Guardiões da Galáxia

Guardioes-da-GalaxiaCrítica – Guardiões da Galáxia

Filme novo da Marvel, mas falando de personagens pouco conhecidos, e com gente estranha na direção. Será que presta?

Depois de roubar um artefato misterioso em um planeta hostil, o mercenário Peter Quill vira o alvo de uma caçada liderada pelo cruel Ronan. Agora Quill precisa se juntar a um improvável e heterogêneo grupo para derrotar Ronan e salvar a galáxia.

Heu estava muito curioso com o conceito de um grupo de super heróis que tinha um guaxinim e uma árvore, feito por um diretor que começou na Troma. Mas depois de vários bons filmes, descobri que a gente pode confiar na Marvel. E não me arrependi: Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, no original) é talvez o melhor filme de super heróis que heu já vi.

Em primeiro lugar, não é um “filme de super heróis”. Quase todos os personagens são alienígenas, quase todo o filme se passa fora da Terra, ou seja, não se trata de super poderes – seria a mesma coisa que chamar o Yoda de super quando ele usa a Força pra tirar a X-Wing do pântano de Dabogah.

Esqueça esse papo de “filme de super heróis”. Guardiões da Galáxia é uma ficção científica com um pé na ação e outro pé na comédia. Adicione personagens bem construídos, diálogos inteligentes, efeitos especiais excelentes e uma trilha sonora inspiradíssima e temos um filme à beira da perfeição.

Um dos meus pés atrás com o filme era o currículo do diretor James Gunn. Não tenho absolutamente nada contra filmes trash, sou fã da Troma, ainda tenho na minha velha coleção de vhs a fita original de Tromeu e Julieta. Mas, na boa, ao saber que o roteirista deste mesmo Tromeu e Julieta estaria na direção do novo projeto da Marvel, rolou um certo receio. Felizmente, infundado.

O outro pé atrás era com os personagens. Um guaxinim e uma árvore? WTF??? Mas, olha, esse medo era ainda mais infundado. Rocket, o guaxinim, é um personagem fantástico; e virei fã do Groot, a árvore que só fala 3 palavras – e, acredite, a cada vez que ele repete as mesmas palavras, temos um novo significado. Genial, genial…

Aliás, é bom falar: a dinâmica entre os personagens é muito bem construída. Claro que o principal é Peter Quill, mas todos os outros quatro têm importância, todos eles têm suas personalidades e motivações, mesmo tendo que dividir o tempo de tela (e, diferente d’Os Vingadores, não tivemos filmes anteriores com cada um pra contar as suas histórias individuais). E outra coisa que funciona bem é como o time é formado, porque eles a princípio são inimigos.

Ah, e tem o humor… Não me lembro a última vez que ri tanto dentro de uma sala de cinema! O humor do filme é genial. Muitas vezes os diálogos do roteiro escrito por Gunn e Nicole Perlman direcionam as cenas para caminhos inesperados, algo meio nonsense – tipo quando Drax quer matar Gamora, mas fica discutindo sobre metáforas. E isso porque não estou falando da quantidade de referências pop – até Footloose é citado no filme!

Completando isso tudo, ao lado de uma boa trilha original orquestrada (composta por Tyler Bates), temos uma excelente seleção musical de hits setentistas (talvez tenha algo de anos 80, não sei ao certo). Detalhe 1: todas as músicas se encaixam perfeitamente no desenrolar do filme. Detalhe 2: todas as letras das músicas se encaixam perfeitamente no desenrolar da trama.

Também precisamos falar do elenco. O protagonista Chris Pratt não é um rosto muito conhecido (chequei no imdb, já vi alguns filmes com ele, mas nunca tinha reparado no cara). Agora, no resto do elenco tem muita gente legal: Zoe Saldana, Dave Bautista, Michael Rooker, Lee Pace, Karen Gillan, Djimon Hounsou e John C. Reilly, além de pontas de Benicio Del Toro, Glenn Close e Josh Brolin (como Thanos). Vi no imdb que tem cameo do Nathan Fillion e a voz do Rob Zombie, mas terei que rever pra procurar. Claro, também tem o Stan Lee fazendo uma ponta. E, para os fãs da Troma, procurem o Lloyd Kauffman entre os presidiários!

