Pearl

Crítica – Pearl

Sinopse (imdb): Veja como Pearl se tornou a assassina feroz vista em “X”.

Poucos meses atrás tivemos X, bom slasher da A24, dirigido por Ti West. Na época já se falava sobre um prequel contando o passado da personagem Pearl. Olha lá, o filme já está pronto!

Pearl teve um caminho diferente da maior parte das continuações no cinema. Normalmente um filme é lançado, aí dependendo do sucesso, continuações são agendadas. Aqui não, Pearl foi filmado na mesma época que X. Como minha memória é ruim, gostei de ter um lançamento perto do outro (os dois filmes são de 2022).

Pelo que li, X foi filmado na Nova Zelândia, e a equipe ficou de quarentena por causa da pandemia. Assim como James Gunn aproveitou esse período de isolamento para escrever Peacemaker, Ti West e Mia Goth teriam aproveitado para escrever o roteiro de um prequel, para aproveitar equipe técnica e locações. Claro que lembrei de Roger Corman, que fazia essas economias para criar novos filmes vagabundos. Mas Pearl não tem cara de produção feita com “restos”, o resultado final ficou bom, parece um filme projetado do zero.

Mesmo diretor, mesma atriz, roteiro escrito por ambos. Mas são filmes diferentes. Pearl é bem mais lento, e a primeira morte demora bastante pra acontecer. Mas, se é lento como slasher, Pearl traz um excelente desenvolvimento de personagem. Poucas vezes na história do cinema a gente teve tanto foco na construção de um vilão.

Uma coisa curiosa: se X tem cara de filme feito nos anos 70, Pearl tem cara de produções dos anos 40/50 (inclusive nos créditos). E isso deixou o filme bem mais claro e colorido, coisa que não é muito comum em filmes de terror.

Achei a parte final muito boa. Mia Goth tem um longo monólogo que se não fosse o preconceito das premiações com terror provavelmente lhe indicaria a prêmios. E a cena final, o take final, quando começam a rolar os créditos mas a câmera continua gravando, é assustadoramente bonita.

Em breve teremos um terceiro filme, Maxxxine, mas ainda não sei nada sobre ele. Que Ti West e Mia Goth mantenham a qualidade!

A Luz do Demônio

Crítica – A Luz do Demônio

Sinopse (imdb): Uma freira se prepara para realizar um exorcismo e fica cara a cara com uma força demoníaca com laços misteriosos com seu passado.

Antes de tudo preciso dizer que sempre vou apoiar lançamentos no cinema. Ver um filme na sala escura é sempre uma experiência melhor do que ver em casa pelo streaming.

Dito isso, preciso confessar que não entendi a escolha deste A Luz do Demônio para ser um grande lançamento da Paris Filmes, com direito a sessão de imprensa presencial e ações de marketing espalhadas ao longo do próximo fim de semana. A Luz do Demônio não é ruim, mas é um filme bem genérico. E não custa lembrar: tem outros filmes melhores de terror sem distribuição nos cinemas (como Barbarian, que foi direto pro Star+; ou Pearl, que até onde sei ainda não tem previsão de lançamento aqui no Brasil)

Enfim, vamos ao filme. Dirigido por Daniel Stamm (O Último Exorcismo), A Luz do Demônio (Prey for the Devil, no original) se diferencia de outros filmes de exorcismo ao colocar uma mulher como protagonista. Ok, sei que hoje é “modinha”, vários filmes estão usando o protagonismo feminino (e não tenho absolutamente nada a reclamar sobre isso), mas reconheço que às vezes fica forçado. Mas aqui foi uma boa, porque o filme aproveita pra cutucar o machismo da Igreja Católica, que não deixa mulheres praticarem exorcismo.

Fora isso, a gente já viu todo o resto. As cenas de exorcismo copiam os clichês de todos os outros filmes do gênero, incluindo as mesmas maquiagens e contorcionismos. Zero novidades, e o pior: A Luz do Demônio não causa medo.

