Hércules

0-Hercules-posterCrítica – Hércules

A gente lê “Hércules” e pensa em um filme sobre o semideus da mitologia. E o filme começa empolgante, com imagens de alguns dos famosos 12 trabalhos de Hércules. Mas logo descobrimos que isso é um flashback, e que o filme não vai focar nisso. O Hércules daqui é um mercenário, que usa as lendas em torno do nome dele para conseguir trabalho. Digo mais: segundo o filme, existe um exagero na história contada pela mitologia, e às vezes o próprio espectador se questiona se este Hércules é realmente um semideus ou se é uma fraude.

A sinopse: “Depois de executar seus 12 Trabalhos, Hércules, o semideus grego, tem sua vida de “espada de aluguel” testada quando o rei da Trácia e sua filha procuram sua ajuda para derrotar um inimigo.”

E aqui está o principal problema de Hércules: a divulgação, que ignora esta sinopse. O trailer é repleto de cenas sobre os 12 trabalhos – que só são mencionados nos flashbacks. No trailer – e no poster! – também aparece Megara, a esposa de Hércules, que mal aparece no filme. Pelo trailer e pelo poster, acho que vi o filme errado.

Em vez de Hércules, o filme dirigido por Brett Ratner (X-Men- O Confronto Final) deveria usar o título da graphic novel onde se baseou: The Thracian Wars, de Steve Moore. Aí sim, o espectador iria ver um filme sobre as guerras Trácias, e não sobre o Hércules.

Esquecendo o nome do protagonista, o filme funciona. Além de ser um cara com muito carisma, Dwayne Johnson tem porte físico compatível com o personagem. E as cenas de batalha são muito bem feitas. O elenco de apoio também funciona (para um enredo “off semideus”). Hércules tem um bom time de personagens ao seu lado, cada um explorando uma característica diferente.

No elenco, este é “um filme de Dwayne The Rock Johnson”. Como falei, ele tem carisma e porte para tentar ser um novo Schwarzenneger (que fez outro fortão mitológico, o Conan), ele só precisa administrar sua carreira. Mesmo assim, o filme ainda tem outros bons atores, como John Hurt e Ian McShane. Joseph Fiennes é que está completamente desperdiçado num papel pequeno. Completam o elenco os menos conhecidos Rufus Sewell, Ingrid Bolsø Berdal, Rebecca Ferguson, Aksel Hennie e Reece Ritchie – e Irina Shayk, como a mulher que aparece mais no poster do que no filme.

Ah, o 3D, não tem como esquecer, tá lá na divulgação, “Hércules 3D”. Olha, quase sempre acho desnecessário. Mas o 3D aqui é usado da única forma que aprovo – o efeito “parque de diversões”: várias coisas são jogadas na direção da tela. Ok, aceito. Mas não perde nada se visto em 2D.

Rocketeer

0-RocketeerCrítica – Rocketeer

Sei lá por que, heu nunca tinha visto esta produção da Disney de mais de 20 anos atrás…

Nos EUA às vésperas da Segunda Guerra Mundial, um jovem piloto de avião encontra um protótipo de jetpack que proporciona que ele vire um super herói mascarado.

Visto hoje em dia, a gente entende porque Rocketeer, lançado em 1991, ficou esquecido. Não é um filme ruim, mas é muito bobinho.

A produção é boa. Os efeitos especiais ainda funcionam hoje em dia. A reconstituição de época (EUA pré 2a Guerra Mundial) é bem cuidada, e o elenco é acima da média. Mas é tudo tão inocente, tão “Disney”, que o filme parece uma produção infantil – no mau sentido.

A direção é de Joe Johnston, que vinha de Querida, Encolhi As Crianças, e que pouco depois fez Jumanji. Johnston está na ativa até hoje, foi ele o diretor de Capitão América – O Primeiro Vingador (e, se a gente olhar com carinho, vai ver semelhanças entre Rocketeer e Capitão).

