Mar Negro

Crítica – Mar Negro

Comecei o Festival do Rio 2013 em grande estilo! Filme novo do Rodrigo Aragão, com a presença do próprio!

Uma estranha contaminação atinge uma pequena vila de pescadores. Quando peixes e crustáceos se transformam em horrendas criaturas transmissoras de morte e destruição, o solitário Albino luta pelo grande amor da sua vida, arriscando a própria alma numa desesperada fuga pela sobrevivência.

Provavelmente, a maioria dos leitores deve estar se perguntando “quem diabos é Rodrigo Aragão?” Bem, é o capixaba que fez Mangue Negro (2008) e A Noite do Chupacabras (2011), dois bons exemplares do terror / trash contemporâneo brasileiro. Rodrigo escreve, produz, dirige e edita seus filmes, e ainda trabalha na maquiagem e nos efeitos especiais. E já está no terceiro longa metragem. Tudo independente!

Curiosamente, Mar Negro entrou na Premiere Brasil – quando passou Morgue Story, do Paulo Biscaia Filho, foi na Midnight Movies, mostra que tem mais a ver com o estilo dos dois filmes. Acho que foi uma grande vitória, um filme independente de terror trash passando numa mostra de filmes” sérios”. Mas receio que isso pode “queimar” o filme. Pode ter algum espectador desavisado…

Agora, pra quem gosta, Mar Negro é um prato cheio. O filme é divertidíssimo!

Rodrigo Aragão mostra talento, usando ângulos pouco convencionais ao longo de todo o filme. O roteiro também foge do óbvio, várias soluções usadas na trama são surpreendentes, que fogem completamente à lógica hollywoodiana. E a parte final traz uma virada de roteiro realmente inesperada.

Pelo clima de galhofa pura, Mar Negro lembra mais A Noite do Chupacabras do que Mangue Negro. Situações absurdas geraram grandes gargalhadas na plateia – a parte da metralhadora é sensacional! E, claro, o gore é abundante. Além de diretor e roteirista, Rodrigo Aragão é um excelente maquiador. Toda a parte de maquiagem é caprichada, tanto com as criaturas, quanto com os 150 litros de sangue cenográfico usados ao longo da projeção.

O elenco só tem gente desconhecida – Mar Negro é uma produção quase amadora. Mas, quem viu os outros filmes vai reconhecer alguns rostos.

Por fim, uma boa notícia: Rodrigo falou que no fim do ano Mar Negro deve entrar em cartaz no circuitão. Notícia excelente não só para a produção do filme capixaba, mas para todos os fãs de filmes de terror brasileiros!

p.s.: Procurei pelo google uma imagem do poster, mas não achei…

RIPD – Agentes do Além

Crítica – RIPD – Agentes do Além

Um policial recém falecido é recrutado para trabalhar no Departamento Descanse em Paz, uma espécie de agência que trabalha às escondidas na Terra, caçando mortos que se recusam a seguir seus destinos e continuam vagando pela Terra.

RIPD – Agentes do Além tem um problema básico: parece uma versão de MIB, mas com fantasmas no lugar dos alienígenas. Aliás parece uma mistura de MIB com Caça-Fantasmas. Mas… Quem me conhece sabe que não tenho nada contra a reciclagem de ideias, desde o resultado final fique bom. E isso acontece aqui: se RIPD não tem muita originalidade, isso é compensado pelo fato de ser um filme muito divertido.

Adaptado dos quadrinhos homônimos escritos por Peter M. Lenkov, RIPD – Agentes do Além é uma eficiente mistura de ação, comédia e ficção científica – um bom filme pipoca, uma montanha russa divertida e absurda. O diretor é Robert Schwentke, o mesmo de Red – Aposentados e Perigosos – coincidência ou não, outra adaptação de quadrinhos.

O elenco é um dos pontos fortes de RIPD – Agentes do Além. Jeff Bridges parece estar se divertindo muito como um velho xerife do velho oeste; já Ryan Reynolds interpreta o mesmo Ryan Reynolds de sempre. Kevin Bacon está bem como o vilão; Mary Louise Parker e Stephanie Szostak também estão bem como as principais personagens femininas. E James Hong (Blade Runner) e Marisa Miller têm papeis menores mas que geram boas piadas.

Os efeitos especiais são irregulares. Se por um lado temos algumas cenas fantásticas, como um efeito bullet time estendido quando o protagonista morre (não é spoiler, é logo no início do filme); por outro lado alguns dos mortos são tão malfeitos que parecem saídos de um filme trash!

A sessão para a imprensa foi em 3D. Algumas cenas usam bem o efeito, mas não acho algo essencial.

