Homens, Mulheres e Filhos

0-Homens Mulheres e FilhosCrítica – Homens, Mulheres e Filhos

Um grupo de adolescentes do ensino médio e seus pais tentam lidar com as mudanças sociais que a internet impôs a seus relacionamentos, sua comunicação, autoimagem e vidas amorosas. Um olhar sobre a anorexia, a infidelidade, a busca pela fama e a proliferação de material não autorizado na internet, revelando que ninguém está imune às armadilhas criadas por nossos smartphones, tablets e computadores.

Baseado no livro homônimo de Chad Kultgen, o novo filme de Jason Reitman (Juno, Amor Sem Escalas), Homens, Mulheres e Filhos (Men, Women & Children, no original) é um bom retrato das relações interpessoais através do uso da internet na sociedade atual.

Às vezes Homens, Mulheres e Filhos parece um Picardias Estudantis contemporâneo – assim como o filme de 1982, Homens, Mulheres e Filhos parece uma comédia, mas na verdade é um drama que mostra um retrato de uma sociedade e seus personagens comuns, e como eles se relacionam entre si. Inclusive, alguns temas aparecem nos dois filmes, como o garoto com postura de pegador mas com problemas sexuais ou a menina que tem uma experiência frustrante com a primeira vez (e acaba engravidando sem querer).

A grande diferença, além das três décadas que separam os filmes (e de toda a tecnologia conectada à internet), é que Homens, Mulheres e Filhos também mostra o lado dos pais, ignorados no filme dos anos 80.

A narrativa de Homens, Mulheres e Filhos vai seguindo estes personagens (não temos um personagem principal) em seus dramas pessoais, e Reitman consegue envolver a audiência, consegue trazer o espectador para dentro daquele mundo.

O elenco está muito bem. Adam Sandler surpreende em uma atuação contida, bem diferente do seu caricato habitual. Jennifer Garner é outro destaque, fazendo a mãe paranoica – que nos ensina “o que não fazer”. Ainda no elenco dos adultos, Judy Greer, Rosemarie DeWitt, Dean Norris, Dennis Haysbert, J.K. Simmons e a voz de Emma Thompson como narradora. No elenco “jovem”, acho que o único conhecido é Ansel Elgort, de A Culpa é das Estrelas. Será que em breve ouviremos falar mais de nomes como Olivia Crocicchia, Elena Kampouris e Kaitlyn Dever? (Lembrem-se que Picardias Estudantis tinha, entre outros, Forest Whitaker num papel pequeno e Nicolas Cage numa ponta, sem falas…)

Por fim, preciso falar que gostei muito dos efeitos especiais usados para demonstrar o mundo virtual paralelo ao mundo real. Realmente criativos, os efeitos serviram pra ilustrar como o mundo atual funciona.

Quero Matar Meu Chefe 2

0-queromatarmeuchefe2Crítica – Quero Matar Meu Chefe 2

O primeiro Quero Matar Meu Chefe custou 35 milhões de dólares e rendeu mais de 117 milhões. Claro que iam fazer uma continuação, né?

Cansados de experiências ruins com seus chefes, os amigos Nick, Kurt e Dale resolvem abrir seu próprio negócio. Mas, quando a companhia começa a deslanchar, eles sofrem um golpe do investidor que bancou o negócio. O trio decide partir para um ato desesperado: sequestrar o filho do investidor.

Quero Matar Meu Chefe era uma comédia meio besta que se apoiava em duas coisas: um trio de protagonistas com boa química (Jason Bateman, Jason Sudeikis e Charlie Day) e excelentes coadjuvantes. Na continuação dirigida pelo pouco conhecido Sean Anders, a boa química do trio continua, e temos mais dois bons atores engrossando o corpo de coadjuvantes. Pena que o humor continue grosseiro e com um pé na escatologia – não é exatamente o meu estilo preferido. Se salvam algumas piadas politicamente incorretas, isso sim está mais perto do meu gosto.