A parte final é ainda pior. Durante todo o filme a protagonista tem contato com um demônio, e quando finalmente rola o confronto, a solução é bem fuen. E são sequências muito escuras, quase não dá pra ver nada (e olha que vi no cinema, imagina quem vai ver em casa na TV ou no computador!)

No elenco, o papel principal é de Jacqueline Byers, que lembra uma Targaryen com aquele cabelo mal pintado de amarelo. Virgínia Madsen, veterana de filmes de terror, tem um papel menor, que é completamente dispensável (parece que o roteiro já estava pronto, aí conseguiram a atriz, então criaram algumas cenas para incluí-la). Também no elenco, Colin Salmon, Christian Navarro, Nicholas Ralph, Ben Cross e Posy Taylor.

Ainda queria falar do nome original. No imdb está como “Prey for the Devil”, mas no filme estava escrito “The Devil’s Light”. Não entendi por que dois títulos. E também não entendi o que seria uma “luz do demônio”.

A Luz do Demônio estreia nos cinemas nesta quinta. Deve agradar o menos exigentes. Mas fica a tristeza de saber que tinha coisa melhor pra passar na tela grande.

Império da Luz

Crítica – Império da Luz

Sinopse (filmeB): Uma história poderosa e comovente sobre a conexão humana e a magia do cinema, situada em uma cidade litorânea inglesa no início dos anos 80.

Comentei no texto sobre Amsterdam, às vezes a gente vê filmes em sessões de imprensa que acontecem muito antes da estreia. Nesses casos, fico na dúvida se vale a pena lançar a crítica logo e ser um dos primeiros, ou se é melhor aguardar o lançamento, porque provavelmente vai ter mais gente falando sobre o filme. Vi Império da Luz umas duas semanas atrás, e até agora não ouvi NINGUÉM comentando, não vi nenhum vídeo no youtube, na página do imdb só tem uma crítica. Fui ver no filme B, a previsão de estreia é em 23 de fevereiro de 2023! Claro que não tem ninguém falando sobre o filme!

Enfim, vou falar logo, porque prefiro fazer uma crítica com o filme recente na memória. Não quero esperar meses. Vamos lá?

Império da Luz foi o filme escolhido para abrir o Festival do Rio deste ano. Quem viu na ocasião viu, quem não viu agora só ano que vem. E aproveito pra citar o Festival do Rio, que em outros anos sempre teve um grande espaço aqui no heuvi, mas este ano recusaram a minha credencial, então decidi ignorar o festival. Quem sabe ano que vem?

Minha expectativa por Império da Luz era por ser o novo filme dirigido por Sam Mendes, o primeiro depois do sensacional 1917 – que foi o melhor filme de 2020 aqui no heuvi! Mas, pena, Império da Luz não é tão bom quanto 1917.

Império da Luz fala de vários temas importantes, como racismo, pessoas com desequilíbrio emocional e abuso sexual no trabalho. Mas, senti uma falta de foco, o filme aborda vários temas e não se aprofunda em nenhum. Um bom exemplo é o racismo. O filme tem uma cena forte usando skinheads racistas, mas depois o filme deixa esse plot pra lá.

Por outro lado, é um filme muito bonito. Império da Luz abre com belíssimas imagens de um saguão de cinema nos anos 80. Não li em lugar nenhum isso, mas arriscaria dizer que é uma parte autobiográfica do diretor e roteirista Sam Mendes, que nasceu em 1965 e tinha 15 anos na época em que o filme se passa. Mas a sequência mais bonita é uma onde a personagem principal vê um filme, sozinha no cinema. Ok, vários clichês, como a personagem de frente emocionada com a luz do projetor ao fundo, mas uma cena inegavelmente bela e emocionante. Essa sequência tem cara de clipe pra passar no Oscar…

Sim, Oscar. A decisão de lançar o filme em fevereiro do ano que vem deve ser porque este filme deve ganhar algumas indicações, como melhor filme, melhor diretor, melhor fotografia para Roger Deakins (que já tem dois Oscars, por 1917 e Blade Runner 2049), e melhor atriz para Olivia Colman, que está ótima (ela ganhou por A Favorita e foi indicada por Meu Pai e A Filha Perdida).