A sessão pra imprensa não teve cena depois dos créditos, sei lá por que. Rola uma curta cena no início dos créditos, mas não tem nenhum gancho, é uma piada extra. E uma piada engraçadíssima!

Enfim, se você é fã da sobriedade do Batman do Christopher Nolan, e de filmes sérios e densos, talvez Guardiões da Galáxia não seja para você. Mas se você concorda com aquele velho lema de um exibidor que dizia “Cinema é a maior diversão”, este é “o filme”!

Sem Escalas

Sem EscalasCrítica – Sem Escalas

Nova parceria entre Liam Neeson e Jaume Collet-Serra!

Durante um voo atravessando o Atlântico, um policial recebe mensagens de texto ameaçando matar um passageiro a cada 20 minutos se a companhia aérea não pagar um resgate de 150 milhões de dólares.

A Espanha tem tradição no cinema fantástico. Mas, diferente de vários conterrâneos, o espanhol Jaume Collet-Serra construiu carreira em Hollywood. Depois de começar com o fraco Casa de Cera, ele acertou com os bons A Órfã e Desconhecido. Agora, Collet-Serra confirma o talento com mais um bom suspense.

Sem Escalas (Non Stop, no original) é um suspense que usa a estratégia do “whodunit”, mais usada em filmes de terror. Trata-se daquela situação “aghatachristieana”, quando temos que encontrar o assassino no meio de vários suspeitos, e ao longo da trama acontecem eventos para confundir o espectador. E o interessante daqui é que a trama se passa dentro do avião, tornando tudo mais claustrofóbico.

O roteiro do filme é bem construído, mas infelizmente escorrega logo na solução do “whodunit” – aquele fim não convence ninguém. Não chega a ser ruim a ponto de estragar o filme, mas tira um pouco do brilho do filme.

No elenco, Liam Neeson mostra mais uma vez que é “o cara”. Parece que de uns anos pra cá ele se especializou em fazer filmes de ação – além de protagonizar Esquadrão Classe A (2010) e os dois Busca Implacável (2008 e 2012), ele teve papeis menores em Star Wars, Batman e Fúria de Titãs. Ainda no elenco, achei Julianne Moore apagada – seu papel caberia em qualquer atriz mediana. Também estão no filme Michelle Dockery, Scoot McNairy e Lupita Nyong’o, em provavelmente seu último papel pequeno (ela ganhou o Oscar este ano, né?).

Enfim, Sem Escalas pode não ser tão bom quanto A Órfã e Desconhecido, mas mesmo assim ainda é melhor do que a maioria dos suspenses lançados por aí.

p.s.: Algumas vezes durante o filme mencionam o voo de 6 horas como um voo “longo”. Pô, ir do Brasil pra Europa é bem mais demorado…

Picardias Estudantis (1982)

0-Picardias EstudantisCrítica – Picardias Estudantis

Posso falar de um filme que todo mundo viu?

Picardias Estudantis acompanha um grupo de jovens que frequentam a escola Ridgemont High, seus relacionamentos e suas primeiras experiências com a vida adulta.

Os mais novos devem achar Picardias Estudantis (Fast Times at Ridgemont High, no original) um filme bobo de sessão da tarde. Mas, para quem viveu os anos 80, o filme mostra um irresistível painel do que foi a década.

A trama é simples, mas flui bem, com diálogos bem costurados entre os diferentes personagens, todos bem construídos. Ok, temos que admitir que rolam clichês, mas isso faz parte do processo de se fazer um filme neste estilo. A trilha sonora também é muito boa.

Picardias Estudantis tem pedigree: o roteiro é de Cameron Crowe (baseado no livro escrito por ele mesmo), que anos depois dirigiria Quase Famosos, Vanilla Sky e Jerry Maguire; a direção é de Amy Heckerling, que depois faria os primeiros Olhe Quem Está Falando e As Patricinhas de Beverly Hills.

O elenco traz várias curiosidades. Alguns protagonistas viraram grandes estrelas, outros sumiram. E alguns coadjuvantes também entraram para o primeiro escalão de Hollywood.

