Crítica – A Era de Ouro
Sinopse (imdb): Cinebiografia de Neil Bogart, o produtor musical que ajudou a fundar a Casablanca Records e lançou nomes como Donna Summer, Village People e Kiss.
Preciso admitir que heu nunca tinha ouvido falar de Neil Bogart – assim como o próprio personagem comenta em determinado momento do filme, ele nunca foi um nome famoso, sempre viveu nos bastidores. Aparentemente seus filhos querem mudar isso. Timothy Scott Bogart, seu filho mais velho, escreveu, dirigiu e co-produziu; seu irmão Evan Bogart co-produziu e trabalhou na parte musical do filme.
Nos últimos anos a gente tem tido algumas cinebiografias musicais, mas sempre focando no artista. Era de Ouro (Spinning Gold, no original) é diferente, foca no produtor. É uma ideia legal, mas fica no ar a dúvida de até que ponto podemos acreditar em tudo o que vemos na tela, sabendo que foi a família quem produziu, e também sabendo que algumas coisas foram alteradas, como por exemplo a maquiagem dos membros do Kiss. A história do Neil Bogart é realmente muito boa, mas não sabemos se tudo aquilo aconteceu daquele modo.
Verdade ou invenção, o filme traz alguns momentos bem legais, como o modo que Bogart modificou a voz da Donna Summer, puxando pelo lado sexual. As cenas com George Clinton também são bem divertidas.
Um comentário sobre defeitos técnicos: heu entendo que um filme desses precise usar tela verde e chroma key, principalmente nas cenas de shows. Mas alguns chroma keys aqui passaram do limite da tosqueira. Uma cena em particular, com Bogart conversando com seu pai antes de uma corrida de cavalos, me lembrou o chroma key de Olhos Famintos 4.
Dei uma pesquisada no imdb, mas tem poucas informações. A produção passou por vários problemas e demorou anos para ser concluída. Pelo que li, inicialmente Spike Lee seria o diretor e Samuel L. Jackson faria o papel de George Clinton. Mas no fim, ficou só galera menos conhecida.
Pelo que entendi, a produção não conseguiu licenciamento sobre algumas coisas, e é por isso, por exemplo, que a maquiagem do Kiss está alterada. Não sei se por isso ou se foi por uma falha de roteiro, mas o Village People, que era um dos artistas mais famosos da Casablanca Records, pouco aparece no filme. Parece ser apenas um “p.s.” ao fim do filme. Digo mais: segundo a wikipedia, Cher também lançou disco pela Casablanca, e ela foi completamente ignorada pelo filme.
(Não sei se lá fora Bill Withers foi um nome grande, mas acredito que pelo menos aqui no Brasil, Village People foi muito maior.)
O roteiro tem suas falhas – talvez fosse melhor o Bogart filho se unir a um roteirista mais experiente. Não só alguns artistas importantes foram jogados para escanteio, como o filme tem sérios problemas de ritmo, e, com duas horas e dezessete minutos, é um programa cansativo. Talvez fosse melhor contar essas histórias todas em uma minissérie, com cada capítulo focando em um dos artistas.
Heu não gostei das caracterizações de um modo geral. Olhei no imdb, tem várias pessoas reclamando das perucas e figurinos. Não sei se por isso ou por usar atores bem diferentes das personalidades que estavam representando – você olha os atores que fazem Gene Simmons e Paul Stanley, e nada lembram os originais. O ponto é: o elenco não é o ideal.
Roteiro mal estruturado, elenco fraco, o que salva Era de Ouro são os números musicais. Não por serem bem filmados, mas sim pela qualidade das músicas. Os artistas da Casablanca Records tinham muitas músicas boas! E no fim, logo antes dos créditos, tem uma música muito boa que me parece que foi composta para o filme, onde rola um pot-pourri usando trechos de outras músicas. Pelo menos o filme termina com o astral pra cima.