O papel principal é de Bill Campbell, curiosamente, o único dos principais que nunca alcançou o estrelato. Jennifer Connelly é sempre Jennifer Connely, mas aqui ela não está muito bonita, na minha humilde opinião. Alan Arkin faz o principal coadjuvante – só o reconheci pela voz, ele está cabeludo e de bigode, e não careca como o habitual. Outro careca famoso (hoje em dia) é Terry O’Quinn, o Locke de Lost, que também aparece com cabelo aqui. Ainda no elenco, Timothy Dalton e Paul Sorvino.

Por fim: heu fui o único que achei o Rocketeer parecido com o japonês Ultraman?

p.s.: Como é que o jetpack não queima as pernas do Rocketeer?

Caçadores de Recompensas

Caçadores de RecompensaCrítica – Caçadores de Recompensas / Bounty Killer

Semana passada falei aqui de O Caçador de Zumbis, um filme que acha que pode ser vagabundo só porque é um filme B. Caçadores de Recompensas mostra que um filme B não precisa necessariamente ofender a inteligência do espectador.

No futuro, grandes corporações tomaram o lugar dos governos. Sua sede de poder e lucros gerou as guerras corporativas, que acabaram com a sociedade como conhecemos. 20 anos depois, a nova lei e ordem está no Conselho dos Nove, que condena os responsáveis pela destruição, e, para capturar e matar os criminosos de colarinho branco, envia caçadores de recompensas, que competem entre eles pela fama, dinheiro e quantidade de corpos.

Sim, Caçadores de Recompensas (Bounty Killer, no original) é tosco. Mas é um tosco bem bolado, com algumas boas ideias, bem colocadas no roteiro. Não é um filme para listas de melhores do ano, mas quem curte um trash na linha do Machete vai se divertir. Os personagens são clichê, mas pelo menos a mocinha é bonita e usa roupas que a valorizam. As lutas são bem coreografadas, e gostei da ambientação futurística meio Mad Max.

Dirigido pelo pouco conhecido Henry Saine, Caçadores de Recompensas é a adaptação de uma graphic novel de 2013, que, pelo que entendi, também é desconhecida, assim como o elenco principal, o trio Matthew Marsden, Christian Pitre e Barak Hardley. Kristanna Loken, Beverly D’Angelo e Gary Busey fazem papeis menores, e li no imdb que Alexa Vega tem um papel, mas confesso que nem reparei.

Enfim, nada demais. Apenas um divertido e despretensioso trash movie.

Anjos da Lei 2

0-Anjos da Lei 2-posterCrítica – Anjos da Lei 2

Uma comédia “bromântica”!

Continuação do Anjos da Lei de 2012. Os policiais Schmidt e Jenko têm uma nova missão: se infiltrarem em uma faculdade, mais uma vez atrás de drogas. O problema é que, em meio à investigação, Jenko conhece sua alma gêmea na equipe de atletismo, e Schmidt começa a questionar a dupla. Em meio aos inevitáveis problemas de relacionamento, eles precisam encontrar um meio de desvendar o caso.

Ok, admito que não curti muito o primeiro Anjos da Lei. É um filme divertido, mas a idade dos atores me incomodou – era um marmanjo de 29 e outro de 31 se passando por garotos de 17 anos.

Desta vez os atores são os mesmos, e ainda estão dois anos mais velhos. Mas, num ambiente universitário, às vezes temos colegas de vinte e muitos anos na mesma aula. Além disso, a idade dos dois protagonistas gera várias piadas ao longo da projeção.

E isso é o melhor de Anjos da Lei 2 (22 Jump Street, no original): o filme não se leva a sério em momento algum. O humor presente no filme é leve, bobo e um com um pé no politicamente incorreto. Algumas cenas são impagáveis, como aquela quando Channing Tatum descobre quem é a namorada de Jonah Hill e sai gritando pela sala, ou a briga final de Jonah Hill contra uma garota. Ah, assim como acontece no primeiro filme, o momento que eles tomam drogas é um dos pontos altos do filme.

A estrutura de Anjos da Lei 2 segue as comédias românticas, mas em vez de ter um casal, são dois amigos – por isso usei o neologismo “bromântico” lá de cima. Aliás, o roteiro é feliz quando usa os clichês de brigas de casal entre os amigos.

