um problema gravíssimo: a câmera parece operada por uma pessoa que sofre o Mal de Parkinson. É mais ou menos como se o Michael Bay resolvesse fazer um drama. É realmente difícil encarar o filme, chega a dar náuseas.
A câmera trêmula parece que quer dar a Indomável Sonhadora um ar cool de cinema independente. Ou seja, só pretensão mesmo.
Quem conseguir sobreviver à câmera trêmula, vai encontrar o problema seguinte, o problema moral. É difícil criar alguma empatia com personagens tão “errados”. A comunidade da “Banheira” deveria sair de lá, mas não só todos insistem em ficar como ainda tentam explodir a represa, como se isso fosse ajudá-los. Pra piorar, parece que todos na comunidade têm problemas com alcoolismo. E Wink, o pai da menina, além de ser alcoólatra e egoísta, bate na filha, a trata mal e ainda a oferece bebida alcoólica.
A “estética Sebastião Salgado” da fotografia do filme não ajuda – só vemos gente feia, miséria e pobreza ao longo da projeção. Talvez isso tudo seja para a gente ter pena da protagonista Hushpuppy, e assim ela ter o nosso apoio. Mas não funcionou.
A história dá uma pincelada no realismo fantástico, com as tais “bestas do sul selvagem” do título original (Beasts of the Southern Wild). Mas é outra coisa que não funciona: fica tudo solto no ar, sem nenhuma função na trama.
Bem, tem muita gente falando bem da atuação da pequena de nome impronunciável, Quvenzhané Wallis. Realmente, a menina manda bem e merece todos os elogios. Mas nada adianta se o filme não ajuda.
Apesar de todas as falhas, tem muita gente falando bem do filme, que recebeu inacreditáveis quatro indicações ao Oscar, incluindo melhor filme (!), roteiro (!!) e direção (!!!). Mas, na minha humilde opinião, é só o hype do cinema independente.
Não vale nem pela menina que ninguém consegue chamar pelo nome…