Mais de uma pessoa me recomendou este filme argentino no fim do ano passado, mas só consegui ver agora. Filme visto, passo a engrossar a lista de recomendações!
Relatos Selvagens (Relatos Salvajes, no original) conta seis histórias curtas, independentes entre si: um grupo de pessoas num avião que descobre que têm algo em comum; uma mulher que vê oportunidade de se vingar de um homem que destruiu sua família; uma discussão entre dois motoristas numa estrada vazia; um homem revoltado com o “Detran argentino”; um homem rico que quer livrar o filho de um crime; e uma festa de casamento onde a noiva descobre que foi traída.
As histórias são independentes, não existe um fio condutor entre elas. A única semelhança é que são pessoas comuns, colocadas em situações limite, e que precisam quebrar regras sociais – e que extravasam seus problemas de forma violenta e catártica. Sabe Um Dia de Fúria, onde Michael Douglas se revolta e sai numa crise de fúria pela cidade? Pois imagine isso dividido em pílulas entre vários personagens…
Escrito e dirigido por Damián Szifron, Relatos Selvagens tem duas características que provavelmente ajudaram muito o seu sucesso. Uma é que é fácil se identificar, todos nós já vivemos situações parecidas com as mostradas no filme – quem nunca teve vontade de explodir o Detran? A outra é que o filme é bem humorado e usa humor (negro) para resolver seus conflitos. Algumas cenas são engraçadíssimas!
E não é só isso. Filmes em episódios tendem a ser irregulares – coisa que não acontece aqui, todas as seis historinhas são boas e coerentes entre si. E a fotografia é outro destaque. Szifron se preocupa em procurar ângulos diferentes para a sua câmera ao longo de todo o filme – gostei da câmera presa na porta da cozinha, na sequência do casamento.
No elenco, como é um filme argentino, claro que tem o Ricardo Darín – ótimo, como sempre. Também no elenco, Oscar Martínez, Leonardo Sbaraglia, Darío Grandinetti, Rita Cortese, Erica Rivas e Julieta Zylberberg
Relatos Selvagens concorreu ao Oscar de filme em língua estrangeira, mas perdeu para o polonês. Pena. Este é um daqueles raros casos que a gente torce por argentinos…
p.s.: Nunca estive numa festa de casamento tão legal quanto aquela!