Babilônia

Crítica – Babilônia

Sinopse (imdb): Um conto de ambições exageradas e excessos escandalosos, o filme traça a ascensão e queda de múltiplos personagens durante uma era de desenfreada decadência e depravação no início de Hollywood.

Depois de Whiplash e La La Land, claro que fico de olho em cada novo filme do Damien Chazelle (apesar de não ter curtido muito O Primeiro Homem).

Babilônia (Babylon, no original) é um filme do jeito que heu gosto. Tecnicamente impressionante, traz como pano de fundo os bastidores de Hollywood, e ainda tem uma parte musical absurdamente bem trabalhada. Vamos por partes.

Logo no início do filme tem um exemplo do que mais gosto no cinema: um plano sequência que deve ter sido um caos pra filmar! Está rolando uma festa, com álcool, drogas, gente pelada passando, diálogos, tem até uma galinha! O espectador desavisado olha e deve pensar “ora era só o diretor dizer “pirem!” e sair andando com a câmera. Mas não, cada elemento é bem pensado e faz parte de uma complexa coreografia que envolve todos os que estão em cena e também a equipe que está atrás da câmera. Adaptando o meme da Internet, “é pra isso que heu pago o ingresso do cinema!”

Esta cena não é o único momento bem filmado. Todo o filme é cheio de detalhes, são várias sequências muito boas – como aquela onde a equipe está pela primeira vez filmando com som. Mas também preciso falar de outro plano sequência impressionante, quando vemos um estúdio da época do cinema mudo, com várias produções sendo filmadas uma ao lado da outra.

Porque isso me leva ao segundo ponto: bastidores de Hollywood. A gente vê um monte de filmes e séries que mostram sets de filmagem, mas aqui vemos sets da época do cinema mudo, o que não é algo muito comum. Nunca tinha me tocado desse detalhe: como não tinha som, você podia ter um set exatamente ao lado de outro.

O terceiro ponto é o som do filme. Babilônia não é um musical, como La La Land, mas tem muitos momentos envolvendo música. Em vários momentos a câmera está em movimento e se aproxima de um músico, e então ouvimos este instrumento mais alto do que a massa sonora. Além disso, a trilha sonora composta por Justin Hurwitz (o mesmo de La La Land) é muito boa!

Nem tudo é perfeito. Além do filme ser um pouco longo demais, tem duas coisas que achei desnecessárias. Uma é a cena logo no início que envolve fezes de elefante. O filme começou e pensei “caramba, se for nessa pegada, vai ser complicado”. Felizmente a escatologia é pouca.

A outra parte desnecessária é uma viagem com a história do cinema que vemos bem no finzinho, e que acho que deveria ser reduzida. Afinal, estamos nos anos 50 e vemos imagens de filmes como Matrix e Avatar. Na minha humilde opinião, ficaria mais lógico se parassem nos anos 50, não?

Ouvi críticas com relação à sequência perto do fim com a participação do Tobey Maguire. Ok, concordo que é uma sequência que se você tira, o filme não perde nada. Mas… Me diverti na sequência. E sim, é bizarra, mas, se a gente lembrar que o filme começa com fezes de elefante, essa sequência está longe de ser o mais bizarro que vemos na tela.

Sobre o elenco, curioso ler os nomes Brad Pitt e Margot Robbie e sair do filme impressionado com Diego Calva (quem?). Babilônia acompanha a história de quatro personagens, e como essas quatro histórias se misturam – ou seja, não tem um personagem exatamente central. E o Manny do quase desconhecido Diego Calva é o cara que acaba conduzindo o filme. Mas, mesmo assim, ainda podemos dizer que Brad Pitt e Margot Robbie estão excelentes nos seus papéis – um grande astro em decadência e uma aspirante a estrela que funciona no cinema mudo mas não se adapta ao cinema falado. O quarto personagem seria o trompetista vivido por Jovan Adepo (Fiquei na dúvida sobre a importância de outros coadjuvantes, como a repórter de fofocas interpretada por Jean Smart, ou a Lady Fay Zhu interpretada pela Li Jun Li. Mas acho que o trompetista tem um arco melhor desenvolvido). Ainda no elenco, Olivia Wilde, Lukas Haas, Patrick Fugit, Eric Roberts, Samara Weaving, Jeff Garlin, Flea e Katherine Waterston.

