O Hobbit 3: A Batalha dos Cinco Exércitos

0-Hobit3-posterCrítica – O Hobbit 3: A Batalha dos Cinco Exércitos

Chega ao fim a trilogia d’O Hobbit!

Ao recuperar sua montanha do dragão Smaug, Bilbo Bolseiro, Thorin Escudo-de-Carvalho e a Companhia de Anões involuntariamente despertaram uma força mortal para o mundo. Enfurecido, Smaug espalha sua ira sobre homens, mulheres e crianças indefesas da Cidade do Lago.

A expectativa era grande. Os dois primeiros filmes baseados no livro “O Hobbit” ficaram devendo. Mas quando o mesmo diretor Peter Jackson fez a trilogia O Senhor dos Aneis, o terceiro filme foi o melhor da série, e agora a gente esperava que acontecesse o mesmo com a trilogia do prequel.

Pena, desta vez Peter Jackson falhou. O Hobbit 3: A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit: The Battle of the Five Armies, no original) é o mais fraco dos seis filmes dirigidos por ele baseados em J.R.R. Tolkien.

Vejam bem, o filme não é exatamente ruim. Tecnicamente perfeito, traz bons atores, bons personagens, batalhas bem filmadas, etc. Mas O Hobbit 3 perde – e muito – na comparação com a trilogia anterior, principalmente com o terceiro filme: depois uma batalha sensacional, O Retorno do Rei termina com Aragorn virando rei e dizendo aos Hobbits “you bow to no one”, num momento que arrepia até o nerd mais insensível. E agora, no fim do sexto filme, bem… Nada memorável acontece…

Aliás, mesmo os outros filmes da nova trilogia têm sequências memoráveis. Tem alguma aqui? A batalha que dá título ao filme é deixada de lado enquanto acompanhamos algumas lutas em particular. E o fim da batalha é besta…

Se fosse um filme “independente”, O Hobbit 3 seria um filme razoável, apenas com o mesmo defeito dos outros dois filmes do prequel: a lentidão – foi um erro grave transformar um único livro em três filmes de quase três horas cada, os três filmes têm muita encheção de linguiça. Mas, por ser mais um filme do Peter Jackson, baseado em Tolkien, repetindo atores e personagens, a comparação entre as duas trilogias é inevitável.

Se salvam alguns detalhes, como falei lá em cima. A parte técnica é fantástica, Jackson e a Weta conseguem perfeição nos efeitos especiais, o dragão mais uma vez enche os olhos, assim como as grandiosas batalhas. Existem versões em 48 quadros por segundo, mas não posso julgar isso, a sessão de imprensa foi nos tradicionais 24 qps.

O elenco também está bem, felizmente Jackson conseguiu manter os mesmos atores durante toda a saga. Martin Freeman mais uma vez faz um bom trabalho liderando o elenco, que conta com Ian McKellen, Richard Armitage, Evangeline Lilly, Luke Evans, Orlando Bloom, Lee Pace, Billy Connolly e Manu Bennett. Só achei que alguns atores aparecem pouco – Cate Blanchett e Benedict Cumberbatch (que não mostra a cara mas dá a voz para dois vilões) deveriam ter participações maiores, seus personagens foram sub-aproveitados. Ian Holm, Christopher Lee e Hugo Weaving fazem pontas nos papeis esperados.

No fim, fica a certeza: o livro “O Hobbit” não tinha como virar uma trilogia de quase 9 horas (na sua versão curta, porque existe uma versão estendida). Se fosse apenas um filme, ou, no máximo, dois, seria beeem melhor.

p.s.: Será que Jackson agora pensa na trilogia do Silmarillion? Ou será que a Disney vai comprar tudo e inventar episódios 7, 8 e 9? 😛

O Hobbit – Uma Aventura Inesperada

Crítica – O Hobbit – Uma Aventura Inesperada

O aguardado novo filme da série O Senhor dos Aneis!

O hobbit Bilbo Bolseiro conta as aventuras do seu passado, quando foi levado pelo mago Gandalf, o Cinzento, para à épica missão de retomar a posse do reino dos anões, Erebor, do dragão Smaug, acompanhando os treze anões liderados pelo guerreiro Thorin Escudo-de-Carvalho.

Falar de O Hobbit – Uma Aventura Inesperada não é exatamente uma tarefa fácil, porque trata-se de um filme incompleto. Assim como fez anteriormente, o diretor Peter Jackson dividiu a história em três filmes. Só teremos uma visão exata daqui a dois anos, data prevista para lançarem o terceiro filme.

