Os Banshees de Inisherin

Crítica – Os Banshees de Inisherin

Sinopse (imdb): Dois amigos de longa data encontram-se em um impasse quando um deles decide abruptamente terminar sua amizade, com consequências alarmantes para ambos.

Saiu a lista dos vencedores do Globo de Ouro. Melhor filme drama ganhou Os Fabelmans, ok até previsível. Melhor filme musical ou comédia foi este Os Banshees de Inisherin, que tinha passado direto pelo meu radar. Opa, bora ver! Mas… comédia???

Vamulá. O Globo de Ouro é dividido em duas categorias: melhor drama e melhor musical ou comédia. Às vezes um estúdio manda um filme que não é comédia para essa categoria, porque teoricamente é mais fácil do que ganhar melhor drama (artifício semelhante é usado de vez em quando no Oscar de melhor ator /ator coadjuvante, quando acham que o candidato tem mais chances na outra categoria). Chequei os ganhadores dos últimos dez anos. Ano passado foi Amor Sublime Amor, musical; ano anterior foi Borat, comédia. Mas, reconheço que tem alguns que não são exatamente comédias, como Era uma vez em Hollywood, que ganhou em 2019; ou Perdido em Marte, que ganhou em 2015.

(Cabia outra discussão sobre esse preconceito com outros estilos. Por que só drama, comédia e musical pode se melhor filme? Senhor dos Anéis O Retorno do Rei, fantasia, ganhou o Oscar de melhor filme em 2004. O Silêncio dos Inocentes, terror, ganhou em 1992. Esses e vários outros estariam “desqualificados” pro Globo de Ouro?)

Voltando ao Os Banshees de Inisherin. Mesmo sabendo que podia não ser exatamente uma comédia, fui ver o filme esperando algo leve e divertido. E Os Banshees de Inisherin pode ser um monte de coisas, mas está bem longe de ser leve e divertido. O filme traz bicho de estimação morrendo porque engasgou com dedos decepados! E olha, isso até podia ser mostrado de forma engraçada, mas não é. O filme te coloca pra baixo.

Segundo o imdb, Colin Farrell resumiu a história como “a desintegração da alegria”. Seu Padraic começa o filme, “Como se ele tivesse acabado de ganhar na loteria; ele está tão feliz, contente e conectado”, mas no final, ele se transforma em “Alguém que acredita que há um lugar para a violência no mundo, e que não nem precisa ser justificado… e ele não consegue encontrar nada da alegria que já teve em sua vida.”

Enfim, só precisei desabafar. Quem ainda não viu, não espere uma comédia!

Depois desta looonga introdução, finalmente vamos ao filme. Os Banshees de Inisherin se passa em 1923, numa ilhazinha pequena na costa da Irlanda, em uma comunidade onde moram pouquíssimas pessoas. Vemos uma amizade se deteriorando: Colm simplesmente não quer mais ser amigo de Padraick porque acha que perde tempo demais batendo papo, e poderia ser mais útil utilizar seu tempo de outras formas.

(Este tema pode levar a uma reflexão sobre perder tempo com inutilidades nos dias de hoje…)

Os Banshees de Inisherin foi escrito e dirigido por Martin McDonagh. Preciso dizer que acho ele um cara superestimado. Seu filme de estreia, Na Mira do Chefe, é um filme super badalado pela crítica, e acho um filme apenas ok. Não é ruim, longe disso. Mas também está longe de ser um grande filme.

Aqui no heuvi tem críticas de dois filmes dele, Na Mira do Chefe e Sete Psicopatas e um Shih-Tzu. Curiosamente, alguns comentários que fiz para esses dois filmes também se encaixam aqui, principalmente quando falo da parte de direção de atores – destaque em ambos os filmes e também destaque aqui em Os Banshees de Inisherin.

O elenco, que é um dos pontos fortes de Os Banshees de Inisherin. Os dois principais, Colin Farrell e Brendan Gleeson, estão ótimos e devem concorrer a vários prêmios. Kerry Condom, o principal papel feminino, também está excelente. Mas, se heu tivesse que escolher um destaque, heu diria que Barry Keoghan, o Druig de Eternos, está ainda melhor do que os outros. Esse garoto vai longe!

Também precisamos falar dos belíssimos cenários. O filme se passa na fictícia ilha Inisherin, foram usadas duas ilhas na costa da Irlanda como locações. O filme é muito bonito.

Os Banshees de Inisherin não é o meu estilo de filme. Reconheço os méritos, não é um filme ruim, mas, não estaria num top 10 meu. Como diria o ditado em inglês, “it’s not my cup of tea”.

Por fim, nome. Inisherin é um lugar, não tem tradução. Banshee é uma palavra de origem irlandesa, seria uma fada do folclore irlandês, que anuncia a morte de um membro da família, geralmente gritando ou lamentando. Ou seja, também não tem uma tradução exata. Este era um filme para usar o título original, “The Banshees of Inisherin”. Pra que traduzir para “Os Banshees de Inisherin”? Pior: se banshee é feminino, por que “os banshees”?