É longo? Sim, concordo. É exagerado? Sim, também concordo. Mas curti. Saí do cinema com vontade de rever!

Não se preocupe, Querida

Crítica – Não se preocupe, Querida

Sinopse (imdb): Uma dona de casa dos anos 1950 que mora com o marido em uma comunidade experimental utópica começa a se preocupar com a possibilidade de sua empresa estar escondendo segredos perturbadores.

Um tempo atrás me falaram de um filme dirigido pela Olivia Wilde que seria numa onda meio Mulheres Perfeitas, uma sociedade perfeitinha mas com algum mistério por trás. Acabei me esquecendo desse filme, até que veio o email com o convite para a sessão de imprensa de Não se preocupe, Querida (Don’t Worry Darling, no original). Era esse o filme!

Fui ver sem saber de mais nada. Só depois que descobri que teve um monte de barracos nos bastidores Florence Pugh teria brigado com a Olivia Wilde, Harry Styles teria cuspido no Chris Pine… Mas, esse é um site de cinema e não de fofocas, vou falar do filme, quem quiser bastidores procure em outro lugar.

O complicado de falar sobre um filme destes é que existe um grande mistério por trás de tudo o que acontece. O desafio é fazer uma crítica sem spoilers. Vou me segurar!
Não se preocupe, Querida é o segundo longa dirigido por Olivia Wilde (ela dirigiu alguns curtas e alguns videoclipes). Ela consegue criar um bom clima de tensão e mistério – o que diabos está acontecendo naquele lugar? E o visual meio artificial daquela cidade criada ajuda nessa estranheza.

O elenco está muito bem. Segundo o imdb, Olivia Wilde pretendia estrelar, mas quando viu Midsommar mudou de ideia e convidou a Florence Pugh, que está ótima no papel principal (Olivia ficou com um papel secundário). Também no elenco, Chris Pine, Harry Styles e Gemma Chan – todos estão bem.

(Se a gente lembrar que a Olivia Wilde fez DC Liga dos Super Pets e o Harry Styles estava na cena pós créditos de Eternos, são 3 Marvel contra 2 DC…)

Adorei a trilha sonora, que parece que usa vozes sussurradas como instrumentos musicais. Se o filme é tenso e esquisito, fica ainda mais tenso e esquisito quando usa uma trilha tensa e esquisita. E tem uma cena que ficou engraçada, principalmente para o público brasileiro, envolvendo a música Desafinado, quando um cara dança de modo completamente sem nexo com a música.

O roteiro de Katie Silberman, Carey Van Dyke e Shane Van Dyke não é perfeito, o filme tem algumas facilitações meio forçadas, tipo o médico esquecer uma pasta com documentos confidenciais. Mesmo assim, gostei do ritmo frenético da parte final, e gostei de como terminou o filme.

O filme é um pouco longo, mas mesmo assim gostei do resultado final. Não se preocupe, Querida estreia dia 22 nos cinemas, e já quero rever!

Renascida do Inferno

renascidadoinfernoCrítica – Renascida do Inferno

Um grupo de pesquisadores trabalha em um soro que pode trazer animais mortos de volta à vida. Quando um acidente mata uma das pessoas da equipe, eles resolvem tentar ressuscitá-la. Mas o processo pode trazer efeitos colaterais imprevistos.

Nem todos os filmes lançados têm a proposta de serem grandes filmes. Alguns filmes funcionam mesmo sendo filmes “médios”.

Renascida do Inferno (The Lazarus Effect, no original) é um filme previsível. Mas, como li no fórum do imdb, “em um filme de ação, o herói vai sobreviver; em um romance, o casal vai ficar junto – por que a implicância quando é terror?”

A trama parece uma mistura de Linha Mortal com Cemitério Maldito, com um toque de Lucy (o lance do percentual de uso do cérebro). Nem tudo tem lógica, mas dá pra segurar a atenção pelos 83 minutos de projeção.