Inicialmente, Guillermo Del Toro seria o diretor, e seriam apenas dois filmes. Mas, quando a falência da MGM congelou o projeto, Del Toro saiu, depois de dedicar três anos ao filme. Del Toro continua creditado como co-roteirista, mas não se sabe exatamente quais partes cabem a cada um dos dois. E ninguém explicou por que viraram três filmes em vez de dois – se bem que a resposta a essa questão é meio óbvia: dinheiro.

Analisando este primeiro filme: posso chegar a duas rápidas conclusões:

– Peter Jackson mais uma vez fez um belo trabalho;

– Tenho medo da ideia comercial de se esticar um único livro em três filmes.

Vamos por partes, primeiro ao que funciona. Jackson foi muito competente ao retornar ao universo da Terra Média. Tudo aqui remete à outra trilogia: o clima é o mesmo, a trilha sonora lembra os temas de dez anos atrás, vários personagens retornam. Os cenários, que antes já eram muito bem feitos, estão ainda melhores – além de revermos o Condado e Valfenda, ainda conhecemos a fantástica Erebor. Belíssimos cenários naturais neo zelandeses também são usados, nas óbvias cenas de caminhadas – não seria Senhor dos Aneis sem longas caminhadas, né?

Os efeitos especiais, como era de se esperar, são excelentes. O cgi é absurdamente bem feito, tanto ao construir cenários deslumbrantes quanto para criar centenas de personagens que preenchem as várias cenas – não dá pra saber o que é ator e o que é cgi naquelas grandiosas cenas de batalhas com anões e orcs. E ainda tem uma cena com trolls perfeitos!

E a cereja do bolo também já era prevista: o Gollum. Andy Serkis volta ao seu mais famoso personagem por captura de movimento, e aqui ele consegue ser ainda mais “real” do que na outra trilogia. A Academia vai acabar criando uma categoria no Oscar pra conseguir premiar Serkis…

(Existe uma outra inovação que não pôde ser verificada por este que vos escreve. Desde que o cinema foi inventado, as projeções são a 24 quadros por segundo. O Hobbit – Uma Aventura Inesperada traz uma novidade: Peter Jackson filmou a 48 quadros por segundo, o que – dizem – traz uma imagem em alta definição para a tela do cinema. Mas a sessão de imprensa foi no tradicional 24 quadros por segundo. Também não vi o 3D, mas com relação a isso, nem faço questão.)

Mas… Nem tudo funcionou…

O meu grande receio com esta nova saga é justamente o fato de ser uma trilogia. O Senhor dos Aneis são três livros, que viraram três filmes. Tinha história suficiente para se fazerem três filmes de três horas cada (ou quatro horas cada, no caso das versões estendidas) – e ainda ficou coisa de fora. Mas aqui é um livro só, ou seja, a história terá que ser esticada. E isso já é sentido em alguns momentos deste filme – as cenas em Valfenda são arrastaaadas… Li por aí que Jackson incluirá trechos do Sillmarillion e partes não usadas dos livros O Senhor dos Aneis. Bem, como ele já fez um bom trabalho neste aspecto com os outros filmes, não vou falar mal ainda. Mas confirmo que é algo que me preocupa.

Além disso, O Hobbit – Uma Aventura Inesperada sofre com outro problema. Se a Sociedade do Anel tinha 9 integrantes, entre homens, hobbits, anões e elfos, e a gente já se confundia (nunca sei quem é Merry e quem é Pippin), aqui são 13 anões. Alguns se destacam e são facilmente identificáveis, mas heu me perdi no geral. Um espectador “leigo”, que nunca leu o livro, dificilmente vai conseguir identificar todos os treze.

Outra coisa: sei que o tom deste filme é um pouco mais infantil, mas mesmo assim achei o personagem Radagast bobo e caricato demais, ficou um pouco acima do tom. E não gostei da sequência dos gigantes de pedra, achei uma cena besta e completamente dispensável – mas sei que está no livro, então não vou reclamar.

Sobre o elenco, só tenho elogios. Martin Freeman (O Guia do Mochileiro das Galáxias) parece que nasceu para ser Bilbo Bolseiro – a gente até esquece que o personagem foi muito bem interpretado por Ian Holm. Ian McKellen mais uma vez está ótimo como Gandalf. Richard Armitage também está bem com o seu Thorin Escudo-de-Carvalho – o “Aragorn da vez”. E o elenco ainda traz participações de vários atores da “trilogia clássica”: Cate Blanchett, Hugo Weaving, Elijah Wood, Christopher Lee e Ian Holm, além do já citado Andy Serkis. E, para quem vê a série Sherlock, da BBC: Benedict Cumberbatch faz uma participação sem mostrar o rosto: ele é o Necromancer (pra quem nunca viu Sherlock: Benedict Cumberbatch é o Sherlock; Martin Freeman é o Watson).