Mas, apesar dos pontos positivos, Império da Luz termina com ar de decepção. Bonito, mas vazio.

Adão Negro

Crítica – Adão Negro

Sinopse (imdb): Quase 5.000 anos após ser agraciado com os poderes onipotentes dos deuses egípcios e preso com a mesma rapidez, Adão Negro alcança a liberdade de sua tumba terrena, pronto para liberar sua justiça no mundo moderno.

Bora pra mais um filme de super heróis da DC!

O que mais me intrigava sobre este Adão Negro (Black Adam, no original) era o protagonista. Porque, na Hollywood de hoje, é difícil imaginar o Dwayne Johnson como um vilão. Mas, olha, nesse aspecto, gostei do que vemos no filme. Diferente da maioria dos filmes de super heróis onde existe um grande maniqueísmo, o bem contra o mal, aqui a gente tem dois grupos distintos onde dependendo do ponto de vista, um deles pode não ser exatamente de “mocinhos”. Inclusive isso é falado por uma personagem – “onde estavam vocês quando fomos invadidos 27 anos atrás?”

Dito isso, preciso dizer que o vilãozão que temos no terço final do filme é fraco. Mais tarde volto a falar dele.

A direção é de Jaume Collet-Serra, de A Órfã, Águas Rasas, e alguns filmes com o Liam Neeson badass (Desconhecido, O Passageiro, Noite Sem Fim e Sem Escalas). Bom diretor, mas que aqui não mostra nada autoral. Ele usa tanta câmera lenta que às vezes parece que estamos vendo um filme do Zack Snyder.

Ainda na câmera lenta: são boas cenas, só que em excesso. Talvez o ideal fosse reduzir um pouco. As cenas de ação são boas, e o filme tem um pouco mais de violência do que estamos acostumados na concorrente Marvel.

Já que falamos da Marvel… Preciso dizer que não conheço as HQs, meus comentários são apenas relativos ao que tivemos no cinema nos últimos anos. E preciso falar que esse filme parece muito um filme da Marvel. Temos um novo elemento, o Eternium, que é equivalente ao Vibranium. O time de super heróis é liderado por uma mistura de Tony Stark com Falcão, e seu time tem um “Doutor Estranho” (que vê o futuro e encontra apenas uma solução para enfrentar o vilão), um Homem Formiga com máscara de Deadpool (inclusive usado como alívio cômico) e uma espécie de Tempestade (ok, essa é a mais diferente). Só que a Marvel passou anos e anos construindo um time, e agora na DC veio tudo jogado de uma vez.

Sobre o elenco, Dwayne Johnson está ótimo como sempre. Um personagem mais sombrio que o habitual, mas mesmo assim mantendo o bom humor. Sarah Shahi tem o principal papel entre os “não heróis”, e Pierce Brosnan é o único conhecido do grupo de heróis Sociedade da Justiça (os outros são Aldis Hodge, Quintessa Swindell e Noah Centineo). E temos Viola Davis como Amanda Waller, meio que pra justificar que este é mais um filme do universo cinematográfico da DC.

A parte técnica teve uma coisa que me incomodou. O áudio parecia que algumas cenas estava mal dublado, principalmente em cenas do menino. Achei estranho, mas deixei pra lá. Ao fim da sessão, um amigo comentou sobre isso, e vi que não fui o único.

Adão Negro é legal, mas não gostei do terço final. O personagem título tinha sido isolado, mas consegue voltar numa cena muito forçada. E é o momento onde temos o vilãozão. E aquele exército de zumbis foi completamente desnecessário.

Tem uma cena pós créditos, depois dos créditos principais, que fez parte da galera urrar na sessão de imprensa. Admito, boa cena. No fim dos créditos não tem nada.

Aguardemos mais filmes do Dwayne Johnson na DC!