Caleidoscópio

Crítica – Caleidoscópio

Sinopse (Netflix): Um ladrão magistral e sua equipe querem roubar 7 bilhões de dólares. Mas, para o plano dar certo, eles terão que lidar com traições, ganâncias e muitas outras ameaças.

Surgiu na Netflix uma série com um novo formato: oito episódios, e você pode vê-los em qualquer ordem.

A princípio achei que era o “formato antigo”, série com episódios fechados, como era na época que a gente acompanhava Supernatural e CSI, que traziam um arco ao longo da temporada, mas a maioria dos episódios eram independentes uns dos outros – hoje é tudo “novelinha”, o que, na minha humilde opinião, é pior pra assistir. Mas não, Caleidoscópio (Kaleidoscope, no original) conta uma única história, e conseguiram roteirizar e editar de maneira que você não precisa ver em uma ordem específica. A produção diz que tanto faz a ordem, mas recomenda deixar o episódio “Branco” para o fim. Realmente, este episódio encerra bem a história.

E agora a grande dúvida: funcionou?

Vamos por partes. Antes de tudo, preciso falar que gostei da proposta. É legal ver algo diferente do óbvio, vai ter muita gente vendo e comentando a série justamente pela novidade. Digo mais: em termos de marketing, é uma boa a Netflix inovar assim, aposto como Caleidoscópio terá mais views do que se fosse um seriado no mesmo formato dos outros.

Porque o roteiro não tem nada de mais. A gente já viu vários filmes e séries de “heist”, e a história de Caleidoscópio não traz nenhuma novidade. É vou além: o roteiro tem algumas coisas bem forçadas, como o lance das abelhas, que ninguém explicou como e por que funciona.

Teve uma coisa que heu não gostei. Determinado momento da série o Leo fala que eles precisam ter confiança nos outros membros da equipe. E o Bob é marrento, violento e desagregador, ele é o oposto da confiança. Ele deveria ser expulso do time. Mas, a série explica por que ele continua na equipe. A explicação não me convenceu, mas existe uma explicação, então não podemos falar de falha de roteiro.

A produção é muito boa. Não sei qual foi o orçamento, mas temos a sensação de uma série cara, com vários cenários, alguns deles grandiosos. A fotografia, claro, usa cores diferentes para cada episódio. Também gostei da trilha sonora.

O elenco também está bem. Ok, achei estranha a maquiagem (ou cgi) que usaram pra rejuvenescer o Giancarlo Esposito e o Rufus Sewell no episódio que se passa 24 anos antes, mas, ok, aceito. Além dos dois, Caleidoscópio conta com Paz Vega, Rosaline Elbay, Jai Courtney, Tati Gabrielle e Peter Mark Kendall.

Espero que Caleidoscópio traga um bom retorno à Netflix, e que eles arrisque mais vezes com formatos diferentes!

Os Fabelmans

Crítica – Os Fabelmans

Sinopse (imdb): Crescendo no Arizona da era pós Segunda Guerra Mundial, um jovem chamado Sammy Fabelman descobre um segredo de família e explora como o poder dos filmes pode ajudá-lo a ver a verdade.

De vez em quando a gente vê filmes onde os diretores mostram lembranças de sua juventude. Chegou a vez de ver uma história trazendo o que seria um jovem Steven Spielberg.

Mas, antes de entrar no filme, posso fazer alguns comentários sobre o diretor Spielberg? Sou fã do cara desde a minha adolescência. Nos anos 80, o nome Steven Spielberg estava presente em muitos dos bons filmes lançados nos cinemas. Não só ele dirigiu vários filmes importantes, como ET, Caçadores da Arca Perdida, Indiana Jones e o Templo da Perdição e No Limite da Realidade; como também produziu muita coisa, tipo De Volta Para o Futuro, Roger Rabbit, Gremlins, Goonies, Viagem Insólita, Enigma da Pirâmide, Poltergeist, Te Pego Lá Fora… O cara era sinônimo de cinema pop de boa qualidade.

Mas heu me lembro que a crítica não o levava a sério. Tanto que em 1985 ele dirigiu um filme sério, A Cor Púrpura, e o filme foi indicado a 11 Oscars – mas não foi indicado a diretor. E não venceu nenhum dos Oscars.

Heu, moleque, nem dava bola pra crítica, e continuava fã daquele diretor e produtor que continuava fazendo filmes mágicos. Até que em 1993 / 94 parece que finalmente a crítica se rendeu ao talento e genialidade de Spielberg. No Oscar de 94, A Lista de Schindler ganhou 7 Oscars, incluindo dois para o próprio Spielberg, diretor e produtor (ele ganharia mais um de diretor em 99 por Resgate do Soldado Ryan). E não era só isso: em 93 Spielberg tinha lançado dois filmes, o outro era Parque dos Dinossauros, que não só ganhou 3 Oscars, como ainda se tornou a maior bilheteria da história – batendo o próprio recorde, já que até então a maior bilheteria era ET!

(Lembro de uma foto no jornal com Spielberg abraçando dez estatuetas, acho que era uma espécie de “vingança” porque pouco depois dele perder todos os prêmios por A Cor Púrpura, O Último Imperador tinha ganhado nove Oscars. O tempo mostrou que Spielberg seria maior do que isso.)