Se o roteiro é previsível e as piadas nem sempre são engraçadas, o que salva o filme são os coadjuvantes. Colin Farrell é o único que não está na continuação, mas Jennifer Aniston, Kevin Spacey e Jamie Foxx estão de volta aos seus papeis. E o filme ganhou muito com a adição dos novos coadjuvantes, Christoph Waltz e Chris Pine.

(Curioso ver que uma comédia besta conta com três ganhadores de Oscar: Kevin Spacey, Jamie Foxx e Christoph Waltz. Parabéns aos responsáveis, sem estes três, Quero Matar Meu Chefe 2 seria bem mais fraco. Os três estão ótimos!)

Mesmo assim, Quero Matar Meu Chefe 2 não convence. O humor bobo prevalece e o resultado final é fraco. Talvez divirta quem quiser algo descartável, pra se esquecer no dia seguinte. E só.

Por fim: achei uma pena não ver uma cena com Foxx e Waltz, para revermos Django e dr. King Schultz mais uma vez juntos. Se heu fosse o diretor, não perderia esta oportunidade…

Caçada Mortal

Caçada MortalCrítica – Caçada Mortal

Ontem falei de um “James Bond genérico”. Hoje é dia de um “Liam Neeson genérico”.

Nova York, anos 90. Matt Scudder é um ex-policial que agora trabalha como investigador privado, muitas vezes agindo fora da lei. Com uma certa relutância, ele aceita ajudar um traficante que está atrás do homem que sequestrou e matou sua esposa.

Liam Neeson é um grande ator, ninguém duvida disso. E ele vive uma trajetória incomum na sua carreira: depois dos cinquenta e cinco anos de idade, virou herói de filmes de ação – desde o Busca Implacável de 2008, já tivemos Esquadrão Classe A, Desconhecido, A Perseguição, Battleship, Batman, Sem Escalas… Dirigido por Scott Frank, Caçada Mortal (A Walk Among the Tombstones, no original) é mais um filme para o currículo do “action hero” agora sessentão (Neeson nasceu em 52).

A narrativa é um pouco lenta, e o final é um pouco previsível, mas nada grave. O filme é bem feito, bem conduzido, bons personagens, boa fotografia, mas parece que a gente já viu tudo isso antes, por isso citei “genérico” lá em cima. Caçada Mortal é um filme correto, mas esquecível. Bom divertimento descartável.

O personagem Matt Scudder veio da literatura, existe uma série de 17 livros escritos por Lawrence Block – Caçada Mortal é baseado no livro homônimo lançado originalmente em 1992. Curiosamente, este não é o primeiro filme do personagem. Morrer Mil Vezes, de 1986, traz Jeff Bridges interpretando o mesmo detetive.

No elenco, o nome é Liam Neeson. Fosse outro ator, Caçada Mortal seria um filme besta que nem seria lançado no circuito. Acompanham Neeson os pouco conhecidos David Harbour, Dan Stevens, Ólafur Darri Ólafsson e Brian ‘Astro’ Bradley.

Caçada Mortal não é um filme memorável, mas vai agradar aqueles em busca do “novo filme de ação do Liam Neeson”.

November Man: Um Espião Nunca Morre

0-November ManCrítica – November Man: Um Espião Nunca Morre

Ué? Pierce Brosnan voltou ao 007?

James Bond Peter Deveraux, um ex-espião da CIA, é chamado de volta à ação por motivos pessoais, e se vê contra o seu antigo pupilo num jogo mortal que envolve altos agentes da CIA e o provável novo presidente da Rússia.

Explicando a primeira frase: não, Brosnan não está de volta ao seu personagem mais famoso. É que November Man: Um Espião Nunca Morre (November Man, no original) parece querer ser um “James Bond genérico”. O filme é construído para o espectador acreditar que Peter Deveraux é o James Bond voltando da aposentadoria – e o título nacional ajuda isso. Usaram até uma ex-bond girl no elenco…

Na comparação, claro que perde para o 007 – uma franquia que apesar de longeva sempre manteve a alta qualidade, mesmo depois da influência dos filmes da série Bourne, que deram uma sacudida no cinema contemporâneo de espionagem.