O melhor de Renascida do Inferno é que o diretor estreante David Gelb soube construir bem o clima de tensão, e ainda trouxe alguns sustos bem colocados. Em momento algum o filme fica “engraçadinho” – mal que acontece de vez em quando em filmes de terror.

Se a história é pouco criativa, pelo menos o elenco é bem legal. Olivia Wilde está linda e assustadora, mesmo quando está sem a maquiagem “zumbi”. Evan Peters, protagonista do melhor momento de X-Men Dias de um Futuro Esquecido é outro que está bem. Também no elenco, Mark Duplass, Sarah Bolger e Donald Glover.

Ah, o título nacional… Gente, “Renascido do Inferno” é Hellraiser. Precisava mesmo usar o título de um filme que já existe?

Ela

0-ela1Crítica – Ela

Spike Jonze novo na área!

Um escritor solitário desenvolve um incomum relacionamento com um recém criado programa de computador, feito para suprir todas as suas necessidades.

Um cara que tem um relacionamento com um programa de computador é uma história estranha. Mas é coerente com a carreira de Spike Jonze. A gente tem que lembrar que ele dirigiu Quero Ser John Malkovich, onde um personagem que trabalha no andar sete e meio descobre uma porta que leva direto à mente do ator John Malkovich.

Ela (Her, no original) tem uma proposta fascinante. Um programa de inteligência artificial que pode ser a companheira perfeita. É tão perfeita que tem falhas e chega a demonstrar ciúmes – chegam a rolar algumas DR no filme!

Vou além: este plot daria uma excelente história apocalíptica do mundo sendo dominado por robôs. E se, em vez de robôs exterminadores, a Skynet criasse programas de inteligência artificial que tomassem a cabeça de todos? Os robôs conquistariam o mundo sem precisar dar um tiro!

Mas voltemos a Ela. Trata-se de uma ficção científica, mas esqueça naves espaciais e robôs – o foco são os relacionamentos. E esse é o grande lance do filme escrito e dirigido por Jonze. Todo mundo já teve o coração partido por um relacionamento que deu errado. Então fica muito fácil de se identificar com Theodore Twombly, personagem muito bem interpretado por Joaquin Phoenix. A dúvida pulula na cabeça: será que daria certo um relacionamento com uma máquina?

Joaquin Phoenix tem uma tarefa árdua: passa boa parte do filme sozinho na tela. Seu Theodore não está só, mas Samantha, a personagem de Scarlett Johansson, não tem corpo, só a voz. Então só vemos Phoenix, que interpreta um cara comum – outra razão pra gente se identificar com ele.

O elenco feminino é bem interessante. Não é sempre que temos as belas Scarlett Johansson, Amy Adams, Olivia Wilde e Rooney Mara juntas, né? Tudo bem que não vemos Scarlett e Amy está maquiada para parecer feia, mas mesmo assim são Scarlett Johansson e Amy Adams! Rooney Mara, a ex-mulher, aparece pouco, e está muito bonita; Olivia Wilde só tem uma cena, e essa não consegue ficar feia nem que se esforce muito… Ainda no elenco, Chris Pratt, o Lego principal em Uma Aventura Lego, e as vozes de Brian Cox (outro programa de computador) e Kristen Wiig e Bill Hader (em chats pelo telefone). E o diretor Spike Jonze faz a voz do videogame.

A trilha sonora também é ótima. Músicas melancólicas sublinham perfeitamente as emoções dos personagens. A fotografia também é muito boa. Agora, o filme podia ser um pouco mais curto. Não precisava passar de duas horas.

