Não se preocupe, Querida

Crítica – Não se preocupe, Querida

Sinopse (imdb): Uma dona de casa dos anos 1950 que mora com o marido em uma comunidade experimental utópica começa a se preocupar com a possibilidade de sua empresa estar escondendo segredos perturbadores.

Um tempo atrás me falaram de um filme dirigido pela Olivia Wilde que seria numa onda meio Mulheres Perfeitas, uma sociedade perfeitinha mas com algum mistério por trás. Acabei me esquecendo desse filme, até que veio o email com o convite para a sessão de imprensa de Não se preocupe, Querida (Don’t Worry Darling, no original). Era esse o filme!

Fui ver sem saber de mais nada. Só depois que descobri que teve um monte de barracos nos bastidores Florence Pugh teria brigado com a Olivia Wilde, Harry Styles teria cuspido no Chris Pine… Mas, esse é um site de cinema e não de fofocas, vou falar do filme, quem quiser bastidores procure em outro lugar.

O complicado de falar sobre um filme destes é que existe um grande mistério por trás de tudo o que acontece. O desafio é fazer uma crítica sem spoilers. Vou me segurar!
Não se preocupe, Querida é o segundo longa dirigido por Olivia Wilde (ela dirigiu alguns curtas e alguns videoclipes). Ela consegue criar um bom clima de tensão e mistério – o que diabos está acontecendo naquele lugar? E o visual meio artificial daquela cidade criada ajuda nessa estranheza.

O elenco está muito bem. Segundo o imdb, Olivia Wilde pretendia estrelar, mas quando viu Midsommar mudou de ideia e convidou a Florence Pugh, que está ótima no papel principal (Olivia ficou com um papel secundário). Também no elenco, Chris Pine, Harry Styles e Gemma Chan – todos estão bem.

(Se a gente lembrar que a Olivia Wilde fez DC Liga dos Super Pets e o Harry Styles estava na cena pós créditos de Eternos, são 3 Marvel contra 2 DC…)

Adorei a trilha sonora, que parece que usa vozes sussurradas como instrumentos musicais. Se o filme é tenso e esquisito, fica ainda mais tenso e esquisito quando usa uma trilha tensa e esquisita. E tem uma cena que ficou engraçada, principalmente para o público brasileiro, envolvendo a música Desafinado, quando um cara dança de modo completamente sem nexo com a música.

O roteiro de Katie Silberman, Carey Van Dyke e Shane Van Dyke não é perfeito, o filme tem algumas facilitações meio forçadas, tipo o médico esquecer uma pasta com documentos confidenciais. Mesmo assim, gostei do ritmo frenético da parte final, e gostei de como terminou o filme.

O filme é um pouco longo, mas mesmo assim gostei do resultado final. Não se preocupe, Querida estreia dia 22 nos cinemas, e já quero rever!

Ingresso para o Paraíso

Crítica – Ingresso para o Paraíso

Sinopse (imdb): Um casal divorciado viaja junto para Bali para impedir que sua filha cometa o mesmo erro que eles acham que cometeram há 25 anos.

Este é mais um daqueles filmes que pedem “críticas super curtas”: “comédia romântica estrelada por Julia Roberts e George Clooney”. Porque não tem muita coisa a mais pra falar.

Mas, vamulá. Vou defender o filme!

Sempre falo que precisamos ver qual é o objetivo do filme. Quem vai ver uma comédia romântica está atrás de cenas eletrizantes, ou de reviravoltas de roteiro, ou de efeitos especiais que explodem cabeças? Ou está afim de uma história leve e divertida, atores carismáticos e belos cenários?

Dirigido por Ol Parker, Ingresso para o Paraíso (Ticket to Paradise, no original) traz esses três elementos. Afinal, ninguém pode reclamar de ver Julia Roberts e George Clooney em cenários paradisíacos de Bali. A história é previsível? Claro que é. Mas quem procura um filme assim, quer uma história previsível.

No elenco, claro que o destaque é com Julia Roberts e George Clooney, que têm uma boa química juntos (é a quinta vez que trabalham juntos). Também gostei do outro casal, a filha deles e o noivo, Kaitlyn Dever e Maxime Bouttier. Por outro lado, achei forçados os personagens da amiga da filha e do namorado da Julia Roberts. Passaram um pouco do tom.

