Super Mario Bros. – O Filme

Crítica – Super Mario Bros. – O Filme

Sinopse (imdb): Um encanador chamado Mario viaja por um labirinto subterrâneo com seu irmão, Luigi, tentando salvar uma princesa capturada

Sempre comento aqui que não jogo videogames, mas, nesse caso, joguei. Claro que não conheço todas as versões, mas conheço o suficiente pra saber que era uma ideia arriscada – e não estou falando da versão de trinta anos atrás com o Bob Hoskins. O problema é que o universo do jogo é muito maluco. Fica difícil criar uma história coerente quando você está num local onde comer um cogumelo faz você crescer – dentre muitas outras coisas completamente nonsense. E o roteiro aqui conseguiu essa tarefa. Não só o filme flui apesar desse lore louco, como ainda é repleto de easter eggs.

O visual não traz nada de revolucionário, mas pelo menos é extremamente bem feito – às vezes parece que são bonecos reais. Além disso, o filme é bem colorido, com cenários malucos e coerentes com os mundos apresentados no videogame. Ah, claro, o filme é muito engraçado, algumas piadas são muito boas (é uma produção da Illumination, eles têm tradição de filmes bem engraçados).

A trilha sonora de Brian Tyler é excelente! O tema do jogo é super famoso, e a trilha orquestrada usa trechos do tema ao longo de todo o filme.

Os personagens são bons. Não sei se a Peach teve alguma atualização em algum jogo – na época que heu jogava ela era literalmente uma “donzela em perigo”, coisa que não funciona mais nos dias de hoje. Agora Peach tem um bom protagonismo. O Luigi também tem um papel importante, não é só “escada” para o Mario como no jogo. Dentre os personagens secundários, adorei a estrelinha azul que está presa, acho que ela é do Super Mario Galaxy.

(A sessão de imprensa foi com cópia dublada. A dublagem é boa, mas preferia ter visto ouvindo as vozes de Chris Pratt, Anya Taylor-Joy, Jack Black, Seth Rogen, Charlie Day e Keegan-Michael Key.

Por fim, não é Marvel, mas tem duas cenas pós créditos, uma no início e outra lá no finzinho.

Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes

Crítica – Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes

Sinopse (imdb): Um charmoso ladrão lidera um improvável bando de aventureiros, que embarcam em uma jornada épica para recuperar uma relíquia perdida, mas as coisas dão perigosamente errado quando eles entram em conflito com as pessoas erradas.

Antes de tudo, preciso falar que nunca joguei nenhum RPG. Conversando com amigos que jogaram, descobri que esta é uma informação importante!

Em 2000 fizeram uma adaptação do jogo D&D, no filme Dungeons & Dragons – A Aventura Começa Agora. Provavelmente vi na época (não tinham tantos filmes lançados por ano, era mais fácil ver todos os lançamentos), mas não me lembro de absolutamente nada – nem se realmente vi o filme. Mas sei que foi um fracasso comercial. E provavelmente o grande sucesso de O Senhor dos Anéis nos anos seguintes ajudou a afundar possíveis novas adaptações com cara de filme de aventura da sessão da tarde.

Demorou, mas finalmente chegou aos cinemas a nova adaptação. Desta vez com orçamento de gente grande e com alguns grandes nomes no elenco. E o resultado foi positivo, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes está bem longe de um épico como Senhor dos Anéis, mas é uma divertida aventura despretensiosa. Dificilmente o espectador vai sair decepcionado do cinema.

O roteiro e a direção são da dupla John Francis Daley e Jonathan Goldstein (A Noite do Jogo, Férias Frustradas e roteiristas de Homem-Aranha: De Volta ao Lar). Pelo passado dos diretores a gente já desconfia qual vai ser o clima do filme. Sim, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes não chega a ser uma comédia, mas tem vários momentos bem engraçados.

Achei algumas saídas de roteiro meio forçadas, tipo quando eles não têm como seguir em frente e, do nada, descobrem que têm um cajado mágico que abre portais. Mas, uma amiga que joga RPG disse que essas coisas acontecem nos jogos, que às vezes surgem soluções absurdas e isso é algo comum pra quem está acostumado a jogar.

Quem me conhece sabe que curto planos sequência. Tem um aqui que é bem legal, que é quando a Doric está fugindo e virando diferentes bichos. Ok, entendo que boa parte da cena é cgi (se bobear, mais da metade), mas, mesmo assim, valorizo.

