Sinopse (imdb): Quatro desajustados são transportados para um bizarro país das maravilhas cúbico onde impera a imaginação. Para voltar para casa, eles terão que dominar este mundo enquanto embarcam em uma missão com um experiente construtor imprevisível.
Um Filme Minecraft estava na minha lista de expectativas pra 2025, porque fiquei curioso de como iriam fazer um filme com atores em um mundo quadrado, e além disso o trailer passava uma vibe meio Jumanji. Ok, reconheço que, na parte técnica, Um Filme Minecraft é muito bem feito. Gostei da construção do “mundo quadrado”. Por outro lado, o roteiro… Diferente de uma adaptação bem feita como Super Mario Bros., Um Filme Minecraft é bem bobinho.
Nunca joguei, mas até onde sei, o jogo Minecraft é uma espécie de Lego dentro do computador, você usa blocos pra construir qualquer coisa. Mas por outro lado não tem exatamente uma história sendo contada no jogo. Se por um lado uma adaptação é mais complicada, por outro lado abre espaço pro roteirista viajar. O próprio Lego tem um filme sensacional, Uma Aventura Lego. Se Minecraft seguisse um caminho desses, tinha potencial de ser bem divertido.
Mas, a história é confusa, tem personagens desnecessários, o vilão é ruim, a motivação dos mocinhos é besta, tudo é bagunçado demais. Sem entrar em muitos detalhes, mas, são quatro pessoas que entram no jogo e encontram o Jack Black (que já estava lá – e que, aliás, se ele sempre quis entrar na mina, por que esperou ficar velho pra isso?). O Jason Momoa, ok, é a outra estrela, também precisa estar no rolê. Os dois garotos são muito sem sal, mas tem uma justificativa pra também participarem da aventura. Agora, por que incluir aquela corretora de imóveis? Tire esse personagem e o filme não muda nada! Digo mais: inventaram uma trama paralela, fora do jogo, com a diretora da escola, que é vergonha alheia de ruim. A sensação que fica é “conseguimos uma atriz famosa, vamos criar umas cenas pra aproveitá-la”.
Ainda nos garotos. Era pro menino ser o protagonista, mas ele é tão água de salsicha que nenhum espectador vai se importar com ele. E olha como o roteiro deu mole: o moleque chega e já mostra habilidades construindo coisas, e logo cria uma arma. Caramba, na batalha final ele ainda está com a mesma arma! Num jogo onde as construções são ilimitadas, ele podia ter construído um monte de coisas diferentes pra usar contra os inimigos!
Aliás, colocaram um ator mirim sem sal pra protagonizar um filme ao lado do Jack Black e do Jason Momoa. Aí aconteceu o óbvio: os dois roubaram o protagonismo e o garoto virou coadjuvante. Consequências de um roteiro mal escrito.
Sobre a batalha final, sabe o conceito “deus ex machina”, que é quando aparece uma ajuda externa pra salvar os heróis? Nessa batalha tem duas vezes esse artifício!
Por fim, queria comentar um problema que me pareceu ser da dublagem. Infelizmente vimos o filme dublado, apesar de todos na sessão preferirem legendado. Ok, vamos no dublado. O filme termina com uma música cantada pelo Jack Black. Ele canta, tem uma banda, já tocou até no Rock in Rio, nenhum problema em vê-lo cantando. Mas, durante a estrofe, a voz dele estava muito baixa, quase inaudível, só ouvíamos as vozes nos refrães. O que me parece que aconteceu? Meu palpite é que a voz estava baixa, pra entrar a voz do dublador. Mas não teve dublagem neste momento. Ou seja, a música final ficou bem ruim. Mas calma que ainda piora! Jason Momoa não canta, mas aparece no palco ao lado do Jack Black, com um keytar pendurado no pescoço – keytar é aquele teclado que fica na correia que nem uma guitarra ou baixo. E em nenhum momento Momoa encosta nas teclas! Pra que colocar um instrumento nele se ele não vai tocar?
Um Filme Minecraft tem cenas pós crédito estilo Marvel: uma logo no início dos créditos e outra lááá no finzinho. Se você joga Minecraft, fique até o final! Mas se nunca jogou, pode ir embora.
No fim, não que Um Filme Minecraft seja “ruim”. Mas tinha um potencial enorme, e virou um filme genérico, que vai ser esquecido. Podia ser um novo Super Mario Bros, mas ficou do nível de Emoji – O Filme.