Halloween Ends

Crítica – Halloween Ends

Sinopse (imdb): A saga de Michael Myers e Laurie Strode chega a um fim arrepiante.

É, tem mais um Halloween. Ninguém mais se importa, mas avisaram que vinha mais um, pra fechar a história.

Estou com preguiça, então vou copiar dois parágrafos do meu texto do ano passado sobre o Halloween anterior:

Halloween me lembra o cantor Roberto Carlos. Ele tem um monte de músicas boas no início da carreira. Mas fez tanta coisa ruim depois que ninguém mais queria saber quando ele lançava um disco novo.
Este é o décimo segundo Halloween. O primeiro filme foi em 1978. Aí teve continuações em 81, 82, 88, 89, e, em 95 era pra ser o sexto e último. Mas alguns anos depois a Jamie Lee Curtis voltou pra mais dois, um em 98 e outro em 2002. Em 2007 e 2009 teve um remake, feito pelo Rob Zombie. Até que em 2018, o diretor David Gordon Green disse “esqueçam tudo isso, a partir de agora só vale o primeiro”. Sim, o décimo primeiro filme ignora os nove que vieram antes.”

Mas, como disse no início, este novo filme já estava anunciado. Então vamos a ele.

Mais uma vez dirigido por David Gordon Green, este Halloween Ends é o fim da saga do Michael Myers. Pelo menos por enquanto, até alguém daqui a alguns anos resolver mais uma vez ressuscitar a franquia.

Não, o filme não é bom. É ainda pior que os dois anteriores do mesmo diretor, porque tudo demora muito a acontecer, e boa parte do filme não é focada no personagem central, Michael Myers.

Queria falar mal, mas preciso entrar no terreno dos spoilers. Nada grave, quem quiser pode continuar.

]SPOILERS!!!
SPOILERS!!!
SPOILERS!!!

Duas coisas me incomodaram bastante. Uma delas é que achei muito forçado o romance da Allyson com o Corey. Ela é uma mulher experiente, viu a mãe morrer, viu amigos morrerem, ela não é uma garotinha ingênua que vai se apaixonar pelo primeiro zé mané que aparecer. NADA no filme traz argumentos sólidos para justificar esse romance avassalador.

A outra é ainda pior. Corey tem um bom desenvolvimento, acompanhamos uma boa construção de vilão – um trauma no passado, uma mãe opressora, sofre bullying, não tem amigos, etc. Boa parte do filme ignora o Michael Myers e foca neste novo vilão – o que seria uma boa saída para o filme. Mas, lá pro terço final, parece que alguém se lembrou “xi, era pra ser o Michael Myers e não esse garoto!” e de repente o filme muda de rumo. E aí temos um filme do Michael Myers onde em pelo menos metade do filme ele nem aparece. E, claro, temos menos mortes – um slasher com poucas mortes.

FIM DOS SPOILERS!

No elenco, temos a volta de Jamie Lee Curtis, Will Patton e Andy Matichack, que estavam nos filmes anteriores. Judy Greer só aparece em fotos. Rohan Campbell faz o “semivilão” Corey.

Agora acabou. Ufa! Até alguém resolver voltar com um novo reboot, remake, etc…

Amsterdam

Crítica – Amsterdam

Sinopse (imdb): Na década de 1930, três amigos testemunham um assassinato, são incriminados e descobrem uma das tramas mais ultrajantes da história americana.

Antes de falar do filme, preciso falar da sessão de imprensa. Normalmente, críticos e jornalistas têm acesso a uma sessão antes da estreia, pra dar tempo de produzir conteúdo. E normalmente essa sessão acontece alguns dias antes. Mas, não sei por que, Amsterdam teve uma sessão quase um mês antes da estreia. Pior: sessão foi sem legendas! Pra que exibir um filme com tanto tempo de antecedência?

Enfim, estreia esta semana, então agora é hora do texto. Vamos ao filme?