Enfim, boa diversão. Apesar de requentada.

Festival do Rio – 2013

Festival do Rio 2013

Vai começar o evento mais aguardado por nove entre dez cinéfilos cariocas: o Festival do Rio. São cerca de 350 filmes espalhados por 26 cinemas, ao longo de duas semanas. O Festival tem uma sessão de abertura hoje para convidados, e amanhã já rolam sessões abertas para o público.

Claro que não dá pra ver tudo. O que cada um tem que fazer é olhar a programação com calma e escolher alguns. Ano passado consegui ver vinte e cinco filmes…

Os filmes estão divididos em mostras. As mais badaladas são a Expectativa 2013 e a Panorama do Cinema Mundial, que trazem dezenas de filmes novos – boa parte deles será lançada aqui no Brasil, uns no cinema, outros direto em dvd / blu-ray.

Outras mostras trazem filmes mais underground, filmes com menos chances de serem lançados oficialmente por aqui, como a maior parte dos filmes da mostra Midnight Movies. Normalmente, dou preferência a estes filmes, pois não sei se terei outra oportunidade para vê-los.

Vou dar algumas sugestões aqui embaixo. Mas lembro: como são filmes inéditos, às vezes a dica é furada… 😉

Mar Negro (Mar Negro).

Dir: Rodrigo Aragão. Com: Walderrama dos Santos, Tiago Ferri, Kika Oliveira, Mayra Alarcón, Carol Aragão. Brasil. 99 min. Mostra pb novos rumos. 16 anos.

Rodrigo Aragão é o diretor de Mangue Negro, um filme de zumbis feito no Espírito Santo; e de A Noite do Chupacabras, filme trash divertidíssimo. Este é seu terceiro longa. Imperdível!

The Zero Theorem (The Zero Theorem).

Dir: Terry Gilliam. Com: Christoph Waltz, Matt Damon, Melanie Thierry, Lucas Hedges. Reino Unido / Romênia. 107 min. Mostra panorama. 14 anos.

Filme novo do Terry Gilliam, aquele que era do Monty Python e depois dirigiu filmes como Brazil, 12 Macacos, Aventuras do Barão Munchausen e Imaginário do Dr Parnassus.

Night Moves (Night Moves).

Dir: Kelly Reichardt. Com: Dakota Fanning, Jesse Eisenberg, Peter Sarsgaard, Alia Shawkat. Estados Unidos. 112 min. Mostra panorama. 12 anos.

Um thriller sobre as dificuldades da militância e do engajamento político em tempos conturbados. A atriz Dakota Fanning estará pelo festival, de repente você a encontra em uma sessão.

The Canyons (The Canyons).

Dir: Paul Schrader. Com: Lindsay Lohan, James Deen, Gus Van Sant . Estados Unidos. 100 min. Mostra panorama. 16 anos.

Filme escrito por Bret Easton Ellis e dirigido por Paul Schrader, com grande potencial de polêmica: traz Lindsay Lohan nua, atuando ao lado de um ator pornô. Mas o resultado é fraco. Paul Schrader também vem para o Festival.

http://heuvi.com.br/genero/thriller-erotico/the-canyons/

Gravidade (Gravity).

Dir: Alfonso Cuarón. Com: Sandra Bullock, George Clooney. Estados Unidos / Reino Unido. 91 min. Mostra panorama. 12 anos.

Durante uma caminhada em torno de seu ônibus espacial, uma médica e engenheira espacial e um astronauta são atacados por uma chuva de meteoros que os deixa sem contato com a base na Terra e à deriva no espaço. Deve entrar em circuito logo após o festival.

Kill Your Darlings (Kill Your Darlings).

Dir: John Krokidas. Com: Daniel Radcliffe, Dane DeHaan, Ben Foster, Michael C. Hall, Jack Huston. Estados Unidos. 104 min. Mostra panorama. 14 anos.

Uma trama policial protagonizada por Allen Ginsberg, Jack Kerouac e William Burroughs, fundadores do movimento Beatnik.

Como Não Perder Essa Mulher  (Don Jon).

Dir: Joseph Gordon-Levitt. Com: Joseph Gordon-Levitt, Scarlett Johansson, Julianne Moore, Tony Danza, Glenne Headly. Estados Unidos. 90 min. Mostra panorama. 14 anos.

A estreia na direção de longas do ator Joseph Gordon-Levitt.

Clear History (Clear History).

Dir: Greg Mottola. Com: Larry David, Bill Hader, Philip Baker Hall, Jon Hamm, Kate Hudson, Michael Keaton. Estados Unidos. 100 min. Mostra panorama. 10 anos.