Ela está concorrendo a cinco Oscars: filme, roteiro, trilha sonora, canção e design de produção. Na minha humilde opinião, não tem cara de melhor filme…

p.s.: Heu queria uma Samantha na minha vida. Não pelo lado pessoal, felizmente estou bem servido neste aspecto. Mas pela organização – logo de cara ela vê uma pasta com alguns milhares de e-mails guardados, escolhe os únicos 86 que prestam e apaga o resto. Queria um programa pra analisar minhas contas de e-mail e minhas redes sociais e filtrar o que merece ser apagado…

p.s.2: Sou o único a achar que, com esse bigode, Joaquin Phoenix está a cara do Clive Owen misturado com o Tom Selleck? 😛

Rush – No Limite da Emoção

Crítica – Rush – No Limite da Emoção

Cinebiografia que mostra a história (real) da rivalidade, nos anos 70, entre dois grandes corredores de estilos completamente diferentes: Niki Lauda e James Hunt – desde as corridas  de menor expressão, até a Fórmula 1, onde ambos tiveram carreiras vitoriosas.

Nasci em 71, só acompanhei a Fórmula 1 dos anos 80, me lembro de Lauda como rival de Nelson Piquet. Não me lembrava de detalhes sobre o campeonato de 1976. Mas vou falar que, se tudo aconteceu como no filme, 76 foi um ano eletrizante na F1.

O tempo de tela é bem dividido entre os dois protagonistas. De um lado, Lauda, metódico e cerebral; do outro, Hunt, mulherengo e fanfarrão. Literalmente, razão vs emoção.

Dois personagens principais, dois atores principais. Chris Hemsworth teve menos trabalho, seu James Hunt é parecido com os personagens que costuma fazer, a gente vê o Thor pilotando. Já Daniel Brühl (Bastardos Inglórios) ganhou um papel mais complexo – seu Niki Lauda, genial e antipático, está impressionante – e ele ainda usa uma prótese nos dentes para ficar mais parecido com o piloto austríaco. Ah, as melhores tiradas do filme vêm de Lauda, como, por exemplo, a sua reação ao dirigir uma Ferrari pela primeira vez.

O diretor é Ron Howard, dono de um excelente e vasto currículo como diretor, produtor e ator, que inclusive conta com dois Oscars, por Uma Mente Brilhante (melhor diretor e melhor filme). Rush – No Limite da Emoção traz algumas semelhanças com outra boa cinebiografia dirigida por Howard: Apollo XIII. Ambos os filmes foram baseados em histórias reais que são excepcionais

Aqui, Howard pega a história original, que já era muito boa, e a conta de maneira ainda mais interessante. Não me lembro de ter visto corridas de Fórmula 1 tão bem filmadas como aqui. E Rush – No Limite da Emoção ainda tem alguns trunfos, como uma excelente reconstituição de época e a boa trilha sonora de Hans Zimmer.

Além de Hemsworth e Brühl, o elenco ainda conta com Olivia Wilde, que, na minha humilde opinião, não ficou bem loura. Ainda no elenco, Alexandra Maria Lara, Natalie Dormer e Pierfrancesco Favino.

Confesso que, como brasileiro, senti uma certa frustração por não ter visto o Emerson Fittipaldi. Ele é citado, Hunt pegou a sua vaga na McLaren quando o piloto brasileiro, então bicampeão mundial, resolveu criar a Copersucar. Mas ele não aparece…

(Fatos históricos pra quem não acompanhou: Fittipaldi foi campeão em 1974 pela McLaren, mas largou a escuderia no ano seguinte para investir no projeto Copersucar, um carro de corrida brasileiro. Pena que o carro não era competitivo, Fittipaldi nunca mais ganhou uma prova de F1…)

Outro fato histórico: qualquer um que já se interessou por F1 sabe que Niki Lauda se envolveu em um grave acidente – Lauda não se aposentou depois do acidente, e continuou correndo mesmo com o rosto deformado pelas queimaduras. Curiosamente, o acidente em si acontece de maneira rápida na tela. Achei que veríamos com mais detalhes. A recuperação de Lauda e todo o pós acidente têm maior foco no roteiro.

Heu não me lembrava do campeonato de 76, o que foi bom, porque a parte final do filme é eletrizante, e não sei se teria a mesma graça se heu já soubesse o fim da história. Para quem não acompanhou, recomendo não ler sobre quem ganhou!

A Fuga

Crítica – A Fuga

Depois de ganhar o Oscar de melhor filme estrangeiro por Os Falsários, o diretor austríaco Stefan Ruzowitzky foi convidado pra o seu primeiro projeto hollywoodiano, este A Fuga (Deadfall, no original).

