Crítica – A História sem Fim
Sinopse (imdb): Uma criança com problemas mergulha em um maravilhoso mundo de fantasia através das páginas de um livro misterioso.
Depois de muito tempo resolvi rever A História sem Fim. Sabe quando um filme envelhece mal? Poizé.
A História sem Fim é a adaptação do livro homônimo escrito por Michael Ende (curioso que o sobrenome do autor significa “fim”). Não sei como é o livro, mas o filme investe na metalinguagem, o garoto lê um livro e dentro do livro acontece a outra história. É uma história dentro da outra, e em alguns momentos pontuais elas se misturam. Ah, o escritor não gostou do desenvolvimento da produção e pediu pra ter o nome retirado dos créditos.
Nem todos sabem, mas A História sem Fim é uma produção alemã – era na época a produção mais cara da história do cinema alemão. A direção é de Wolfgang Petersen, que aproveitou o sucesso do filme e fez carreira em Hollywood, dirigiu vários filmes como Inimigo Meu, Epidemia, Força Aérea Um, Mar em Fúria e Tróia.
Parte da premissa ainda funciona. A História sem Fim tem como vilão o “Nada”, que cresce quando as pessoas param de ler e perdem a criatividade. Ou seja, essa parte ainda funciona nos dias de hoje.
Por outro lado, algumas coisas no roteiro não fazem mais sentido. Tipo logo no início, vemos que Bastian sofre bullying de três garotos maiores. E tem um monte de adultos em volta, e ninguém faz nada? Sei lá, de repente na época as pessoas não davam bola pro bullying, e a gente hoje vê que evoluímos nesse aspecto.
Mas a parte que me deu mais raiva do roteiro foi o cavalo afundando no pântano. O roteiro é claro quando diz que quem está triste afunda. Na minha humilde opinião, um cavalo fica triste é algo meio estranho mas, ok, aceito. Ok, o cavalo ficou triste. E sabe quem mais ficou triste? O Atreyu! Ficou muito mais triste que o cavalo! E por que ele não afundou???
Teve uma parte do roteiro que achei ruim na hora, mas, depois, entendi a ideia. Uma parte importante do final é que Bastian precisa dar um nome para a imperatriz. E não conseguimos ouvir qual foi o nome que ele deu! Mas, isso foi proposital. Acho que era pra deixar aberto para diferentes interpretações dos espectadores.
Vou dividir os comentários sobre os efeitos especiais em duas partes. Existe toda uma ambientação, com cenários e maquiagens, que ficou completamente datada. O filme tem cara de Castelo Rá Tim Bum. Mas, isso não é exatamente um defeito do filme, é uma característica, os realizadores tinham a intenção de fazer algo com esse visual. E, vamulá, não é algo mal feito. Só é muito datado.
Já os voos do Falcor, dragão com cara de cachorro, ficaram péssimos. Aquele chroma key é muito tosco. Impressionante como a gente via aquilo e aceitava na boa. Ah, aquele lobo também ficou muito ruim.
Também tenho dois comentários sobre a trilha sonora. A música tema Neverending Story, cantada por Limahl, é uma música muito boa e fez um enorme sucesso – foi até um ponto importante no encerramento de uma temporada recente de Stranger Things. E além dessa música, a trilha conta com uma outra música instrumental, também muito boa, que aparece em alguns pontos chave do filme.
O único nome a ser citado no elenco é Barret Oliver, que faz o Bastian. A fama de A História sem Fim abriu portas para ele em outros filmes da época, como Daryl e Cocoon (ambos de 1985). Mas seu último filme foi em 1989. Noah Hathaway (Atreyu) estava no Battlestar Galactica de 1978, e tem alguns títulos no imdb, mas nada relevante – seu terceiro título mais importante é Troll O Mundo do Espanto. Tami Stronach, a imperatriz, só fez este filme e não seguiu com a carreira de atriz. Dentre os coadjuvantes, acho que o único que heu reconheci é Deep Roy, que estava em Peixe Grande e A Fantástica Fábrica de Chocolate.
Foi lançada uma continuação em 1990, dirigida por um George Miller homônimo do cara que fez Mad Max, mas esse nunca revi…