A primeira coisa que chama a atenção aqui é o elenco. Afinal não é sempre que temos Margot Robbie, Christian Bale, John David Washington, Robert DeNiro, Rami Malek, Anya Taylor-Joy, Zoe Saldaña, Michael Shannon, Mike Myers, Chris Rock, Taylor Swift, Timothy Olyphant e Andrea Riseborough. É tanta gente legal passando pela tela que o espectador até se distrai e esquece as falhas.

Além do elenco, a reconstituição de época também é muito boa, assim como a fotografia de Emmanuel Lubezki (que ganhou três vezes seguidas o Oscar de fotografia, por Gravidade, Birdman e O Regresso). Amsterdam é um filme bonito. E as maquiagens também são muito boas, os dois atores principais tiveram graves ferimentos de guerra.

Mas, dito isso, achei o filme meio vazio.

Diria que o problema é o roteiro, escrito pelo diretor David O Russell, que não lançava nenhum filme desde Joy, de 2015. E, olha só, fui reler o que escrevi sobre Joy na época, vou copiar um trecho aqui: “Mais um filme meia boca do superestimado David O. Russell… A história de uma mulher que inventou um esfregão daria um bom filme? Talvez. Mas precisaria de um bom roteiro, já que a história em si é besta. E isso não acontece aqui. Joy: O Nome do Sucesso tem uma cena boa aqui, outra acolá. Mas no geral, é um filme bobo.”

Ou seja, O. Russell continua o mesmo. Mas, péra, posso catar um trecho do que escrevi em 2013 sobre Trapaça, seu filme anterior? “Sabe quando um filme tem um monte de coisas legais, mas simplesmente não funciona? Tem a Amy Adams linda e com decotes generosíssimos, bons atores com boas caracterizações, figurinos bem cuidados, boa ambientação de época, boa trilha sonora? Mas, apesar de tudo isso, parece que o filme não “dá liga”.

(E isso porque achei O Lado Bom da Vida um filme bem fuén…)

Pior é que depois que vi Amsterdam, fui catar informações pela internet e descobri que David O. Russell já teve problemas nos bastidores com alguns de seus atores, como George Clooney e Amy Adams. Mas, não sei por quais motivos, os filmes dele sempre geram indicações ao Oscar, sete atores diferentes já foram indicados por filmes com ele: Jennifer Lawrence (três vezes), Christian Bale (duas vezes), Amy Adams (duas vezes), Bradley Cooper (duas vezes), Melissa Leo, Robert De Niro e Jacki Weaver. Mais: ele é o único diretor que já teve dois filmes consecutivos com indicações para os quatro Oscars de atuação (O Lado Bom da Vida e Trapaça). Deve ser por isso que ele consegue tal elenco.

E, pra fechar, falando do elenco deste Amsterdam. São três papeis centrais, Margot Robbie, Christian Bale e John David Washington. Mas o único destaque é para Bale, que está ótimo com suas cicatrizes e seu olho de vidro. Os outros dois estão apenas no piloto automático. E o resto do elenco mal dá pra julgar, alguns deles aparecem em uma ou duas cenas!

Por fim, mais uma vez, longo demais (acho que comentei isso em todas as críticas sobre os filmes do diretor), são duas horas e quatorze minutos que chegam a cansar.

No fim, fica aquela sensação de potencial desperdiçado. Pena.

Morte Morte Morte

Crítica – Morte Morte Morte

Sinopse (imdb): Quando um grupo de ricos de 20 e poucos planeja uma festa de furacão numa remota mansão familiar, um jogo de festa torna-se mortal neste olhar fresco e engraçado sobre traições, amigos falsos e uma festa que correu muito, muito mal.

Filme novo de terror da A24. A gente lembra de Midsommar, A Bruxa, Saint Maude, The Green Knight, etc. Você pode gostar ou não dos filmes, mas uma coisa é inegável: são filmes diferentes do óbvio.

