Crítica – Ambulância – Um Dia de Crime
Sinopse (imdb): Dois assaltantes roubam uma ambulância depois do assalto deles ter corrido mal.
Filme novo do Michael Bay, a gente já sabe mais ou menos o que vai encontrar. Bay é um cara intenso. Muito close, muita câmera lenta, muita cena ao pôr do sol, muita música dramática. E ao mesmo tempo, muita correria e muita explosão.
Agora, goste ou não, a gente tem que reconhecer que o cara sabe filmar. São muitas cenas bem filmadas. Teve um detalhe de uma câmera aérea – provavelmente um drone – que sobe, desce, corre entre as pessoas, corre entre os carros, gostei bastante desses takes.
Sobre as cenas de perseguição – são muitas! – parte funciona, parte não funciona. Algumas são muito boas – teve uma em particular onde a câmera está vindo em velocidade perto do chão, um carro pula por cima dela e depois ela voa por cima de outro carro – se heu estivesse vendo em casa, certamente iria voltar pra rever. Mas às vezes as cenas parecem confusas e com falhas de continuidade.
Agora, o roteiro… Ah, o roteiro… Não só é cheio de coisas forçadas, como tem pelo menos três pontos que me deram raiva. Um deles vou falar agora, porque é uma das primeiras cenas do filme e uma das coisas que faz o filme acontecer: Will está precisando de dinheiro para uma cirurgia da sua esposa, então ele vai até Danny para pedir emprestado. Chegando lá, ele Danny está saindo para um grande e sofisticado assalto a banco, e precisa da participação de Will, porque está faltando uma pessoa no seu time. Ora, nunca assaltei um banco, mas já vi diversos filmes com o assunto, e os planos sempre são planejados cuidadosamente. Como assim o cara que chegou agora “entra aí que está faltando uma pessoa”?!?!? (Os outros dois pontos falo depois de um aviso de spoilers).
Além do roteiro forçado, o filme é longo demais. São duas horas e dezesseis minutos onde mais da metade é essa longa perseguição. O filme seria melhor se fosse mais enxuto, talvez devessem cortar uns quarenta minutos de perseguições.
Mesmo assim, achei o filme divertidíssimo. Alguns diálogos são bem divertidos, como toda a relação entre o chefe de polícia e sua assistente Dzaghig. E ainda temos citações a outros filmes do próprio Michael Bay, A Rocha e Bad Boys, além de uma referência a Coração Valente.
E teve uma cena em particular que achei o momento mais engraçado do ano no cinema até agora. É uma cena que envolve a música Sailing, do Christopher Cross. Não, a música não é engraçada. Mas a música foi usada de uma maneira tão imprevisível, tão esdrúxula, que a cena ficou tão engraçada quanto a piada do Michael Jordan no novo Space Jam.
Sobre o elenco, achei o trio principal ok. Não são personagens muito complexos, mas Jake Gyllenhaal, Yahya Abdul Mateen II e Eiza Gonzalez funcionam para o que o filme pede. E gostei da relação entre os irmãos. Também no elenco, Garret Dillahunt, Keir O’Donnell, Jackson White e Olivia Stambouliah.
Vamos aos problemas do roteiro?
SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!
Duas cenas me incomodaram muito. Entendo que boa parte do cinema é feita de decisões burras de personagens, mas duas das cenas daqui foram além da burrice normal.
– Está rolando a perseguição. Dezenas de carros de polícia atrás da ambulância. Mas precisam realizar uma cirurgia, então a ambulância reduz a velocidade pra 30 km/h. Ué, por que os carros de polícia também reduziram? Por que não aproveitaram pra abordar?
– Will dá uma ideia que é até boa, eles pedem para parceiros roubarem outras ambulâncias, e vão para debaixo de um viaduto, para saírem várias ambulâncias iguais e distraírem os policiais. Ok, boa ideia. Mas… Eles resolvem pintar a ambulância onde eles estão, para disfarçá-la. Caramba! Por que não trocar de carro??? Pra que pintar uma ambulância e continuar nela???
Este segundo ponto é necessário para a conclusão do filme, teriam que mudar o final. Mas o primeiro era só cortar esse sub-plot da cirurgia. Fácil fácil.
FIM DOS SPOILERS!
Mesmo com esses problemas, me diverti muito na sala de cinema. E, pra mim, “cinema é a maior diversão”. Entendo quem não gostar, mas, quem entrar no clima vai ter um bom entretenimento por duas horas.