Sting: Aranha Assassina

Critica – Sting: Aranha Assassina

Sinopse (imdb): Depois de criar em segredo uma aranha incrivelmente talentosa, Charlotte, de 12 anos, deve enfrentar os fatos sobre seu animal de estimação – e lutar pela sobrevivência de sua família.

Falei há pouco sobre um filme francês de aranhas assassinas, hoje é dia de falar de um filme australiano de aranhas assassinas. Mas são filmes bem diferentes. Se Infestação era um filme mais sério, com uma crítica social embutida, fazendo um paralelo com imigrantes indesejados, Sting: Aranha Assassina é mais galhofa, é mais um “filme de monstro”. E, na minha humilde opinião, o resultado aqui, despretensioso e divertido, ficou melhor.

Dirigido por Kiah Roache-Turner, Sting: Aranha Assassina já começa no meio da ação, e depois a narrativa volta quatro dias pra mostrar como tudo começou: um pequeno meteorito cai dentro de um apartamento, e de dentro dele sai uma aranha. Uma menina resolve “adotar” a aranha, que começa a crescer cada vez mais.

Sting: Aranha Assassina é basicamente um filme de sobrevivência contra um monstro, mas o roteiro tem algumas boas sacadas, como colocar a trama no meio de uma nevasca que assola a cidade, isolando ainda mais os personagens, e também criar um conflito entre a jovem protagonista Charlotte e seu padrasto.

Ainda rolam algumas divertidas referências a outros filmes, tipo a frase “if it bleed, we can kill it” (se sangra, podemos matar), de Predador; ou o personagem usar uma pistola de pregos, como em Aracnofobia; ou ainda alguns momentos que lembram Alien.

Por outro lado, precisamos reconhecer que rolam algumas forçações de barra. Vou dar só um exemplo: Charlotte guarda a aranha num pote de vidro com uma tampa de rosca. Determinado momento vemos que a aranha consegue abrir a tampa, por dentro do pote. Já é meio forçado acreditar que uma aranha consiga abrir uma tampa daquele jeito, mas, seria impossível a aranha fechar o pote depois de voltar!

Gostei da parte técnica. Não sei se eram efeitos práticos ou digitais, o imdb não traz informações sobre isso. Mas posso dizer que funcionou. Todas as cenas com a aranha são boas.

No elenco, foi uma agradável surpresa ver Alyla Browne, a versão criança da Furiosa. Mais uma vez, a menina manda bem, vou aguardar novos filmes com ela. Por outro lado, não gostei do Jermaine Fowler, o exterminador, achei ele caricato demais, acima do tom do resto do filme. Também no elenco, Ryan Corr, Penelope Mitchell e a voz de Kate Walsh ao telefone.

Segundo o FilmeB, Sting: Aranha Assassina estreia aqui dia 19 de setembro.

10 Filmes que mostram bastidores da indústria pornô

10 Filmes que mostram bastidores da indústria pornô

Quando vi MaXXXine, fiquei me lembrando de outros filmes que traziam os bastidores da indústria pornô. Resolvi então fazer esta lista. Não são filmes que mostram pornografia, são filmes que trazem bastidores.

(Se vocês quiserem, depois posso trazer uma lista de filmes mainstream que trazem cenas de sexo explícito. É um assunto que tem a ver, mas não é a mesma coisa.)

Não vi dois dos dez, então não vou fazer uma ordem de preferência. Vai na ordem cronológica.

Dublê de Corpo (1984)
Um ator fracassado resolve stalkear uma atriz pornô, e chega a fazer uma cena com ela. Filmaço do Brian De Palma, a pornografia aqui é mero pano de fundo.

Boogie Nights Prazer Sem Limites (1997)
Um dos primeiros filmes do hoje consagrado Paul Thomas Anderson. O ótimo elenco conta com Mark Wahlberg, Julianne Moore, Burt Reynolds, Don Cheadle, John C. Reilly, William H. Macy, Philip Seymour Hoffman e Heather Graham. Concorreu a 3 Oscars (roteiro, ator coadjuvante e atriz coadjuvante). Filmaço!