Ingresso para o Paraíso é uma boa comédia romântica. Se você não gosta, veja outro filme; se você curte o estilo, é o seu filme.

Era uma vez um Gênio

Crítica – Era uma vez um Gênio

Sinopse (imdb): Uma estudiosa solitária, viajando para Istambul, descobre um Djinn que lhe oferece três desejos em troca de sua liberdade.

Um filme dirigido por George Miller e estrelado por Tilda Swinton e Idris Elba sempre será motivo de interesse. Mas infelizmente o resultado final não ficou tão bom.

George Miller sempre será lembrado pelos quatro Mad Max, mas a gente tem que se lembrar que ele já passeou por outros estilos – desde o drama de Óleo de Lorenzo, passando pela fantasia em Bruxas de Eastwick e terror em No Limite da Realidade, até o infantil de Babe o Porquinho e Happy Feet o Pinguim. Inspirado no conto The Djinn in the Nightingale’s Eye, de A. S. Byatt, Era uma vez um Gênio (Three Thousand Years of Longing, no original), é até difícil de classificar num estilo. Existe a comédia romântica, né? Acho que este filme pode ser uma “fantasia romântica”.

Boa parte do filme se passa dentro do quarto de um hotel. Mas, diferente de The Outfit, que falei semana passada, onde toda a trama se passa no mesmo ambiente, aqui temos várias cenas em outros ambientes. Os personagens continuam no quarto do hotel, mas o gênio conta histórias, e cada história se passa em lugares diferentes. Temos uma grande riqueza de personagens, cenários e figurinos nessas histórias contadas. Essas histórias são muito boas, definitivamente é o melhor do filme.

Achei que a história perde força no terço final. Acontece uma mudança abrupta de comportamento entre os dois, nada justificou essa mudança. E quando eles saem do hotel o filme fica besta.

E teve uma coisa que me incomodou. A gente vê dois gênios no início do filme, e em nada eles se conectam à história. Pra que incluir esses gênios se eles não serão usado depois?

No elenco, Tilda Swinton e Idris Elba mandam bem como de costume e justificam o valor do ingresso. Além deles, vários nomes desconhecidos dentro das histórias contadas pelo gênio.

Triste dizer, mas Era uma vez um Gênio ficou devendo…

Órfã 2: A Origem

Crítica – Órfã 2: A Origem

Sinopse (imdb): Leena foge de um asilo e viaja para a América usurpando a identidade da filha desaparecida de uma família. No entanto, a vida como “Esther” a coloca contra uma mãe que fará qualquer coisa para proteger sua família.

Sabe quando um filme tem um problema estrutural que te impede de “entrar” na história? E o caso aqui.

Vamos a uma breve recapitulação do primeiro filme, lançado em 2009 – e peço desculpas pelo spoiler, mas, caramba, já se passaram 13 anos! Em A Órfã uma família adota uma menina de 9 anos, e no fim do filme descobrimos que a menina não tinha 9 anos, é uma adulta de mais de 30, mas com uma doença hormonal que lhe dá a aparência de criança. Tem uma cena marcante onde a menina tira uma dentadura que serve para esconder seus feios e mal cuidados dentes de adulta! A personagem era adulta mas tinha aparência de criança, então claro que a atriz era criança – Isabelle Fuhrman tinha 11 anos durante as filmagens.

E aí vem o grande problema do filme. Não dá pra usar a mesma atriz. do primeiro filme. Isabelle Fuhrman tinha 23 durante as filmagens da continuação. Precisava de outra atriz!

A produção até se esforçou. Tem uma atriz criança para as cenas onde ela aparece de costas. Fizeram sapatos com salto plataforma pro elenco ficar mais alto que a protagonista. Mas, quando vemos a cara da Isabelle Fuhrman, vemos que é uma mulher adulta. Tem maquiagem, tem cgi, mas não tem como uma mulher de 23 anos virar uma menina de 9. Isso me tirava do filme a cada cena!

Mas, não é só isso. O roteiro tem umas forçadas de barra enormes. Esther sumiu e voltou anos depois. Ninguém pensa em teste de dna? Ou digitais? Ou, pelo menos verificar marcas de nascença? Mais: é uma menina de 9 anos (ou menos), e toca piano e também pinta – ninguém desconfia???