Outra coisa que gostei foi o visual quando o Simon coloca o elmo. Tudo em volta começa a se desmanchar. Taí, não me lembro desse visual em nenhum outro filme. Hoje em dia é raro a gente ver algo realmente novo, então parabéns à produção do filme. Pena que é uma cena curtinha, heu ia gostar de ver mais desse visual.

Os três principais nomes do elenco, Chris Pine, Michelle Rodriguez e Hugh Grant, têm papéis que são a cara dos atores. Por um lado, isso é bom, porque eles estão muito bem nos papéis; por outro, a gente meio que adivinha o que vai ver só quando vê quem é o ator. Também no elenco, Sophia Lillis, Justice Smith, Regé-Jean Page, Daisy Head e Chloe Coleman.

Existe um cameo na parte final que muitos brasileiros vão ficar com coração quentinho, mas não falo mais por causa de spoilers…

Por fim, queria falar mal do título brasileiro Se o título original é “Dungeons & Dragons: Honra Entre Ladrões”, por que diabos trocar “ladrões” por “rebeldes”? Principalmente porque, no filme, eles são ladrões!!!

Tudo Por Uma Esmeralda

Crítica – Tudo Por Uma Esmeralda

Sinopse (imdb): Uma romancista parte para a Colômbia para resgatar sua irmã sequestrada e logo se vê no meio de uma perigosa caça do tesouro com um mercenário.

Uma breve contextualização. Lançado em 1981, Caçadores da Arca Perdida foi um grande marco para o cinema de aventura. Claro que isso gerou um monte de filmes tentando pegar carona no sucesso. Podemos citar alguns bons filmes, vindo de grandes estúdios, como este Tudo Por Uma Esmeralda (1984) e sua continuação A Joia do Nilo (85), ou, na minha humilde opinião, um degrau abaixo, As Minas do Rei Salomão (85) e Allan Quatermain e a Cidade do Ouro Perdido (86). Mas tem vários bem vagabundos, como O Tesouro das Quatro Coroas (83), Sky Pirates (86), Caçadores de Tesouro (Jungle Raiders) (85) ou The Further Adventures of Tennessee Buck (88) – nunca vi nenhum desses quatro, nem me lembro se foram lançados no Brasil. Mas me lembro do lançamento de Os Aventureiros do Fogo (86), com Chuck Norris; e um dos meus maiores guilty pleasures, As Aventuras de Gwendoline na Cidade Perdida (84), uma mistura de Indiana Jones com Barbarella.

A direção é de Robert Zemeckis, que no ano seguinte faria um dos melhores e mais cultuados filmes de toda a década de 80, um tal de De Volta Para o Futuro, e que ainda dirigiria Roger Rabbit e ganharia o Oscar por Forrest Gump. A trilha é de Alan Silvestri, que passou a acompanhar os filmes dirigidos por Zemeckis (e que faria a excelente trilha de De Volta Para o Futuro).

A primeira imagem do filme é “A Michael Douglas production”, e a gente pensa “ué, o Michael Douglas era produtor? Bem, ele produzia filmes desde 1975, e, olha só, ganhou um Oscar como produtor em 76, por Um Estranho no Ninho. Michael Douglas tem uma carreira muito mais relevante como ator, mas não podemos ignorar seus feitos como produtor. E parece que ele não queria atuar aqui, ganhou o papel porque nomes como Clint Eastwood, Jack Nicholson, Christopher Reeve e Sylvester Stallone recusaram o papel principal.

Tudo por uma Esmeralda é uma típica aventura com cara de Sessão da Tarde. Muita correria em cenários exóticos, com algumas sequências bem forçadas – mas coerentes com a proposta.

Revendo hoje em dia, a química entre Michael Douglas e Kathleen Turner ainda funciona. Ok, é um tipo de casal que ficou desatualizado, as mulheres hoje são personagens mais fortes, mas, tendo a época em mente, gostei do casal. Por outro lado, achei o Danny De Vito caricato demais. Esse “perdeu a validade”. Sobre o resto do elenco, só reconheci um nome, Alfonso Arau, diretor de Como Água para Chocolate (92) e Caminhando nas Nuvens (95), que está numa das sequências mais divertidas do filme.

O filme fez tanto sucesso que logo veio uma continuação, A Joia do Nilo, estrelado pelos mesmos três principais, lançado em 1985 dirigido por Lewis Teague. O trio ainda faria A Guerra dos Roses em 1989, mas este não é uma continuação, é uma história independente. O sucesso do filme deu moral pro diretor Robert Zemeckis para seguir com seu projeto pessoal, De Volta Para o Futuro.