Um casal de irmãos foge com o dinheiro de um golpe em um cassino, ao mesmo tempo que um ex-boxeador está a caminho da casa dos seus pais para passar o Dia de Ação de Graças com a família. Quando os caminhos se cruzam, as coisas podem dar errado.

A Fuga é um eficiente thriller com uma trama bem construída, que se baseia em conflitos familiares em vez de reviravoltas no roteiro. O filme não tem nada de Spielberg, mas são três famílias, todas com problemas com a figura paterna…

O elenco é uma das melhores coisas de A Fuga. Eric Bana, inspirado, faz um vilão excelente. E Olivia Wilde, além de boa atriz, é uma das mulheres mais bonitas da Hollywood contemporânea. Ainda no elenco, Sissy Spacek, Kate Mara, Treat Williams, Kris Kristofferson e Charlie Hunnam.

A Fuga é bem violento, mais do que o padrão hollywoodiano, mas nada que atrapalhe. A violência gráfica contrasta com as belas paisagens geladas, bem utilizadas pela fotografia do filme. A parte final é previsível, mas a cena é bem conduzida. Não gostei do fim, mas não chegou a estragar o filme.

A Fuga não é nenhuma obra prima, mas pode funcionar em um dia sem melhores opções.

Eu Queria Ter a Sua Vida

Crítica – Eu Queria Ter a Sua Vida

Mais um filme onde personagens trocam de corpo…

Mitch (Ryan Reynolds) e Dave (Jason Bateman) são amigos de longa data, mas atualmente levam vidas bem diferentes. Enquanto Dave é um advogado bastante ocupado, casado e com três filhos, Mitch é solteiro e não tem um emprego fixo. O curioso é que ambos invejam a vida um do outro. Até que, numa noite de bebedeiras, eles misteriosamente trocam de corpo.

Dirigido pelo pouco conhecido David Dobkin, Eu Queria Ter a Sua Vida sofre com dois problemas. Primeiro, é uma ideia batida – sem muito esforço, a gente se lembra de vários, como Trocando As Bolas, Sexta-Feira Muito Louca – tem até o nacional Se Eu Fosse Você. Além disso, o filme é extremamente previsível, principalmente na parte final. A gente adivinha a conclusão bem antes desta acontecer.

Ainda tem outro problema, mas acho que foi intencional da parte dos realizadores. Era pra duas pessoas desejarem a vida do vizinho – aquele velho papo de “a grama é mais verde do outro lado da cerca”, para depois descobrir que também tem problemas e ver como a sua vida é boa. O problema é que o filme nitidamente “toma partido”, fica claro que Dave (Bateman) tem uma vida melhor que Mitch (Reynolds). Acho que o filme seria melhor se mostrasse altos e baixos dos dois personagens de maneira mais equilibrada. Assim ficou parecendo uma lição de moral: o “certo” é ter um bom emprego, mulher e filhos; e que o contrário nunca poderá ser feliz.

Se a gente conseguir deixar isso de lado, Eu Queria Ter a Sua Vida não é de todo ruim. Heu estava com baixa expectativa, achei que ia ser bobo como Passe Livre, por exemplo. Mas não, o roteiro escrito por John Lucas e Scott Moore (Se Beber Não Case partes 1 e 2, Assalto em Dose Dupla) traz algumas boas piadas, gostei do tom politicamente incorreto na cena dos bebês na cozinha.

O elenco é bom, pelo menos para o que o filme pede. Jason Bateman e Ryan Reynolds têm boa química juntos. Além deles, Eu Queria Ter a Sua Vida conta com Leslie Mann, Alan Arkin e Olivia Wilde, uma das atrizes mais bonitas em Hollywood hoje em dia.

Resumindo: nada demais. Mas, pelas boas piadas, pode agradar os menos exigentes.

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O Preço do Amanhã

Crítica – O Preço do Amanhã

Num futuro próximo, a medicina evoluiu e conseguiu parar o envelhecimento. As pessoas param de envelhecer quando completam 25 anos, depois têm que trabalhar para comprar mais tempo para viver – neste caso, literalmente, “tempo é dinheiro”.