O primeiro nome nos créditos é Sean Penn, hoje um grande astro, na época um jovem magrelo – e que já mostrava talento. Seus dois companheiros na tela são Eric Stoltz (Pulp Fiction, Parceiros do Crime), e aquele que quase não fala é Anthony Edwards, que depois fez A Vingança dos Nerds e foi o coadjuvante de Tom Cruise em Top Gun. Judge Reinhold anda meio sumido, mas ainda fez sucesso nos anos 80 com os dois Um Tira da Pesada. Por outro lado, o jogador de futebol americano, personagem secundário, é ninguém menos que Forest Whitaker, ganhador do Oscar de melhor ator em 2007 por O Último Rei da Escócia. E, prestem atenção: um cara de boné que está algumas vezes ao lado de Reinhold, mas não tem nenhum diálogo, é um tal de Nicolas Cage, aqui ainda era creditado como Nicolas Coppola. Robert Romanus e Brian Backer tinham papeis importantes aqui, mas sumiram depois do fim dos anos 80. Ainda no elenco, Vincent Schiavelli e Ray Walston como professores.

Entre as meninas, os papeis principais são de Jennifer Jason Leigh e Phoebe Cates. A primeira se tornou uma atriz conhecida e tem grandes performances até hoje; a segunda se aposentou…

Ah, uma última curiosidade no elenco: sabe a loura que ri de Reihhold quando ele está dirigindo fantasiado de pirata? É Nancy Wilson, vocalista do grupo Heart. Anos depois, Nancy se casaria com Cameron Crowe, o roteirista. Mas não sei se este filme teve algo a ver com isso…

Sou de uma geração que se identifica com a década de 80, então gosto muito do filme. Mas reconheço que talvez a juventude atual ache o filme datado demais. Verdade, talvez seja até o caso de filme que pede uma refilmagem atualizada. Enfim, para alguns, Picardias Estudantis pode ser apenas um “filme bobo de sessão da tarde”. Mas, para este que vos escreve, é um “filme de cabeceira”!

p.s.: Em determinada cena, logo no início, um cambista oferece um ingresso para ver um show do Van Halen, em um local próximo ao palco. O preço cobrado pelo cambista é 20 dólares, porque o ingresso original custava 12,50 dólares. Ah, heu queria estar nos EUA e ter idade para ver shows em 1982!

p.s.2: Olha o oportunismo desta capa de dvd, aqui embaixo. “Também estrelando Nicholas Cage e Anthony Edwards” – acho que a maior parte do público termina o filme sem reparar nos dois…

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Planeta dos Macacos – O Confronto

0-Planeta dos Macacos-posterCrítica – Planeta dos Macacos – O Confronto

Cesar está de volta!

Dez anos depois da “Batalha da Golden Gate”, os macacos se organizaram em sociedade, enquanto um vírus se espalhou e dizimou boa parte da população humana. Tensões crescem em ambos os lados, e o confronto está iminente.

Não sei se podemos chamar este Planeta dos Macacos – O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes, no original) de “o segundo” filme da franquia, já que, na verdade, é o oitavo filme usando este universo – tivemos cinco filmes entre 1968 e 73, mais uma refilmagem decepcionante feita pelo Tim Burton em 2001. Até que houve o reboot em 2011, Planeta dos Macacos – A Origem. O filme novo é a continuação do reboot.

Dirigido por Matt Reeves (Deixe-Me Entrar, Cloverfield), Planeta dos Macacos – O Confronto mantém o alto nível do filme anterior. Roteiro bem amarrado, bons personagens, ação e tensão na dose certa, e efeitos especiais impressionantes.

Um parágrafo à parte pra falar dos efeitos especiais. Ok, a tecnologia de captura de movimento não é exatamente uma novidade, já vimos isso antes. Mas a perfeição alcançada pelos gorilas deste novo filme é ainda mais impressionante que no filme de 2011. Andy Serkis já foi o Gollum, já foi o King Kong, e já tinha sido o Cesar no filme anterior. Aqui, Serkis é o grande nome do filme – seu personagem é o mais complexo, e consegue passar todo o seu conflito interno através de olhares e expressões – isso tudo sem mostrar a cara no filme!

