Filme de terror nacional, estrelado pela Sandy? Pára tudo, quero ver!
Após um divórcio traumático, Júnior se muda para a casa do pai, Sênior, com quem mantinha uma relação distante. Os objetos e fotos da mãe, morta há alguns anos, foram encaixotados e trancados no quartinho dos fundos. No quarto que dividia com o irmão, Pedro, agora vive a inquilina Bruna, jovem estudante de música que veio do interior para fazer faculdade. Após encontrar objetos que remetem ao passado e à sua mãe, Júnior desenvolve uma obsessão pela história de sua família e tenta recuperar algo que aconteceu em sua infância e que, até hoje, o assombra.
Logo de cara, Quando Eu Era Vivo traz uma boa notícia para o cinema nacional: o diretor Marco Dutra (Trabalhar Cansa) resolveu abraçar o “cinema de gênero”. Depois da sessão, Dutra conversou com os jornalistas. Ele confirmou uma triste realidade: aqui no Brasil, “nacional” virou um gênero, independente de qual é o filme. Dividimos os filmes por gêneros: ação, drama, comédia, terror… e “nacional”.
Dutra disse que pretende fazer outros dois filmes de terror, e depois fará um musical. Legal, viva a diversidade de estilos!
Adaptação do livro “A Arte de Produzir Efeito sem Causa”, de Lourenço Mutarelli, Quando Eu Era Vivo não é o único filme nacional de terror contemporâneo. Mar Negro, terceiro longa de Rodrigo Aragão, está prestes a entrar no circuitão. Nervo Craniano Zero, segundo longa de Paulo Biscaia Filho, vai sair em dvd mês que vem. E não podemos nos esquecer da volta do Zé do Caixão com Encarnação do Demônio, de 6 anos atrás. Isso porque não estou falando do underground de Peter Bayestorf e afins.
Mas, apesar de ser um terror assumido, Quando Eu Era Vivo é bem diferente de todos os exemplos citados. O filme tem um ritmo lento e envereda pelo terror psicológico, lembra um Polanski ou De Palma das antigas. E, outra característica importante: não tem nada de gore. Nada contra gore, mas se o roteiro não pede, não precisa mostrar sangue e tripas.
Um dos pontos fortes do filme é o elenco. Marat Descartes, com trejeitos do Jack Torrance em O Iluminado, brilha como o perturbado Júnior. Antônio Fagundes também está muito bem; e Kiko Bertholini (Pedro), Gilda Nomacce (Miranda) e Tuna Dwek (Lurdinha) impressionam, apesar de aparecerem em poucas cenas.
Agora a pergunta que deve estar na cabeça de boa parte dos leitores: “e a Sandy?” Olha, ela está surpreendentemente bem. Inclusive a sua personagem canta, e tudo flui sem parecer forçação de barra. A trilha sonora é muito boa, um dueto de Sandy e Marat pontua perfeitamente a sinistra cena final.
Agora aguardemos mais filmes “de gênero” feitos aqui no Brasil!
p.s.: A atriz principal é a Sandy, e o personagem principal se chama Junior. Me segurei pra não fazer a piada óbvia no bate papo com o diretor…
p.s.2: Falando em terror nacional, fiz um curta usando a lenda do boitatá. Vejam aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=7RJT1EJxm5I