O filme anterior tinha um grande plot twist na parte final. Este tenta fazer parecido, no meio aparece um plot twist que admito que me pegou de surpresa. Mas, depois que passa o susto a gente começa a pensar e vê que não faz muito sentido. A personagem nunca tomaria aquele caminho.

Tem um outro problema, mas esse só acontece no original, aqui no Brasil “consertaram”. O nome original é “Orphan First Kill”, mas quando começa o filme, ela está presa num hospital psiquiátrico justamente porque já matou. O “first kill” já aconteceu antes do filme! Aqui no Brasil, pelo menos o título é “A Origem”, menos mal.

A direção é de William Brent Bell, que já fez alguns filmes de terror esquecíveis, e, se depender deste A Órfã 2: A Origem vai continuar na mesma. No elenco, Além de Isabelle Fuhrman, o único nome conhecido é Julia Stiles, que já teve uma carreira mais relevante.

Ouvi boatos sobre um terceiro filme. Seriously?

Gêmeo Maligno

Crítica – Gêmeo Maligno

Sinopse (imdb): Uma mãe tem que enfrentar uma verdade insuportável sobre seu filho gêmeo sobrevivente.

Tem filmes maomeno que terminam mal, e a gente termina o filme com sensação ruim. Este Gêmeo Maligno é o contrário, um filme maomeno, mas que termina bem, e isso funciona como se fosse um upgrade.

Apesar de parecer um filme americano, Gêmeo Maligno é uma produção finlandesa, filmada na Estônia. A direção é de Taneli Mustonen, vi no imdb que ele já fez outros filmes, admito que não conheço nenhum.

A história é meio arrastada. Uma família traumatizada pela perda de uma criança precisa reconstruir a vida em outro país. A gente já viu isso outras vezes, e em filmes melhores.

O meio de Gêmeo Maligno é bem confuso, o filme parece que não decide o que quer ser. Às vezes parece ir pra um caminho de filme de possessão demoníaca, outras vezes parece ser uma copia barata de Midsommar. E chega a cansar, quando estava lá pra dois terços de filme heu já estava meio de saco cheio. Mas a parte final traz um bom plot twist – admito que me pegou de surpresa, não imaginava que o filme iria por esse caminho. E adorei a cena final.

O único nome conhecido é Teresa Palmer (Quando as Luzes se Apagam), que está apenas ok. Barbara Marten, que faz a “velha louca”, tem um bom potencial, mas achei ela desperdiçada.

Mesmo assim, preciso reconhecer que Gêmeo Maligno não é um grande filme. A gente pensa no fim e repensa algumas cenas do meio. Não revi, mas algumas cenas parece que não se encaixam bem nessa nova ótica.

Pelo menos podemos ficar com o “copo meio cheio”. O plot twist salva.

 

Trem Bala

Crítica – Trem Bala

Sinopse (imdb): Joaninha (Brad Pitt) é um assassino azarado determinado a fazer seu trabalho pacificamente depois de muitos outros saírem dos trilhos. O destino, no entanto, pode ter outros planos, pois a última missão de Joaninha o coloca em rota de colisão com adversários letais de todo o mundo – todos com objetivos conectados, mas conflitantes – no trem mais rápido do mundo. O fim da linha é apenas o começo nesta emocionante viagem sem parar pelo Japão moderno.

Tem gente que se empolga com filme novo de determinados super heróis. Heu me empolgo com filme novo de determinados diretores, como é o caso de David Leitch (não confundir com David Lynch!). Trem Bala (Bullet Train no original) estava no topo da minha lista de expectativas para 2022!

David Leitch era dublê, e virou diretor ao lado de Chad Stahelski com John Wick. Sozinho, fez Atômica, o melhor dos filmes de ação girl power que vi nos últimos anos. Leitch também fez Deadpool 2 e Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw, divertidos (mas inferiores a Atômica).

Se Atômica tinha um tom mais sério, Trem Bala está mais próximo de Deadpool e Hobbes & Shaw e abraça a comédia sem medo de ser feliz. Algumas cenas são engraçadíssimas. E mesmo assim o filme é bem violento. Humor negro rola solto aqui.

O clima às vezes lembra os filmes do Tarantino, com violência e bom humor. Mas acho que ficou mais próximo do trabalho do Guy Ritchie, que sabe trabalhar bem com personagens marginais e descolados, e isso tudo envolto numa edição estilosa.