Se por um lado Andy Serkis está excelente, por outro, Gary Oldman decepciona. Oldman é um grande ator, mas aqui está apagado. Digo mais: seu papel poderia ser interpretado por qualquer ator mediano. Aliás, ninguém do “elenco humano” se destaca – e achei Kirk Acevedo um pouco over, com um personagem muito previsível. Ainda no elenco, Jason Clarke, Keri Russel e Kodi Smit-McPhee. Ah, Judy Greer está no elenco dos macacos, o que nos leva a crer que seu personagem terá maior destaque em uma provável continuação.

Uma coisa que me incomodava na série orginal, dos anos 60/70, é que mostrava os macacos evoluídos, mas ninguém explicava por que os humanos tinham involuído. Este reboot explica a decadência da raça humana, conseguimos entender o contexto de como as coisas aconteceram. Neste segundo filme, as duas sociedades – macacos e humanos – estão quase pau a pau, e tudo flui bem quando o confronto anunciado pelo subtítulo acontece.

Por fim, uma falha que acontece em quase todas as franquias blockbusters: Planeta dos Macacos – O Confronto não tem fim. Temos que esperar o terceiro (ou nono) filme…

Saturday Morning Mystery

Saturday Morning MysteryCrítica – Saturday Morning Mystery

E se o desenho do Scooby Doo fosse um filme de terror?

Um grupo de investigadores paranormais (e seu cachorro), perto da falência, é contratado pra investigar uma mansão que tem fama de ser assombrada, por ter tido supostos rituais satânicos no passado.

Saturday Morning Mystery é uma boa sacada, colocando num filme de terror uma trupe igualzinha à do Scooby Doo – um casal de bonitinhos, uma menina inteligente de franja, um doidão e um cachorro, que andam numa van, e desvendam mistérios supostamente sobrenaturais.

A trama começa bem, mas se perde no meio – o momento da “água com lsd” quase põe tudo a perder. Felizmente, uma boa sucessão de inesperadas viradas de roteiro no terceiro ato levam o filme a um patamar de violência nunca visto em nenhum desenho da Hannah Barbera, e Saturday Morning Mystery volta a ser interessante, tomando um rumo bem diferente dos desenhos de Daphne, Velma e sua turma.

O filme, dirigido pelo desconhecido Spencer Parsons, não traz ninguém famoso no elenco. Josephine Decker, Ashley Spillers, Adam Tate e Jonny Mars fazem o quarteto principal.

Saturday Morning Mystery está longe de se tornar um novo clássico do terror. Mas pode ser uma boa opção para fãs de slasher cansados do “assassino da semana”.

Uma Cilada Para Roger Rabbit (1988)

roger rabbitCrítica – Uma Cilada Para Roger Rabbit

Hora de rever o genial Roger Rabbit!

Um detetive alcoólatra que odeia desenhos é a única esperança de um coelho quando este é acusado de assassinato.

Lançado em 1988, Uma Cilada Para Roger Rabbit (Who Framed Roger Rabbit, no original) foi um filme revolucionário. Misturar atores “live action” com desenhos animados não era novidade, mas isso sempre acontecia com a câmera parada, e o desenho em apenas duas dimensões – era um ator e uma “folha de papel”. Aqui, os desenhos tinham volume, e a câmera não era estática. Pela primeira vez tínhamos desenhos “sólidos” contracenando com atores! E precisamos nos lembrar que não existia cgi – foi tudo desenhado na mão!

Uma Cilada Para Roger Rabbit tinha outra característica incomum. Devido a uma série de acordos entre diferentes estúdios, nós temos personagens de universos diferentes interagindo. Em uma cena, Patolino e Pato Donald tocam piano; em outra, Mickey e Pernalonga pulam de paraquedas. São vários os personagens da Disney e da Warner, além de outros como Betty Boop, Droopy e Pica-Pau. Não me lembro, na história do cinema, de um “crossover” de personagens tão expressivo como este.

