Candy Land

Crítica – Candy Land

Sinopse (imdb): Uma jovem aparentemente ingênua e devota encontra seu caminho no mundo subterrâneo dos trabalhadores do sexo de parada de caminhões, também conhecidos como “lagartos de lote”.

De vez em quando aparecem alguns filmes que parecem meio perdidos no tempo. Candy Land não tem cara de filme atual. Lembra filmes dos tempos do VHS nas locadoras, lá nos anos 80, tanto no conteúdo (o filme se passa em 1996) quanto na forma – as cenas de sexo e nudez não parecem filmadas em 2022. Até o pôster do filme é um pouco apelativo e lembra produções exploitation dos anos 70.

Escrito e dirigido pelo pouco conhecido John Swab, Candy Land é uma produção pequena. Poucos cenários, poucos atores, com uma proposta bem básica: uma jovem abandonada pelo seu grupo religioso é acolhida por um grupo de prostitutas de beira de estrada, e mortes começam a acontecer. Candy Land consegue criar uma boa trama envolvendo prostituição e fanatismo religioso. E ainda tem muita violência e umas boas cenas de gore.

O roteiro tem suas conveniências. Começam a acontecer assassinatos no motel e parece que ninguém dá muita bola. Ficou muito fácil para a assassina! Pelo menos a sequência final explica a postura aparentemente inconsequente da Remy.

O elenco principal é de nomes desconhecidos. Olivia Luccardi tem o equilíbrio ideal entre beleza e esquisitice que sua personagem pede. Candy Land também traz dois nomes “famosos lado B”. Um é William Baldwin, um dos irmãos menos conhecidos do Alec Baldwin (eram quatro irmãos, ainda tinha o Stephen e o Daniel), que deve ter gravado todas as suas cenas no mesmo dia. O outro nome é um pouco menos conhecido, Guinevere Turner, mas, minha memória é bizarra, lembro dela em filmes independentes nos anos 90, como O Par Perfeito e O Clube do Fetiche. Também no elenco, Sam Quartin, Eden Brolin, Owen Campbell e Virginia Rand.

Despretensioso, Candy Land vai agradar quem curte um slasher / exploitation com cara de vintage.

Dogma

Crítica – Dogma

Empolgado com estes Top 10 de entidades divinas, resolvi rever Dogma, um dos melhores filmes de Kevin Smith, um dos meus diretores favoritos.

Dois anjos banidos por Deus descobrem uma brecha nas regras e com isso querem voltar ao Paraíso. Mas se fizerem isso provarão que Deus não é infalível e toda a existência poderá ser destruída. Uma funcionária de uma clínica de aborto recebe a missão de tentar parar os anjos.

Dogma foi lançado em 1999. Na época rolava um “frenesi do fim do mundo”, por causa da virada do milênio (apesar da real virada ter sido entre 2000 e 2001). O filme foi comparado com filmes como O Sexto Dia ou Stigmata, apesar de ser uma comédia. Pelo menos Dogma não ficou datado, já que não falava especificamente da virada do milênio. Visto hoje, é uma divertida comédia apocalíptica.

Kevin Smith pode não ter muita fama como diretor de atores, mas é um gênio no que diz respeito a diálogos bem escritos. Aqui em Dogma ele tem uma história baseada em universo mais complexo do que seus filmes anteriores (O Balconista, Barrados no Shopping, Procura-se Amy). Pela primeira vez, ele usa personagens tirados de outra fonte – a bíblia. E Smith conseguiu: não só os diálogos são bem escritos, como os personagens adaptados da bíblia funcionam bem ao lado de seus personagens habituais.

O elenco é muito bom, talvez o melhor que já esteve à disposição de Smith. Ben Affleck e Jason Lee eram figuras constantes em seus filmes (estiveram em Barrados no Shopping e Procura-se Amy); e Affleck aqui repete a parceria com Matt Damon, que lhes rendeu Oscar de melhor roteiro dois anos antes, por Gênio Indomável. E o filme ainda tem Alan Rickman, Linda Fiorentino, Salma Hayek, Chris Rock, Janeane Garofalo, Guinevere Turner e uma divertida ponta da cantora Alanis Morrisete. E, claro, Jason Mewes e o próprio Kevin Smith mais uma vez como a dupla Jay e Silent Bob.

Falando em Jay e Silent Bob, tive saudades dos dois doidões. Entendo e respeito a decisão de Smith de seguir em frente com a carreira e abandonar a dupla – já foram três filmes sem os dois, Pagando Bem Que Mal Tem, Tiras em Apuros e Red State. Mas que a dupla, presente em seis filmes, era muito divertida, isso era!

Ainda tenho que falar da polêmica com a igreja católica que rolou na época. Os católicos mais radicais se sentiram ofendidos, já que Dogma mostra algumas figuras bíblicas em situações pouco convencionais. Mas, vendo o filme de cabeça aberta, o filme não é ofensivo. É apenas outra visão – uma visão diferente, um pouco mais escrachada…

Dogma é um filme estranho. Não vai agradar a todos, afinal, é uma comédia com temática séria em cima de um tema polêmico. Mas, pelo menos pra mim, é um dos melhores filmes do Kevin Smith.

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