Uma nota triste: o roteiro é de Diane Thomas, que trabalhava como garçonete, e um dia convenceu um cliente sobre o seu roteiro. O cliente era Michael Douglas, que deu a ela um Porsche de presente pelo sucesso do filme. E ela faleceu num acidente com o Porsche. Tudo por uma Esmeralda foi seu único roteiro.

Tudo por uma Esmeralda foi indicado ao Oscar de melhor edição e ganhou Globo de Ouro de melhor filme (musical ou comédia) e melhor atriz pra Kathleen Turner.

O Urso do Pó Branco

Crítica – O Urso do Pó Branco

Sinopse (Filme B): A história real sobre a queda do avião de um traficante de drogas, que estava carregado com um lote de cocaína que acabou sendo consumido por um urso de mais de 220kg. Após consumir a droga, o animal parte para a violência, com uma fúria movida a coca, em busca por novas presas e sede de sangue. Em paralelo, um grupo excêntrico de policiais, criminosos, turistas e adolescentes, estão a caminho ou já no território de uma floresta da Georgia.

Antes de tudo, um breve esclarecimento. O filme se diz “inspirado numa história real”, mas a história real é bem diferente. Em 1985, um traficante jogou vários pacotes de cocaína de um avião e depois pulou de paraquedas com 36 kg presos no seu corpo. O paraquedas não funcionou direito, provavelmente por causa do peso extra, e o traficante morreu. 40 kg da droga caíram numa floresta, e um urso comeu, e morreu logo depois de overdose. Ou seja, a história do urso com cocaína é até real, mas ele não matou ninguém! Fora o traficante e o urso, não houve nenhuma outra casualidade neste evento. Mesmo assim, a história correu o mundo e virou uma lenda urbana. Um shopping center em Kentucky fez uma estátua do “Pablo Escobear”!

Dito isso, vamos ao filme?

Heu queria gostar de O Urso do Pó Branco (Cocaine Bear, no original). Na sexta 14 de abril vamos fazer uma sessão exclusiva dos Podcrastinadores e amigos, será uma grande festa. Pena que o filme é fraco.

Dirigido pela atriz Elisabeth Banks, O Urso do Pó Branco tem pelo menos dois grandes problemas. Um deles é que temos um grande elenco, com vários núcleos de personagens, cada um com seu drama, e sobra pouco tempo para o urso do título. Um filme de uma hora e trinta e cinco minutos precisava de menos gente pra ter mais do urso, que virou coadjuvante no próprio filme.

O outro problema é que o filme não se decide sobre o que quer ser. Às vezes parece ser uma comédia de humor negro; às vezes parece ser um filme de terror de monstro. Às vezes parece até ser um drama! Não tenho nada contra misturar estilos, mas tem que saber fazer, aqui ficou estranho.

Mas, mesmo com esses problemas, O Urso do Pó Branco não é de todo ruim. O gore é bem feito, são algumas cenas com partes de corpos voando pela tela. E tem uma cena de morte com tiro na cabeça que ri alto. E ainda tem a famosa cena da ambulância.

(Tem uma cena corajosa, envolvendo crianças e consumo de cocaína. Sei lá, achei que essa cena cruzou a linha. Mas reconheço a coragem).

Os efeitos especiais são ok. Em algumas poucas cenas o cgi não está muito bom, mas no geral, funciona.

O Urso do Pó Branco é um tipo de filme que não abre espaço pra grandes atuações. Keri Russell e Alden Ehrenreich fazem o feijão com arroz. Já Ray Liotta está mal, caricato demais. Pena, é um de seus últimos papéis. Também no elenco, O’Shea Jackson Jr., Isiah Whitlock Jr., Brooklynn Prince, Christian Convery, Margo Martindale e Jesse Tyler Ferguson.

Mesmo com o resultado final fraco, ainda acredito que a sessão dia 14/04 será divertida. Se você for do Rio, apareça!

Shazam! Fúria dos Deuses

Crítica – Shazam! Fúria dos Deuses

Sinopse (filmeB): Agraciado com os poderes dos deuses, Billy Batson e seus irmãos adotivos ainda estão aprendendo a conciliar a vida adolescente com alter egos de super-heróis adultos. Mas quando as Filhas de Atlas, um trio vingativo de deusas antigas, chegam à Terra em busca da magia roubada deles há muito tempo, Billy – também conhecido como Shazam – e sua família são lançados em uma batalha por seus superpoderes, suas vidas e o destino de seu mundo.