Agora é segurar o “gostinho de quero mais” até dezembro do ano que vem, quando estreará O Hobbit: A Desolação de Smaug

p.s.: Durante o filme ninguém fala nada, mas até onde me lembro, o anão Gimli é filho de Gloin. E Gloin é um dos 13 anões… Será que veremos um Gimli criança?

Frankenweenie

Crítica – Frankenweenie

Novo longa-metragem em animação stop motion de Tim Burton!

Depois de perder inesperadamente o seu querido cão Sparky, o menino Victor usa experimentos com energia elétrica aprendidos na aula de ciências para trazer seu melhor amigo de volta à vida.

Tim Burton começou a chamar a atenção em 1988, com Beetlejuice – Os Fantasmas Se Divertem, seu terceiro longa-metragem. Mas ele já tinha feito alguns curtas interessantes antes. Um deles, de 1984, era justamente Frankenweenie, também em stop motion. Agora que Tim Burton é um nome consagrado em Hollywood, ele resolveu retomar seu velho curta e transformá-lo em um longa. Como já era previsível, o resultado ficou muito bom!

Falei previsível porque já mencionei aqui que Tim Burton é um dos poucos diretores contemporâneos com personalidade própria. Seus filmes quase sempre têm “cara de Tim Burton”. E ele usar stop motion em um longa não é exatamente uma novidade – ele produziu O Estranho Mundo de Jack em 1993 e dirigiu A Noiva Cadáver em 2005.

O melhor de Frankenweenie são as inúmeras referências a filmes clássicos de terror, como o Frankenstein de 1931 (a referência mais óbvia, na cena onde Sparky é trazido de volta), A Noiva de Frankenstein (o “cabelo” da cachorrinha), Gamera (ou Godzilla), A Múmia, nomes de alguns personagens (Elsa Van Helsing, Edgar E. Gore), o professor que tem a cara do Vincent Price, e até Gremlins (os ‘kikos marinhos”). Isso sem contar com Christopher Lee, que aparece em imagens de arquivo, tiradas do filme Drácula, O Vampiro da Noite.

Outra coisa muito legal é a caracterização dos personagens. A turma da escola só tem freaks, cada personagem é melhor que o outro! Adorei a menina dona do gato, com olhos enormes e pupilas minúsculas. Também gostei muito da fotografia em preto e branco e da trilha sonora de Danny Elfman.

Justamente por estes fatores citados nos dois parágrafos acima, não sei se o filme vai agradar os mais novos. O filme não é exatamente para crianças, apesar de não ser assustador – é uma mistura de terror com fantasia, com pitadas de drama e de comédia. Aliás, é bom falar: não é exatamente uma comédia, mas traz uma cena engraçadíssima de humor negro (a cena do “Colosso”).

Vi o filme dublado, então não posso falar muito sobre o elenco, que conta com vozes de Winona Ryder, Martin Landau, Martin Short e Catherine O’Hara, contracenando com crianças menos conhecidas como Charlie Tahan e Atticus Shaffer. Curiosamente, Frankenweenie não tem Johnny Depp nem Helena Bonham-Carter, os “atores assinatura” de Burton – é a primeira vez desde Peixe Grande (2003) que Depp não está num filme de Burton (foram cinco filmes seguidos).

O fim do filme traz um final “disneyano” desnecessário (o filme é da Disney), o fã de Tim Burton não precisa necessariamente de um final feliz. Mas nada que estrague o filme.

p.s.: Procurei no youtube o curta Frankenweenie original, de 1984, mas só achei este link que traz também outro curta, Vincent, feito em stop motion pelo mesmo Tim Burton dois anos antes, em 1982. Frankenweenie começa aos 5:57. Mas recomendo ver os dois!

Sombras da Noite

Crítica – Sombras da Noite

Uêba! Filme novo do Tim Burton!

No sec XVIII, o rico comerciante Barnabas Collins quebra o coração de uma bruxa. Como vingança, ela o transforma em vampiro e o deixa preso num caixão por duzentos anos. Em 1972, Barnabas consegue sair, e encontra sua mansão e sua família em ruínas.

Sombras da Noite (Dark Shadows, no original) é a adaptação de um antigo programa de tv homônimo, que foi ao ar entre 1966 e 1971. Não conheço o programa de tv, então não posso dizer se foi uma boa adaptação. Mas o filme, apesar de alguns escorregões aqui e ali, é divertido.