A boa química entre o “casal” de atores principais garante bons momentos ao filme, que também conta com Ice Cube, Peter Stormare, Amber Stevens e Wyatt Russell, e pontas de Queen Latifah, Dave Franco e Rob Riggle. Seth Rogen faz uma participação especial em uma rápida cena, justamente a melhor piada do filme, na minha humilde opinião. (Li no imdb que Anna Faris também participa da sequência, mas confesso que não reparei nela).

A direção é dos mesmos Phil Lord e Christopher Miller, dupla que dirigiu o primeiro filme, e que este ano fez o divertido Uma Aventura Lego. O roteiro de Anjos da Lei 2 não é tão maluco quanto o de Lego (escrito pela dupla). Já a cena dos créditos – de longe a melhor parte do filme – foi escrita por Lord e Miller. Não saia do cinema assim que acabar o filme: rola uma sequência com várias piadas sobre possíveis continuações e outros modos de explorar a franquia, como jogos, videogames e desenhos animados.

Ah, último aviso: além da “cena dos créditos”, tem cena “após” os créditos…

Monty Python Live (Mostly)

0-Monty Python Live Mostly-posterCrítica – Monty Python Live (Mostly)

Finalmente consegui ver (no cinema) o último show do Monty Python, realizado em julho deste ano!

O que passou nos cinemas foi exatamente o show que aconteceu em Londres, na Arena O2, com suas duas horas e quarenta de esquetes ao vivo, números musicais e trechos de filmes antigos passados no telão. Uma grande homenagem a um dos melhores grupos de humor da história.

O parágrafo acima pode ter duas interpretações. Vamos a elas?

Monty Python Live (Mostly) é um delicioso presente para os fãs do grupo inglês.

ou

Monty Python Live (Mostly), além de longo demais, é um prato requentado.

Sou muito fã do Monty Python. Vi todos os filmes – algumas vezes cada um – tenho tudo em dvd / blu-ray, mais as temporadas completas do Flying Circus, mais alguns documentários e um monte de filmes “solo” (The Rutles, Um Peixe Chamado Wanda, Erik o Viking, O Homem que Perdeu a Hora, Serviços Íntimos, The Secret Policeman’s Ball, além de toda a carreira do Terry Gilliam como diretor). E se fiquei feliz quando soube da existência de Not The Messiah, musical do Eric Idle com participações do Terry Gilliam, do Michael Palin e do Terry Jones, claro que ia ficar feliz com os cinco reunidos pela primeira vez desde O Sentido da Vida!

Como fã, adorei o filme. Ri muito, me diverti à beça. É um sonho realizado ver de novo, lado a lado, John Cleese, Terry Gilliam, Eric Idle, Michael Palin e Terry Jones! (Carol Cleveland, que trabalhava com eles, também está de volta, e o show teve participações especiais de Mike Myers e Eddie Izzard).

Mas, analisando friamente, Monty Python Live (Mostly) é um produto só para fãs radicais. O público que não conhece ou não gosta de Monty Python vai achar o filme um saco.

Em primeiro lugar, são duas horas e quarenta minutos de filme. E dá pra cortar quase 20 minutos sem fazer esforço. O início do filme é uma tela parada enquanto ouvimos a Lumberjack Song; e no meio do filme tem um intervalo de 15 minutos. Sim, no teatro, isso faz sentido. Mas a gente viu isso no cinema, uma contagem regressiva de 15 minutos na tela. Claro que todos na sala do cinema estavam rindo, isso virou uma piada extra – quem mais colocaria um intervalo de 15 minutos no meio de um filme, sem avisar? Mas, admito, foi over.

Outro problema são os números musicais, que provavelmente estavam lá para as trocas de roupas dos atores. São muitos números musicais, e nenhum deles é engraçado. Música faz parte do universo pythoniano, precisamos do Lumberjack Song, do Every Sperm is Sacred, do Always Look at the Bright Side of Life. Mas, por exemplo, Silly Walk não precisava ter virado número musical.

(Entendo que, com 74 anos, John Cleese não tenha mais a elasticidade de outrora para fazer o seu Silly Walk. Mas achei capenga o modo como fizeram.)