Escrito por Larry David, um dos criadores da série Seinfeld; e dirigido por Greg Mottola, o mesmo de Paul, um dos melhores filmes de 2011.

Fading Gigolo (Fading Gigolo).

Dir: John Turturro. Com: Woody Allen, John Turturro, Sharon Stone, Sofia Vergara, Liev Schreiber. Estados Unidos. 98 min. Mostra panorama. 14 anos.

John Turturro escreveu, dirigiu e protagonizou um filme onde ele tem casos com a Sharon Stone e a Sofia Vergara. O cara não é bobo não…

Uma noite de crime (The Purge).

Dir: James DeMonaco. Com: Ethan Hawke, Lena Headey, Max Burkholder, Adelaide Kane, Edwin Hodge. Estados Unidos / França. 85 min. Mostra midnight. 16 anos.

Em uma América arrasada pelo crime, o governo sanciona uma lei estabelecendo um dia no ano em que, durante um período de 12 horas, os cidadãos podem praticar qualquer atividade criminal sem o temor de sofrer qualquer tipo de represália: nada de polícia, bombeiros ou hospitais.

Only Lovers Left Alive (Only Lovers Left Alive).

Dir: Jim Jarmusch. Com: Tom Hiddleston, Tilda Swinton, Mia Wasikowska, John Hurt, Anton Yelchin. Estados Unidos / Reino Unido / França / Chipre / Alemanha. 123 min. Mostra panorama. 14 anos.

Um filme de vampiro dirigido por Jim Jarmusch…

Crystal Fairy e o cactus mágico (Crystal Fairy).

Dir: Sebastián Silva. Com: Michael Cera, Gaby Hoffmann, Juan Andrés Silva, José Miguel Silva, Agustín Silva . Chile. 98 min. Mostra panorama. 16 anos.

Uma aventura lisérgica ambientada no deserto do Atacama. O primeiro trabalho de Michael Cera (Superbad e Juno) em solo latino-americano.

Behind the Candelabra (Behind the Candelabra).

Dir: Steven  Soderbergh. Com: Michael Douglas, Matt Damons, Dan Aykroyd, Scott Bakula, Rob Lowe. Estados Unidos. 118 min. Mostra panorama. 16 anos.

Cinebiografia do excêntrico pianista Liberace, que é interpretado por Michael Douglas. Segundo o diretor Steven Soderbergh, este será o último filme de sua carreira.

Questão de tempo (About Time).

Dir: Richard Curtis. Com: Domhnall Gleeson, Rachel McAdams, Bill Nighy, Lydia Wilson, Lindsay Duncan. Reino Unido. 123 min. Mostra panorama. 12 anos.

Filme romântico de viagem no tempo, estrelado por Rachel McAdams. Mas parece que é diferente de Te Amarei Para Sempre, outro filme romântico de viagem no tempo, estrelado por Rachel McAdams…

Apenas Deus perdoa (Only God Forgives).

Dir: Nicolas Winding Refn. Com: Ryan Gosling, Kristin Scott Thomas, Vithaya Pansringarm, Rhatha Phongam, Gordon Brown. Dinamarca / França. 90 min. Mostra panorama. 16 anos.

Pelo trailer, parece uma continuação de Drive. Mas é apenas mais um trabalho de Ryan Gosling com o diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn.

The Green Inferno (The Green Inferno).

Dir: Eli Roth. Com: Lorenza Izzo, Ariel Levy, Sky Ferreira, Nicolás Martínez, Kirby Bliss Blanton. Estados Unidos. 103 min. Mostra midnight. 16 anos.

Filme novo do Eli Roth, o mesmo diretor de Cabana do Inferno e O Albergue, além de ter sido um dos atores principais de Bastardos Inglórios.

A dança da realidade (La Danza de la Realidad).

Dir: Alejandro Jodorowsky. Com: Adan Jodorowsky, Brontis Jodorowsky, Critobal Jodorowsky, Jeremias Herskovits, Pamela Flores. França. 130 min. Mostra midnight. 16 anos.

Filme novo do diretor de El Topo, um dos maiores cult movies da história. Aos 84 anos de idade, Jodorowsky continua em atividade!

Metallica: Through the Never 3-D (Metallica: Through the Never).

Dir: Nimród Antal. Com: Dane DeHaan, James Hetfield, Lars Ulrich, Kirk Hammett, Robert Trujillo. Estados Unidos. 92 min. Mostra midnight música. 14 anos.

Misto de ficção com imagens de shows reais, narra a saga de Dane, um roadie do Metallica que é enviado para o inferno.