O primeiro Shazam!, lançado em 2019, foi uma divertida bobagem, com um herói adolescente num corpo de um adulto. Não era um grande filme, mas o resultado ficou divertido. Claro que iam fazer uma continuação. Shazam! Fúria dos Deuses (Shazam! Fury of the Gods no original) segue a mesma proposta do primeiro filme: um super herói bobinho e inseguro, num clima mais colorido e divertido que o “padrão DC”.

Shazam! Fúria dos Deuses (por que não “Shazam 2”?) repete o diretor David F. Sandberg do filme anterior. Sandberg tem passado no cinema de terror – procurem uma boneca Annabelle no consultório do pediatra! A primeira sequência do filme, no museu, é bem violenta (mesmo sem sangue). Se o filme fosse nessa pegada até o fim, ia ser bem legal, pena que larga esse caminho logo depois.

Como falei, é DC, mas tem um pé muito forte na comédia. Algumas piadas são meio sem graça, mas admito que ri alto em algumas cenas (a piada que encerra a primeira cena pós créditos é muito boa!). Além disso, Shazam! Fúria dos Deuses tem várias referências à cultura pop, são citados inúmeros filmes, como Star Wars, Senhor dos Anéis e Game of Thrones – e fazer uma citação a Velozes e Furiosos com a Helen Mirren presente foi genial!

Agora, precisamos reconhecer que o roteiro é cheio de “roteirices”, tipo um dragão que solta raios mortais pela boca, mas que tem um raio inofensivo quando está diante de um dos personagens principais. E aquela redoma segue as regras que o roteiro pede no momento.

Achei as vilãs bem ruins. Hellen Mirren é a menos pior, ela nem está tão mal como as outras duas, mas, caramba, é a Hellen Mirren, está bem aquém do esperado, trazer alguém do porte da Hellen Mirren só pra isso é um enorme desperdício. As outras duas estão realmente ruins: Rachel Zegler só faz a mesma cara de espanto ao longo de todo o filme; e Lucy Liu, caricata ao extremo, está ainda pior. (Aliás, a personagem da Rachel Zegler não faz o menor sentido, ela tem seis mil anos e se envolve romanticamente com um adolescente. Isso é errado em tantos níveis…)

Ainda sobre o elenco, tem uma coisa que ficou esquisita. São seis irmãos, crianças e adolescentes. No filme anterior, eram seis atores adultos diferentes quando eles viravam super. Mas agora uma atriz, Grace Caroline Currey, faz as duas versões, “adolescente” e super (ela já tem 26 anos, já não mais adolescente há algum tempo). Nada contra a mesma atriz ficar nas duas versões da personagem, mas destoa do resto. Todos os outros cinco ficam completamente diferentes, mas ela tem a mesma cara.

Já que estou falando dos irmãos… São seis, e o filme só foca em três: Billy, Freddy e Mary. A Darla tem alguma relevância só no “momento unicórnio”, e o Pedro só serve pra fazer uma piada (que pareceu inspirada em Quase Famosos). O sexto irmão é tão inútil que a gente nem sabe o nome dele (catei no imdb, é Eugene). Enfim, roteiro mal escrito, não sabe equilibrar os personagens.

Um último comentários sobre o elenco. Heu sei que é uma referência muito específica, que poucos vão pegar, mas… Achei que o Djimon Hounsou está igual ao Daminhão Experiença.

A parte final do filme é meio confusa, mas, quem gostou do primeiro e se deixar levar, vai curtir o segundo. Só recomendo não parar pra pensar muito.

Ah, importante: são duas cenas pós créditos, tem uma lá no finzinho.

Pânico VI

Crítica – Pânico VI

Sinopse (imdb): Os sobreviventes dos assassinatos de Ghostface deixam Woodsboro para trás e iniciam um novo capítulo na cidade de Nova York.

Ok, admito logo que não sou fã de franquias. Minha memória não é boa, frequentemente me esqueço de detalhes do(s) outro(s) filme(s). Mas é inevitável, porque é mais fácil vender uma continuação do que um filme novo. Então, bora pro sexto filme da franquia Pânico.