Na verdade, o que mais me incomodou não foi a falta de originalidade – alguns bons filmes por aí são ideias copiadas. O pior problema foi um roteiro previsível e inconsistente – escrito por dois roteiristas com currículos duvidosos, Karl Gajdusek (Reféns), e Michael Finch (Predadores). Algumas cenas são desnecessárias e/ou não têm muita lógica, como todas as cenas que envolvem a vizinha de (a cena sem lógica é quando ela vira refém, algo incoerente com o personagem, na minha humilde opinião).

A direção ficou nas mãos de Roger Donaldson, que, apesar de ter dirigido o primeiro A Experiência (em 1995), nunca se firmou no primeiro time de diretores. Assim como este seu filme mais recente, Donaldson virou um diretor “genérico” para filmes de ação, seus dois filmes anteriores foram O PactoEfeito Dominó, dois filmes que não são ruins mas tampouco são bons.

No elenco, além de Brosnan, o único nome conhecido é a Olga Kurilenko, que estava em 007 – Quantum of Solace. Ainda no elenco, Luke Bracey, Bill Smitrovich e Will Paton.

Enfim, quem não for muito exigente pode se divertir.

Uma Noite de Crime: Anarquia

0-uma-noite-de-crime-anarquiaCrítica – Uma Noite de Crime: Anarquia

Continuação de Uma Noite de Crime

Algumas pessoas se vêem perdidas nas ruas poucas horas antes da tradicional noite em que todos os crimes são permitidos pelo governo, para os cidadãos poderem liberar os seus instintos violentos. Sem poder contar com a ajuda de ninguém, eles se ajudam para tentar sobreviver à barbárie nas ruas.

Tenho um problema com o conceito da série Uma Noite de Crime. Quando vi o primeiro filme, escrevi na minha crítica que acho muito estranho tudo ser focado apenas em assassinatos. Parece que todos os que vivem naquela sociedade se divertem vendo pessoas morrendo, e ninguém pensa em outros crimes, digamos, lucrativos, como furtos, roubos, fraudes, desvio de dinheiro – imaginem um hacker se divertindo em sites de bancos? Isso sem contar com crimes ligados a motivos pessoais. O cachorro do vizinho vive fazendo cocô no seu jardim? Pode botar fogo na casa dele. O outro vizinho comprou um carro melhor que o seu e gosta de ostentar? Pode depredar o carro. Sua ex te enche o saco? Pode matá-la.

Pelo menos neste aspecto, Uma Noite de Crime: Anarquia (The Purge: Anarchy, no original) é um pouco mais abrangente que o primeiro filme. Vemos crime passional, tentativa de estupro… Ainda falta muito pro conceito convencer, mas já melhorou.

(Mesmo assim, o próprio conceito traz algumas coisas sem sentido. Logo que começa o “purge”, vemos um casal, com os dois fortemente armados, passeando calmamente na calçada. Passa um caminhão ao lado deles, eles quase dão tchauzinho, como se fosse uma noite tranquila. Aí alguém de dentro do caminhão fuzila o casal. Caramba, pra que aquele casal estaria de bobeira ali???)

Também escrito e dirigido pelo mesmo James DeMonaco que escreveu e dirigu o primeiro, Uma Noite de Crime: Anarquia mostra a desordem nas ruas (o primeiro focava mais em uma família e seus vizinhos). Neste aspecto, este filme é superior ao outro. Aqui também vemos interesses financeiros por trás do “purge”, ou aspecto interessante que não foi abordado antes.

Se o filme anterior trazia dois nomes conhecidos (Ethan Hawke e Lena Headey), este aqui tem menos “star power”. O elenco conta com Frank Grillo, Kiele Sanchez, Carmen Ejogo, Zoë Soul e Zach Gilford.

O filme não termina exatamente com um gancho, mas conseguimos imaginar o plot de um provável terceiro filme…