Still Crazy – Ainda Muito Loucos

Still CrazyCrítica – Still Crazy – Ainda Muito Loucos

Imagine um filme que quase ninguém conhece, mas que é tão simpático, que todos os que vêem viram fãs?

Nos anos 70, a banda Strange Fruit foi uma lendária banda de rock: fama, dinheiro, groupies, drogas, brigas internas e um ex front man morto de overdose. Até o fim da banda foi épico, quando um raio atingiu o palco em um show, durante um festival ao ar livre. 20 anos se passaram e os ex-membros da banda passaram a viver no ostracismo, até que a ideia de uma turnê revival pode dar uma segunda chance à banda.

Não sei o motivo, mas Still Crazy – Ainda Muito Loucos (Still Crazy, no original) permanece desconhecido do grande público. Apoiado por um elenco inspirado, o filme dirigido por Brian Gibson (Tina) traz uma história despretensiosa e cativante.

O roteiro foi escrito pela dupla Dick Clement e Ian La Frenais – coincidentemente (ou não), autores do roteiro de um dos “filmes de banda” mais simpáticos da história, The Commitments (a dupla também escreveu Across The Universe, os caras são bons neste estilo). O roteiro usa muito bem os clichês de bandas de “dinossauros”, às vezes o filme lembra os exageros de This Is Spinal Tap. E li por aí “pelas internetes da vida” que as (boas) músicas presentes no filme teriam sido compostas por Mick Jones, guitarrista da banda Foreigner, mas acho que é lenda, não consegui confirmar isso nem no imdb, nem na wikipedia do próprio Jones.

Mas Still Crazy não seria o que é sem o elenco que tem. Bill Nighy faz uma espécie de David Lee Roth e tem alguns dos melhores momentos do filme com seu personagem, um cantor que não conseguiu sucesso na carreira solo e que tem seu espaço questionado na própria banda. Timothy Spall também protagoniza ótimos momentos com o seu baterista irresponsável e inconsequente. A banda ainda tem Billy Connolly como um roadie / técnico de som e Stephen Rea nos teclados (o cara carrega um Hammond e um sintetizador pra tudo quanto é gig! Aliás, que synth é aquele? Parece um Prophet V, mas acho que vi um logo da Moog…). O filme ainda conta com Jimmy Nail, Juliet Aubrey, Helena Bergstrom, Bruce Robinson e Hans Matheson.

Se você gosta de rock e não conhece este filme, fica a dica!

Entrevista Com o Vampiro

Entrevista com o vampiroCrítica – Entrevista Com o Vampiro

Um vampiro conta a um jornalista sua épica história de vida: amor, traição, solidão e fome.

Lançada em 1994, a adaptação do famoso livro de Anne Rice esteve ligada a polêmicas antes do lançamento (pela escolha do ator), mas foi um grande sucesso quando estreou. Bom diretor, bom elenco, boa história, sem dúvida trata-se de um dos melhores filmes de vampiro da história.

O diretor Neil Jordan já transitou em diversos estilos (Traídos Pelo Desejo, Michael Collins, Fim de Caso), e, quando fez algo ligado a terror, foram filmes com um pé no filme “cabeça” (A Companhia dos Lobos e Byzantium). Acho que podemos dizer que Entrevista Com o Vampiro (Interview With the Vampire, no original) é o seu terror mais convencional.

A narrativa flui bem, com o roteiro escrito pela própria Anne Rice. Lestat é um personagem importante, mas, no filme, o principal é Louis, que vira o narrador ao contar sua história para o jornalista. Tanto Louis quanto Lestat são ótimos anti-heróis.

Sobre o elenco, até hoje lembro deste filme quando alguém critica a escolha de um ator antes do filme estar pronto. Na época, todos reclamaram da escolha de Tom Cruise para interpretar o vampiro Lestat, desde Anne Rice, a autora dos livros, até este que vos escreve. E digo: estávamos errados! Cruise fez um excelente trabalho, é uma das melhores interpretações de sua carreira!

Outro comentário sobre o elenco: Brad Pitt era um nome em ascensão, depois de Mundo Proibido, KaliforniaAmor À Queima Roupa (e logo depois ele faria Lendas da Paixão, Seven12 Macacos). E o filme consegue um perfeito equilíbrio entre as duas grandes estrelas, o ego de um não conseguiu abafar o ego do outro.