E por que estou falando isso tudo? Porque pra mim é uma satisfação ver que o cara que heu era fã há 30, 35 anos atrás, hoje é reverenciado como um dos maiores nomes da história do cinema! E, para um fã, ver um filme como Os Fabelmans é uma delícia!

Porque, se a gente parar pra pensar, diferente da maioria dos filmes do Spielberg, Os Fabelmans é meio simples demais. Não temos uma história mirabolante nem efeitos especiais impressionantes, temos uma história simples de um adolescente apaixonado por cinema, e seus problemas comuns a muitos outros adolescentes, como separação dos pais, mudanças de cidade, ou bullying na escola (por causa de anti semitismo). E mesmo assim é uma história emocionante!

Os Fabelmans é inspirado na adolescência do próprio Spielberg – o roteiro foi escrito por Tony Kushner (Munique, Lincoln, Amor Sublime Amor) em parceria com Spielberg – é a primeira vez que ele roteiriza um filme desde Inteligência Artificial, de 2001. Não sei o que realmente aconteceu e o que foi apenas inspirado, mas li no imdb que os filmes em super 8 são recriações de filmes super 8 que Spielberg fez na época.

(O imdb atualizou a página do Spielberg e incluiu 6 curtas que ele fez entre 1959 e 68. Ele começou a filmar aos 13 anos! Quero ver esses curtas!!!)

As cenas das filmagens são deliciosas, assim como as cenas que mostram a exibição dos filmes. Tem alguns detalhes geniais, tipo ele furando o filme para criar os efeitos especiais dos tiros de revólver, ou quando os extras mortos no chão se levantam e correm para deitar em outro lugar enquanto a câmera foca no ator que está em pé.

Lembrando que temos os filmes feitos pelo personagem Sammy, e que tudo isso é filmado pela câmera do Spielberg. E ver um filme dirigido pelo Spielberg sempre é um prazer! A cena onde a Michelle Williams dança é belíssima!

Mas Os Fabelmans ainda tem outras coisas muito boas. Paul Dano, Seth Rogen e o jovem Gabriel LaBelle estão muito bem, mas Michelle Williams está sensacional. Tem uma cena, onde Sammy Fabelman está chateado com a mãe, e ela tenta conversar com o filho, mas Sammy em vez de falar a coloca pra assistir um filminho que ele montou. Não vemos o filminho (a gente já sabe o que tem lá), só vemos a reação da Michelle Williams. Olha, não sei com quem ela vai concorrer, mas temos uma indicada muito forte ao Oscar de melhor atriz!

Ainda no elenco: o fim do filme traz uma divertida participação especial do David Lynch. E essa participação interfere na cena final, justo a cena que termina o filme para começarem os créditos. E essa cena me deixou com um sorriso no rosto!

Glass Onion: Um Mistério Knives Out

Crítica – Glass Onion: Um Mistério Knives Out

Sinopse (Netflix): O famoso detetive Benoit Blanc vai à Grécia para desvendar um mistério que envolve um bilionário e seu eclético círculo de amizades.

Em 2019, fomos apresentados a Entre Facas e Segredos, um divertido “whodoneit”, com elenco estelar e algumas boas reviravoltas no roteiro. Pra quem curtiu, temos agora outro filme com o mesmo detetive, o Benoit Blanc de Daniel Craig. Não é uma continuação, é apenas outra história com o mesmo personagem.

(Glossário: Whodunit é o estilo de história onde acontece um crime, a trama levanta vários suspeitos e o espectador é instigado a descobrir quem é o culpado.)

Escrito e dirigido pelo mesmo Rian Johnson do primeiro filme, Glass Onion: Um Mistério Knives Out (Glass Onion: A Knives Out Mystery, no original) leva Benoit Blanc para uma festa particular onde deveria acontecer um jogo, mas uma pessoa acaba morrendo e o espectador então precisa descobrir quem é culpado e qual é o motivo. E, assim como acontece no filme anterior, o roteiro (muito bem escrito, precisamos reconhecer) dá um monte de voltas, e nem sempre o que parece que estamos vendo é o que realmente estamos vendo.

(Gostei muito do roteiro de Glass Onion, mas preciso reconhecer que algumas coisas soam meio forçadas. Só vi o filme uma vez, mas desconfio que ao rever a gente deve encontrar algumas inconsistências aqui e ali. Nada grave, felizmente.)

Sim, o espectador vai pensar no jogo Detetive. E isso é citado no filme, vira uma piada no roteiro. Aliás, outra coisa boa a se falar do roteiro é que achei o humor muito bem dosado. Glass Onion não é uma comédia escrachada, mas tem algumas cenas bem engraçadas. E aquele personagem aleatório que está passeando pela ilha cria algumas cenas hilárias!

Ainda queria falar dos cenários. Glass Onion foi filmado num hotel chique na Grécia. O hotel é tão caro que os atores não puderam ficar hospedados lá! E o visual é muito bonito, coerente com uma casa de um bilionário com dinheiro sobrando. Ah, a cebola de vidro no topo da construção é cgi.

