Crítica – Better Man – A História de Robbie Williams
Sinopse (imdb): Um perfil singular do astro pop britânico Robbie Williams.
Antes de tudo, preciso falar que não sou fã do Robbie Williams. Digo mais: não conhecia nenhuma música dele. Achei que podia conhecer alguma música e não saber que era dele – lembro que ano passado, durante o show do Charlie Puth no Rock in Rio, reconheci uma das músicas, não sabia que era dele. Mas, durante o filme, só reconheci My Way, do Frank Sinatra, e Land of 1000 Dances, que, pra ser sincero, confundi com Shake a Tail Feather, que o Ray Charles canta com os Blues Brothers. Ou seja, meus comentários são sobre alguém que não conhecia o artista!
Better Man – A História de Robbie Williams (Better Man, no original) estava na minha lista de expectativas pra 2025, porque era o novo filme do Michael Gracey, mesmo diretor de O Rei do Show, mas também, principalmente, porque trazia uma proposta bem diferente: uma cinebiografia musical onde o protagonista foi trocado por um macaco.
Achei a ideia curiosa. E, depois de ver o filme, me toquei que foi uma sacada genial. Até hoje vejo gente reclamando do Rami Malek interpretando o Feddie Mercury. Se tem um macaco interpretando o protagonista, ninguém vai reclamar que não está igual!
O macaco é muito bem feito, tanto que o filme concorreu ao Oscar de melhores efeitos especiais. Vemos o personagem em diversas fases da vida – isso inclui diversos tipos de cabelos diferentes. E sempre está convincente, nenhuma cena me pareceu falsa a interação do macaco com os atores em carne e osso. Ah, esse formato ainda trouxe outra coisa interessante: o próprio Robbie Williams dublou o seu personagem ao longo do filme. Não me lembro de outra cinebiografia onde o biografado está se “auto interpretando”…
Muitas vezes, uma cinebiografia pega leve com o biografado, principalmente quando este está perto da produção. Isso não acontece aqui. Better Man mostra pontos positivos da carreira do cantor, mas também traz vários podres, incluindo muitas drogas – o filme chegou a ser proibido no Catar pelo uso excessivo de drogas. O filme também foi criativo ao retratar os “fantasmas” que assombram a carreira do cantor: sempre que ele sobe ao palco, ele vê flashes de outros macacos na plateia, sempre desaprovando seus atos. E a sequência onde ele enfrenta esses “fantasmas” é muito boa!
(Como falei, não conheço nada do cantor. Depois de ver o filme, catei a sua entrada no show de Knebworth, e aí a gente vê que os efeitos especiais não foram só pro macaco!)
Falando em sequências boas, Better Man tem algumas. Tem uma música, da época que ele fazia parte de uma boy band, que foi filmada em plano sequência pela Regent Street em Londres. Essa sequência sozinha já vale o filme! E ela ainda tem uma curiosa história nos bastidores. Eles demoraram um ano e meio pra conseguir autorização pra filmar no local. E depois de passar uma semana inteira em ensaios, duas noites antes das filmagens a Rainha Elizabeth II faleceu, e as filmagens tiveram que ser adiadas. Todos tinham que ser pagos de qualquer maneira, incluindo os donos das lojas e a equipe, e o seguro de produção não cobria as perdas devido à morte de um monarca. Os produtores tiveram que levantar fundos adicionais para filmar a sequência, que foi feita cinco meses depois.
Todas as sequências musicais são muito bem filmadas (sempre presto atenção nesses detalhes). Mas, posso fazer um mimimi? Senti falta de mais contato com músicos da sua banda, seja em ensaios ou em shows. Nem sei se tem alguém conhecido tocando com ele, mas heu não ia reclamar se tivesse uma sequência num estúdio de ensaio.
Better Man arriscou, e acertou. Curioso ver Emilia Perez concorrendo a vários Oscars e este, que é um musical muito melhor, só lembrado pelos efeitos especiais.