Vamos primeiro ao que funciona. Tim Burton é um dos poucos cineastas com personalidade na Hollywood contemporânea – seus filmes têm “cara de Tim Burton”. E Sombras da Noite tem essa “cara”, um filme ao mesmo tempo sombrio e engraçado, com o visual cheio de cores e detalhes que remetem a outros filmes do diretor, como Os Fantasmas se Divertem, A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça e A Noiva Cadáver. A direção de arte e a fotografia são pontos muito positivos aqui, pelo menos para os apreciadores do estilo de Burton. E a ambientação nos anos 70 está excelente.

O elenco é outro destaque. Pela oitava vez, Johnny Depp trabalha em um filme de Tim Burton – mais uma vez, ao lado de Helena Bonham-Carter (a dupla esteve junta nos quatro filmes anteriores de Burton, A Fantástica Fábrica de Chocolate, Noiva Cadáver, Sweeney Todd e Alice no País das Maravilhas). Ambos estão muito bem, assim como Michelle Pfeiffer e Jackie Earle Haley. Mas o melhor do filme são as atuações da jovem Chloë Grace Moretz, cada vez mais madura e melhor atriz; e de Eva Green, fantástica como a bruxa. Ainda no elenco, Jonny Lee Miller, Bella Heathcote e Gulliver McGrath, além de participações especiais de Christopher Lee e Alice Cooper (interpretando ele mesmo).

Mas… A história não tem muita consistência, parece que o roteiro só funciona nas boas piadas sobre a dificuldade de adaptação de um vampiro do sec XVIII aos anos 70 (algumas das melhores cenas são explorando isso). No resto, a trama não convence muito. Um exemplo: fica claro porque Barnabas quer Victoria, mas por que ela se apaixonaria por ele?

Mesmo assim, gostei de Sombras da Noite. Leve e divertido, com um pé na bizarrice – como todo bom filme do Tim Burton deve ser!

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A Inquilina

Crítica – A Inquilina

Uma jovem médica, recém separada, encontra um ótimo apartamento a um preço incrivelmente barato. O que ela não sabe é que o seu senhorio desenvolverá uma certa obsessão por ela.

Produção da Hammer (que recentemente nos apresentou o bom A Mulher de Preto, A Inquilina parece um daqueles “filmes de apoio” que rolavam nas locadoras na época do vhs. Eram produções modestas, que acompanhavam os lançamentos de ponta. Não necessariamente um filme ruim, mas quase sempre um filme “menor”.

O que chama a atenção é o nome de Hilary Swank. Duas vezes ganhadora do Oscar de melhor atriz (por Garotos Não Choram e Menina de Ouro), Swank não só é a atriz principal como também produziu A Inquilina. Não que o filme seja ruim, mas acredito que os fãs da atriz esperavam mais.

Se a gente ignorar o laureado currículo da protagonista, o filme até funciona. Swank está bem em seu papel, assim como seu companheiro Jeffrey Dean Morgan. Só achei Christopher Lee desperdiçado em um papel besta.

Para não dizer que A Inquilina é igual a tudo o que tem por aí, rola uma interessante mudança de foco na narrativa com aproximadamente meia hora de projeção, justo quando o filme começava a ficar monótono e previsível. Boa sacada do diretor Antti Jokinen, finlandês com experiência em videoclipes mas estreando em longa metragens.

Pena que este momento de criatividade não continue ao longo do filme. O fim de A Inquilina é bastante óbvio…

No fim, A Inquilina só é recomendado àqueles que estão sem opção melhor para assistir. Ou então aos fãs dos atributos físicos de Hillary Swank, que aproveita para mostrar em detalhes o corpo malhado.

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O Senhor Dos Anéis – As Duas Torres

Crítica – O Senhor Dos Anéis – As Duas Torres

Hora de falar do segundo filme da saga!

A trama segue exatamente de onde acabou o primeiro filme. Frodo precisa levar o Um Anel até Mordor, mas a Sociedade do Anel acaba se desfazendo em três núcleos, que seguem caminhos diferentes.

As Duas Torres é uma continuação diferente da maioria. O padrão em Hollywood é só pensarem na sequência depois do sucesso do primeiro filme – por isso tantas continuações são inferiores aos originais. Mas O Senhor dos Anéis foi pensado desde o início como um filme só, dividido em três partes. Por isso, heu arriscaria dizer que As Duas Torres é ainda melhor que A Sociedade do Anel – o primeiro filme tem que nos apresentar a trama e os personagens e por isso é um pouco lento; este segundo filme vai direto ao assunto.

