Snake Eyes

Crítica – Snake Eyes

Sinopse (imdb): Um spin off de G.I. Joe centrado no personagem Snake Eyes.

GI Joe é uma linha de bonecos. Sou velho, lembro do Falcon, que era um GI Joe – ou Comandos em Ação, como foi traduzido aqui na época. Os bonecos do Falcon foram vendidos entre 1978 e 1984 pela Estrela, que depois trocou a linha pelos bonecos GI Joe, que eram menores (o Falcon tinha 30cm, o GI Joe tinha 10cm). A partir de 1986, a Globo começou a exibir uma série animada baseada nos bonecos – prática que era comum, se não me engano lançaram outros combos brinquedo + desenho (ajudava nas vendas e também na audiência).

Uns anos atrás tivemos dois filmes baseados nos bonecos GI Joe. Não me lembro muito bem dos filmes, lendo os meus textos aqui no heuvi, vi que gostei do primeiro, mas não gostei muito do segundo. Enfim, este aqui não tem nada a ver com aqueles, a história recomeça do zero.

Então finalmente vamos ao novo filme. Dirigido por Robert Schwentke (Red, RIPD Agentes do Além, Te Amarei Para Sempre), Snake Eyes (Snake Eyes: G.I. Joe Origins, no original) é um reboot total, não se baseia nem nos filmes, nem no desenho. Ouvi críticas de gente reclamando “o meu Snake Eyes não é assim”, “Destruíram o meu Snake Eyes!”. Mas, pra quem não era fã, a história funciona bem como uma introdução a este universo.

Snake Eyes tem coisas boas, mas tem outras não tão boas assim. E infelizmente tem mais do segundo do que do primeiro. Vamos por partes.

Gostei de algumas sequências de ação. Tem uma cena onde a personagem pula de uma moto em movimento, se apoia num caminhão e dá um golpe de espada, que é bem legal. Algumas lutas de um personagem contra dezenas também são boas. Não são ótimas, mas são boas.

(Explico: prefiro quando o câmera “dá um passo pra trás” e a gente vê melhor a coreografia das lutas. Isso acontecia mais no cinema oriental, mas Hollywood já traz alguns casos de lutas bem coreografadas e bem filmadas desta forma. Mas, o comum em Hollywood é vermos uma luta com muitos closes, muitos cortes e muita câmera tremida. Pensando neste formato, as lutas em Snake Eyes não são ruins. Poderiam ser melhores, mas, “passam na média”.)

Agora, o roteiro é uma bagunça. O personagem Snake Eyes não passa confiança nenhuma, e é aceito facilmente pelo clã japonês. E mesmo quando é pego na traição, tudo bem, deixa pra lá. Não tô nem falando da cena ridícula das cobras gigantes mágicas, até aceito isso, mas não dá pra aceitar um clã milenar ser tão ingênuo.

E isso porque não tô falando da personagem da Samara Weaving. Gosto da atriz, adorei ela no Ready or Not, um filme recente que foi mal lançado por causa da pandemia. Mas, qual é o sentido da personagem dela aqui? É só pra cumprir cota?

Isso me traz o elenco. O protagonista Henry Golding não é um bom ator, ele faz a mesma cara o filme inteiro. Mas nem atrapalha tanto. O problema dele ser fraco é que o coadjuvante Andrew Koji é muito melhor, dá vontade de focar mais no seu personagem do que no principal. Gosto muito do Iko Uwais, estrela dos maiores filmes de ação indonésios dos últimos anos, ele aqui tem um papel secundário. Aparece pouco, mas é sempre um prazer vê-lo lutando (ele manja dos paranauês de coreografia daquele tipo de luta onde o câmera pode dar um passo pra trás). Peter Mensah, o Doctore de Spartacus, também passa confiança ao defender o seu papel.

Agora, o trio feminino está bem ruim. Olha só, heu gosto de filmes de ação com mulheres, comentei isso no texto sobre Jolt. Falei da Samara Weaving, que tem um personagem completamente descartável. Tem também a Úrsula Corberó, que passa o filme inteiro repetindo as caras e bocas que ela fazia ao interpretar a marrenta Tokio de Casa de Papel. Agora, as duas aparecem pouco. Já a Haruka Abe, que aparece o filme inteiro, é péssima. Tanto a atriz, que passa o filme inteiro com cara de que não sabe o que fazer; quanto a personagem, que toma várias atitudes inexplicáveis durante o filme.

No fim do filme, claro, espaço pra continuação. Querem uma nova franquia. Sei lá, se começou cambaleante, nem sei se quero ver essa continuação.

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