Crítica – The ABCs Of Death
Um projeto ousado: 26 diretores diferentes teriam total liberdade para fazer um curta baseado em cada uma das 26 letras do alfabeto. Ideia interessante, mas que dificilmente daria certo…
Em primeiro lugar, fazer um curta é mole, mas fazer um bom curta não é tarefa das mais fáceis. O cara tem poucos minutos para apresentar, desenvolver e concluir uma história completa. Por isso, várias das 26 historinhas ficaram devendo.
Na minha humilde opinião, outra falha foi a tal “total liberdade” dada a cada curta. Isso tirou qualquer possibilidade de identidade do filme como um longa, já que cada autor pensou num conceito distinto. E ainda gerou algumas forçações de barra – um dos curtas é sobre um vampiro, mas não está na letra “V”, e sim na “U”, de “Unearthed“; ou, “W” podia ser uma história de lobisomem (werewolf), mas resolveram juntar várias imagens aleatórias e chamar de “WTF”. Acho que o resultado poderia ser melhor se cada autor tivesse um tema, em vez de uma letra.
O resultado final é beeem irregular. Algumas historinhas são boas, mas são poucas – a maior parte ficou devendo. Quase todos os diretores são pouco conhecidos do grande público, mas já foram mencionados aqui no heuvi. Vou comentar alguns dos curtas, citando os diretores:
– Nacho Vigalondo, que fez o bom Los Cronocrímenes, faz um filminho bobo, com o “A” de “Apocalypse“. Aliás, é bom falar, não tem nada apocalíptico no filme.
– Marcel Sarmiento, que fez o bom Deadgirl, conseguiu belas imagens num filme de luta entre um homem e um cachorro. Pena que a história em si é besta.
– Noburu Iguchi, do divertido Machine Girl, fez uma bizarrice com o “F” de “Fart“. É um dos que ficaram devendo…
– Ti West, nome maomeno badalado, mas que fez um dos piores segmentos de V/H/S, tem um momento de mau gosto aqui com o seu péssimo “M” de “Miscarriage“.
– Banjong Pisanthanakun, que fez o bom terror tailandês Espiritos – A Morte Está ao Seu Lado, fez o divertido “N” de “Nuptials“.
– Adam Wingard e Simon Barrett, responsáveis pelo pior segmento de V/H/S, fizeram um dos melhores aqui, o “Q” de “Quack“.
– Srdjan Spasojevic, do polêmico A Serbian Film, fez um filmete sem sentido, o “R” de “Removed“.
– Jake West, dos divertidos Doghouse e Evil Aliens, fez um bom trabalho no “S” de “Speed“.
– O desconhecido Lee Hardcastle ganhou um concurso pra entrar no filme, e fez o divertido “T” de “Toilet“, em animação stop motion.
– Ben Wheatley, de Kill List e Sightseers fez um dos melhores curtas, o “U” de “Unearthed“.
– Kaare Andrews, do irregular Altitude, fez o “V” de “Vagitus“, tecnicamente bem feito, mas com uma história sem sentido.
– Xavier Gens, de Frontier(s) e The Divide, fez o bom curta “X” de “XXL“.
– Yoshihiro Nishimura, do bizarro Tokyo Gore Police, fecha o filme com o mais bizarro ainda “Z” de “Zetsumetsu“.
Como destaque negativo, acho que podemos citar o “L” de “Libido“, como algo de extremo mau gosto, além de alguns curtas bobos, como “O” de “Orgasm“, “K” de “Klutz” e “G” de “Gravity“. E o “W” de “WTF” além de não ter sentido, tem alguns dos piores efeitos especiais que já vi na minha vida.
Enfim, um programa extremamente irregular. Só pros muito curiosos.
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