Quando li a sinopse e a duração, rolou uma preocupação, porque um filme de mais de duas horas todo dentro de um trem com uma trama aparentemente simples podia ficar cansativo. Mas o roteiro é bem construído, com bons diálogos, temos flashbacks aqui e ali apresentando elementos extras, e temos uma excelente galeria de personagens. Ah, o desenho Thomas o Trem tem uma grande importância na trama!

Já que falei dos personagens, estes merecem um parágrafo à parte. Não tem nenhum personagem “normal” – talvez só o japonês atrás de vingança. Todos são esquisitos, todos são excêntricos. E o filme ainda usa uns letreiros para apresentá-los. E a dinâmica entre eles é muito boa, porque são objetivos diferentes, mas todos entrelaçados.

Aproveito pra falar do elenco. Brad Pitt é ótimo, sempre foi, sou fã do cara desde 12 Macacos e Clube da Luta, e aqui ele está sensacional. A gente lê a premissa e imagina um personagem sério tipo um John Wick, mas o seu Joaninha é um assassino profissional em busca da paz interior, então ele passa boa parte do filme em diálogos contra a violência. Aaron Taylor-Johnson (Kick-Ass) e Brian Tyree Henry (Eternos) são Limão e Tangerina, irmãos gêmeos (???), e têm uma ótima dinâmica juntos. Sandra Bullock aparece pouco, mas está ao telefone durante todo o filme, falando com o Joaninha; Michael Shannon também aparece pouco, mas é um personagem central. Joey King (A Princesa) convence com sua aparente fragilidade; Logan Lerman (Percy Jackson) tem um papel importante mas passa quase o filme todo morto; Zazie Beetz (Deadpool) aparece pouco mas é uma peça essencial para o quebra cabeça. Também no elenco, Andrew Koji, Hiroyuki Sanada e Bad Bunny. Ah, prestem atenção no condutor, é o Masi Oka de Heroes; e a atendente que interrompe a luta entre o Joaninha e o Tangerina é Karen Fukuhara, a Kimiko de The Boys.

(Tem duas participações especiais não creditadas, não sei se posso citar aqui, pode ser um spoiler. Bem, um deles esteve recentemente nas telas com Brad Pitt e Sandra Bullock; o outro já estrelou um filme do mesmo diretor.)

(Uma curiosidade: o diretor David Leitch era dublê e já tinha trabalhado como duble do Brad Pitt algumas vezes, em filmes como Clube da Luta, Onze Homens e um Segredo, Troia e Sr e Sra Smith).

Entendo que é um filme exagerado. Tem muita coisa forçada. Tem lutas no trem, tem gente andando armada e suja de sangue, e o trem tem passageiros que não estão na trama. E determinado momento o trem fica vazio – pra onde foram as pessoas que trabalham no trem, como o condutor? Quem se importar com isso, vai se incomodar.

Uma coisa que gostei e que admiro é que Trem Bala não é franquia, não é continuação e traz uma história fechada – acho difícil virar franquia. Por mais que tenha gostado de todo esse universo criado para o filme, sei que uma franquia pode estragar o universo. Por isso fico feliz com a proposta!

 

Dual

Crítica – Dual

Sinopse (imdb): Uma mulher opta por um procedimento de clonagem após receber um diagnóstico terminal, mas quando se recupera, suas tentativas de desfazer seu clone fracassam, levando a um duelo ordenado pelo tribunal até a morte.

Segui a dica do GG, host do Podcrastinadores, sobre este Dual, filme escrito e dirigido por Riley Stearns que passou em Sundance no início deste ano.

A premissa é muito boa. Estamos em uma sociedade onde pessoas que vão morrer fazem um clone para ficar no seu lugar, mas se a pessoa não morre, tem que duelar até a morte, porque, por lei, só pode existir uma pessoa. Ou seja, a protagonista Sarah agora precisa aprender a lutar e a matar.

Mas o problema, na minha humilde opinião, é que apresentaram uma boa premissa e não desenvolveram-na. Por exemplo: o roteiro dá uma pincelada em problemas presentes, como por exemplo quando o original é obrigado a pagar uma mesada para o clone; ou quando a clone de Sarah fala que não entende por que a mãe dela liga todos os dias – temos um personagem adulto, mas que nasceu “ontem”, e ainda precisa aprender as convenções sociais. O roteiro podia entrar nesses problemas e desenvolvê-los, mas prefere focar no dia a dia da Sarah e como ela vai resolver seu duelo. E tudo é muito lento e o filme fica vazio.