O Super-Formiga (Antboy).

Dir: Ask Hasselbalch. Com: Oscar Dietz, Nicolas Bro, Samuel Ting Graf . Dinamarca. 76 min. Mostra geração. L anos.

Filme infanto juvenil de super herois, feito na Dinamarca.

Wrong Cops – Os Maus Policiais (Wrong Cops).

Dir: Quentin Dupieux. Com: Mark Burnham, Marilyn Manson, Grace Zabriskie. França / Estados Unidos. 94 min. Mostra midnight. 14 anos.

Alguns anos atrás, vi, no mesmo festival, Rubber, um filme sobre “um pneu telepático em missão demoníaca”. Claro que vou ver o novo filme do mesmo diretor!

Peaches Does Herself – Uma Ópera-Rock (Peaches Does Herself).

Dir: Peaches. Com: Peaches, Danni Daniels, Sandy Kane, Mignon, Sweet Machine Band, Jolly Goods. Alemanha. 80 min. Mostra midnight música. 14 anos.

Outra sinopse que chama a atenção: “Misturando gêneros e sexualidades numa saga de mentira, ela arrancou elogios da Rolling Stone (que comparou o filme a uma versão moderna de Rocky Horror Picture Show) e do Hollywood Reporter (que disse que o filme parecia a história de Lady Gaga se ela fosse escrita por John Waters)”

Spring Breakers: Garotas Perigosas (Spring Breakers).

Dir: Harmony Korine. Com: James Franco, Selena Gomez, Vanessa Hudgens, Ashley Benson, Rachel Korine. Estados Unidos. 92 min. Mostra panorama. 18 anos.

Não entendi por que este filme está aqui, ele parece ser uma comédia besta adolescente, estrelada pelas ex-atrizes mirins da Disney Selena Gomez e Vanessa Hudgens. Ou o filme é melhor do que parece, ou está no lugar errado.

O ABC da Morte (The ABCs of Death).

Dir: Vários. Estados Unidos / Nova Zelândia. 130 min. Mostra midnight. 18 anos.

Um projeto ousado: 26 diretores diferentes teriam total liberdade para fazer um curta baseado em cada uma das 26 letras do alfabeto. Ideia interessante, mas que dificilmente daria certo. Já existe pra download já tempos…

http://heuvi.com.br/genero/terror/the-abcs-of-death/

Os Encontros da Meia-Noite (Les Rencontres d’apres Minuit).

Dir: Yann Gonzalez. Com: Kate Moran, Niels Schneider, Nicolas Maury, Éric Cantona, Béatrice Dalle. França. 92 min. Mostra midnight. 18 anos.

Olha que sinopse bizarra: “Por volta da meia-noite, o jovem casal Ali e Matthias e sua empregada – um travesti – se preparam para uma orgia. Seus convidados serão a vagabunda, a estrela, o garanhão e o adolescente.

Boa sorte nas escolhas e bom festival para você!

Elysium

Crítica – Elysium

Um dos mais esperados filmes do ano!

Em 2154, onde os muito ricos moram numa estação espacial, o Elysium, enquanto os outros, pobres, vivem na Terra, que virou uma gigantesca favela, decadente e superpopulada, um operário tem uma missão que pode trazer igualdade a esse mundo dividido.

Por que citei Elysium como um dos mais esperados do ano? Bem, quase todos os cinéfilos brasileiros estavam curiosos pela estreia hollywoodiana de Wagner Moura, aproveitando o sucesso internacional do seu Capitão Nascimento nos dois Tropa de Elite – Alice Braga também está no elenco, mas ela já fez vários filmes na “gringolândia”. Mas, além de torcer pelo sucesso de Moura, heu também estava curioso por ser o novo filme escrito e dirigido por Neill Blomkamp, o mesmo do excelente Distrito 9, um filme sul-africano que surpreendeu o mundo ao usar a ficção científica como metáfora para o Apartheid. Chegou a concorrer a quatro Oscars em 2010, incluindo melhor roteiro adaptado e melhor filme!

E como foi o resultado do segundo filme de Blomkamp? Bem, o resultado é positivo, mas poderia ser melhor…

O problema aqui é a comparação. Distrito 9 era, ao mesmo tempo, uma eletrizante ficção científica e uma pungente crítica social. Elysium funciona muito bem como FC, mas falha na parte social.

Spoilers leves no próximo parágrafo, ok?