Como acontece no primeiro filme, o elenco também é muito bom. Além do já citado Daniel Craig, o elenco conta com Edward Norton, Kate Hudson, Dave Bautista, Janelle Monáe, Kathryn Hahn, Jessica Henwick, Leslie Odom Jor. e Madelyn Cline, e rápidas participações de Ethan Hawke e Hugh Grant. Além deles, vemos Stephen Sondheim, Angela Lansbury, Natasha Lyonne e Kareem Abdul-Jabbar num jogo de Among Us online. E a voz do “relógio” é do Joseph Gordon Levitt.

Por fim, queria falar do nome do filme. O primeiro filme se chama “Knives Out”, e foi traduzido com o nome galhofa “Entre Facas e Segredos”. Ok, estamos acostumados com nomes galhofa, tipo “Loucademia de Polícia” ou “Todo Mundo Quase Morto”, isso é algo comum no cinema aqui no Brasil. Aí lançaram um segundo filme “Glass Onion: A Knives Out Mystery”. Por que? Glass Onion, ok, mas aqui não tem nada de Knives Out – as facas são algo importante no primeiro filme, não são aqui. Mas, ok, fizeram essa lambança no título original. Aí vão traduzir aqui, e deveria ser “Cebola de Vidro: Entre Facas e Segredos 2”, ou algo parecido. Mas não, mantiveram partes do nome em inglês: “Glass Onion: um Mistério Knives Out”. Caramba, por que??? Era pra avisar ao público que esse filme tem a ver com aquele? Mas aqui no Brasil o primeiro filme não se chama “Knives Out”!!!

Fome de Viver

Crítica – Fome de Viver

Sinopse (imdb): Um triângulo amoroso se desenvolve entre uma vampira bonita, mas perigosa, seu companheiro violoncelista e uma gerontologista.

Hoje é dia de revisitar um dos melhores filmes do Tony Scott e um dos maiores cults de vampiros dos anos 80: Fome de Viver.

Mas antes do filme, posso falar do diretor? Lembro de uma piadinha maldosa que rolava nos anos 80 se referindo a Tony Scott como “o irmão menos talentoso do Ridley Scott”. Isso é porque enquanto Ridley era famoso por Alien, Blade Runner e A Lenda, Tony fazia filmes como Top Gun, Um Tira da Pesada 2 e Dias de Trovão. Mas acho isso maldade, Tony simplesmente usou um caminho mais pop.

Tem uma história boa envolvendo um tal de Quentin Tarantino. Tarantino escreveu e dirigiu Cães de Aluguel em 1992, e depois teve dois roteiros oferecidos para outros diretores. Um foi Assassinos por Natureza, dirigido por Oliver Stone. Na época rolaram boatos de que Stone e Tarantino teriam brigado, e Tarantino teria pedido pra tirar o nome dos créditos. Hoje Tarantino é um nome gigante, mas, na época, parecia muita audácia de um jovem quase estreante que estava comprando briga com um veterano que já tinha 3 Oscars (roteiro por Expresso da Meia Noite e direção por Platoon e Nascido em 4 de Julho). Mas o tempo passou e vimos que aquele jovem quase estreante tinha boas cartas na mão.

O outro roteiro era Amor À Queima Roupa, que foi dirigido por Tony Scott. Não ouvi falar de nenhum problema entre os dois. Pelo contrário, o que se falou na época é que ficaram amigos. Tanto que o filme seguinte de Scott, Maré Vermelha, teve colaboração do Tarantino. O roteiro estaria sério demais, então Tarantino teria sido chamado escrever algumas cenas para quebrar a sisudez. Sendo assim, temos algumas cenas um pouco “diferentes”, como aquela onde tem uma citação a Star Trek, ou outra onde rola uma discussão sobre o Surfista Prateado.

Infelizmente Tony Scott faleceu em 2012, aos 68 anos de idade.

Vamos ao filme? Baseado no livro homônimo de Whitley Strieber, Fome de Viver (The Hunger, no original) é um filme de vampiros um pouco diferente. A palavra “vampiro” não é dita em nenhum momento do filme, os vampiros não têm dentes caninos pontiagudos, e eles andam de dia (me lembrei de Quando Chega a Escuridão (1987), da Kathryn Bigelow, outro filme que traz vampiros “diferentes”).

Mesmo revendo hoje, quase quarenta anos depois, o visual do filme ainda é bem legal. A fotografia abusa do contra-luz,várias cenas têm cara de videoclipes – e, coincidência ou não, o filme abre com uma participação da banda Bauhaus com a música Bela Lugosi’s Dead. Achei boa a maquiagem do envelhecimento. Uma coisa que não gostei são os takes em câmera lenta, mas não sei se isso é falha ou se foi estilo do diretor.

(Assim como o irmão Ridley, Tony Scott veio da propaganda, então seus filmes sempre foram estilosos.)

Os vampiros aqui não têm presas, eles usam um colar com um pingente com o símbolo egípcio Ankh, e dentro do pingente tem uma lâmina.