Orgazmo (1997)
Co-escrito, dirigido e estrelado por Trey Parker, um dos criadores de South Park, ao lado de Matt Stone (o outro roteirista). O filme segue o estilo de humor do desenho, e tem vários atores e atrizes pornô no elenco. Anos depois virou um musical para o teatro, “The Book of Mormon”.

Censura Máxima (2000)
O filme mostra os irmãos Artie e Jim Mitchell, dois empresários de filmes pornôs que conheceram a fama e se entregaram ao mundo das drogas e sexo dos anos 70. Dirigido por Emilio Estevez, que estrelou ao lado do irmão Charlie Sheen.

Crimes em Wonderland (2003)
John Holmes foi um dos maiores nomes do pornô de todos os tempos. Em 1981, com a carreira em decadência e endividado devido ao vício em drogas pesadas, ele teria se envolvido em um crime que resultou na morte de quatro pessoas.

Show de Vizinha (2004)
Apesar do tema, é quase uma comédia romântica. É o filme mais leve dessa lista. Estrelado por Emile Hirsch e Elisha Cuthbert.

Pagando Bem Que Mal Tem (2008)
Comédia meio boba escrita e dirigida por Kevin Smith, o primeiro filme dele fora do “view askew universe” (não estou contando com Menina dos Olhos). Estrelado por Seth Rogen e Elizabeth Banks, tem a Traci Lords num papel pequeno (e bem comportado).

Lovelace (2013)
Amanda Seyfried interpreta a atriz pornô Linda Lovelace, protagonista de Garganta Profunda, grande sucesso no inicio dos anos 70. Se por um lado o filme trouxe muito sucesso para Linda, por outro ela teria sofrido nas mãos do marido uma série de intimidações, abusos e violências.

Pleasure (2021)
Escrito e dirigido pela sueca Ninja Thyberg, Pleasure se baseia em um extenso estudo feito por ela sobre a indústria pornográfica. Boa parte do elenco é de atores e atrizes pornô, e talvez este seja o mais gráfico desta lista – mas ainda não vi, nunca foi lançado por aqui.

X (2022)
Filme escrito e dirigido por Ti West, que acabou virando o primeiro de uma trilogia, seguido por Pearl e MaXXXine. É um bom slasher.

Deadpool & Wolverine

Crítica – Deadpool & Wolverine

Sinopse (imdb): Wolverine está se recuperando de seus ferimentos quando cruza o caminho do tagarela Deadpool. Eles se unem para derrotar um inimigo em comum.

Antes de tudo, um aviso: fuja de spoilers! Este texto é spoiler free.

Heu reconheço que o estilo deste filme me conquista com facilidade. Humor negro e politicamente incorreto, muitas referências e muita metalinguagem. Ou seja, adorei. Mas não sei se minha opinião é 100% confiável neste aspecto em particular…

Os outros dois filmes do Deadpool eram da Fox. Este é o primeiro dentro da Marvel / Disney. A grande dúvida era se a mudança de estúdio suavizaria o filme. Felizmente não aconteceu, e o filme mostra isso logo de cara. A sequência dos créditos iniciais tem mais sangue do que todo o resto do MCU somado.

O Deadpool do Ryan Reynolds continua o mesmo, sacaneando tudo e todos, o tempo todo. E trazer o Hugh Jackman como um Wolverine mal humorado ajudou a equilibrar a galhofa do filme.

A direção é de Shawn Levy, que deve ser um bom amigo do Ryan Reynolds (que aqui além de protagonista também está creditado como um dos roteiristas). Levy dirigiu dois filmes recentes com Reynolds, Free Guy e O Projeto Adam.

Deadpool & Wolverine tem MUITAS referências. Heu não peguei todas, porque são referências a outros filmes e também a quadrinhos. E na parte da metalinguagem, o Deadpool passa o filme todo sacaneando a Fox, a Marvel e a Disney. É até estranho a gente ver que a Disney liberou um filme tão incorreto assim.