Ainda o elenco: com apenas 12 anos, Kirsten Dunst arrebenta! Antonio Banderas e Christian Slater também estão bem. Já Stephen Rea parece que ganhou o papel porque é amigo do diretor…

Em 2002, o vampiro Lestat voltou em outra adptação de Anne Rice, A Rainha dos Condenados, interpretado por outro ator. Mas o filme é bem fraco, nem vale a pena.

Revisto hoje, Entrevista Com o Vampiro não envelheceu. Continua digno de listas de melhores filmes de vampiro.

Anjos da Noite 4 – O Despertar

Crítica – Anjos da Noite 4 – O Despertar

Não sei se alguém ainda tem paciência para esta franquia, mas, olha lá, o quarto Anjos da Noite já vai estrear nos cinemas semana que vem…

Quando humanos descobrem a existência de vampiros e lycans (lobisomens), começa uma guerra para erradicar as duas espécies. A vampira Selene (Kate Beckinsale) é capturada e, quando consegue fugir, doze anos depois, descobre um complô em andamento.

Anjos da Noite 4 – O Despertar (Underworld: Awakening, no original) tem uma grande virtude: é um filme honesto. Quem se propõe a vê-lo sabe exatamente o que vai encontrar: tiros e explosões com visual estilizado, um fiapo de história com vampiros e lobisomens, e Kate Backinsale em uma roupa apertada de couro. Trama elaborada? Personagens bem construídos? Filme que vai entrar em listas de melhores? Nada disso, não aqui…

A parte técnica funciona bem nas cenas de ação, o filme traz algumas sequências eletrizantes. Mas por outro lado deixa a desejar no cgi dos lycans. É inaceitável uma produção hollywoodiana atual ter cgis tão capengas.

E tem outro problema, ainda pior: o filme não tem uma história. A trama parece uma sequência de justificativas para as cenas de ação. Não me lembro direito dos outros Anjos da Noite, pra mim são “filmes fast food” – vejo, me divirto na hora, e esqueço logo depois. Sei que a franquia é meio “lado B”, mas não me recordo de serem tão vazios em conteúdo.

Dirigido pelos desconhecidos suecos Måns Mårlind e Björn Stein, Anjos da Noite 4 – O Despertar tem o roteiro escrito por Len Wiseman, diretor dos dois primeiros filmes e roteirista de todos os quatro filmes da franquia. Wiseman também é casado com Kate Beckinsale, deve ser por isso que ela voltou para a série.

No elenco o grande nome é Kate Beckinsale. Quase quarentona, ela está linda e com um corpaço. E manda bem nas cenas de ação, tanto na p%$#rrada quanto no uso de armas de fogo – parece que a sua Selene quer disputar o trono de “kick-ass queen” com a Alice (Resident Evil) de Milla Jovovich, já que a Angelina Jolie aparentemente aposentou a sua Lara Croft…

Curiosamente, Kate não esteve na parte 3. A protagonista feminina foi Rhona Mitra, que parece uma Kate genérica (Rhona também é bonita e dona de belas curvas, mas tem um currículo bem mais fraco). Achei que Kate ia tentar mudar o rumo da carreira, mas aí ela fez um filme policial na neve (Terror na Antértida), e uma das melhores coisas do filme eram as suas curvas. Parece que ela desistiu e voltou a investir no lado “coroa gostosa”.

Um último comentário sobre o elenco: Stephen Rea deve estar precisando de dinheiro, para ter aceitado um papel num filme desses! Ainda no elenco, Sandrine Holt, Michael Ealy, Charles Dance e Theo James.

Enfim, como falei lá no começo, Anjos da Noite 4 – O Despertar tem o seu público alvo, que não vai esperar nada muito diferente. Então não vai decepcionar muita gente. Mas se você não é fã da franquia, acho que nem vale a pena. Tem coisa melhor por aí…

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Se você gostou de Anjos da Noite 4 – O Despertar, o Blog do Heu recomenda:
O Lobisomem
Anjos da Noite 3 – A Rebelião
Resident Evil 4: Recomeço
Terror na Antértida

Stuck – Em Rota de Colisão

Stuck – Em Rota de Colisão

Sabe quando um filme é simples e eficiente? É o caso deste filme de 2008.

Uma enfermeira, prestes a ganhar uma promoção no hospital onde trabalha, acidentalmente atropela um homem, e, sem saber o que fazer, leva o carro para casa, com o homem atravessado no pára-brisa. A partir daí, uma série de decisões erradas criam um efeito cascata.