Mesmo sem querer, a gente acaba criando uma expectativa. Mas Morte Morte Morte (Bodies Bodies Bodies, no original) não é tão fora da caixinha quanto outros filmes da mesma produtora. Vejam bem, até gostei de Morte Morte Morte, só achei ele “normal”.

Dirigido por Halina Reijn, Morte Morte Morte lembra Pânico: um whodoneit dentro de um slasher. Assassinatos vão acontecendo, e o espectador precisa juntar as peças do quebra cabeça pra descobrir quem é o culpado e qual é a sua motivação.

Morte Morte Morte tem dois problemas. Um deles é que todos os personagens são desagradáveis. Todos são jovens ricos, drogados, mimados e egoístas. Ou seja, não tem como simpatizar com ninguém. Se o personagem morrer, ninguém se importa. Ok, acredito que foi proposital, para fazer uma crítica à geração Z e todas as futilidades que envolvem esse mundinho. Como crítica pode funcionar, mas como narrativa cinematográfica, traz problemas.

O outro problema, na minha humilde opinião, foi uma falha no roteiro. Faltam elementos ao whodoneit. A gente é levado a pensar que um deles é o assassino, mas o filme não desenvolve as pistas sobre quem poderia ser. Ou seja, temos um quebra cabeça mas não temos as peças.

Mesmo assim, achei bom o ritmo do filme (são 1h34min de duração). E gostei da solução sobre quem é o assassino.

No elenco, heu só conhecia dois nomes, Maria Bakalova, de Borat 2; e Lee Pace, de O Hobbit. Não gostei do elenco, mas é pelo motivo já dito antes, os personagens são antipáticos. Talvez até sejam bons atores, aguardemos outros filmes.

Morte Morte Morte estreia nos cinemas dia 6 de outubro.

The Munsters

Crítica – The Munsters

Sinopse (imdb): Uma família de simpáticos monstros se muda da Transilvânia para o subúrbio de uma pequena cidade americana, absolutamente alheios ao estranhamento que sua presença provoca em seus vizinhos comuns e convencionais.

Nem sei por onde começar. Mesmo sem ter grandes expectativas por esta nova versão de The Munsters / Os Monstros, aquele seriado antigo dos anos 60, achei tudo muito ruim. Pior: ruim e sem propósito: pra que fizeram este reboot?

A direção é de Rob Zombie, e filme novo dele sempre entra no radar. Mas, vou te falar que esse é o Rob Zombie menos Rob Zombie que já vi. Zombie sempre teve uma estética suja e violenta, com muito gore, muitos personagens desagradáveis em tela. Digo que ele é bom pra mostrar o white trash americano. Mas aqui tudo é colorido e alegre. Se ele queria mostrar versatilidade, não deu certo. (John Landis fazia terror, comédia e musicais, e tem bons filmes nos três estilos: Um Lobisomem Americano em Londres, Trocando as Bolas, Os Irmãos Cara de Pau, Clube dos Cafajestes…)

Claramente Zombie quis fazer algo com visual camp. Tudo é exagerado e caricato, desde cenários e atuações até maquiagem e efeitos especiais. Entendo que ele queria criar um clima farsesco – segundo o imdb, ele declarou que queria fazer um desenho animado em live action. Mas preciso falar que foi demais. A gente vê uma atuação caricata, ok. Mas quando entram efeitos sonoros de programa vagabundo de TV, a gente se pergunta “seriously?”

Tudo é tosco demais. Se fosse um curta metragem, ok a gente até podia se divertir. Mas o filme tem quase duas horas de duração (uma hora e quarenta e nove minutos), e nada acontece. Então, além de tosco, o filme é chato. Se não vai usar a “fórmula Syd Field”, tem que ter criatividade.

O filme me perdeu em uma cena que acontece bem no meio, quando Lily (Sherry Moon Zombie) e Herman (Jeff Daniel Phillips) estão num palco cantando, e ela parece estar de saco cheio, completamente fora do papel. Se nem a personagem consegue passar que está aturando aquilo, como convencer o espectador?