Por fim, é muito engraçado rever esquetes velhas, todo mundo riu (mais uma vez) com os 100 metros rasos para pessoas sem senso de direção ou o futebol dos filósofos. São quadros geniais! Mas, vamos combinar que todo mundo já viu isso, né? O “And Now For Something Completely Different” (“E agora, algo completamente diferente”, título do primeiro filme deles) ficou para trás. O subtítulo poderia ser “And Now For Something Completely Repeated”…

Claro que, ao vivo, lá na Arena O2, tinha sentido você ter um show neste formato, mesmo com as piadas repetidas. Mas, no cinema, foi um programa exclusivo para fãs.

Pena, porque a gente tem que reconhecer alguns lances geniais. Quando os cinco estão no palco, mesmo as piadas velhas se tornam momentos memoráveis!

É sensacional ver a velha piada do papagaio morto com John Cleese e Michael Palin esquecendo as linhas, ou o bigode do Eric Idle caindo enquanto ele fala “Say no more!” no quadro Nudge Nudge. Outras esquetes são velhas mas continuam engraçadas, como o Michelangelo conversando com o Papa ou o homem que compra uma discussão. Eles também fazem piadas com eles mesmos, como o divórcio de John Cleese e o programa de turismo de Michael Palin. E isso porque não falei das piadas de humor negro sobre a morte de Graham Chapman, o único Python já falecido, que aparece algumas vezes no telão.

Talvez exista uma solução para quando Monty Python Live (Mostly) for lançado no mercado de home vídeo: duas versões – esta “versão estendida” e uma outra com pelo menos uma hora a menos.

Agora aparentemente acabou. Segundo os créditos finais, o Monty Python “morreu” em 2014. Bem, os caras estão velhos, de repente tá mesmo na hora da aposentadoria. Pelo menos os fãs ganharam um presentão de despedida…

Quando Chega A Escuridão

Quando Chega a EscuridãoCrítica – Quando Chega A Escuridão

Há tempos queria rever este filme, que só tinha visto na época do lançamento, ainda nos anos 80. Aproveitei o podcast de vampiros para rever.

Ao dar em cima de uma garota, sem saber que ela não era humana, um jovem caipira acaba se unindo a um cruel grupo de vampiros.

Quando Chega a Escuridão (Near Dark, no original) frequenta listas de melhores filmes de vampiros feitas por críticos. Lembro que gostei muito quando vi na época. Mas acho que o filme envelheceu mal, achei meio lento demais quando revi. Hoje em dia, prefiro rever Garotos Perdidos, lançado no mesmo ano de 1987.

Quando Chega a Escuridão apresentou um novo conceito de vampiros. Aliás, a palavra “vampiro” não é mencionada nenhuma vez durante o filme. Sua aparência também é diferente, são feios e sujos. Mas não há dúvidas sobre o que eles são, afinal, matam pessoas para beber o seu sangue, e queimam com a luz do sol. São vampiros, mas sem o glamour do vampiro clássico do cinema.

A direção é de Kathryn Bigelow, hoje muito conhecida por ter ganhado o Oscar de melhor diretora por Guerra Ao Terror e por ser a ex de James Cameron. Mas nessa época, Kathryn era apenas uma diretora de filmes “legais”, como Caçadores de Emoções (1991), Estranhos Prazeres (1995) e este Quando Chega a Escuridão.

O papel principal é de Adrian Pasdar, que ficou mais famoso quase vinte anos depois, com o Nathan Petrelli da série Heroes. Também no elenco, Jenny Wright, Lance Henriksen e Bill Paxton.

Por fim, queria levantar um questionamento sobre o download de filmes. Sim, a gente sabe que é errado. Mas… Quando Chega A Escuridão nunca foi lançado em dvd por aqui. Ok, sem problemas, no mundo globalizado de hoje, posso comprar um dvd importado. Fiz isso, comprei um dvd original gringo. Mas não tem legendas, nem em inglês. Tentei ver mesmo assim, mas não consegui acompanhar os diálogos. Sei que na análise fria da lei, baixar filme é errado. Mas, se o cara já tem o filme original, se o cara pagou por uma cópia oficial, ele não deveria ter o direito de ver o filme – nem que precise baixar uma cópia para isso?