Mais uma vez dirigido pela dupla Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett (Pânico 5, Casamento Sangrento), Pânico VI (Scream VI, no original) traz os sobreviventes do último filme, que saíram de Woodsboro e agora estão em Nova York para um novo recomeço de vida. E claro que o Ghostface está por perto. E então o filme vira uma espécie de whodoneit para saber quem está debaixo da máscara (pra quem nunca viu Pânico, cada filme troca quem é o assassino).

O problema de ser o sexto filme de uma franquia é que muita coisa é previsível. Tipo a sequência inicial (boa sequência, a propósito), a gente já sabe que são personagens que não vão continuar no resto do filme. E tem outras coisas que são previsíveis pra quem está acostumado com o formato da franquia, tipo quando revelam quem é o assassino – mas não vou entrar em detalhes por causa de spoilers.

O roteiro às vezes parece meio preguiçoso. Tem algumas cenas que poderiam ser melhor escritas. Um exemplo simples: as irmãs Sam e Tara vão pra delegacia, e quando saem são abordadas agressivamente por vários repórteres. Aí aparece a Gale, personagem da Courtney Cox, e todos os outros repórteres desistem de abordá-las! Isso sem contar com algumas “roteirices” que ajudam o Ghostface, como ele entrar numa loja de conveniência, matar algumas pessoas, acontecerem vários tiros, e a polícia chegar logo depois que ele saiu.

Por outro lado, gostei da cena do metrô no halloween e suas inúmeras referências – a franquia Pânico sempre usou muitas referências a outros filmes de terror. Vemos fantasias de Michael Myers, Jason Vorhees, Freddy Krueger, Pinhead, Pennywise, as irmãs de O Iluminado – acho que vi até o coelho de Donnie Darko!

Uma cena bem legal que tinha no Pânico 5 era quando falavam do conceito de requel. Aqui tem uma cena parecida, mas falando sobre clichês de franquias. Pânico sempre brincou com metalinguagem, é bem legal como fazem isso.

Alguns comentários sobre o elenco. A protagonista ainda é Melissa Barrera, mas me parece que Jenna Ortega ganhou um papel maior, provavelmente pelo sucesso de Wandinha (Jasmin Savoy Brown e Mason Gooding completam o quarteto dos “mocinhos” que vieram do filme anterior). Do trio original, só tem a Courtney Cox; Hayden Panettiere, que estava no Pânico 4, volta com o mesmo papel. Samara Weaving e Tony Revolori estão na sequência inicial, e Henry Czerny aparece em uma cena. De novidade, temos Liana Liberato, Devyn Nekoda, Josh Segarra e Jack Champion; e deixei Dermot Mulroney pro fim porque ele está pééésimo! Já vi vários filmes com ele, não me lembrava que ele era tão ruim!

No fim, pelo menos pra mim, Pânico VI foi o que heu esperava: mais um filme. Zero surpresas, mas pelo menos é divertido. E vai agradar o “público do multiplex”

Tem uma cena pós créditos, com uma piadinha bem curta. Heu ri, mas tem gente que vai ficar com raiva.

Gato de Botas 2: O Último Pedido

Crítica – Gato de Botas 2: O Último Pedido

Sinopse (imdb): O Gato de Botas descobre que sua paixão pela aventura cobrou seu preço: ele esgotou oito de suas nove vidas. O Gato de Botas embarca em uma jornada épica para encontrar o mítico Último Desejo e recuperar suas nove vidas.

Lembro de quando a Dreamworks começou. A Disney reinava sozinha nos longas de animação, então surgiram a Pixar e a Dreamworks, e por um tempo eram as três no topo, com algumas poucas exceções. Mas com o passar do tempo, a Dreamworks investiu em várias continuações e spin offs, e, pelo menos pra mim, perdeu parte da graça (tirando Toy Story, a Pixar demorou bastante pra entrar no mundo das continuações).

E finalmente, 11 anos depois do primeiro filme, chegamos a Gato de Botas 2, que é uma continuação de um spin off de Shrek. Mas… Não é que o filme é bom?

Podemos citar dois méritos de Gato de Botas 2: O Último Pedido. O primeiro é meio previsível: uma boa história, com bons personagens. Nem me lembro se vi o primeiro filme do Gato de Botas, só me lembrava do personagem pelos grandes olhos na cara de pidão. Mas pelo menos neste novo filme, é um personagem muito bom: ele é um guerreiro, um espadachim, canta, toca violão, e depois de tudo isso vai beber leite como um gatinho normal.