Tudo isso seria pouco importante se o filme fosse fraco – o que felizmente não é. Uma Cilada Para Roger Rabbit é divertidíssimo, traz uma boa homenagem aos filmes noir, no personagem Eddie Valiant, e ao mesmo tempo ao humor de desenhos animados antigos. O humor presente no filme é genial! A sequência inicial – o curta do bebê procurando os biscoitos – é de rolar de rir. E ao longo do filme vemos várias cenas com este estilo de humor absurdo, sempre com um pé no humor negro – como nos bons tempos dos desenhos do Pernalonga, do Pica Pau e do Tom & Jerry (que não estão no filme, infelizmente).

Uma Cilada Para Roger Rabbit foi produzido pela Disney e pela Amblin, produtora de Steven Spielberg. A direção ficou a cargo de Robert Zemeckis, que estava em ótima fase – Roger Rabbit foi feito entre De Volta Para o Futuro (1985) e as suas continuações (lançadas em 89 e 90). Não sei se a experiência em Roger Rabbit teve alguma influência nisso, mas anos depois Zemeckis voltaria ao universo das animações, com os longas Expresso Polar (2004), Beowulf (07) e Os Fantasmas de Scrooge (09).

No elenco, o pouco conhecido Charles Fleischer tem o destaque: é dele a voz do Roger Rabbit, e, de quebra, ele ainda faz as vozes do Benny The Cab e de duas doninhas. Mas não podemos menosprezar o trabalho de Bob Hoskins, que teve que contracenar boa parte do tempo com um personagem inexistente (diz a lenda que Fleischer teria vestido uma fantasia de coelho para ajudar Hoskins durante as filmagens). Outra voz importante é a de Kathleen Turner, no papel de Jessica Rabbit (quando ela canta, é dublada pela Amy Irving, então sra. Spielberg). Curioso notar que, nesta época, Turner e sua voz grave eram símbolos sexuais – mas poucos anos depois, ela interpretaria um travesti na série Friends. E, claro, não podemos deixar de citar Christopher Lloyd, ótimo como o vilão. Ah, de curiosidade: o próprio Mel Blanc, que fazia as vozes de todos os personagens da turma do Pernalonga nos desenhos clássicos, trabalhou na dublagem aqui, repetindo seus personagens famosos – é dele as vozes do Pernalonga, do Patolino, do Gaguinho, do Frajola e do Piu Piu.

Uma Cilada Para Roger Rabbit ganhou 4 Oscars – efeitos visuais, edição, som e efeitos sonoros. Também foi indicado para fotografia e direção de arte. Mas o que chama a atenção são os efeitos visuais – se bem que, para os nossos olhos atuais, acostumados com cgis perfeitos, alguns efeitos já não são tão impressionantes.

Entre os extras do dvd e do blu-ray, têm os três engraçadíssimos curtas que fizeram com o Roger Rabbit e o Baby Herman na época. Lembro que um deles, o da montanha russa, passou nos cinemas brasileiros na época, antes de algum filme – não me lembro qual. Os outros dois, só vi quando comprei o dvd.

Por fim, uma coisa curiosa. Tenho o dvd e o blu-ray nacionais. Como vi com meus filhos, procurei a versão dublada. E tive que ver o dvd, porque no blu-ray nacional, edição especial de 25 anos, não tem dublado em português – além do original em inglês, só tem dublado em francês e em russo…

Knights Of Badassdom

knights_of_badassdomCrítica – Knights of Badassdom

Um filme que fala de LARP (Live Action RPG), estrelado pela Summer Glau, pelo Tyrion de Game of Thrones e pelo Jason Stackhouse de True Blood? Quero ver!

Jogadores de Live Action RPG acidentalmente evocam um demônio, que invade o seu acampamento no meio de um grande jogo. Agora eles precisam usar seus poderes do RPG na vida real.

A ideia era boa. Um filme assumidamente B, usando elenco conhecido de séries de tv e uma forte pegada nerd. Tinha tudo pra dar certo. Mas, sei lá por que, não deu.

Parece que o diretor Joe Lynch (do episódio “Zom-B-Movie” de Chillerama ) brigou com a produtora na época que o filme estava sendo editado. A produtora teria cortado vinte minutos do filme e lançado uma versão mutilada. Não sei se a história é real, mas seria uma possível explicação.