Tinha gente achando que este Deadpool & Wolverine “consertaria” o universo Marvel, mas este não foi o foco. E achei que acertaram o caminho, porque em vez de se preocupar em inserir o personagem dentro do contexto do MCU, o que vemos são piadas usando todo o universo Marvel, incluindo filmes de fora do universo cinematográfico da Marvel.

Temos algumas lutas entre os dois protagonistas, todas são boas. Agora, rolam duas lutas envolvendo vários personagens, e tenho opiniões opostas com relação a elas. A primeira é confusa, câmera tremida, vários personagens espalhados, não conseguimos entender nada do que está acontecendo. Por outro lado, a outra luta é em câmera lenta, com poucos cortes, a câmera deslizando suavemente para o lado, acompanhando as coreografias. Estranho dois estilos tão diferentes dentro do mesmo filme.

Os efeitos especiais são perfeitos. E preciso dizer que gostei muito do efeito quando um personagem entra na cabeça de outros, e vemos os dedos passeando por dentro da cabeça. E também preciso falar da trilha sonora, repleta de músicas pop conhecidas, todas muito bem usadas.

No elenco, já falei, os dois protagonistas são perfeitos. Ryan Reynolds foi um Deadpool todo errado no filme X-Men Origens: Wolverine, e é um raro “case de sucesso” de ator que reinventou o personagem nos filmes “solo” do personagem. E rolam várias piadas pela Internet sobre o Hugh Jackman como Wolverine, porque já tiveram vários atores como Batman, como Superman, como Homem Aranha, mas Wolverine sempre foi o Jackman – há mais de vinte anos! E confesso que achei ótima a vilã de Emma Corrin.

(Claro, tem mais gente, mas é spoiler!)

E não posso deixar de citar o cachorro Dogpool. Que cachorro feio! Acho que nunca vi um cachorro tão feio!

Por fim, fiquem até o fim dos créditos. Durante os créditos rolam cenas de bastidores de filmes da Marvel, e lá no finzinho tem uma piadinha.

Arcadian / Depois do Apocalipse

Crítica – Arcadian / Depois do Apocalipse

Sinopse (imdb): Um pai e seus filhos gêmeos adolescentes lutam para sobreviver em uma casa de fazenda remota no fim do mundo.

Filme pós apocalíptico, de monstro, e estrelado pelo Nicolas Cage. Claro que entra no meu radar!

Parece uma versão de Um Lugar Silencioso, mas com monstros sensíveis à luz em vez do som. Não tenho nada contra ideias recicladas, mas o filme precisa ser bom, e Arcadian tem algumas ideias boas, outras nem tanto.

Dirigido pelo pouco conhecido Benjamin Brewer, Arcadian explica pouca coisa. O filme começa com o Nicolas Cage fugindo, e ouvimos ao fundo gritos e sons de tiros, mas não vemos nada. Passam-se alguns anos e agora nosso protagonista vive num lugar isolado, acompanhado pelos seus dois filhos. E sabemos que, quando a noite cai, algo espreita a casa, mas não sabemos o que.

A primeira cena onde vemos algo do monstro é sensacional, quando vemos a “mão” da criatura tentando entrar por um buraco na porta. Mesmo assim, continuamos sem saber como é o tal monstro! Gosto desse conceito, de se manter o mistério sobre o que é a criatura, defendo isso desde o primeiro Alien, de 1979. É muito mais assustador quando não sabemos o que está atacando!

Quando o monstro finalmente aparece, tem uma coisa que gostei, outra nem tanto. Gostei da velocidade das mandíbulas quando eles atacam, aquilo ficou realmente assustador. Por outro lado, não entendi o lance deles se juntarem e virarem uma grande roda. É o mesmo tipo de criatura ou tem outra espécie capaz de fazer aquilo?

Os efeitos especiais são apenas ok. Muitas cenas escuras, provavelmente pra esconder falhas no cgi. E em algumas cenas, o cgi dos monstros fica muito aparente. Além disso, a câmera é tremida o tempo todo. Às vezes dá nervoso.