Duas coisas que reparei durante o filme, e confirmei depois lendo a sessão de trívia do imdb. A primeira é um comentário “de músico”. Tem uma cena onde vemos um número musical, Bowie está no violoncelo, Deneuve está ao piano e temos uma outra personagem no violino. Bowie aparece tocando, vemos os seus dedos, ele realmente está tocando – talvez até o som que ouvimos não seja tocado por ele, mas ele, que é músico, aprendeu a tocar violoncelo para o filme. Já Deneuve ao piano finge bem mal…

O outro comentário é sobre as cenas de nudez. Susan Sarandon aparece nua, mas tive a impressão de que Catherine Deneuve tinha usado dublê de corpo – e isso foi confirmado no imdb.

No elenco, o filme fica basicamente em cima dos três principais: Catherine Deneuve, David Bowie e Susan Sarandon. Tem uma breve participação de um ainda desconhecido Willem Dafoe em uma cena.

Por imposição do estúdio, o fim tem espaço para continuações (algo comum em filmes de terror), mas nunca fizeram um segundo filme. Foi feita uma série homônima em 1997, mas não tem nenhuma conexão com a história deste filme (apesar de usar David Bowie como apresentador).

Fome de Viver não foi bem sucedido nas bilheterias, então Tony Scott desistiu de fazer cinema e voltou a fazer comerciais. Até que dois anos depois Jerry Bruckheimer e Don Simpson o convenceram a fazer Top Gun, que viria a ser o maior sucesso comercial de 1986. A partir daí, Scott não largou mais o cinema.

O Menu

Crítica – O Menu

Sinopse (imdb): Um jovem casal viaja para uma ilha remota para comer em um restaurante exclusivo onde o chef preparou um cardápio farto, com algumas surpresas chocantes.

Parece que este O Menu (The Menu, no original) foi um dos títulos badalados no último Festival do Rio. Mas, como comentei no texto sobre Império da Luz, não dei bola para o Festival do Rio este ano, e quase deixei O Menu passar.

Dirigido pelo pouco conhecido Mark Mylod (que dirigiu episódios de Game of Thrones, Shameless e Succession), O Menu é daquele tipo de filme onde quase tudo acontece no mesmo cenário, com todos os personagens presentes – quase uma peça de teatro filmada.

O roteiro de Seth Reiss e Will Tracy é eficiente ao equilibrar a trama entre vários personagens. Claro, o foco maior fica nos três principais, mas tem espaço para conhecermos um pouco de cada um dos outros convidados do jantar. E o modo como o jantar é apresentado é uma boa crítica à gourmetização extrema. Aliás, vi alguns críticos incomodados, acho que a carapuça serviu e eles entenderam que seria “cinema” no lugar de “comida”.

Mas o melhor está nas atuações, principalmente de Ralph Fiennes e Anya Taylor-Joy. Fiennes tem uma das melhores atuações da sua carreira como o chef obcecado pela perfeição. E Anya mais uma vez mostra que é um nome a ser acompanhado. Nicholas Hoult tem o terceiro papel principal, mas seu personagem é mais besta. Entre os vários nomes menores do resto do elenco, olha lá, tem o John Leguizamo!

Tenho um comentário sobre o fim, mas é um spoiler brabo, então vou colocar o aviso de spoilers.

SPOILERS!

Entendi a ideia do chef, uma espécie de vingança pessoal misturada com suicídio. Mas não consigo entender por que seus funcionários embarcariam nesse suicídio coletivo. Eles já trabalhavam num sistema quase escravo, era a chance de liberdade. Não achei muito lógico.

FIM DOS SPOILERS!

Mesmo não gostando do final, O Menu ainda é uma boa opção de suspense/terror diferente do óbvio.

Pinóquio por Guillermo Del Toro

Crítica – Pinóquio por Guillermo Del Toro

Sinopse (imdb): Uma versão mais sombria do clássico conto de fadas infantil, onde um boneco de madeira se transforma em um menino vivo de verdade.

Quem diria que poucos meses depois daquele desastroso Pinóquio da Disney a gente teria outro Pinóquio, desta vez digno de constar em uma lista de melhores do ano?

Sou muito fã de stop motion. Tenho uma teoria de que como é um estilo muito mais difícil que outras animações, só quem é muito apaixonado por cinema trabalha fazendo longas em stop motion. Sendo assim, temos muitos exemplos de bons filmes usando essa técnica, como O Estranho Mundo de Jack, Noiva Cadáver e Frankenweenie do Tim Burton, O Fantástico Sr. Raposo e Ilha dos Cachorros do Wes Anderson, os filmes da Laika como Coraline, Paranorman e Kubo, ou os filmes da Aardman como Wallace & Gromit e Shaun o Carneiro (que são mais infantis, mas mesmo assim são bem divertidos).

(Ok, admito que não gostei de Anomalisa. Chaaaato…)

Assim como vários dos filmes citados aí em cima, este Pinóquio é infantil e ao mesmo tempo não é. Temos a história do boneco que ganha vida, mas ao mesmo tempo tem uma pegada de filme de terror. Guillermo Del Toro tem uma característica não muito comum hoje em dia: ele é um dos poucos “autores” da Hollywood contemporânea. Seus filmes têm a cara do diretor: A Espinha do Diabo, Hellboy, O Labirinto do Fauno, A Forma da Água, O Beco do PesadeloPinóquio é coerente com sua filmografia.