No elenco, o único que tem uma carreira fora da tv é Steve Zahn (The Wonders, A Trilha, Clube de Compras Dallas) – e, mesmo assim, ele ainda estava nas séries TremeMind Games. O resto só é mesmo conhecido por trabalhos nos seriados, mas pelo menos são papeis importantes em seriados relevantes – Summer Glau (ainda com cara de novinha apesar dos 33 anos) por Firefly e Terminator – Sarah Connor Chronicles, Peter Dinklage por Game of Thrones e Ryan Kwanten por True Blood. Ainda no elenco, Margarita Levieva (Revenge) e Jimmi Simpson (It’s Always Sunny in Philadelphia, House of Cards).

Mas não rolou. O filme começa bem, mas do meio pro fim, tudo degringola. Os efeitos especiais tosquérrimos não ajudam em nada. E o número musical no final é constrangedor.

Pena. Queria que fosse bom…

Transformers 4 – A Era da Extinção

Transformers-A-Era-da-Extincao-posterCrítica – Transformers 4 – A Era da Extinção

Ninguém pediu, mas, olha lá, tem Transformers novo na área…

Quatro anos depois dos eventos do terceiro filme, um inventor e sua família se unem aos Autobots, quando estes viram alvo de um caçador de recompensas de outro mundo.

A franquia Transformers tem uma posição curiosa no mercado. Quem não gosta, passa longe dos cinemas; quem gosta, só quer saber dos efeitos especiais e de possíveis bonequinhos para a sua coleção. Ou seja, “detalhes” como roteiro ficam em segundo plano.

O novo filme é mais uma vez dirigido por Michael Bay (diretor dos outros três), famoso por privilegiar explosões exageradas em vez de tramas inteligentes. O roteiro de Transformers 4 – A Era da Extinção (Transformers: Age of Extinction, no original), escrito por Ehren Kruger, traz um monte de situações completamente ilógicas, além de diálogos péssimos.

Olha, entendo que a gente precisa de suspensão de descrença pra assistir um filme com robôs alienígenas que se transformam em carros. Mas o filme deveria seguir a lógica proposta pelo próprio roteiro. Mas antes de prosseguir, vamos aos avisos de spoilers.

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Os novos transformers são construídos com uma tecnologia “mágica”, que divide o metal em milhões de pedacinhos, que depois se juntam em outra forma. Isso torna o bicho quase indestrutível, porque quando ele leva um golpe, se desmonta e remonta novamente. Isso acontece na primeira luta entre Optimus Prime e Galvatron.

Aí a gente vai pra luta final, com 50 transformers com a nova tecnologia. E todos se quebram no primeiro golpe. Caramba, cadê a lógica?

Outra coisa: se o Optimus Prime pode voar, por que nunca tinha voado antes???

Ah, não posso deixar de citar: numa franquia onde o vilãozão se chama MegaTRON, alguém tinha dúvida se o GalvaTRON seria da galera do mal?

FIM DOS SPOILERS!

Mas, como dito antes, Transformers tem o seu público, e este vai sair satisfeito do cinema. São várias as cenas de ação e destruição, e os efeitos especiais são muito bons – tive a impressão de ter menos câmera tremida nas cenas de luta do que nos filmes anteriores.

Sobre o elenco… São todos coadjuvantes, o filme precisa de atores pra passar o tempo enquanto os robôs não estão na tela. Ninguém se destaca positivamente, nem negativamente. Gostei de ver que Mark Wahlberg finalmente assumiu que é um quarentão, e faz um pai de uma adolescente. Ainda no elenco, Stanley Tucci, Sophia Myles, Bingbing Li, Kelsey Grammer, Jack Reynor, Titus Welliver, Thomas Lennon, e Nicola Peltz como a “bonitinha da vez”.

Por último, um aviso importante: são duas horas e quarenta e cinco minutos de filme. Interminável! A sorte é que dá pra ir ao banheiro ou pegar uma pipoca e não perder nada importante do filme…

Mulheres Perfeitas (2004)

0-mulheres-perfeitasCrítica – Mulheres Perfeitas (2004)

Quando uma alta executiva da tv é demitida e entra em depressão, seu marido a leva para a comunidade de Stepford, em Connecticut, onde todas as mulheres são perfeitas – às vezes até demais.