Agora, Arcadian tem um problema na segunda metade. Acontece uma coisa com o personagem do Nicolas Cage e ele passa a ser um coadjuvante. Coincidência ou não, o ritmo do filme cai bastante depois que muda o protagonismo.

No elenco Jaeden Martell e Maxwell Jenkins fazem os filhos do Nicolas Cage, os atores não são ruins, mas os personagens são fuen. Sadie Soverall faz o único outro papel relevante.

Arcadian não é ruim, mas é uma ideia reciclada que fica alguns degraus abaixo da ideia original. Vamos ver se vai ter continuação pra gente saber um pouco mais sobre esses monstros.

Acolyte – primeiras impressões

Acolyte – primeiras impressões

Hoje é quarta, Acolyte acabou ontem, heu deveria fazer um texto analisando a série. Mas preciso rever tudo, são 8 episódios, e vou viajar amanhã, os filhos estão de férias e vou passar 4 dias offline com eles. E o texto seria mais um pra falar mal, porque é um consenso de que Acolyte é a pior coisa já feita dentro do universo de Star Wars. Então, em vez de um texto “chutando cachorro morto”, vou preparar pra semana que vem um texto semelhante ao que fiz com a série Obi Wan, citando “6 tosqueiras toscas em Obi Wan”.

Em primeiro lugar, a série é feita por quem não gosta de Star Wars. A showrunner (e também roteirista e diretora) Leslye Headland resolveu criar polêmicas como quando disse que “R2D2 é uma lésbica”. Vem cá, em algum momento dos nove filmes onde o R2D2 aparece, tem alguma única cena ligada à sexualidade dele? É um robô! Não estou nem entrando no mérito sobre heterossexualidade vs homossexualidade, a parada aqui é mais básica: É UM ROBÔ! NÃO TEM SEXO! Uma pessoa que dá uma declaração dessas, na verdade, não quer provar uma teoria, o que ela quer é agredir todo um fandom. Pra que levantar uma bandeira onde não existe espaço pra isso? Agora, ela pode dizer que quem não gosta da série é homofóbico. Dona, não tem nada a ver. Não force a barra.

Mas, esse não é o pior problema de Acolyte. Tem algo pior: não respeita o canon de Star Wars. Se você vai escrever uma história que se passa dentro de um universo onde existem vários filmes, séries, desenhos, livros e videogames, você precisa estudar esse universo, pra poder encaixar a sua historia sem entrar em conflito com outras coisas que já existem lá. E Acolyte não fez o dever de casa, como, por exemplo, quando coloca o Ki-Adi-Mundi, personagem que estava em Star Wars Ep 1 – e que não tinha idade para estar vivo na época em que se passa a série. Isso dentre várias outras coisas…

Mas, na verdade, esse também não é o pior problema de Acolyte. Uma história no estilo “What If”, num universo paralelo, fora do canon, pode ser boa. O pior problema é que é uma série ruim. A história é ruim, mal contada. Tecnicamente tem vários erros, é uma série mal dirigida e mal editada. É mal escrita, várias coisas no roteiro não fazem sentido. E o pior de tudo: é uma história chata. São episódios de pouco mais de meia hora, que cansam, com personagens sem carisma carregando uma história sem graça. Se não fosse Star Wars, heu teria parado no segundo episódio.

Enfim, semana que vem providencio o texto com tosqueiras da série. E fico na torcida pra não ter uma segunda temporada.

Um Tira da Pesada 4: Axel Foley

Critica – Um Tira da Pesada 4: Axel Foley

Sinopse (imdb): O detetive Axel Foley se vê novamente envolvido nos ambientes sofisticados de Beverly Hills para investigar a morte prematura de um conhecido de longa data.

Quando anunciaram Um Tira da Pesada 4, pensei em não fazer crítica, porque lembro pouco do primeiro filme (de 1984), não lembro de absolutamente nada do segundo (87) e não lembro nem se vi o terceiro (94) – devo ter visto, em 94 tinham menos filmes sendo feitos, era mais fácil acompanhar todos os lançamentos. Mas tá todo mundo falando, então resolvi encarar.