E não é só ele, mas temos vários bons coadjuvantes. O time formado pela Cachinhos Dourados e os três ursos é genial, e o Perrito é um coadjuvante sensacional. E, de quebra, ainda tem vários easter eggs de contos de fada – coisa que sempre aconteceu na franquia Shrek.

O outro ponto a ser citado é a qualidade da animação. Hoje, em 2023, quando a gente vê um grande lançamento vindo de um grande estúdio, a qualidade da imagem é meio que obrigação. Ver imagens perfeitas não é mais do que obrigação. Não gostei de Os Caras Malvados, mas não gostei por causa da história e dos personagens, não tenho queixas à qualidade da animação.

Mas… Gato de Botas 2 vai um pouco além. Se chegamos a um ponto onde não tem como a animação ser mais perfeita, como fazer para se diferenciar? As cenas de ação aqui trazem um traço diferente, uma textura diferente. Procurei pela Internet elementos técnicos pra trazer aqui, mas não achei nada que explique muito o que foi feito. O que descobri é que depois do sucesso do Homem Aranha no Aranhaverso – que trazia texturas diferentes – outras animações estão pegando este caminho. E aqui a gente vê, nas cenas de ação, que o filme muda o estilo e essas cenas ficam muito mais agradáveis de se ver do que as mesmas cenas de sempre, repetindo o mesmo estilo de sempre.

Longa de animação muitas vezes é exibido dublado em português. Por sorte vi o original em inglês. O lobo é dublado pelo Wagner Moura! Gostei de vê-lo (ouvi-lo?) com uma voz diferente do que estamos acostumados! Outro detalhe que não sei se conseguiram traduzir: os capangas do vilão são os “baker dozen”, que poderia ser traduzido como “uma dúzia de padeiros”, mas na verdade é uma expressão em inglês que significa treze (catei no Google, parece que quando você comprava uma dúzia de pãezinhos e ganhava um extra de cortesia).

Já que falei do Wagner Moura, vamos ao resto do elenco. O gato é dublado pelo Antonio Banderas, e o filme ainda conta com Salma Hayek, Florence Pugh, Olivia Colman, Ray Winstone, Samson Kayo e Harvey Guillén.

Gato de Botas 2 funcionou tão bem que está concorrendo ao Oscar de melhor longa de animação. Claro que acho que não tem chances, porque o Pinóquio do Del Toro é uma coisa de outro mundo. Mas, ser considerado pela Academia um dos cinco melhores desenhos do ano já é uma coisa boa para um filme que a principio seria apenas uma continuação de um spin off.

O Corpo (2012)

Crítica – O Corpo (2012)

Sinopse (imdb): Um detetive está procurando o corpo de uma mulher que desapareceu de um necrotério.

Uma vez uma amiga me recomendou o filme Um Contratempo, um suspense espanhol de 2016 onde somos apresentados a um complexo quebra cabeça e no fim temos uma solução que completa todas as peças soltas. Claro que guardei o nome do diretor, Oriol Paulo.

Catei outros dois filmes do diretor, Durante a Tormenta, de 2018, e O Corpo, de 2012. Durante a Tormenta é bom, mas tem um lance de viagem no tempo que achei mal construído. O filme é legal, recomendo, mas não é tão bom quanto Um Contratempo. Já O Corpo (El Cuerpo, no original) segue o mesmo formato: um quebra cabeça cheio de peças soltas, confundindo a o entendimento do espectador, até um final bombástico onde tudo é explicado.

O corpo de Mayka, uma mulher rica e poderosa, some do necrotério, e a polícia está interrogando o viúvo. Enquanto isso, vemos flashbacks que mostram a personalidade excêntrica de Mayka. E vemos várias possíveis versões para o que aconteceu: ela poderia não ter morrido, ou o corpo pode ter sido roubado para evitar uma autópsia – o filme não descarta nem uma possibilidade sobrenatural. E o bom do roteiro escrito pelo próprio Oriol Paulo (em parceria com Lara Sendim) é que todas as pontas soltas são explicadas num momento final tipo “vilão de James Bond”.

O elenco é bom, as locações são boas, e o modo como Oriol Paulo conduz sua história deixam o espectador tenso até o fim do filme. Ok, achei algumas coisas forçadas. Mas, pelo final proposto, até dava pra fazer daquele jeito. Ia ser difícil, claro, mas, como falei no texto sobre Desaparecida, isso é ficção, não é um documentário!