O grupo se separa, e a trama se divide em caminhos paralelos: temos Frodo, Sam e Gollum a caminho de Mordor; Merry e Pippin fugindo de orcs; e Aragorn, Legolas e Gimli com os cavaleiros de Rohan, entre outras sub-tramas. Sim, são quase quatro horas; sim, o ritmo é quase o tempo todo tenso. E o clímax no Abismo de Helm é sensacional. Mesmo vista hoje, dez anos depois, a batalha que coloca homens e elfos enfrentando milhares de orcs ainda é excelente. Não dá pra saber o que era ator maquiado ou o que era computação gráfica – e também, quem se importa em saber? Só sei que a pancadaria rola solta, em cenas de altíssima qualidade – a sequência é ainda hoje uma das melhores batalhas da história do cinema.

Ainda sobre os efeitos especiais: é hora de falar do Gollum. Em 1999, George Lucas resolveu colocar um personagem digital no seu Star Wars ep I – A Ameaça Fantasma: o controverso Jar Jar Binks. Foi um marco na história dos efeitos especiais, mas a concepção do personagem ficou capenga – Jar Jar era um alívio cômico caricato e insuportavelmente chato. Peter Jackson foi mais feliz: Gollum não só é um personagem mais bem construído, como tecnicamente muito superior a Jar Jar – em Star Wars, um ator com uma máscara interagiu com o resto do elenco, e depois foi substituído pelo personagem digital; aqui, o ator Andy Serkis usou uma roupa com sensores de captura de movimentos – o personagem digital inserido tinha movimentos muito melhores, assim como interagia muito melhor com o resto do elenco.

E como está o Gollum hoje, dez anos depois, agora que já estamos mais acostumados a ver filmes quase inteiros em cgi? Olha, em algumas cenas, conseguimos ver claramente que ele não está no mesmo plano que o resto do filme. Mas essas cenas são minoria, o Gollum de dez anos atrás é melhor que muito cgi atual.

Alguns novo personagens são apresentados, para acompanhar o bom elenco do primeiro filme, como Brad Dourif como Grima Língua de Cobra, Miranda Otto como Eowyn, David Wenham como Faramir e Karl Urban como Eomer. Curiosidade: John Rhys-Davies, o Gimli, faz a voz do Barbárvore!

O ritmo do filme é muito bom, mas nem tudo é perfeito. Os livros davam pouca importância à Arwen e ao seu romance com Aragorn. Já os filmes dedicam muito tempo a esse romance. Essas partes são arrastaaadas… Me pareceu ser uma imposição dos produtores, ter uma “mocinha” e um “mocinho” para ajudar a vender o filme. Não gostei, podia ser como acontece no livro: o romance está lá, mas em segundo plano.

O Oscar não foi muito generoso com esta segunda parte, da trilogia este é o filme com menos prêmios e indicações. Concorreu a seis estatuetas: ganhou efeitos especiais (merecidíssimo) e edição de som; não levou melhor filme, edição, direção de arte e som.

Em breve vou rever o terceiro filme e falo dele aqui!

O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel

Crítica –  O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel

É hora de encarar (mais uma vez) a trilogia estendida d’O Senhor dos Anéis!

Antes de falar do filme em si, vamos a algumas informações interessantes. Os três livros O Senhor dos Anéis, escritos por J. R. R. Tolkien entre 1937 e 1949, e lançados pela primeira vez em 1954 e 55, eram considerados “infilmáveis”. O diretor neo-zelandês Peter Jackson já tinha cinco filmes no currículo, mas nada que enchesse os olhos dos estúdios – eram três trash (Bad Taste – Náusea Total, Fome Animal e Meet The Feebles), um cult (Almas Gêmeas) e uma comédia de terror feita em Hollywood (Os Espíritos). Mesmo assim, ele conseguiu convencer o estúdio New Line Cinema a bancar um projeto ambicioso: Jackson iria com toda a equipe para a Nova Zelândia (por causa das locações naturais e da mão de obra barata), ficaria lá por 13 meses e filmaria os três filmes de uma vez. Claro que o estúdio preferia fazer só o primeiro filme, afinal, se fosse um fracasso de público, o que fariam com as continuações? Mas Jackson bateu o pé e conseguiu carregar a galera para o seu país natal – e assim foi criada uma das melhores sagas da história do cinema!

Quando os três filmes foram lançados em 2001, 2002 e 2003 nos cinemas, cada um tinha cerca de três horas de duração. As versões estendidas, onde cada filme tem cerca de quatro horas, só passaram aqui no Brasil em sessões especiais, não entraram no circuito. E acho que não foram lançadas em dvd aqui no Brasil. Só recentemente tivemos versões oficiais, já em blu-ray. Mas não comprei o blu-ray nacional, já que o box importado, com 15 discos, tem legendas e dublagem em português – comprei o meu pela Amazon.