Vou repetir um comentário que fiz outro dia no texto sobre Meu Malvado Favorito 4. Alguns filmes escolhem o caminho seguro e repetem uma fórmula que já deu certo antes. É o caso aqui. Um Tira da Pesada 4: Axel Foley (Beverly Hills Cop: Axel F, no original – devem ter gostado da ideia de colocar o nome do personagem no título, como Top Gun Maverick) é exatamente igual ao primeiro filme, com tudo de positivo e de negativo que isso traz.

Por um lado, é ruim. A gente já viu tudo isso. Meio que tanto faz assistir este quarto filme ou rever o primeiro. Mas, por outro lado, quem vai ver um quarto filme do Axel Foley acho que não está procurando novidades. É, pensando por esse lado, a produção acertou. Porque acredito que o filme vai agradar a todos os fãs da franquia.

Preciso reconhecer uma coisa: Eddie Murphy está muito bem. Tanto na parte física – ele está com 63 anos, e continua com a mesma cara! Só pra um efeito de comparação: Judge Reinhold é quatro anos mais velho, e está muito mais acabado! Mas, além de estar bem fisicamente, Murphy ainda é muito carismático e carrega facilmente o filme nas costas. Agora, algumas piadas ficaram datadas. Se quarenta anos atrás a gente ria com afeminado Serge interpretado por Bronson Pinchot, hoje em dia isso não tem mais nenhuma graça.

A direção é do estreante Mark Molloy, o que é curioso porque as outras duas continuações traziam nomes consagrados (Tony Scott e John Landis). Acredito que deve ser estratégia pra ser um filme com “cara de produtor”.

(Aliás, descobri que o terceiro filme é odiado por quase todos, inclusive pelo próprio Eddie Murphy. O roteiro brinca com isso. Quando Joseph Gordon-Levitt analisa os outros três casos de Axel em Beverly Hills, ele menciona que o terceiro “não foi seu melhor momento”, uma clara referência ao Tira da Pesada 3.)

Agora, se tenho um grande elogio é à trilha sonora. Não estou falando da ideia óbvia de usar músicas do primeiro filme – assim como Top Gun Maverick abre com a mesma música do primeiro Top Gun, este quarto filme abre com The Heat is On, do primeiro. Na verdade estou falando do icônico tema instrumental do Harold Faltermeyer (que toda uma geração conhece como “Crazy Frog”), que aqui aparece adaptado em várias versões. O trabalho feito em cima do conhecido tema ficou muito bom.

No elenco, vários atores que já estiveram nos outros filmes, como os já citados Judge Reinhold e Bronson Pinchot, e também John Ashton e Paul Reiser (que estavam nos dois primeiros filmes). De novidade, Taylour Paige, Joseph Gordon-Levitt e Kevin Bacon, além de pontas de Luis Guzmán e Christopher McDonald.

Resumindo: mais do mesmo. O que pode ser bom dependendo de quem for ver o filme.

Hora do Massacre

Crítica – Hora do Massacre

Sinopse (imdb): Na tentativa de chamar atenção para a crise ambiental, jovens ativistas decidem invadir e vandalizar uma loja de móveis. No entanto, o protesto se transforma em um massacre quando se veem presos com um segurança obsessivo por caça.

Hora do Massacre (Wake Up, no original) parte de uma proposta interessante: um grupo de ativistas entra à noite numa loja tipo a Tok & Stok pra vandalizar tudo, em protesto porque supostamente a loja apoia o desmatamento da Amazônia. Um guarda noturno acaba morrendo acidentalmente. O outro guarda noturno, que é um psicopata completamente desequilibrado, sai então à caça dos ativistas.

