A Lenda de Candyman

Crítica – A Lenda de Candyman

Sinopse (imdb): Uma “sequência espiritual” do filme de terror de 1992 “O Mistério de Candyman”, que retorna ao bairro de Chicago, agora gentrificado, onde a lenda começou.

Continuações / reboots dão retorno financeiro, e por isso fazem vários, e vão continuar fazendo mais. Pena que, quase sempre, são desnecessários, e com qualidade duvidosa – só nas últimas semanas falei da sequência de Invocação do Mal e do reboot de Jogos Mortais – ambos fracos. É difícil a gente lembrar de um reboot que realmente era necessário (pensei em Duna, que é um livro cultuado que teve uma adaptação muito questionada, e que este ano vai ter um reboot – será que vai ser bom?).

Mas aí, ok, Candyman tem quase 30 anos que foi lançado, então o reboot era até justificado. Pena que a qualidade ficou bem abaixo do desejado.

Pra começar, é um filme de terror que não dá medo. Ok, admito que acho a lenda meio boba – olhar pro espelho e falar o nome 5 vezes? E se falar outra coisa no meio, tá valendo? E se falar uma vez hoje, e na semana que vem falar outras 4? Enfim, independente da lenda ser boa ou não, o filme pode fazer um bom trabalho na hora da tensão. Mas aqui, nada. Nenhum susto, algum gore por causa das mortes, mas nada muito gráfico. E, pra piorar, o filme é arrastado – uma hora e meia, que não terminavam nunca.

O Candyman original, de 1992, baseado no conto “The Forbidden” do escritor Clive Barker, e dirigido por Bernard Rose (que não fez nenhum outro filme digno de nota), trazia uma abordagem de crítica social. Este novo, com Jordan Peele como um dos roteiristas, claro que também ia abordar questões sociais e raciais. Mas, se em Corra, Peele fez um bom filme de terror e uma boa crítica social, aqui em A Lenda de Candyman há falhas em ambos os aspectos. O filme é sonolento, e na parte de crítica social, o discurso aqui pedia um pouco mais de sutileza. Do jeito que foi apresentado, ficou forçado.

Tem uma outra coisa que me incomodou, espero que não seja spoiler, mas… O protagonista começa a virar o Candyman. Não me lembro de detalhes do filme dos anos 90 (lembro menos ainda das continuações), mas Candyman era uma entidade, não tinha ninguém virando Candyman. Isso me lembrou A Hora do Pesadelo 2, onde o personagem começa a virar o Freddy. E lembrar de Hora do Pesadelo 2 nunca é um bom sinal.

Nem tudo é ruim. Gostei do uso de teatro de sombras pra contar os flashbacks, um efeito simples e eficiente. O ator principal, Yahya Abdul MAteen II (Aquaman, Watchmen), está bem no papel, e digo o mesmo pra Teyonah Parris (a Monica Rambeau de Wandaviasion). Outro detalhe digno de nota: o filme é cheio de espelhos, e sei isso dificulta bastante as filmagens. Pelo menos na parte técnica, a diretora Nia daCosta (que está filmando um dos próximos filmes do MCU) fez um bom trabalho.

Mas o resultado final é fraco. Pena.

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