(Ok, admito que Círculo de Fogo destoa da lista)

Mas, antes de tudo, precisamos lembrar que Del Toro não estava sozinho aqui, o filme é codirigido por Mark Gustafson. Heu procurei informações pela internet mas não achei, então vou dizer aqui o que acho que aconteceu. Del Toro anunciou que queria fazer uma versão de Pinóquio em 2008. De lá pra cá, ele dirigiu Círculo de Fogo, A Colina Escarlate, A Forma da Água e O Beco do Pesadelo – além de videogames, séries de tv, e ainda escreveu roteiro de vários filmes (incluindo a trilogia O Hobbit). O que me parece que aconteceu foi que ele deve ter combinado com Gustafson algo do tipo “você vai tocando o projeto e a gente vai se falando, estarei por perto pro filme continuar com a minha cara”. Será que foi assim?

Finalmente, vamos ao filme? Confesso que não conheço a história original, só conheço a da Disney. Muita coisa aqui é diferente, mas não sei se foi o Del Toro que mudou ou se foi a Disney na adaptação da década de 40. Independente disso, o visual aqui é bem legal: o Pinóquio é um boneco de madeira, não quer ser um menino com cara de menino. E o grilo não ganhou feições humanas, um visual antropomórfico como é o comum em produções assim, ele continua sendo um grilo.

Aliás, a gente precisa reconhecer que o visual de todo o filme é um espetáculo. Cada detalhe de cenário, cada detalhe de movimentação de bonequinho, tudo é perfeito! São planos longos, muitas vezes com a câmera em movimento! Imagina a loucura de você sincronizar o movimento da câmera junto com o movimento dos bonecos, tirando 24 fotos a cada segundo? Falei aqui semana passada de Avatar, e digo que o visual de Pinóquio é ainda mais impressionante.

(Pinóquio tem uma hora e cinquenta e sete minutos. Voltei na Netflix pra ver, o filme para mais ou menos em uma hora e cinquenta (quando já estão rolando os créditos mas o Grilo ainda está cantando e dançando). Se forem 24 fotos por segundo, ao longo de uma hora e cinquenta minutos, são 158.400 fotos!!!)

Pinóquio trata de alguns temas bem adultos. Um deles é a morte. Logo no início a gente vê que Geppetto perdeu o filho. Quem me conhece sabe, esse é um tema delicado pra mim, nesse momento quase pausei o filme. Mas segui em frente e posso dizer que esse tema é abordado de uma maneira bonita e delicada (lembrei de Festa no Céu, produção do Del Toro, que também lida com a morte).

Além de morte, o filme também fala de guerra, de preconceito e outros temas adultos – o Geppetto está bêbado quando constrói o boneco! Mas o Pinóquio, inocente, que está descobrindo tudo no mundo, é um personagem tão cativante, que traz leveza a todos os temas mais pesados.

O filme tem músicas compostas por Alexandre Desplat. Normalmente sou fã das músicas dos filmes, mas desta vez preciso admitir que nenhuma delas entrou na minha cabeça. Não são ruins, apenas não são marcantes.

O elenco é impressionante. Pinóquio e Geppetto não são dublados por nomes muito conhecidos, mas o filme conta com Ewan McGregor, Christoph Waltz, Tilda Swinton, Ron Perlman, John Turturro, Finn Wolfhard, Tim Blake Nelson e Cate Blanchett. Detalhe: Cate Blanchett trabalhou com Del Toro em Beco do Pesadelo e disse que queria participar do Pinóquio, mas todos os personagens importantes já tinham elenco escalado. Então ela entrou fazendo a voz do macaco Spazzatura! Imagina a moral do Del Toro, usar uma atriz do porte da Cate Blanchett num papel onde ela não tem diálogos!

Heu poderia continuar aqui falando, mas chega. Se você ainda não viu, Veja! Ainda este mês este filme volta aqui no heuvi na lista dos dez melhores do ano.

Avatar: O Caminho da Água

Crítica – Avatar: O Caminho da Água

Sinopse (imdb): Jake Sully vive com sua nova família na lua extrassolar Pandora. Uma vez que uma ameaça familiar retorna para terminar o que foi iniciado anteriormente, Jake deve trabalhar com Neytiri e o exército da raça Na’vi para proteger sua casa.

Finalmente, 13 anos depois, estreou a aguardada e atrasada continuação de Avatar! Não me lembro de nenhuma outra continuação tantas vezes adiada como essa!

Antes do filme, um pequeno parênteses sobre os números do primeiro Avatar. Foi um enorme sucesso, disso ninguém duvida, mas os números me intrigam. Vários sucessos de bilheteria vieram nos anos seguintes, mas apenas um conseguiu alcançar e ultrapassar Avatar, que foi o Vingadores Ultimato. E me lembro do frisson geral em cima de Vingadores ser muito maior do que na época do Avatar. Como Avatar chegou àqueles números na bilheteria é uma coisa que me intriga..