(O título original é “Wake Up’, que é o que os ativistas picham nas paredes e nos móveis. Mas gostei do título brasileiro, que lembra a época da “espantomania”, uma onda de filmes de terror que começavam com “A Hora”: A Hora do Espanto, A Hora do Pesadelo, A Hora do Lobisomem, A Hora da Zona Morta e A Hora dos Mortos Vivos).

Hora do Massacre é curtinho, tem uma hora e vinte e três minutos, e vai direto ao assunto. Somos logo apresentados aos dois guardas noturnos, cada um com seus problemas pessoais, e também ao grupo de ativistas, e logo a ação começa. Só um cenário, só 8 atores, tudo se passa em uma única noite. Um filme “pequeno”, com uma ideia simples e eficiente.

Hora do Massacre é o novo projeto do trio de diretores canadenses François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karl Whissell, também conhecidos por RKSS (Roadkill Superstars). Ainda não tinha visto nenhum filme deles, agora quero procurar Verão de 84, de 2018.

Uma coisa legal aqui é que não tem nenhum “mocinho”. Muitas vezes vemos um filme nesse formato, e nos identificamos com um dos lados, mas aqui os dois estão errados. Por outro lado, o roteiro tem algumas conveniências, tipo um personagem levar uma facada profunda na altura do coração e continuar andando e correndo como se estivesse sem nenhum machucado. Nada grave, felizmente. E é filme de terror, acontecem mortes. Temos alguma violência gráfica, mas, pensando na proposta, na minha humilde opinião Hora do Massacre podia ter um pouco mais de gore.

Por fim, uma coisa que não li em nenhum lugar, mas fiquei pensando. O guarda que faz as armadilhas se chama Kevin. Será uma homenagem a Esqueceram de Mim?

Bom filme pra quem curte o gênero.

Twisters

Crítica – Twisters

Sinopse (imdb): Uma atualização do filme “Twister” de 1996, centrado em uma dupla de caçadores de tempestades que arriscam suas vidas em uma tentativa de testar um sistema experimental de alerta meteorológico.

Hollywood gosta de franquias. É mais fácil vender um filme ligado a uma franquia do que um filme “solo”. Sendo assim, agora, 28 anos depois do primeiro Twister, temos um novo filme. Mas o curioso aqui é que este Twisters não é uma continuação, nem um reboot, nem um remake. É apenas mais um filme usando a mesma premissa. A vantagem pra quem tem memória ruim que nem heu é que não precisa rever o original, porque este novo não tem nenhuma conexão com aquele (sorte minha, porque não lembro de nada do original).

Achei curioso ver que a direção é de Lee Isaac Chung, que chegou a ser indicado a dois Oscars por Minari (roteiro e direção), um filme que não tem nada a ver com o estilo de Twisters. Chung já tinha mostrado que sabe fazer filmes mais intimistas, agora prova que dominou perfeitamente o formato blockbuster. A parte técnica enche os olhos. Em momento algum os tornados parecem fake, o cgi é perfeito.

Twisters começa bem, vamos direto pra ação, Daisy Edgar-Jones lidera uma equipe de estudantes que estão caçando tornados. Mas as coisas não vão como o planejado, e ela acaba desistindo. Até que, cinco anos depois, ela acaba voltando ao “circuito de caçadores de tornados”, dominado por dois grandes grupos, de estilos e propostas diferentes.

Tem uma coisa curiosa na construção desses dois grupos rivais. Um deles, liderado pelo co-protagonista Glen Powell, é uma galera arruaceira e espalhafatosa que aparentemente só caça tornados para conseguir views no youtube. Daisy integra o outro, de cientistas que querem estudar o fenômeno meteorológico. Por um lado, o roteiro consegue subverter a importância dos dois grupos de maneira inteligente, o espectador começa o filme simpatizando com um, mas termina apoiando o outro. Mas, teve uma coisa que ficou estranha. O grupo de cientistas usa um dinheiro nada ético, de um cara que faz especulação imobiliária em cima de terrenos devastados pelos tornados. Mas, se por um lado o cara não é ético e ganha dinheiro com a miséria dos outros, por outro lado ele está investindo dinheiro na pesquisa. Ou seja, ele não é de todo mau. Pelo filme, heu entendi que ele quer resolver os problemas a longo prazo.