Blomkamp tentou fazer uma crítica à segregação de classes sociais e à situação dos imigrantes ilegais, mas se perdeu na parte final do filme. E olha que não estou citando o maniqueísmo: todos os ricos são maus, muito maus! E ainda são capitalistas burros: se aquela “cama médica” é tão prática e tão comum a ponto de estar presente em todas as residências de Elysium, por que não trazer algumas pra Terra e vender os serviços a “preços módicos”?

Fim dos spoilers!

Provavelmente Blomkamp sofreu influência dos executivos norte-americanos. Diz a lenda que o seu roteiro foi alterado, mas como não temos acesso ao roteiro inicial, não sabemos se é verdade. Felizmente a parte “diversão” funciona muito bem. O ritmo do filme é muito bom, e os efeitos especiais são extremamente bem feitos.

E o Wagner Moura, como se saiu?

Moura é coadjuvante, o filme é de Matt Damon. Mas é um coadjuvante importantíssimo na trama, e está muito bem no seu papel de Spider, uma espécie de chefão do tráfico misturado com hacker. Aliás, tem uma cena engraçada para os brasileiros: certo momento, Spider tem uma explosão de raiva e grita dois palavrões em português…

Alice Braga tem um papel mais fraco, apesar de ser o interesse romântico do protagonista. Mas tudo bem, ela já mostrou seu talento em outras ocasiões em Hollywood – inclusive, em filmes de ação / ficção científica, como PredadoresRepo Men e Eu Sou A Lenda.

Enfim, boa ficção científica em cartaz nos cinemas. Só não podemos comparar com o filme anterior do diretor.

O bom elenco “off-Hollywood” ainda conta com o mexicano Diego Luna e o sul-africano Sharlto Copley (que também estava em Distrito 9). Não sei se foi coincidência, mas achei uma boa escolha usar atores que conhecem de perto a situação de países subdesenvolvidos para viverem os moradores do planeta Terra devastado. Ainda no elenco, os “gringos” Jodie Foster e William Fichtner.

Enfim, boa ficção científica em cartaz nos cinemas. Só não podemos comparar com o currículo prévio do diretor…

Dose Dupla

Crítica – Dose Dupla

Robert “Bobby” Trench (Denzel Washington) e Michael “Stig” Stigman (Mark Wahlberg) trabalham juntos há dez meses. Quando não conesguem fazer negócios com um poderoso traficante mexicano, resolvem então é roubar um banco que, supostamente, receberia o faturamento deixado toda semana por capangas do traficante.

Adaptação dos quadrinhos “2 Guns”, escritos por Steven Grant e ilustrados pelo brasileiro Mateus Santolouco, Dose Dupla (2 Guns, no original) segue a fórmula dos “buddy movies” – filmes onde dois personagens bem diferentes têm que se aturar para um objetivo comum. A fórmula é batida, mas ainda pode render bons filmes, como este.

Boa parte dos méritos está com a dupla de protagonistas. Denzel Washington é um grande ator e está muito bem, mas o melhor papel é o marrento Stig de Mark Wahlberg, que tem vários ótimos momentos ao longo do filme (adorei a cena das galinhas). E o elenco ainda conta com vários outros bons nomes, como Edward James Olmos, Paula Patton, Bill Paxton, James Marsden e Fred Ward.

A direção ficou a cargo do pouco conhecido Baltasar Kormákur (que já tinha trabalhado com Wahlberg em Contrabando), que fez aqui um bom trabalho. Dose Dupla não é lá muito original, segue a linha “tarantineana” – personagens marginais, violência, diálogos afiados e edição ágil – mas nada que impeça de ser um filme divertido. Se bem que, pelos cenários mexicanos, lembra mais a trilogia “mariachi” de Robert Rodriguez…

Um coisa interessante em Dose Dupla é que os mocinhos e bandidos não estão onde se espera – temos algumas surpresas neste assunto. O espectador precisa ficar atento às viradas no roteiro! Outros destaques são a boa trilha sonora e uma bem cuidada fotografia, que ainda inclui alguns bem colocados efeitos de câmera lenta.

Como destaque negativo, o roteiro de Dose Dupla exige muita suspensão de descrença. Se o roteiro é bem escrito no que diz respeito a personagens bem construídos, por outro lado temos várias situações forçadas – como por exemplo toda a sequência dentro da base naval – aquilo nunca daria certo…

Enfim, boa opção despretensiosa em cartaz nos cinemas!

O Grande Mestre – Ip Man

Crítica – O Grande Mestre – Ip Man

Me convidaram para participar de um podcast, onde cada um sugeriu um filme pouco conhecido. Filmes pouco conhecidos são uma das minhas especialidades, heu já conhecia três das quatro opções. A quarta sugestão era este O Grande Mestre – Ip Man, filme que admito que nunca tinha ouvido falar.