Vamos ao filme? Quando o “Um Anel”, um anel mágico de poder dado como desaparecido há muito tempo, é encontrado, o pequeno hobbit Frodo tem a tarefa de levá-lo para ser destruído. Ele não está sozinho na sua jornada: é acompanhado por Aragorn, Boromir, o mago Gandalf, o elfo Legolas, o anão Gimli e seus amigos hobbits Sam, Merry e Pippin.

O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel é um daqueles raros e felizes casos onde tudo dá certo. Adaptação literária bem feita, bom elenco, excelentes efeitos especiais, tudo isso numa trama simples (o bem contra o mal), mas contada de uma maneira excepcional.

A adaptação, que era uma grande incógnita, foi muito bem feita. Os fãs mais xiitas do livro reclamaram de algumas ausências, como por exemplo os trechos envolvendo o personagem Tom Bombadil (ignorado pelo filme), mas, afinal, era uma “adaptação”, não tinha como entrar tudo em um filme para cinema (talvez em uma mini série).

Acho que uma das coisas mais difíceis era mostrar personagens de tamanhos diferentes. Temos homens, elfos e orcs, mas todos têm tamanhos semelhantes. Já os hobbits, personagens importantíssimos na saga, são seres da altura de uma criança. E ainda tem um anão – interpretado por John Rhys-Davies, um ator de 1,85. E esses seres de tamanhos diferentes aparecem juntos vááárias vezes, e em nenhuma delas parece falso. Digo mais: hoje em dia seria tudo cgi, mas naquela época o cgi ainda não era o que é hoje (vou falar mais do cgi no texto sobre o próximo filme, As Duas Torres). Jackson usou truques de câmera e dublês nas cenas em close. O resultado ficou irretocável!

O elenco misturava atores desconhecidos com alguns de fama intermediária, como Ian McKellen, Liv Tyler, Cate Blanchett, Ian Holm e Christopher Lee. Boa parte do elenco soube capitalizar em cima do sucesso dos filmes e hoje são nomes bem conhecidos, mas antes eram nomes “lado B” – também, quem estava disposto a se mandar pra Nova Zelândia por um projeto arriscado e com mais de um ano de duração? Mas mesmo assim, a escolha do elenco foi perfeita, cada ator “vestiu” perfeitamente o seu personagem.

Lembro de Viggo Mortensen como coadjuvante de Demi Moore em GI Jane e num pequeno papel em O Pagamento Final – hoje o cara é protagonista de grandes produções como A Estrada e Um Método Perigoso – e chegou a concorrer ao Oscar de melhor ator por Senhores do Crime. Antes desconhecido, Orlando Bloom depois esteve nos três primeiros Piratas do Caribe e em Os Três Mosqueteiros. Elijah Wood participou de bons filmes como Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças e Sin City. Dominic Monaghan teve papéis importantes em séries badaladas como Lost e Flash Forward; Sean Bean foi o personagem central da primeira temporada da elogiada série Game of Thrones. Hugo Weaving antes era mais lembrado por Priscilla, a Rainha do Deserto; hoje o currículo dele é bem extenso, com filmes do porte de Matrix, Capitão América, O Lobisomem, V de Vingança e a franquia Transformers.

Outros atores ainda estão por aí, mas não são tão famosos hoje. John Rhys-Davies já tinha uma extensa carreira, mesmo não sendo um rosto muito conhecido – acho que o seu papel mais famoso era o Sallah de Os Caçadores da Arca Perdida (1981) e Indiana Jones e a Última Cruzada (1989). Sean Astin é outro que também já tinha currículo, ele foi o ator principal de Os Goonies quando tinha 14 anos. E acho que o único do elenco principal que era desconhecido e continua assim até hoje é Billy Boyd, o hobbit Pippin…

Os efeitos especiais também são sensacionais. Tudo bem que o que a trilogia traz de mais impressionante (o Gollum) só aparece no segundo filme. Mas mesmo assim, tudo aqui é extremamente bem feito – a começar pelo tamanho dos personagens que falei alguns parágrafos acima. Um universo onde a magia faz parte do dia-a-dia é mostrado e, hoje, uma década depois, os efeitos ainda não “perderam a validade”.

Ainda preciso falar das locações. Jackson estava certo quando quis fazer seu filme na Nova Zelândia – florestas, montanhas, planícies, rios, neve, tem todas as paisagens que o livro pedia. Boa escolha!

O filme concorreu a 13 Oscars, incluindo melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro adaptado e melhor ator coadjuvante para Ian McKellen. Não ganhou nenhum desses, mas levou quatro estatuetas: trilha sonora, fotografia, efeitos especiais e maquiagem.

Heu poderia continuar falando do filme, mas – caramba, o post já tá gigantesco! Só preciso falar mais uma coisa: a versão que passou nos cinemas é boa, mas, se você é fã, procure a versão estendida. É um total de 12 horas de filme, mas vale a pena!