Outra coisa atrapalha. Provavelmente por opção da direção, as atuações são todas apáticas. Personagens parecem não emoções nesta sociedade distópica estranha. Me lembrei de O Lagosta, outro filme distópico com uma premissa esquisitona que também tinha atuações apáticas (mas o resultado final de O Lagosta é melhor).

Já que falei das atuações, vamos ao elenco. É complicado julgar um ator num filme onde não existe muito espaço para atuação. Karen Gillan está bem, mas, diferente da maioria dos filmes onde um ator interpreta mais de um papel, ela aqui não teve muitos desafios, já que as personagens são iguais. O outro nome grande do elenco é Aaron Paul, que faz o cara que treina Sarah para o duelo. Achei estranha a participação do Theo James, que aparece muito pouco – não que ele seja um grande star power, mas lembro dele como um dos principais papéis da franquia Divergente, achei que o nome dele fosse um pouco mais importante.

Ah, apesar das atuações robóticas, tem duas cenas de dança que são bem simpáticas.

Gostei do fim, foi diferente do óbvio. Mais não conto por causa de spoilers.

O Agente Oculto

Crítica – O Agente Oculto

Sinopse (imdb): O agente mais habilidoso da CIA, cuja verdadeira identidade é desconhecida, descobre os segredos obscuros da agência e um ex-colega insano coloca uma recompensa por sua cabeça ao recrutar assassinos internacionais para caçá-lo.

Novo grande lançamento da Netflix, O Agente Oculto (The Gray Man, no original) é mais um daqueles filmes que poderiam estar na minha lista de “críticas curtas”: “O Agente Oculto – filme genérico de ação com nomes grandes no elenco e direção”. Porque é basicamente isso. Mas… Vamulá.

Com orçamento de 200 milhões de dólares, O Agente Oculto está sendo vendido como “o filme mais caro da história Netflix”, ao lado de Alerta Vermelho – outro filme que também deixou a desejar.

O Agente Oculto é baseado no livro homônimo escrito por Mark Greaney. A ideia de se adaptar já existia desde 2011, com o Brad Pitt no papel principal; depois Charlize Theron esteve ligada ao projeto, que teria produção da Sony e direção de Christopher McQuarrie. Até que chegou às mãos da Netflix, que chamaram os irmãos Russo para a direção.

Lembrando: Anthony e Joe Russo dirigiram quatro dos filmes mais conceituados de todo o MCU: Capitão América Soldado Invernal, Capitão América Guerra Civil, Vingadores Guerra Infinita e Vingadores Ultimato. Atualmente, eles simplesmente são os responsáveis pela maior bilheteria da história do cinema. Recentemente fizeram o drama Cherry, que tem seus pontos positivos mas não é um grande filme. E uma coisa me intrigava na carreira dos irmãos, mas que agora foi respondida: o sucesso deles tem muito mais a ver com a Marvel do que com o talento da dupla.

Vejam bem, O Agente Oculto não é ruim. Bom elenco, belas locações, boas cenas de ação… Só é tudo muito genérico. Muita explosão e pouca história. Em certas cenas parece que a gente está vendo um filme do Michael Bay – tem até umas cenas com uma câmera drone, cenas parecidas com as do filme Ambulância, último filme do Bay.

Produção grandiosa, o filme se passa em vários países. Tem uma cena em Praga que é um exemplo disso que falei. A cena é boa, é empolgante, mas é tanto tiro e explosão que chega a cansar.

O elenco é muito bom. Ryan Gosling parece fazer o Ryan Gosling de sempre, mas o vilão exagerado e caricato do Chris Evans está exagerado e caricato no ponto certo. Ana de Armas está excelente, como sempre, mas tem menos tempo de tela – ei, Hollywood, tá na hora de um filme de ação girl power estrelado por ela! E uma surpresa agradável foi ver uma cena com Wagner Moura, que está muito bem. Parece que a Netflix resolveu agradar dois grandes mercados consumidores, o Brasil e a Índia, trazendo uma estrela de cada país para um papel menor mas importante – o indiano Dhanush tem um papel chave, já tinha ouvido falar dele mas nunca tinha visto nenhum filme com ele. Também no elenco, Billy Bob Thornton, Jessica Henwick, Alfre Woodard e Julia Butters.

