Artigo: A banalização do zumbi
(Publiquei este artigo em 2013, no extinto site tbbt.com.br. Lembrei dele quando estava escrevendo o texto sobre Invasão Zumbi, que vou postar amanhã. O texto foi escrito três anos atrás, mas ainda está atual!)
Em primeiro lugar, queria dizer que sou fã do George Romero e de todos os seus seis filmes de zumbi. Também sou fã do hilariante A Volta dos Mortos Vivos, do genial Dan O’Bannon. E também de A Maldição dos Mortos Vivos, filme do Wes Craven que mostra zumbis “corretos”. E também dos primeiros Resident Evil, filmes-pipoca de porrada em zumbi. Sou fã até dos dois Extermínio, que não são filmes de zumbi, mas têm infectados que lembram mortos vivos.
Disse tudo isso pra poder afirmar: não aguento mais filmes de zumbi!
Zumbi tá na moda. É Walking Dead na TV, é comédia adolescente de zumbi nos cinemas, rola até a Zombie Walk, uma parada com pessoas fantasiadas de zumbis. Mas você já parou pra pensar que um zumbi não tem muito sentido?
Gosto dos filmes de zumbi, mas admito que, conceitualmente, é um monstro fraco. Explico. Vamos lá: o cara morre, e volta à vida, lento e abobalhado, com um único propósito neste novo pós vida: comer gente viva (conheço gente assim que não morreu, mas é assunto pra outro post). Dá pra fazer uma meia dúzia de filmes, mas não dá pra aprofundar muito no conceito. Vampiros e lobisomens são mais complexos. Heu, particularmente, tenho mais medo do apocalipse boitatá…
Mas, vem cá, o que exatamente volta à funcionar? Se ele tem funções motoras, é porque o cérebro ainda funciona. E se funciona, por que os zumbis são abestalhados?
(Acho que os únicos zumbis “corretos’ são os d’A Volta dos Mortos Vivos, que pensam, falam e só comem cérebros…)
Admito que o apocalipse zumbi traz possibilidades interessantes em termos de roteiro – as boas histórias focam mais nas relações humanas entre os sobreviventes, o que pode gerar bons dramas – imagine um familiar seu se transformar num monstro irracional? Mas, que tal a gente começar a usar outras catástrofes apocalípticas?
Pra piorar, como está na moda, a gente vê um monte de gente “pelas internetes da vida” falando do apocalipse zumbi como se fosse algo tão fácil de acontecer quanto uma catástrofe climática ou um grande desastre natural. Menos, galera. Zumbis são ficção, a chance de um apocalipse zumbi é a mesma de uma invasão de vampiros ou lobisomens. Ou quem sabe, uma manada de unicórnios raivosos assassinos?
E aí a gente começa a pegar implicância com alguns conceitos básicos de zumbis. Vamos a alguns pontos:
– Um zumbi persegue os humanos vivos e os come, certo? Mas, eles engolem o que mastigam? Zumbis ainda têm movimentos peristálticos? E – dúvida técnica – zumbis fazem necessidades depois?
– Por que um zumbi come? Não deve ser fome. Ele tá morto. Mortos não sentem fome.
– Se um zumbi ataca um humano por comida, por que ele não come o colega zumbi que está ao lado? Como um zumbi vai identificar quem tá morto e quem tá vivo?
– Uma coisa nunca ficou definida: o que exatamente transforma uma pessoa em zumbi? (Tirando algumas honrosas exceções, como… olha lá o Walking Dead de novo!) Se é algo que está no ar, como vai atingir aqueles que já estão mortos? O cara tá morto, não respira mais, não interage com o meio ambiente.
– Por fim: gosto da refilmagem de Despertar dos Mortos. Mas um zumbi que corre não rola. De onde o amigo morto vivo vai tirar energia para correr? E, na boa, se um dia aparecer um zumbi que corre, já era, meu irmão. Eles são rápidos e não se cansam…
Pingback: Invasão Zumbi / Train to Busan | HEUVI.COM.BR