Mesmo com essa falha na construção de um desnecessário vilão, gostei do roteiro, que consegue fazer um “feijão com arroz” muito bem construído, tanto na parte de espalhar situações de tornados ao longo do filme (são pelo menos cinco sequências tensas e eletrizantes perseguindo tornados), quanto na construção do casal, que lembra a fórmula das comédias românticas: inicialmente eles não se gostam, mas acabam desenvolvendo um relacionamento. E preciso dizer que ambos os atores, Daisy Edgar-Jones e Glen Powell, estão ótimos – o carisma da dupla é um dos trunfos do filme.

Ainda sobre o elenco, Anthony Ramos completa o trio principal. Mas, prestem atenção no cara que está sempre ao lado dele, interpretado por David Corenswet – esse cara será o novo Superman! Também tem uma ponta da Maura Tierney. Sim, podia ser a Helen Hunt, mas, como falei, esse filme não se conecta ao original.

Queria falar mal de uma coisa do fim, mas é spoiler, então siga por sua conta e risco.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Já comentei aqui diversas vezes sobre decisões burras de personagens. Mas aqui tem uma bem complicada. Eles têm um plano para dissipar um tornado. Estão literalmente ao lado desse tornado. Mas dizem “ele está indo pra uma cidade aqui perto, vamos lá ajudar!”. Ora, se eles não fossem até a cidade e focassem no tornado, a cidade não seria destruída e não precisaria da ajuda deles!

FIM DOS SPOILERS!

Twister, de 1996, era um bom filme pipoca, mas nada demais, tanto que a gente lembra mais de outros filmes da época, como Missão Impossível, Independence Day ou Um Drink Para o Inferno. Este novo Twisters também é um entretenimento competente, galera vai se divertir, ninguém vai sair decepcionado da sala de cinema. Mas assim como o anterior, acho que vai ser esquecido em breve.

Uma Natureza Violenta / In a Violent Nature

Crítica – Uma Natureza Violenta / In a Violent Nature

Sinopse (imdb): Um monstruoso morto-vivo causa uma chacina entre um grupo de campistas que perturbaram seu túmulo.

Outro dia uma amiga me recomendou um novo slasher, que estava sendo vendido como “o filme mais assustador de todos os tempos”: In a Violent Nature, novo filme da Shudder. Segundo o imdb, aqui o filme se chamará Uma Natureza Violenta.

Comecei a ver e já saquei que o roteirista e diretor Chris Nash quer ser “diferentão”: o formato de tela é o 4 x 3, da época das tvs de tubo. Por que diabos alguém em 2024 vai usar um formato obsoleto? Ora, pra fazer “filme de arte”.

Ok, deixa o formato pra lá, isso não define a qualidade de um filme. Vamulá. Por um lado, In a Violent Nature acerta em tentar mostrar o slasher por um ângulo diferente. Por outro lado, é um filme chaaato…

Somos apresentados a Johnny, uma espécie de cosplay de Jason Voorhees: um morto vivo grandalhão e muito forte, mudo, que persegue e mata as pessoas, e que não morre. A única diferença é a máscara, em vez de máscara de hockey, esse aqui usa uma máscara diferente, disseram que é dos bombeiros (mas heu nunca tinha visto aquela máscara). E a camera acompanha o Johnny em looongos passeios pela floresta. Às vezes escutamos diálogos ao fundo, mas continuamos andando pela floresta.

Sobre os diálogos ao fundo, tem uma cena onde Johnny chega perto de um grupo de jovens à beira de uma fogueira, mas não ataca. Por que? Porque o roteiro deve ter dito “fica aí quieto porque é o momento de explicar pro espectador a sua história”. E aí a gente fica ouvindo um bate papo longo e chato contando tudo o que aconteceu com o Johnny. Mas é uma cena ruim, que explica demais e que se estende demais.