Cinebiografia que conta a história de Yip Man, o primeiro mestre de artes marciais que ensinou a luta chinesa Wing Chun.

O Ip Man da vida real é famoso por ter sido o mestre de Bruce Lee – li nalgum lugar que na continuação Ip Man 2 aparece um Bruce Lee criança. Aqui, ele é retratado como um grande mestre de kung fu, muito superior aos outros.

O Grande Mestre – Ip Man funciona bem, mas com ressalvas. A trama é previsível demais, e todas as atuações parecem uma filmagem de peça teatral de colégio. Digo mais: o vilão da primeira metade do filme é bobo e desnecessário – aliás, o cara nem é um vilão de verdade, ele é apenas um sujeito marrento que quer abrir uma escola de kung fu.

Por outro lado, as lutas são excelentes. As coreografias foram muito bem orquestradas por Sammo Hung, um dos maiores nomes do cinema de artes marciais, que trabalhou com Bruce Lee, Jackie Chan e John Woo, dentre muitos outros. Os fãs de artes marciais não podem reclamar.

O ator Donnie Yen já tinha algum nome, por papeis em filmes como Heroi e Blade 2. Mas O Grande Mestre – Ip Man é o seu grande momento. Pelo papel de Ip Man, Yen ganhou elogios de fãs de artes marciais espalhados pelo mundo.

O Grande Mestre – Ip Man é de 2008. Em 2010 teve uma continuação, O Grande Mestre – Ip Man 2; e um prólogo, Ip Man 3 – Nasce Uma Lenda (sem Donnie Yen). O imdb cita outros dois Ip Man 3, ambos de 2013, nenhum deles com Donnie Yen no elenco – não sei se são continuações oficias ou não…

Ah, falei do podcast, né? Ainda não gravamos o episódio com os filmes pouco conhecidos. Mas o primeiro episódio está aqui. Divirtam-se!

A Invocação do Mal

Crítica – A Invocação do Mal

Uêba! Filme de terror bom novo!

1971. Uma família se muda para um velho casarão, mas passa a sofrer nas mãos de espíritos que moram na casa. Para manter as cinco filhas seguras, os pais contratam o casal Ed e Lorraine Warren, famosos por desvendar casos paranormais.

Diz a divulgação que A Invocação do Mal (The Conjuring, no original) foi baseado em fatos reais. O casal Ed e Lorraine Warren realmente existiu, eles lançaram vários livros e disseram que investigaram mais de dez mil casos paranormais – o mais famoso deles originou o filme Horror em Amityville. Só não sabemos até que ponto a história contada aqui realmente aconteceu…

A direção ficou com James Wan, famoso por seu filme de estreia, Jogos Mortais (o primeiro), filme muito bom, mas com excesso de sangue e gore. Wan foi ainda mais eficiente em seu quarto filme, Sobrenatural, um dos melhores “filmes de fantasma” dos últimos tempos. Curiosamente, Sobrenatural é um “terror à moda antiga” – não tem nada de sangue e gore.

A Invocação do Mal está mais próximo de Sobrenatural do que de Jogos Mortais. Mais uma vez Wan brinca com o medo sem apelar para o gore. Ponto para Wan! Seu novo filme não só é muito bom, como consegue algo não muito fácil: provocar medo.

Alguns críticos vão reclamar dos clichês. Verdade, A Invocação do Mal está repleto de clichês. Mas são “clichês do bem”. Wan usa muito bem a velha casa, truques de câmera e efeitos sonoros, e consegue criar um ótimo clima assustador.

O casal principal é interpretado por Vera Farmiga (A Órfã) e Patrick Wilson (que também estava em Sobrenatural). Mas é Lili Taylor quem chama a atenção com uma interpretação impressionante. Ainda no elenco, Ron Livingstone e as desconhecidas meninas Shanley Caswell, Hayley McFarland, Joey King, McKenzie Foy e Kyla Deaver, que estão bem como as cinco irmãs.

Boa opção para quem gosta de filmes de terror daqueles que assustam sem precisar apelar pro gore!

p.s.: Acabei de ver no imdb que tem filme novo do James Wan estreando essa semana nos EUA, Sobrenatural: Capítulo 2. Será que vai ser lançado aqui?

Top 10: Quero ser Tarantino

Top 10: Quero ser Tarantino

Este Top 10 deveria ter sido feito uns anos atrás, afinal, Quentin Tarantino evoluiu (que bom, né?), e começou a variar um pouco seu estilo, fez um filme de guerra (Bastardos Inglórios) e um faroeste (Django Livre). Mas… Vamos nos lembrar do início de sua carreira, no início dos anos 90, quando ele fez Cães de Aluguel e Pulp Fiction e revolucionou Hollywood.