Sobre o elenco, temos várias figurinhas recorrentes dos outros filmes do Rob Zombie – Sherry Moon Zombie, Jeff Daniel Phillips, Daniel Roebuck e Richard Brake estavam em seu último filme, Os 3 Infernais. Jorge Garcia, o Hurley de Lost, tem um papel importante; e tem pelo menos três participações bem especiais: Dee Wallace (a mãe do Elliott em ET); Cassandra Peterson, (a Elvira); e Pat Priest (que estava no elenco da série original dos anos 60).

Pra finalizar, vou voltar à minha pergunta do início: pra que fizeram este reboot? Porque filme ruim a gente tem um monte, faz parte. E, vamos combinar, heu gosto do Rob Zombie, mas ele faz mais filme ruim do que filme bom, então, de novo, faz parte. Mas, pra que fazer um prequel de um seriado de quase sessenta anos atrás? Com humor datado, e da maneira mais tosca possível?

Andor

Crítica – Andor

Sinopse (Disney+): Muito antes da missão de garantir os planos da Estrela da Morte fazer dele um herói da Rebelião, um imprudente Cassian Andor procura informações sobre seu passado. Essa obsessão o leva aos bairros decadentes de um mundo onde um encontro com as autoridades faz dele um criminoso procurado. Sua tentativa de se esconder no planeta Ferrix traz seus problemas para casa.

Antes de falar da série, preciso avisar que, diferentemente da maioria dos atuais fãs de Star Wars, Rogue One não é um dos meus favoritos. Dos cinco filmes novos, prefiro o ep 7. Rogue One é bom, muito bom, mas acho a primeira metade muito lenta. A segunda metade é excelente e o fim é sensacional, mas a primeira metade me fez tirá-lo do topo da lista. Por isso, uma série derivada do filme não era algo tão aguardado por mim.

Dito isso, preciso admitir o meu lado fanboy e dizer que fico feliz com todo e qualquer novo produto Star Wars! Bora pra série!

Andor terá 12 episódios (e segundo o imdb, depois teremos mais uma temporada com mais 12 episódios). A Disney+ liberou os três primeiros, e hoje vou comentar aqui essa introdução. Dependendo de como a série se desenrolar, volto a falar depois quando acabar a temporada.

Uma coisa que heu gosto muito é ver outras rotinas nessa galáxia muito muito distante que a gente tanto gosta. Conhecemos planetas novos, chega de ficar em Tatooine o tempo todo! E aqui a gente vê coisas que realmente não vemos nos outros filmes – acho que foi a primeira vez que alguém faz sexo em Star Wars (ok, não vemos a cena de sexo, mas o casal dormiu junto!). Também temos referências a prostituição, bebidas alcoólicas e até a café.

Algumas pessoas se esquecem que Star Wars aconteceu “a long time ago”, o que vemos neste universo não é o futuro do planeta Terra. Então, temos espaço para planetas diferentes com povos em diferentes estágios de civilização – aqui a gente conhece um povo que parecem indígenas, mas que moram num planeta por onde passou algo grande (provavelmente o planeta foi usado para mineração). Gostei de ver um povo completamente à parte do que acontece na galáxia.

Sobre os personagens, até agora o único que já conhecemos é o protagonista Cassian Andor, ainda acho cedo para comentar sobre os outros – inclusive tem personagem que aparece no trailer que ainda não apareceu na série. Por enquanto, posso dizer que gostei do antagonista.

Lembro que um dos personagens mais carismáticos de Rogue One era o robô K2S0. Andor mantém a tradição e traz um bom robô, o B2EMO, um robô gago e meio depressivo que me lembrou o Marvin de Guia do Mochileiro das Galáxias.

Tecnicamente falando, a série é muito boa. Em tempos de She Hulk e Pinóquio, aqui não tem nenhum cgi ruim saltando aos olhos. Ok, tem muita cena escura, e a gente sabe que cena escura normalmente é pra esconder falhas no cgi, mas, mesmo assim, não achei ruim, achei um recurso válido. A parte sonora da série também é bem construída, tem uma sequência muito boa no terceiro episódio com as pessoas batendo no metal, numa crescente que serve pra aumentar a tensão.

