Crítica – Trapaça
Mais um dos favoritos ao Oscar 2014!
Dois vigaristas são forçados a ajudar um agente do FBI em uma operação para prender políticos corruptos.
Sabe quando um filme tem um monte de coisas legais, mas simplesmente não funciona? Tem a Amy Adams linda e com decotes generosíssimos, bons atores com boas caracterizações, figurinos bem cuidados, Amy Adams com decotes sensacionais, boa ambientação de época, boa trilha sonora, já falei dos decotes da Amy Adams? Mas, apesar de tudo isso, parece que o filme não “dá liga”.
O melhor de Trapaça (American Hustle no original) é o elenco – o quarteto principal está concorrendo a Oscars. Christian Bale, gordo e careca, quase irreconhecível, está muito bem, assim como Bradley Cooper de rolinhos no cabelo. Jennifer Lawrence aparece menos, mas tem um papel ótimo. Ah, e tem a Amy Adams, linda linda linda, e com decotes sensacionais, mostrando que, aos 39 anos, ainda está com “tudo em cima”. Ainda no elenco, Jeremy Renner, Louis C. K., e uma divertida ponta de Robert de Niro.
Também gostei muito da ambientação setentista do filme. Fotografia, figurinos, penteados, trilha sonora, tudo somado dá um clima ótimo a Trapaça.
Mas, apesar de tudo isso, o filme não engrena. Não sei se o problema está no roteiro, na direção ou na edição, mas o ritmo é tão ruim que o filme cansa com menos da metade da projeção. E, pra piorar, Trapaça tem mais de duas horas de duração.
A época do lançamento também foi infeliz. O Lobo de Wall Street tem temática parecida, e é muito melhor…
Fui ler o que escrevi um ano atrás sobre O Lado Bom da Vida, filme anterior do mesmo diretor e roteirista David O. Russell. Olha que coisa curiosa, quase dá pra usar o mesmo parágrafo: Sem as atuações inspiradas, acho que O Lado Bom da Vida ia passar desapercebido. A história nem é ruim, mas é bem bobinha. A estrutura parece a de uma comédia romântica, e o filme é tão previsível quanto uma. E, pra piorar, o filme é mais longo do que deveria. Precisava de mais de duas horas?
Mas O. Russell deve ter amigos influentes na indústria. O cara já tinha sido indicado ao Oscar de diretor em 2011 por O Vencedor, e diretor e roteirista em 2013 pelo mediano O Lado Bom da Vida. E agora está concorrendo de novo a melhor diretor e melhor roteirista – Trapaça teve dez indicações. Entendo as indicações para os quatro atores principais e para o figurino e direção de arte. Mas, na boa, melhor filme, direção, roteiro e edição é uma piada. Só se explica com pistolão…
Ou seja, com o perdão do trocadilho, Trapaça é uma enganação. A não ser para os fãs radicais da Amy Adams. Já falei dos decotes dela nesse filme?
p.s.: Tem uma cena que um personagem fala para outro mais ou menos assim: “Você é mentiroso. Imagine se pessoas como você governassem alguma coisa? Aqui não é a Guatemala!” Ah, como heu queria ser tradutor… Heu ia trocar “Guatemala” por “Brasil”…