Sinopse (imdb): Anora, uma jovem trabalhadora sexual do Brooklyn, conhece e impulsivamente se casa com o filho de um oligarca russo. Quando a notícia chega à Rússia, seu conto de fadas é ameaçado quando os pais dele partem para Nova York para anular o casamento.
Fiquei na dúvida se valia falar sobre Anora agora. Teve uma sessão de imprensa, e no dia da sessão avisaram que a distribuidora adiou o lançamento pra janeiro do ano que vem, visando a temporada de prêmios. Ou seja, quase não tem nenhuma crítica do filme, porque quase ninguém viu, e vai demorar pra galera conseguir assistir.
Pensei em só comentar depois, mas aí me toquei que vou acabar me esquecendo de detalhes do filme. Então vamos nessa!
Escrito e dirigido por Sean Baker, Anora chega com uma grande credencial: foi o vencedor da Palma de Ouro em Cannes. Mas aí a gente lembra que o último vencedor foi Anatomia de uma Queda. E antes, foi Triângulo da Tristeza. E antes, Titane. E antes, Parasita. E, preciso dizer isso: achei Anora beeem inferior a esses todos.
(Talvez Titane esteja um degrau abaixo dos outros quatro, mas pelo menos é um filme diferentão, o que conta pontos em uma premiação como Cannes.)
Dito isso, vou falar algo polêmico. Não achei Anora grandes coisas. Pra mim, parece um American Pie melhorado.
Ok, talvez seja um exagero. American Pie é uma comédia besteirol cheia de piadas de cunho sexual, e Anora tem muito sexo, mas só o meio do filme que tem uma pegada de humor mais escrachado. Inclusive, o final do filme mira no drama.
Mas, repito, não consegui ver as qualidades que a galera está vendo. Ani é uma dançarina erótica e garota de programa que se envolve com um jovem russo, herdeiro de uma família milionária. A primeira parte mostra a relação dos dois, a segunda desenvolve problemas com capangas da família russa, e a parte final é a conclusão triste da história da jovem Ani. É ruim? Não, a trama é envolvente e a parte comédia no meio do filme tem algumas situações bem engraçadas. Mas, se a gente pensar que esse filme foi considerado o melhor de Cannes este ano, ou a competição estava bem fraca, ou tem alguma coisa errada aí. Sendo que A Substância estava concorrendo, voto na segunda opção.
Um dos problemas de Anora é que é difícil ter alguma empatia pelo casal protagonista. Ele é um milionário mimado que compra todos em sua volta; ela só está com ele por causa do dinheiro. Em momento algum o filme mostra algo mais afetivo na relação dos dois. Vejam bem: não tenho absolutamente nada contra ela ser uma trabalhadora do sexo, alguém na sua profissão pode ter um parceiro e ter uma vida em família. Mas esta realidade não é mostrada aqui.
Sobre o elenco, Mikey Madison (Pânico 5, Era Uma Vez em Hollywood) está bem em sua nova versão de Uma Linda Mulher. Pena que é uma personagem meio vazia – o filme foca nas festas, no luxo, no sexo e nas drogas e esquece de desenvolver o lado humano da personagem. Já o Ivan de Mark Eydelshteyn podia ser interpretado por qualquer um, ele passa o filme todo jogando videogame, fazendo sexo ou fugindo.
Sobram muitas cenas de nudez e sexo, e uma parte comédia que vai arrancar gargalhadas da plateia. Ou seja, nem está tão longe assim de American Pie…