Ao longo dos anos 90, surgiram vários filmes com o “estilo Tarantino”: violência, personagens marginais, diálogos cool, trilha sonora moderninha, edição não convencional e às vezes fora da ordem cronológica, e, de vez em quando, atores cultuados mas com a carreira em baixa.

Lembrei de alguns filmes recentes, desta década, como o divertido 4.3.2.1. e o fraco Catch 44, que seguem a “cartilha tarantinesca”, mas como é uma lista que remete aos anos 90, priorizei filmes mais velhos para o Top 10 (mas mesmo assim, citei dois filmes de 2006…).

Ah! Não vale citar filmes que tenham o próprio Tarantino, mesmo que indiretamente, como Maré Vermelha (onde ele deu sugestões no roteiro), Eles Matam, Nós Limpamos (produção executiva dele) ou Vem Dormir Comigo (ele aparece como ator em uma cena). E, pelo mesmo motivo, Robert Rodriguez não está na lista (Tarantino e Rodriguez já trabalharam juntos diversas vezes, como em Um Drink no Inferno, Sin City e no projeto Grindhouse. Os dois são parceiros, Rodriguez não “quer ser Tarantino”.

Vamos aos filmes?

10. Coisas Para Fazer em Denver Quando se Está Morto (Things to Do in Denver When You’re Dead) – Gary Fleder, 1995

9. Irresistível Paixão (Out of Sight) – Steven Soderbergh,1998

8. A Última Cartada (Smokin’ Aces) – Joe Carnahan, 2006
http://heuvi.com.br/genero/acao/smokin-aces-a-ultima-cartada/

7. Vamos Nessa (Go) – Doug Liman, 1999
http://heuvi.com.br/genero/cult/vamos-nessa/

6. Corra Lola Corra (Run Lola Run) – Tom Tykwer, 1998
http://heuvi.com.br/uncategorized/corra-lola-corra/

5. Xeque Mate (Lucky Number Slevin) – Paul McGuigan, 2006
http://heuvi.com.br/genero/acao/xeque-mate/

4. O Nome do Jogo (Get Shorty) – Barry Sonnenfeld, 1995

3. Os Suspeitos (The Usual Suspects) – Bryan Singer, 1995
http://heuvi.com.br/atores/benicio-del-toro/os-suspeitos/

2. Cidade de Deus – Fernando Meirelles, 2002

1. Snatch – Porcos e Diamantes (Snatch) – Guy Ritchie, 2000

Rush – No Limite da Emoção

Crítica – Rush – No Limite da Emoção

Cinebiografia que mostra a história (real) da rivalidade, nos anos 70, entre dois grandes corredores de estilos completamente diferentes: Niki Lauda e James Hunt – desde as corridas  de menor expressão, até a Fórmula 1, onde ambos tiveram carreiras vitoriosas.

Nasci em 71, só acompanhei a Fórmula 1 dos anos 80, me lembro de Lauda como rival de Nelson Piquet. Não me lembrava de detalhes sobre o campeonato de 1976. Mas vou falar que, se tudo aconteceu como no filme, 76 foi um ano eletrizante na F1.

O tempo de tela é bem dividido entre os dois protagonistas. De um lado, Lauda, metódico e cerebral; do outro, Hunt, mulherengo e fanfarrão. Literalmente, razão vs emoção.

Dois personagens principais, dois atores principais. Chris Hemsworth teve menos trabalho, seu James Hunt é parecido com os personagens que costuma fazer, a gente vê o Thor pilotando. Já Daniel Brühl (Bastardos Inglórios) ganhou um papel mais complexo – seu Niki Lauda, genial e antipático, está impressionante – e ele ainda usa uma prótese nos dentes para ficar mais parecido com o piloto austríaco. Ah, as melhores tiradas do filme vêm de Lauda, como, por exemplo, a sua reação ao dirigir uma Ferrari pela primeira vez.

O diretor é Ron Howard, dono de um excelente e vasto currículo como diretor, produtor e ator, que inclusive conta com dois Oscars, por Uma Mente Brilhante (melhor diretor e melhor filme). Rush – No Limite da Emoção traz algumas semelhanças com outra boa cinebiografia dirigida por Howard: Apollo XIII. Ambos os filmes foram baseados em histórias reais que são excepcionais

Aqui, Howard pega a história original, que já era muito boa, e a conta de maneira ainda mais interessante. Não me lembro de ter visto corridas de Fórmula 1 tão bem filmadas como aqui. E Rush – No Limite da Emoção ainda tem alguns trunfos, como uma excelente reconstituição de época e a boa trilha sonora de Hans Zimmer.