Existe uma série de livros “O Agente Oculto”. A história deste filme se fecha, mas deixa espaço para continuações. Será que veremos mais uma franquia de filmes de ação?

Watcher

Crítica – Watcher

Sinopse (imdb): Uma jovem mulher se muda para um novo apartamento com seu noivo apenas para ser atormentada pela sensação de que um observador invisível a está perseguindo em um prédio adjacente.

Longa de estreia da diretora e roteirista Chloe Okuno, este Watcher é um suspense mediano, com pontos positivos e negativos. Vamulá.

Uma coisa incomum e que achei bem construída é deixar o espectador sentir o isolamento da protagonista, ao não traduzir os diálogos em romeno. Ela se mudou para Bucareste porque seu companheiro conseguiu um emprego, então ela passa os dias sozinha, e não entende nada do que é falado em volta. Normalmente quando vemos um filme onde pessoas falam uma língua diferente, ou temos legendas, ou algum personagem que explica o que está acontecendo. Aqui ficamos sem entender, assim como a personagem. (Será que o filme funciona igual pra quem entende romeno?)

Aproveito para falar da protagonista Maika Monroe, que está bem, o que é essencial, já que o filme se baseia no seu personagem. A gente sente o desconforto que ela vive e a crescente paranoia na sua cabeça. Também no elenco, Karl Glusman, Burn Gorman e Madalina Anea.

Agora, tudo é muito lento. O filme tem pouco mais de uma hora e meia, e mesmo assim quando chega a uma hora, parece que já se passaram duas. E pra piorar o fim é bem fraco e previsível. A parte final é bem frustrante.

Acho difícil alguém ficar fã e recomendar Watcher, tampouco terá haters. Uma boa opção mediana.

 

A Princesa

Crítica – A Princesa

Sinopse (imdb): Quando uma princesa obstinada se recusa a se casar com um cruel sociopata, ela é sequestrada e trancada em uma torre remota do castelo. Com seu pretendente tentando tomar o trono de seu pai, a princesa deve salvar o reino.

Quem me acompanha sabe que heu curto filmes de ação girl power. Quando li que este filme seria uma mistura de Rapunzel com The Raid, claro que chamou a minha atenção.

A direção é do vietnamita Le-Van Kiet, diretor da maior bilheteria da história do Vietnã. Não conhecia o cara, vou catar outros títulos dele.

A história é simples. Um rei sem um herdeiro homem tem um pretendente à sua filha e por consequência ao reino. Só que a filha não quer e quando o pretendente parte para a violência, a princesa reage. E aí temos um desfile de boas cenas de ação.

As cenas de luta são criativas, temos diversas coreografias, com várias armas diferentes. Às vezes fica um pouco forçado, mas qual filme de ação neste estilo não tem cenas forçadas? E a trama é entrecortada por flashbacks que mostram o treinamento da princesa – ou seja, tem uma justificativa pra ela lutar bem.

Além da criatividade nas coreografias de luta, também gostei de como foram filmadas, em planos abertos e com poucos cortes. Nem sabia que a protagonista Joey King sabia lutar – segundo o imdb, ela fez de 85 a 90% das cenas de luta!

Aproveito pra falar do elenco. Me surpreendi positivamente com Joey King, ela é famosa pelos filmes Barraca do Beijo, mas não vi nenhum deles (e me desindicaram, então nem pretendo ver). Lembro dela no fraco Slenderman, e sei que ela, adolescente, estava no primeiro Invocação do Mal. Seu trabalho aqui é muito mais memorável, agora sim temos um filme para nos lembrarmos dela. Os outros dois nomes “grandes” do elenco são Olga Kurylenko e Dominic Cooper, ambos em papeis caricatos, mas que servem para o propósito.

De negativo, a gente precisa reconhecer que o filme inteiro é basicamente uma colagem de sequências de luta. Ok, as lutas são diferentes, mas, não tem muita coisa além disso. Quem estiver atrás de algo com mais substância é melhor procurar outro título.

A Princesa tem previsão de chegar dia 22 de julho ao streaming Star+, da Disney