Frank Oz, além de ter sido o braço direito de Jim Henson nos Muppets e de ter interpretado o Yoda, também era diretor. Não é uma carreira muito extensa (12 longas, segundo o imdb), mas tem alguns filmes excelentes – sou muito fã da sua versão de A Pequena Loja dos Horrores. Oz aqui apresenta mais um bom filme.

Este Mulheres Perfeitas é uma refilmagem de Esposas em Conflito, de 1975, inspirado no livro “As Possuídas”, de Ira Levin, lançado em 1972 (todos têm o nome original “Stepford Wives”). Não vi o original, mas pelo que li, é mais sério, mais puxado para o suspense. Esta versão de 2004 não tem nada de suspense, é uma boa comédia de humor negro.

O clima de Mulheres Perfeitas é de uma deliciosa farsa. Tanto é uma farsa que ninguém trabalha naquela cidade, mas todos têm um alto padrão de vida. Os figurinos, a cenografia e a inspirada trilha sonora de David Arnold (parece Danny Elfman, não?) ajudam no clima farsesco.

Algumas características das mulheres de Stepford são inconsistentes. A cena que uma mulher vira um caixa eletrônico não é coerente com a cena final, por exemplo. Falha do roteiro, precisamos reconhecer…

O elenco é excelente. Nicole Kidman está perfeita no papel principal tanto antes, como executiva estafada, quanto depois, como “mulher perfeita”. Christopher Walken exercita sua divertida canastrice com um papel que é a sua cara. Bette Midler, exagerada como sempre, ganhou um papel exagerado que que combina com o seu estilo. Matthew Brodderick é que está um pouco apagado… Ainda no elenco, Glenn Close, Jon Lovitz, Roger Bart e Faith Hill.

Mulheres Perfeitas não é o melhor filme de Frank Oz. Mas pode divertir quem entrar no clima.

Hellraiser – Renascido do Inferno (1987)

HellraiserCrítica – Hellraiser – Renascido do Inferno

Hora de rever um dos mais assustadores filmes dos anos 80!

Uma mulher infiel encontra o seu amante morto, que está tentando reconstituir seu corpo, enquanto é caçado por demônios, depois que escapou de um inferno sado-masoquista.

Lá pros anos 80, Stephen King era o maior nome da literatura de horror, mas quase todos os seus livros viravam filmes ruins quando adaptados (tirando algumas honrosas exceções, como O Iluminado, Carrie e Cemitério Maldito). O próprio King se arriscou e dirigiu uma adaptação de um conto seu, Comboio do Terror, mas ficou tão ruim quanto a média.

Aí surgiu um tal de Clive Barker, talentoso escritor de terror – o próprio King disse em uma entrevista que Barker seria o seu sucessor. E Barker resolveu dirigir um filme, baseado em um de seus livros, “The Hellbound Heart”. E – diferente de King – o filme, lançado em 1987, ficou excelente! Finalmente tínhamos um bom escritor “e” diretor de terror!

(O tempo nos mostrou que Barker, como escritor, ainda não não alcançou a fama de King; e, como diretor, tem um talento bissexto…)

Em Hellraiser, Barker nos apresenta uma história meio doentia, com alto teor sado-masoquista e um pé no erotismo – aliás, outras histórias de Barker têm esse mesmo teor sado-masô, o cara deve curtir essa onda. Aqui, em Hellraiser, conhecemos os cenobitas, demônios que habitam uma dimensão paralela, que estão em todos os filmes da série.

O clima do filme é fantástico. Neste filme, os cenobitas aparecem pouco, e conhecemos aquele cubo, tão legal que heu sempre quis um. Alguns efeitos especiais não sobreviveram ao passar dos anos – rolam uns desenhos animados por cima do filme, efeito muito muito tosco. Por outro lado, a maquiagem continua eficiente.

Hellraiser teve oito (!) continuações, e tem previsão de ser refilmado. Não vi todos os nove filmes, a qualidade foi caindo com o tempo (como era previsível) – parei em um onde o Pinhead é enganado por um holograma (talvez o quinto ou sexto), achei isso muito capenga.

Mas este primeiro continua um grande filme, ainda recomendadíssimo!