Não sei se isso acontece durante todo o filme, mas me deu a impressão de que In a Violent Nature não tem trilha sonora – o que intensifica o tédio nesses entediantes passeios.

Por outro lado, algumas mortes aqui são muito boas. Tem uma cena em plongée (quando a câmera está pegando os personagens por cima), provavelmente filmada por drone, onde Johnny ataca duas vítimas, que é muito bem filmada – ele se levanta, joga o machado, depois anda na direção dos dois. Tem outra cena, a da menina fazendo yoga, que pode entrar na lista de “gores mais gore do cinema” (apesar de heu ficar na dúvida se um corpo se manteria em pé com aquilo tudo acontecendo). Quem estiver atrás de mortes bem filmadas, com bons efeitos práticos e de maquiagem, vai curtir.

Mas são poucos os momentos de ação e gore. Parece que o diretor queria valorizar mais as caminhadas do que os ataques do Johnny. E, pra piorar, no fim do filme tem um longo e entediante diálogo num carro, que não leva a lugar algum. São mais de dez minutos de blablablá, chegou um momento que me perdi. Se você reparou em algo interessante nesse diálogo, escreva aqui embaixo. E depois desse diálogo, a gente pensa “ok, ouvi esse papo chato, agora vai ter alguma coisa pra compensar”, e nada. O filme acaba.

Resumindo: gostei da ideia de ver um slasher sob outro ponto de vista, e gostei muito de algumas mortes. Mas esse filme podia ter meia hora.

Meu Malvado Favorito 4

Crítica – Meu Malvado Favorito 4

Sinopse (imdb): Gru, Lucy, Margo, Edith e Agnes dão as boas-vindas a um novo membro da família, Gru Jr., que tem a intenção de atormentar seu pai. Gru enfrenta um novo nêmesis, Maxime Le Mal e sua namorada Valentina, e a família é forçada a fugir.

Reconheço que não tenho tido muita vontade de ver animações. Mas admito que gosto do Gru, e gosto ainda mais dos minions. Então bora pro novo filme da franquia, o sexto se a gente contar com os dois filmes dos minions.

Comentei aqui outro dia sobre MaXXXine e a trilogia X. São três filmes bem diferentes entre si, o que mostra uma certa coragem do diretor Ti West, que não quis procurar o caminho fácil das repetições de fórmula. Já Meu Malvado Favorito 4 (Despicable Me 4, no original) segue o caminho oposto: “se deu certo, vamos repetir a fórmula”. Por um lado, é seguro, porque o filme é muito divertido e muito engraçado. Mas, por outro lado, precisamos reconhecer que estamos vendo ideias recicladas.

(E agora fico pensando quem mais é maluco igual a mim e vê filmes tão distintos quanto MaXXXine e Meu Malvado Favorito 4…)

Para o bem ou para o mal, Meu Malvado Favorito 4 é igual aos outros. Gru encontra um novo inimigo, e ao mesmo tempo rola uma trama paralela que o faz ficar entre ser bonzinho ou voltar a ser malvado. E, claro, os minions trazem piadas ótimas.

Heu adoro o humor anárquico dos minions. Só pra dar um exemplo: tem um momento onde acontece uma explosão e um minion começa a pegar fogo – e logo tem outro minion com um espetinho assando uma linguiça no coleguinha em chamas!

Rola uma novidade, alguns minions viram super minions (lembram heróis já conhecidos, tipo Superman, Ciclope (do X-Men), Hulk, Senhor Fantástico e Coisa (do Quarteto Fantástico)). Mas esse sub plot é meio bobo.

Agora, tenho uma reclamação. Inventaram um novo filho pro Gru, um bebê. Mas, por que diabos as meninas não crescem?

Sobre a dublagem brasileira, Meu Malvado Favorito é um dos raros casos onde defendo a dublagem. O Gru brasileiro do Leandro Hassum é é tão bom que a gente nem sente vontade de conhecer o original do Steve Carrell.

Meu Malvado Favorito 4 é reciclado. Mas vai agradar os fãs da franquia.