No elenco, o único nome que heu conhecia era Belén Rueda, de O Orfanato e Os Olhos de Julia (que tinha Oriol Paulo como roteirista), que faz a Mayka e consegue confundir ainda mais a cabeça do espectador. Também no elenco, Jose Coronado, Hugo Silva e Aura Garrido.

Um belo suspense espanhol, pena que é pouco conhecido.

Infinity Pool

Crítica – Infinity Pool

Sinopse (imdb): James e Em Foster estão desfrutando de umas férias na ilha fictícia de La Tolqa, quando um acidente fatal expõe a subcultura perversa do turismo hedonista, a violência imprudente e os horrores surreais do resort.

Já tinham me recomendado conhecer o trabalho do diretor Brandon Cronenberg, filho do David Cronenberg. Me falaram do filme Possessor, de 2020, mas outros filmes entraram na frente e acabei me esquecendo. Quando surgiu a oportunidade de ver Infinity Pool, não deixei pra depois!

O trabalho do Cronenberg filho traz semelhanças com o do pai – body horror, cenas graficamente fortes, com muita violência, nudez e sexo. Além disso, tem a parte “cabeça”, imagens viajantes que nem sempre têm explicação dentro da trama. Infinity Pool tem cenas fortes, tanto na parte da violência quanto na parte das perversões sexuais. Isso certamente vai afastar boa parte do público.

Falei aqui recentemente de Triângulo da Tristeza, que levanta questionamentos sobre convenções sociais. Infinity Pool traz alguma semelhança. Se em Triângulo da Tristeza vemos pessoas ricas que não aceitam seguir algumas regras, aqui em Infinity Pool a situação é um pouco mais grave: turistas ricos descobrem que podem cometer crimes e sair impunes. Explico: o país fictício onde a história se passa tem uma lei que diz que um estrangeiro pode pagar para criar um clone, e o clone será punido. Ou seja, o turista pode fazer o que quiser, porque quem vai enfrentar a justiça é o seu clone.

Claro que essa impunidade escala no comportamento dos personagens. E claro que isso gera inúmeras questões na cabeça do espectador.

Sobre o elenco, dois nomes precisam ser citados. Pena que as premiações têm preconceito contra o cinema fantástico. Depois de arrebentar em Pearl, aqui Mia Goth mostra mais uma vez que é uma das melhores atrizes em atividade. E depois de escolher alguns papéis ruins, parece que Alexander Skarsgård está se encontrando – ano passado ele mandou bem em O Homem do Norte, e aqui ele está ainda mais intenso. Também no elenco, Cleopatra Coleman, Jalil Lespert e Thomas Kretschmann.

Infinity Pool é um filme diferente, vai desagradar quem está atrás do terror montanha russa. Mas recomendo pra quem estiver atrás de um filme profundo e perturbador.

Casamento em Família

Crítica – Casamento em Família

Sinopse (imdb): Michelle e Allen estão em um relacionamento. Eles decidem convidar seus pais para finalmente se conhecerem. Acontece que os pais já se conhecem bem, o que leva a algumas opiniões divergentes sobre o casamento.

Comédia romântica é um gênero que sempre gera controvérsias. Todo mundo sempre fala mal. Mas, se você estiver no clima certo, quase sempre é um bom programa. Ok, entendo, é previsível. Antes de começar o filme a gente já sabe como vai terminar. Mas nem sempre o espectador quer roteiros mirabolantes e plot twists que dão nó na cabeça, né?

Escrito e dirigido por Michael Jacobs, Casamento em Família (Maybe I Do, no original) às vezes parece um teatro filmado – principalmente na segunda metade, quando todo o elenco está na mesma casa. Além disso, é previsível e cheio de clichês. E, mesmo assim, é um programa agradável!

Assim como aconteceu em Ingresso para o Paraíso, o melhor aqui é no elenco veterano. É sempre agradável ver em tela Diane Keaton, Susan Sarandon, Richard Gere e William H. Macy. Nada contra Emma Roberts e Luke Bracey, mas os coroas têm muito mais carisma.

(Curioso lembrar que Emma Roberts é sobrinha da Julia Roberts, que teve um grande sucesso com Uma Linda Mulher, ao lado do Richard Gere, que aqui faz o pai de Emma…)

Quem curte comédias românticas vai se divertir, assim como quem curte o elenco veterano. Quem não curte? Tem outras opções em cartaz!