Crítica – A Morte do Demônio
Ficou pronta a esperada refilmagem do clássico Evil Dead – A Morte do Demônio!
Cinco jovens vão para uma cabana isolada no meio do mato. Lá, encontram o Livro dos Mortos, que evoca algo que estava escondido na floresta.
Vamos direto ao assunto. O novo Evil Dead é bom. Mas poderia ser melhor, se não fosse uma refilmagem. Porque, na comparação, perde feio para o original.
Diretor estreante, o uruguaio Fede Alvarez tem talento e pode ter um futuro interessante em Hollywood. Pra quem não sabe, ele foi escolhido depois que viram, pelo youtube, Ataque de Pánico!, um filminho que ele fez sozinho, mostrando Montevideo sendo destruída por robôs gigantes. Diz a lenda que Sam Raimi aprovou seu nome só pelo youtube… Se alguém quiser ver o video, está aqui.
Como falei lá no alto, o problema deste A Morte do Demônio é ser uma continuação. O original era bem humorado, e ficava na linha entre o terror e o trash. Por causa do pouco orçamento, o diretor Sam Raimi teve que usar a criatividade, um dos exemplos disso são os geniais (e hoje famosos) travellings de câmera pela floresta. Se não tinha como mostrar um demônio convincente, por que não mostrar o seu ponto de vista?
A refilmagem não tem humor, e o pior, não traz nenhum susto – apesar do poster dizer “o filme mais apavorante que você verá nesta vida”, A Morte do Demônio não dá nenhum medo. Fede Alvarez deveria ter feito como outro estreante contemporâneo (também encontrado por Hollywood através do youtube), Andrés Muschietti, que soube usar os sustos em Mama. Fede Alvarez usa e abusa do tal “torture porn” – o gore é abundante, e são várias cenas com corpos sendo mutilados. Nisso o filme é muito bem feito. Mas, como disse, é uma refilmagem de Evil Dead, não de Jogos Mortais.
A (nova) história tem algumas boas sacadas. Gostei da primeira pessoa possuída estar tentando se livrar de drogas, os sintomas se confundem. Mas, por outro lado, algumas coisas ficam sem sentido – achei péssimo o desfecho dado ao último personagem. E isso sem contar os furos de roteiro – como é que a cabana já era usada pela família, mas ninguém sabia que tinha um porão?
Li por aí que o roteiro teve participação de Diablo Cody, roteirista que ganhou o Oscar por Juno e depois fez um trabalho de qualidade duvidosa com Garota Infernal. Não sei se é verdade, pelos créditos do filme, o roteiro foi escrito por Alvarez e Rodo Sayagues, somente. Mas o fim dado ao último personagem tem a cara de Cody…
Sobre o elenco, não tenho nada a falar. Cinco jovens pouco conhecidos: Jane Levy, Shiloh Fernandez, Lou Taylor Pucci, Jessica Lucas e Elizabeth Blackmore. Ninguém se destaca, nem pelo lado positivo, nem pelo negativo.
Por fim, preciso falar do título nacional. Por que “a morte do demônio”, se o filme não fala da morte de nenhum demônio? “Ah, mas o original também era “a morte do demônio!”. Sim, o título do original era equivocado, era aquela época que um filme não podia ser lançado só com o nome original, sempre tinha um subtítulo, nem sempre coerente (como Moulin Rouge – Amor em Vermelho, Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento ou Karatê Kid 2 – A Hora da Verdade Continua). Daí que alguém – que provavelmente nem viu o filme – inventou este subtítulo nada a ver. E agora, com a refilmagem, em vez de consertar, mantiveram o erro…
Enfim, Evil Dead – A Morte do Demônio não é ruim, mas fica devendo. Se fosse um filme original, não sofreria com comparações e teria uma resposta melhor da crítica e do público. Mas como refilmagem, prefira o original. Se quiser ver este, esqueça o outro.
p.s.: Se você é fã do original, fique até o fim dos créditos!