Trata-se do novo filme de Andrew Niccol, o nome por trás dos interessantes Gattaca (roteiro e direção) e O Show de Truman (apenas roteiro). E, mais uma vez, Niccol acertou a mão – O Preço do Amanhã é um bom filme!

A premissa é muito boa e foge do óbvio. Tá, não é a trama mais original do mundo, mas, no meio do mar de refilmagens, releituras e continuações que infestam Hollywood atualmente, é legal ver algo que não parece uma cópia descarada.

Assim como fizera em Gattaca, Niccol cria um conceito muito interessante para o seu filme – parece até uma história de Philip K. Dick. Gosto do seu estilo de ficção científica – nada de alienígenas ou naves espaciais, a história se passa aqui mesmo, em um possível futuro, onde a nossa sociedade vive em meio a avanços tecnológicos. Aliás, essa trama com as pessoas contando as horas que faltam inclusive poderia render um bom seriado, à la Fuga do Século 23 (Logan’s Run). A cenografia também é muito boa, um cenário moderno, mas com prédios e carros clássicos ao fundo.

A trama pode ser interpretada como uma grave crítica ao capitalismo. Mas o filme não é sisudo, também pode ser visto como diversão pipoca, com direito a cenas de ação e correria. Um bom equilíbrio entre o blockbuster e o “filme sério”.

O elenco é ótimo. Não acompanho a carreira musical de Justin Timberlake, mas posso dizer que se o cara só dependesse dos filmes para sobreviver, ele não passava fome. Assim como em A Rede Social, Amizade Colorida e Professora Sem Classe, Timberlake manda bem aqui. E ele não está sozinho, o resto do elenco também está bem: Amanda Seyfried (Mamma Mia), Olivia Wilde (Tron – O Legado), Cillian Murphy (Batman – O Cavaleiro das Trevas), Johnny Galecky (The Big Bang Theory), Alex Petyfer (Eu Sou o Número 4) e Vincent Kartheiser.

(Ainda sobre o elenco, rola uma coisa curiosa: como os personagens param de envelhecer aos 25 anos, só rolam atores jovens no filme…)

O Preço do Amanhã é bom, mas poderia ser melhor, se tivesse um roteiro mais bem amarrado. A grande quantidade de pontas soltas me incomodou um pouco. Vou citar alguns exemplos, mas, para evitar spoilers, vou deixar o texto em branco. Para ler, selecione o texto abaixo:

– Will acordou com 116 anos a mais. Por que esperar a noite para encontrar com a mãe?
– A mãe de Will foi pagar um empréstimo e saiu de lá com apenas uma hora e meia de vida, sendo que tinha que pagar uma hora no ônibus. Não é meio arriscado? E se o ônibus quebrasse? E se ela não se encontrasse com o filho?
– Um carro conversível capota ribanceira abaixo, e os dois passageiros sem cinto de segurança ficam quase intactos dentro do carro?
– Onde Will aprendeu a atirar e dirigir tão bem?
– Os “minute men” não seriam tão fáceis de ser derrotados!
E por aí vai…

Posso afirmar que essas inconsistências no roteiro não chegam a estragar o filme. Mas acho que, se não fossem as inconsistências, O Preço do Amanhã seria um forte candidato a um dos melhores filmes do ano…

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Cowboys & Aliens

Crítica – Cowboys & Aliens

Como bem diz o título, trata-se de um interessante e pouco comum crossover entre o faroeste e a ficção científica, dois gêneros que, a princípio, nada têm a ver um com o outro.

1873. Jake Lonergan acorda sem se lembrar de nada, com um ferimento de bala na barriga e uma estranha pulseira metálica no braço. Ao chegar na cidadezinha perto, descobre que tem algo de errado com o seu passado. Mas ele tem pouco tempo para isso, já que a cidade está prestes a ser invadida por alienígenas.