Em breve, falo do segundo filme aqui!

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A Invenção de Hugo Cabret

Crítica – A Invenção de Hugo Cabret

Tinha uma coisa me encucando desde que vi o primeiro trailer deste filme. Como assim, uma fábula infanto-juvenil em 3D, dirigida pelo Martin Scorsese? Scorsese nunca fez um filme infantil, até onde sei… Enfim, fui ao cinema ver, incentivado também pelos 11 Oscars que está concorrendo (a  premiação é amanhã!). E posso dizer: A Invenção de Hugo Cabret é um filmaço!

Paris, anos 30. Hugo é um órfão que vive escondido pelos engrenagens dos relógios da estação de trem. Seu pai lhe deixou um autômato, que ele tenta consertar – até descobrir que o autômato pertencia a George Méliès, diretor de cinema, o grande precursor do cinema de ficção.

A primeira dúvida que heu tive era como seria o estilo do Scorsese em um filme direcionado aos pequenos. O cara é o autor de vários fimes excelentes, mas sempre com temas adultos, e muitas vezes violentos –  como Taxi Driver, Os Bons Companheiros, Cabo do Medo, Gangues de Nova York e Ilha do Medo. Neste aspecto, A Invenção de Hugo Cabret difere de sua filmografia, e pode ser classificado como um novo clássico infanto-juvenil.

Mas que ninguém pense que A Invenção de Hugo Cabret é só para os pequenos. Adultos também vão apreciar o filme, principalmente aqueles que são fãs de cinema. Poucas vezes a magia do cinema esteve tão bem representada nas telas. E em alguns momentos, parece que estamos vendo making offs dos filmes de George Méliès!

Outra coisa que chama a a tenção aqui é o 3D. Quem me lê sempre, sabe que não sou um fã dessa “febre 3D”. Um filme não precisa de 3D para ser bom, a não ser que seja um filme do estilo “circense”, tipo Dia dos Namorados Macabro, Fúria Sobre Rodas ou Piranha, onde o 3D faz parte da diversão (e você tem que se abaixar pra desviar das coisas atiradas na direção da câmera). E ainda é pior quando um filme é feito usando os meios convencionais e posteriormente convertido para 3D, aí a gente vê como o efeito é artificial e desnecessário. Pois bem, o 3D de Hugo Cabret é um dos melhores já feitos até hoje. Em algumas cenas, a gente realmente sente a profundidade, como nos flocos de neve, ou na cena do aquário usado por Méliès (quando ele filma através do aquário). E Scorsese mostra que está em plena forma, quase aos 70 anos (que ele completa em novembro deste ano) – alguns travellings em 3D pela estação são belíssimos!

O elenco é outro destaque. O pouco conhecido Asa Butterfield interpreta o personagem título; Sacha Baron Cohen (o Borat!) está excelente como o inspetor da estação; Chloë Grace Moretz, minha atriz mirim contemporânea favorita, também está ótima, como sempre (como em Kick-Ass e Deixe-me Entrar). Ainda no elenco, Ben Kingsley, Christopher Lee, Jude Law, Ray Winstone, Emily Mortimer e Michael Stuhlbarg.

A Invenção de Hugo Cabret é o grande favorito para o Oscar amanhã, está concorrendo a 11 estatuetas, incluindo melhor filme e melhor diretor (Scorsese já foi indicado sete vezes para melhor diretor e duas vezes para melhor roteirista, mas só ganhou uma vez, como diretor, por Os Infiltrados). A concorrência este ano está boa, se Hugo Cabret ganhar, será legal; mas se perder para O Artista, não será injusto.

Por fim, preciso falar mais uma vez do título nacional. O filme foi baseado no livro homônimo, escrito por Brian Selznick , então o erro desta vez não é do tradutor brasileiro. E parece que o livro originalmente se chama “The Invention of Hugo Cabret”, ou seja, o erro vem de mais longe ainda. Mas, será que alguém pode me explicar que “invenção” é essa? Hugo Cabret não inventou nada, a invenção é de George Méliès… O nome original do filme é mais correto: “Hugo“.

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Star Wars Ep III – A Vingança dos Sith

Crítica – Star Wars Ep III – A Vingança dos Sith

Depois dos episódios I e II, vamos ao III!

Conclusão da nova trilogia. Anakin Skywalker finalmente cede ao lado negro da Força (segundo as legendas, lado “sombrio” – horrível, não?), e Palpatine se revela o grande vilão, enquanto Obi Wan Kenobi, Yoda e Mace Windu tentam manter a paz.