Baseado em fatos reais, o filme foi dirigido por Stuart Gordon, especialista em terror (e talvez o cara que mais tenha feito filmes baseados em HP Lovecraft na história do cinema). Mas Stuck – Em Rota de Colisão não é terror, está entre o suspense, o drama e o humor negro.

Me questiono se a escolha de Mena Suvari foi a melhor opção para o papel principal. Ela está bem, não me entendam errado. Mas ela, loura de olhos azuis, não me parece ter o physique du role ideal para o papel. Bem, independente disso, ela faz um bom trabalho como a enfermeira que se perde em decisões erradas. E, para os fãs de Mena: tem cena de nudez!

O outro ator está perfeito. Stephen Rea consegue dar credibilidade ao cara que estava no lugar errado, na hora errada.

Com um roteiro enxuto, Stuck – Em Rota de Colisão não é uma obra prima, mas vale o aluguel / download.

Ondine

Ondine

Syracuse (Colin Farrell) é um pescador irlandês pouco acostumado com a sorte. Mas isso muda quando ele encontra uma misteriosa mulher em sua rede de pesca. Ele desconfia que ela possa ser uma sereia, mas sua filha de dez anos – que, por causa de um problema de saúde vive numa cadeira de rodas – acha que ela é uma Selkie, uma espécie de mulher foca da mitologia local.

Colin Farrell voltou à sua Irlanda natal para esta simpática fábula, escrita e dirigida por Neil Jordan, outro irlandês ilustre. O que é mais legal em Ondine é a dúvida que o filme levanta: seria Ondine uma Selkie de verdade?

Além de Farrell, dois nomes se destacam no elenco: a bela e pouco conhecida Alicja Bachleda (mexicana, descendente de poloneses) como Ondine, e Alison Barry como a esperta filha do pescador. Claro, como é um filme do Neil Jordan, Stephen Rea, seu ator favorito, também está lá.

Neil Jordan é um grande diretor e já fez grandes filmes, como Entrevista Com um Vampiro, Traídos Pelo Desejo e Fim de Caso. Aqui, é um filme mais modesto, uma história romântica no formato de um conto de fadas moderno.

O roteiro anda por um caminho perigoso, mas consegue resolver de maneira satisfatória o mistério de Ondine. Pelo menos heu gostei da solução do filme!

Enfim, nada essencial. Mas um filme leve e agradável, quem for assistir não vai se arrepender.

A Colheita do Mal

A Colheita do Mal

Katherine Winter (Hillary Swank) é uma famosa pesquisadora especializada em desmascarar supostos milagres. Ela é contratada para investigar um estranho fenômeno que está ocorrendo numa cidadezinha no interior da Louisiana, onde as águas de um rio estão vermelhas como sangue. A cidade acha que esta pode ser a primeira de dez pragas repetindo as pragas bíblicas que castigaram o Antigo Egito.

Dirigido em 2006 por Stephen Hopkins, A Colheita do Mal (The Reaping no original) tem uma boa premissa: uma reedição das pragas bíblicas nos dias de hoje, acompanhadas por uma pessoa que balança entre a fé e a ciência. Pena que ficou só na boa ideia – o filme em si não é lá grandes coisas…

O filme não é de todo ruim. O problema é que às vezes parece que perderam a mão. Um bom exemplo são os efeitos especiais. Uma das cenas, a da praga dos gafanhotos, é impressionantemente bem feita. Mas, por outro lado, os efeitos na cena final são exagerados e desnecessários.

Uma coisa curiosa em A Colheita do Mal é a escolha de sua protagonista, Hilary Swank, dona de dois Oscars de melhor atriz (por Meninos não Choram e Menina de Ouro). Este projeto veio pouco depois da segunda premiação, e não me parece um estilo de filme coerente com um ator tão laureado (se bem que Swank esteve no elenco de O Núcleo – Missão ao Centro da Terra entre os dois prêmios…). Além de Swank, o elenco conta com AnnaSophia Robb, Stephen Rea, David Morrissey e Idris Elba. E, para os fãs de filmes de terror dos anos 80, o xerife é interpretado por William Ragsdale, o ator principal de A Hora do Espanto.

O roteiro poderia ter usado as locações na Louisiana como um trunfo, como fizeram em filmes como Coração Satânico e A Chave Mestra. Mas, não, nem isso foi aproveitado. Esta história poderia ter sido contada em qualquer lugar…

No fim, temos um filme médio, com efeitos especiais atrapalhando uma grande atriz, num roteiro um pouco confuso, mas que traz algumas reviravoltas interessantes.