Ela

0-ela1Crítica – Ela

Spike Jonze novo na área!

Um escritor solitário desenvolve um incomum relacionamento com um recém criado programa de computador, feito para suprir todas as suas necessidades.

Um cara que tem um relacionamento com um programa de computador é uma história estranha. Mas é coerente com a carreira de Spike Jonze. A gente tem que lembrar que ele dirigiu Quero Ser John Malkovich, onde um personagem que trabalha no andar sete e meio descobre uma porta que leva direto à mente do ator John Malkovich.

Ela (Her, no original) tem uma proposta fascinante. Um programa de inteligência artificial que pode ser a companheira perfeita. É tão perfeita que tem falhas e chega a demonstrar ciúmes – chegam a rolar algumas DR no filme!

Vou além: este plot daria uma excelente história apocalíptica do mundo sendo dominado por robôs. E se, em vez de robôs exterminadores, a Skynet criasse programas de inteligência artificial que tomassem a cabeça de todos? Os robôs conquistariam o mundo sem precisar dar um tiro!

Mas voltemos a Ela. Trata-se de uma ficção científica, mas esqueça naves espaciais e robôs – o foco são os relacionamentos. E esse é o grande lance do filme escrito e dirigido por Jonze. Todo mundo já teve o coração partido por um relacionamento que deu errado. Então fica muito fácil de se identificar com Theodore Twombly, personagem muito bem interpretado por Joaquin Phoenix. A dúvida pulula na cabeça: será que daria certo um relacionamento com uma máquina?

Joaquin Phoenix tem uma tarefa árdua: passa boa parte do filme sozinho na tela. Seu Theodore não está só, mas Samantha, a personagem de Scarlett Johansson, não tem corpo, só a voz. Então só vemos Phoenix, que interpreta um cara comum – outra razão pra gente se identificar com ele.

O elenco feminino é bem interessante. Não é sempre que temos as belas Scarlett Johansson, Amy Adams, Olivia Wilde e Rooney Mara juntas, né? Tudo bem que não vemos Scarlett e Amy está maquiada para parecer feia, mas mesmo assim são Scarlett Johansson e Amy Adams! Rooney Mara, a ex-mulher, aparece pouco, e está muito bonita; Olivia Wilde só tem uma cena, e essa não consegue ficar feia nem que se esforce muito… Ainda no elenco, Chris Pratt, o Lego principal em Uma Aventura Lego, e as vozes de Brian Cox (outro programa de computador) e Kristen Wiig e Bill Hader (em chats pelo telefone). E o diretor Spike Jonze faz a voz do videogame.

A trilha sonora também é ótima. Músicas melancólicas sublinham perfeitamente as emoções dos personagens. A fotografia também é muito boa. Agora, o filme podia ser um pouco mais curto. Não precisava passar de duas horas.

Ela está concorrendo a cinco Oscars: filme, roteiro, trilha sonora, canção e design de produção. Na minha humilde opinião, não tem cara de melhor filme…

p.s.: Heu queria uma Samantha na minha vida. Não pelo lado pessoal, felizmente estou bem servido neste aspecto. Mas pela organização – logo de cara ela vê uma pasta com alguns milhares de e-mails guardados, escolhe os únicos 86 que prestam e apaga o resto. Queria um programa pra analisar minhas contas de e-mail e minhas redes sociais e filtrar o que merece ser apagado…

p.s.2: Sou o único a achar que, com esse bigode, Joaquin Phoenix está a cara do Clive Owen misturado com o Tom Selleck? 😛