A Vingança dos Sith segue os passos de seu antecessor, O Ataque dos Clones. Tem suas derrapadas, mas o saldo final é positivo.

O filme é bem mais sombrio que os outros cinco da série – era impossível ter um final feliz, já que no início do ep IV o mal prevalece. É o único filme da hexalogia que merece ressalvas quanto à recomendação para crianças!

Me parece que o pior problema aqui era fechar a história sem pontas soltas. Afinal, o fim tinha que ser coerente com a trilogia clássica (como todos sabem, foi filmada muitos anos antes). Na minha humilde opinião, quase tudo termina de forma coerente – a única escorregada está na parte do nascimento dos gêmeos, incompatível com um certo diálogo do ep. V (SPOILERS! Selecione o texto para ler: Em O Império Contra Ataca, quando Luke parte de Dagobah para Bespin, Obi Wan fala para Yoda: “Ele era a nossa última esperança”, e Yoda responde “Não, tem mais uma” – ou seja, Obi Wan não deveria saber da existência da Leia…)

Para os fãs, ainda tinha outro problema, este mais difícil de resolver. É que cada um imaginou um final ao longo dos muitos anos entre os filmes. Claro que teve muita gente decepcionada. Mas, caramba, George Lucas não tinha como agradar a todos. Não achei a sua solução a melhor de todas (heu também imaginei um final), mas achei convincente.

A parte técnica, como era de se esperar, é impecável. Assim como nos filmes anteriores, algumas sequências parecem ser criadas pensando num futuro videogame (como a parte em Utapau e a luta final), mas nada que atrapalhe. As sequências são eletrizantes!

No elenco, não há novidades. Hayden Christensen continua um ator limitado, mas funciona para o que o papel pede. E Ewan McGregor e Natalie Portman seguram a onda no resto, ao lado de Samuel L Jackson, Ian McDiarmid e a voz de Frank Oz (o Yoda).

Agora o “momento fanboy”: me lembro da primeira vez que vi este filme, numa pré estreia organizada pelo Conselho Jedi RJ. A sessão foi muito divertida, já que basicamente só tinham fãs no cinema. E a sala quase foi abaixo no momento que Darth Vader coloca o capacete e pela primeira vez faz aquele tradicional ruído ao respirar. Inesquecível!

Assim como O Ataque dos Clones, A Vingança dos Sith não supera a trilogia clássica. Mas não faz feio.

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Star Wars Ep II – O Ataque dos Clones

Crítica – Star Wars Ep II – O Ataque dos Clones

Continuemos com a saga Star Wars!

Neste segundo episódio, Anakin Skywalker vira guarda-costas de Padmé Amidala, e começa a rolar um clima entre eles. Enquanto isso, uma investigação de Obi-Wan Kenobi o leva a descobrir um exército de clones.

Dirigido novamente por George Lucas, O Ataque dos Clones não é uma obra prima, mas é bem melhor que o episódio anterior, A Ameaça Fantasma. Ok, admito que, em certos momentos, o ritmo é arrastado. Mas em compensação, temos sequências eletrizantes, como a briga entre Obi Wan e Jango Fett, ou toda a parte final na arena. Era isso o que os fãs sempre sonharam: ver jedis em ação!

(Temos que admitir que algumas das sequências parecem ser criadas para vender videogames, como a perseguição no início ou o Anakin na “fábrica de robôs”. Mas mesmo assim as cenas são muito boas.)

Uma das falhas do primeiro filme foi corrigida. Jar Jar Binks aparece bem menos aqui. E não é que ele tem uma participação discreta e importante?

O visual do filme é muito legal. No início do filme, Coruscant até lembra Blade Runner. A fábrica de clones em Kamino é belíssima; e o planeta Geonosis traz paisagens e alienígenas interessantes.

No elenco, perdemos Liam Neeson (Qui Gon Jin), mas ganhamos Christopher Lee como o vilão Conde Dooku (Conde Dookan na versão brasileira). Ewan McGregor e Natalie Portman agora dividem a tela com o até então desconhecido Hayden Christensen – tá, Christensen não é grandes coisas como ator, mas não atrapalha, pelo menos na minha opinião. Ainda no elenco, Samuel L Jackson, Frank Oz, Ian McDiarmid e Temuera Morrison.

(Sobre os nomes: deve ter algum brasileiro de sacanagem na Lucasfilm. O Ep I tinha um Capitão Panaka. Aqui, rola o Conde Dooku e o Lord Syfodias – que foi traduzido como Zaifo-vias. E no Ep III tem a Pau City! Impossível ser coincidência…)

O filme, propositalmente, não tem fim. Mas o terceiro episódio, A Vingança do Sith, é o próximo da fila!

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