Li em algum lugar que aqui, diferente das últimas séries Star Wars / Disney, foram usadas locações em vez de só estúdio. Parece que eles agora usam um novo estúdio que projeta imagens ao fundo durante as filmagens, e isso por um lado é bem legal mas por outro lado gera cenas “apertadas”, como critiquei em Obi Wan. Aqui são locações, o que ficou bem melhor – imagina o planeta dos Kenari se fosse dentro de um estúdio?

O terceiro episódio usa bem os flashbacks. São duas linhas temporais misturadas de maneira inteligente. E ainda temos algumas soluções inventivas usadas pelos personagens. Se os dois primeiros episódios foram lentos, esse terceiro já mostrou que a série pode mostrar algo a mais.

Tá rolando um mimimi sobre o trailer vender um produto diferente do que foi anunciado. Ok, reconheço que isso é verdade, o trailer tem stormtroopers, tie fighters, aparece o Saw Gerrera, aparece a Mon Mothma, e por enquanto não vimos nada disso. Aliás, a série por enquanto nem parece Star Wars, não tem nada nesses primeiro episódios que conecte ao que a gente já conhece (a não ser o personagem título). Vai ter gente reclamando que “não é Star Wars!”

Ouvi amigos comentando que o ritmo é lento. Concordo. São três episódios de aproximadamente 40 minutos cada, ou seja, é quase um “longa metragem que deu origem à série”. Precisava? Acho que não, podiam ser apenas dois episódios na minha humilde opinião. Mas, se a gente lembrar que Rogue One tem um ritmo diferente dos outros filmes, parece mais um drama de guerra do que uma aventura espacial, Andor está coerente com a proposta.

Aguardemos os próximos. Que o desenvolvimento seja mais para Mandalorian e menos para Obi Wan.

Emily the Criminal

Crítica – Emily the Criminal

Sinopse (imdb): Sem sorte e sobrecarregada de dívidas, Emily é envolvida em um golpe de cartão de crédito que a leva para o submundo do crime de Los Angeles, levando a consequências mortais.

Quando vi o cartaz, pensei que era mais um filme de ação girl power. Mas não, Emily the Criminal é um drama focado nos problemas de uma mulher com problemas financeiras, e que toma algumas decisões erradas na vida.

Exibido no último Sundance, o filme escrito é dirigido pelo estreante John Patton Ford tem mesmo cara de filme independente. Câmera constantemente na mão, focando sempre na personagem título. E aqui a gente tem que falar do que talvez seja o maior mérito de Emily the Criminal: sua protagonista Aubrey Plaza (que também é produtora).

Não me lembro de outra atuação tão marcante de Aubrey Plaza. Mas aqui ela está ótima – o que é essencial para o formato proposto, afinal a gente precisa se preocupar com a personagem. E Aubrey traz uma Emily sofrida e guerreira, que levou porrada da vida, está devendo um crédito estudantil, e não consegue um bom emprego por causa de uma condenação criminal no passado. Quando ela resolve tomar o caminho do crime, a gente acaba entendendo que era a sua melhor chance. E todo o problema passado pela personagem ainda pode gerar um bom comentário social.

(Impossível não ficar com raiva na cena da entrevista de emprego, quando a personagem da Gina Gershon propõe seis meses de trabalho sem remuneração.)

Aproveito pra falar do elenco. O filme é todo em cima da Aubrey Plaza. Os coadjuvantes mais presentes são Theo Rossi e Megalyn Echikunwoke. Gina Gershon só aparece em uma cena.

O roteiro não é perfeito, algumas situações ficam meio forçadas, tipo quando dois caras grandes a ameaçam e ela simplesmente vai embora. Mas a atuação de Plaza sustenta mesmo essas pequenas inconsistências.

Emily the Criminal ainda não tem previsão de lançamento no Brasil, mas torço pra que chegue logo!