O novo filme do diretor Jon Favreau é um eficiente blockbuster com direito a tudo o que a cartilha hollywoodiana oferece: elenco de estrelas, roteiro escrito por gente badalada e uma parte técnica perfeita, além de uma fotografia exuberante, mostrando belos ângulos, tipicos dos westerns clássicos.

Jon Favreau tem uma carreira curiosa. Era um ator do segundo escalão (ou terceiro, ou quarto) – lembro dele como coadjuvante no seriado Friends, foi namorado da Monica (Courtney Cox) uma época. Ao mesmo tempo, dirigia alguns filmes sem maiores pretensões. Mas, depois de dirigir o infanto-juvenil Zathura, em 2005, assumiu a cadeira de diretor nos dois ótimos filmes do Homem de Ferro, e entrou para o primeiro time de diretores em Hollywood.

Aqui ele tem um bom elenco em mãos, pelo menos em termos de star power. Harrison Ford e Daniel Craig não são atores versáteis, todos sabem disso. Mas funcionam perfeitamente dentro dos personagens criados para eles – é mais ou menos como juntar o Indiana Jones e o novo James Bond no velho oeste. Junto deles está Olivia Wilde, uma das melhores coisas de Tron – O Legado, e mais Sam Rockwell (Lunar), Paul Dano (Pequena Miss Sunshine) e Clancy Brown (o eterno Kurgan de Highlander).

Pena que o roteiro, escrito a 12 mãos, por Roberto Orci, Alex Kurtzman (ambos do novo Star Trek e da série Fringe), Damon Lindelof (Lost) e mais três pessoas, dá umas derrapadas. Além de trazer muitas sequências previsíveis, alguns personagens são inconsistentes – o Dollarhyde de Harrison Ford não convence nem quando é pra ser vilão, nem quando é pra ser mocinho.

Também não gostei dos alienígenas. Sei lá, na minha humilde opinião, acho meio incompatível uma raça de monstrengos usar tanta tecnologia… Mais: na hora da briga, por que vários dos aliens estavam sem armas?

Mas se você deixar essas coisas de lado, o filme é legal. Cowboys & Aliens traz empolgantes sequências e efeitos especiais muito bons. É daquele tipo de filme que se a gente não ligar pra detalhes, a diversão é garantida!

Por fim, preciso falar da experiência de ver no pmeiro Imax carioca. A tela é enorme, e a imagem e o som são muito bons. Vale a ida até a Barra!

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Paul Dano

72 Horas

72 Horas

O professor universitário John Brennan (Russell Crowe) levava uma vida normal, até sua esposa Lara (Elizabeth Banks) ser presa acusada do assassinato de sua patroa. Depois de ver a justiça negar vários recursos, John resolve montar um um plano de fuga para tirá-la da prisão.

Eficiente thriller escrito e dirigido por Paul Haggis, 72 Horas funciona muito bem ao colocar um homem comum exposto a situações fora de sua realidade. Porque quando John Brennan começa a arquitetar o plano, ele quebra a cara algumas vezes, justamente porque não é um cara “do mal”.

O roteiro é muito bem escrito ao construir o plano, dividindo o filme em três partes (3 anos, 3 meses, 3 dias). A parte final – quando o plano é finalmente posto em prática – é eletrizante, é daquele tipo de filme que te prende na cadeira e te faz roer as unhas de nervoso.

Paul Haggis é hoje um nome de respeito em Hollywood, por causa de seu trabalho em filmes como Crash – No Limite, onde ele ganhou o Oscar de melhor roteiro e foi indicado ao Oscar de melhor diretor, e pelos roteiros de Menina de Ouro e Cartas de Iwo Jima, ambos indicados ao Oscar.

O elenco traz um Russell Crowe em boa forma, e tem talvez o melhor papel da carreira da eterna coadjuvante Elizabeth Banks. E traz um grande número de atores famosos em papeis menores – achei estranho ver Liam Neeson em apenas uma cena! Outros também têm pequenas participações, como Olivia Wilde, Brian Dennehy e Daniel Stern.

72 Horas não é um filme “obrigatório” de fuga de prisão, como Um Sonho de Liberdade, por exemplo. Mas é um bom filme, uma boa opção entre os últimos lançamentos.