Mas, vamos ao novo filme. Claro que o que chama a atenção em Avatar: O Caminho da Água são os efeitos especiais, afinal James Cameron disse que adiou tudo porque esperava tecnologia para filmar o que ele imaginava. E realmente os efeitos são impressionantes. Além das cenas na floresta, agora vemos uma outra espécie de Na’vi, que vivem na água, ou seja, temos muitas cenas subaquáticas. E os efeitos são sensacionais, enchem os olhos.

Estive na Disney em 2018, tinha uma nova atração com o tema “Avatar”. Foi uma das melhores atrações que vi naquela viagem, com uma riqueza enorme de detalhes. É, este novo Avatar parece um brinquedo da Disney…

Agora, preciso confessar que teve uma coisa que me incomodou. O padrão do cinema é de 24 quadros por segundo, sempre foi assim. E Avatar: O Caminho da Água usa outro “frame rate”, não sei se é 48 ou 60 quadros por segundo. Isso não é um demérito, a imagem não fica pior. Mas, a imagem fica diferente, não passa a sensação de estarmos vendo um filme de cinema. Às vezes parece que estamos vendo algo feito para a TV.

Se os efeitos são merecedores de todos os elogios, o mesmo não podemos dizer sobre o roteiro. Algumas partes do filme parecem meio desconexas, como por exemplo uma cena onde os personagens perguntam onde está a Kiri, e a vemos no fundo do mar brincando com os peixes, e logo depois ela já está de volta ao grupo. Ou a desnecessária cena do Lo’ak reencontrando o tulkun (uma espécie de baleia) depois de discutir com todos sobre o caráter do bicho.

Além do mais, o filme é longo demais. São pouco mais de três horas, e boa parte do miolo do filme podia ser cortado. Ok, a gente entende que James Cameron deve estar empolgado querendo mostrar mais e mais do seu novo mundo, mas alguém devia ter dito a ele que estava demais. O filme cansa.

Sobre elenco, é curioso saber que a galera filmou tudo, mas ninguém aparece na tela. Fico me perguntando o que deve ser captura de movimento e o que deve ser cgi. Tipo, a Kate Winslet bateu o recorde de maior tempo debaixo d’água em uma filmagem (o recorde era de Tom Cruise em Missão Impossível Nação Secreta), ela ficou 7 minutos e 15 segundos sem respirar em uma cena. Mas… Não vemos a Kate Winslet na tela!

Já que falamos do elenco, Avatar: O Caminho da Água traz de volta Sam Worthington, Zoe Saldana, Sigourney Weaver, Stephen Lang – mas quase o filme todo em versões “avatar”, Sigourney Weaver aparece como ela mesma em duas cenas, e Stephen Lang em uma.

Foram anunciadas várias continuações, a ideia é ir até o Avatar 5. Mas parece que James Cameron estava filmando o 3 junto com este 2, ou seja, não deve demorar tanto tempo pra ser lançado.

Por fim, queria fazer um comentário sobre a sessão para críticos que teve aqui no Rio. Demonstrando total falta de profissionalismo, a assessoria de imprensa da Disney não responde críticos que não estejam no seu mailing – heu já tinha mandado e-mails em outras duas ocasiões e fui ignorado. Ou seja, teve uma sessão para críticos e para vips na segunda feira, mas heu não fui convidado então não fui. Mas… Essa sessão foi interrompida com uma hora de filme, por algum problema burocrático, e todos ficaram sem ver o filme. Será que é feio se heu disser “bem feito”?

A Mulher Rei

Crítica – A Mulher Rei

Sinopse (imdb): Um épico histórico inspirado nos fatos que aconteceram no Reino do Daomé, um dos estados mais poderosos da África nos séculos XVIII e XIX.

Antes de tudo, preciso pedir desculpas pelo atraso neste texto. Normalmente vejo uma ou duas sessões de imprensa por semana, e teve uma semana que tinham quatro filmes! Precisei escolher dois. Um era um documentário sobre o David Bowie, tema interessante, mas que pode ficar para depois. Sobraram três filmes para “sacrificar” um. Escolhi Amsterdam e Não se Preocupe Querida, e deixei A Mulher Rei para depois.

Dirigido por Gina Prince-Bythewood (The Old Guard),A Mulher Rei (The Woman King, no original) gerou uma grande polêmica. O filme mostra o povo Daomé, que tinha como principal atividade comercial o tráfico de escravos. E ao mesmo tempo o filme quer ser contra a escravidão, parece que querem apresentar um “escravagista do bem”, um conceito que não faz o menor sentido. Mas não vou me aprofundar nesta polêmica. Acredito que quem lê os meus textos está interessado na minha opinião sobre cinema e não sobre história. Além do mais, como falei, meu texto está atrasado, muita gente já comentou esse assunto pela internet. Vou comentar somente a parte cinematográfica.

A Mulher Rei tem uma história envolvente e boas sequências de ação. Ok, não tem nenhuma cena daquelas de explodir a cabeça, mas, são várias batalhas, todas bem coreografadas e bem filmadas – além de algumas boas cenas dos treinamentos. O filme tem pouco mais de duas horas, e mesmo assim o espectador fica empolgado com as lutas!