Além de Hemsworth e Brühl, o elenco ainda conta com Olivia Wilde, que, na minha humilde opinião, não ficou bem loura. Ainda no elenco, Alexandra Maria Lara, Natalie Dormer e Pierfrancesco Favino.

Confesso que, como brasileiro, senti uma certa frustração por não ter visto o Emerson Fittipaldi. Ele é citado, Hunt pegou a sua vaga na McLaren quando o piloto brasileiro, então bicampeão mundial, resolveu criar a Copersucar. Mas ele não aparece…

(Fatos históricos pra quem não acompanhou: Fittipaldi foi campeão em 1974 pela McLaren, mas largou a escuderia no ano seguinte para investir no projeto Copersucar, um carro de corrida brasileiro. Pena que o carro não era competitivo, Fittipaldi nunca mais ganhou uma prova de F1…)

Outro fato histórico: qualquer um que já se interessou por F1 sabe que Niki Lauda se envolveu em um grave acidente – Lauda não se aposentou depois do acidente, e continuou correndo mesmo com o rosto deformado pelas queimaduras. Curiosamente, o acidente em si acontece de maneira rápida na tela. Achei que veríamos com mais detalhes. A recuperação de Lauda e todo o pós acidente têm maior foco no roteiro.

Heu não me lembrava do campeonato de 76, o que foi bom, porque a parte final do filme é eletrizante, e não sei se teria a mesma graça se heu já soubesse o fim da história. Para quem não acompanhou, recomendo não ler sobre quem ganhou!

Space Camp – Aventura no Espaço

Crítica – Space Camp – Aventura no Espaço

Vamos revisitar um clássico da ficção científica oitentista pouco conhecido?

Uma turma do programa “Space Camp” – onde jovens vão durante as férias para aprender como trabalham os astronautas – se vê no espaço quando um foguete é lançado acidentalmente.

Na década de 80, tínhamos bem menos filmes por ano do que hoje. A gente conseguia acompanhar quase todos os lançamentos. Assim, arrisco dizer: acho que Space Camp – Aventura no Espaço nunca foi lançado aqui no Brasil, nem nos cinemas, nem em home video. Heu vi na época, um amigo tinha uma cópia pirata em vhs (coisa bastante comum na segunda metade dos anos 80, quando muitos já tinham videocassetes em casa, mas muitos filmes não tinham distribuição por aqui).

Hoje, analisando a história, é fácil entender por que o filme foi deixado no limbo. Space Camp – Aventura no Espaço é de 1986, mesmo ano do acidente da Challenger – um foguete que explodiu segundos depois do lançamento, matando toda a tripulação enquanto milhões de pessoas assistiam pela tv. Provavelmente pelo trauma, muita gente evitou o filme na época…

Pena, porque Space Camp – Aventura no Espaço, apesar de estar longe de ser uma obra prima, é um filme bem simpático – apesar de parecer uma produção Disney: tecnicamente muito bem feito, mas com uma trama bobinha e inocente.

Esse lado bobinho é o ponto fraco do filme. Além de ser previsível e da trama toda ser muito inverossímil (o cara troca de turma só porque pega um crachá diferente, uma criança entra na turma dos mais velhos só porque enche o saco da instrutora), tem um robozinho que enche o saco. Toda vez que o robozinho aparecia, dava vontade de desligar o filme… O que salva é que o filme ainda é agradável de se ver.

Space Camp – Aventura no Espaço tinha Steven Spielberg na produção, mas um diretor desconhecido: Harry Winer. Fui ver no imdb, o cara fez muita coisa, mas quase tudo para a tv. Acho que este foi seu único filme para o cinema.

Por outro lado, o elenco é impressionante para um filme semi desconhecido. O trio principal feminino tem Lea Thompson logo depois de De Volta Para o Futuro, Kelly Preston logo depois de Admiradora Secreta e A Primeira Transa de Jonathan, e Kate Capshaw pouco antes de casar com Steven Spielberg, mas pouco depois de Indiana Jones e o Templo da Perdição. Ainda tem Tom Skerrit (Alien – O Oitavo Passageiro) e Larry B. Scott (A Vingança dos Nerds), além de ser a estreia cinematográfica de Joaquin Phoenix, criança, ainda creditado como Leaf Phoenix. Ah, também tem Terry O’Quinn, o Locke de Lost, num papel pequeno.

Hoje não sei se existe em dvd ou blu-ray. Mas sei que passa de vez em quando na tv aberta…