Mas o melhor de A Mulher Rei na minha humilde opinião são as quatro personagens centrais. Sabe quando critiquei que Pantera Negra Wakanda Para Sempre parecia um filme sem protagonismo porque dividia entre quatro mulheres? Pois aqui acontece a mesma divisão, e aqui funcionou. Claro, a protagonista é Viola Davis, mas as outras três, Thuso Mbedu, Lashana Lynch e Sheila Atim, são personagens fortes, personagens bem construídas, e o protagonismo é bem equilibrado. Conseguimos acompanhar e torcer por cada uma delas. Também no elenco, John Boyega, Jordan Bolger e Hero Fiennes Tiffin (sim, filho do Ralph Fiennes).

Uma coisa que heu não sabia: o primeiro Pantera Negra tem pelo menos duas ligações com este A Mulher Rei. Pelos bastidores, o projeto de A Mulher Rei já existia, mas só ganhou sinal verde depois do sucesso de Pantera Negra. E, dentro do filme, as guerreiras Dora Milaje foram inspiradas nas Agojie.

Por fim, preciso falar sobre os personagens brasileiros. Sim, tem dois brasileiros, traficantes de escravos, interpretados por pessoas que não sabem falar português! Qual é a dificuldade de se contratar um ator brasileiro ou mesmo um português? Sério, o português falado no filme é tão tosco que me lembrei de Jungle Run. E lembrar de Jungle Run nunca é um bom sinal!

Top 10: Melhores Momentos de Andor

Top 10: Melhores Momentos de Andor

Quando estreou a série Andor, fiz um post sobre os 3 primeiros episódios, e fiquei de voltar para outro ao fim da série. Então bora para o top 10 melhores momentos de Andor!

Um breve comentário antes. Um amigo usou uma expressão que gostei: Andor é “Star Wars para adultos”. Quase todos os filmes, séries e animações são de aventuras espaciais, e por mais que nós, fãs, não gostemos de admitir, são produtos voltados mais para o público infanto juvenil. E aqui não: temos uma trama densa, que envolve política e espionagem, e além disso temos uma galeria de excelentes personagens!

Ah, os personagens! Lembro que Rogue One trazia protagonistas sem carisma, o robô K2SO era mais carismático que os dois principais. Já aqui, a gente tem vários bons personagens. Aliás, a série podia se chamar “Luthen” em vez de “Andor”. Que personagem fantástico é o Luthen Rael do Stellan Skarsgård! Mon Mothma e Kino Loy idem! Tem uma boa quantidade de bons personagens!

Andor foi criada por Tony Gilroy (mais conhecido como roteirista, escreveu os roteiros de Rogue One e dos quatro primeiros filmes da franquia Bourne, dentre outros). Se antes Gilroy tinha nossa curiosidade, agora certamente tem a nossa atenção!

Vamos à lista? Claro, spoilers liberados a partir daqui.

10- Transformação do Luthen
A gente vê como Stellan Skarsgård é um grande ator, ele muda de cara em poucos segundos!

9- Cameo do K2SO
Andor é preso por um robô do mesmo modelo do K2SO.

8- Luthen e Andor enganam Syril
Syril acha que seu plano deu certo. Não, não deu.

7- Luthen e Saw Gerrera
Dois revolucionários de estilos diferentes. Dois grandes atores. Uma cena arrepiante!

6- Mon Mothma enganando o Império
Mon Mothma sabe que o motorista é um espião, e dá um jeito dele ouvir um desabafo sobre seu marido gastando dinheiro com jogo. E assim consegue justificativa para o seu rombo financeiro pró rebelião.

5- Discurso do Kino
Logo antes da fuga da prisão, Kino Loy faz um discurso que inflama todos os prisioneiros. E também os espectadores!

4- O Olho
A gente passa alguns episódios ouvido falar do “olho”, um fenômeno astronômico que ocorre no planeta. E quando finalmente vemos esse fenômeno, ele não decepciona. A cena é ótima!

3- A nave do Luthen
O terceiro lugar fica com talvez o momento mais “star wars” de toda a série: a fuga da nave de Luthen. Primeiro, o modo como ele escapa do raio trator, depois uma nave com grandes “sabres de luz” acoplados. Massaveísmo total!

2- Cena Pós Créditos
O último episódio teve uma cena pós créditos onde a gente descobre pra que servem as peças construídas na prisão. Não só é uma cena com um significado forte, como é uma cena belíssima.

1- Funeral da Marva
É difícil tirar o primeiro lugar do funeral da Marva. São duas cenas em sequência, as duas são ótimas. Primeiro, o funeral da Marva, com as pessoas tocando aqueles instrumentos de sopro e percussão – talvez para manter uma tradição do Guerra nas Estrelas clássico, o som é “sujo”, a gente sente que são pessoas tocando naquele contexto, a música não está exatamente bem tocada, existem imperfeições na execução e na mixagem. E depois tem o discurso da Marva através do holograma. Essa sequência é de arrepiar!