Possessão (1981)

Crítica – Possessão (1981)

Sinopse (imdb): Uma mulher começa a apresentar um comportamento cada vez mais perturbador depois de pedir o divórcio ao marido. As suspeitas de infidelidade logo dão lugar a algo muito mais sinistro.

Já comentei por aqui que na segunda metade dos anos 80 vi MUITA coisa no Estação Botafogo. Esse Possessão foi um dos mais marcantes dessa época. Heu tinha até uma camisa com essa imagem do pôster!

Mas, antes de entrar no filme, uma informação importante. Existem alguns filmes homônimos – uma vez pesquisei no imdb e achei 18 “Possessão”. Sem me esforçar muito, lembro de outros dois, um de 2002 com Gwyneth Paltrow e Aaron Eckhart; outro de 2012 com Jeffrey Dean Morgan e Kyra Sedgwick. Este é de 1981, com Isabelle Adjani e Sam Neill.

Escrito e dirigido por Andrzej Zulawski, Possessão (Possession, no original) é um filme difícil até de classificar. A classificação óbvia seria terror, mas certamente ia desagradar boa parte do público usual de terror. Tem sangue e gore, mas não só não tem jumpscares como tem muita coisa sem explicação no filme.

Sim, Possessão é daqueles filmes onde a gente não entende boa parte do que está acontecendo. Claro que existe algum simbolismo do “duplo” – tanto a Isabelle Adjani tem uma outra versão na professora (só muda a cor dos olhos); quanto o Sam Neill aparece numa versão rejuvenescida. Mas não existem explicações. Não se explica o que é a criatura no apartamento, nem por que a professora é igual à protagonista. E o fim do filme é uma grande interrogação.

O filme deve ter um monte de coisas subliminares, mas heu, particularmente, nem sempre curto ficar procurando significados ocultos. Possessão é um filme que dá pra relaxar e “entrar na viagem”. Agora, quem gosta de história com início, meio e fim, sugiro passar longe.

O elenco só tem dois nomes conhecidos, e ambos estão muito bem. Isabelle Adjani está sensacional, ela ganhou prêmio duplo de melhor atriz em Cannes em 1981, por esse filme e por Quartet. A cena do metrô fica grudada na memória! Sam Neill não fica atrás, tem uma cena impressionante onde ele tem um ataque aparentemente de epilepsia. Aliás, uma vez o Sam Neill falou que esse é o filme preferido dele.

Tem outro ator que heu queria citar, Heinz Bennet, que faz o amante. Que personagem sensacional! Ele aparece pouco, mas todas as vezes ele está ótimo. A cena dele dançando enquanto fala muito boa!

(Na mesma pegada tem a sequência do detetive particular perseguindo a Isabelle Adjani, com direito a um cara no trem comendo uma banana!)

Ah, tem a criatura. Sim, Possessão é filme cabeça, mas, sim, Possessão também é filme de monstro. A criatura foi criada por Carlo Rambaldi, famoso por ter criado o ET e movimentos na cabeça do Alien – ganhou um Oscar por cada um dos dois. Rambaldi tem uma frase que heu gosto: “[on computerized special effects] The mystery’s gone. It’s as if a magician had revealed all of his tricks.”

(Aliás alguém mais reparou a semelhança com Hellraiser no lance da mulher trazer homens e matá-los pra alimentar o monstro?)

Enfim, gostei. Mesmo sem entender muita coisa.

Friends Reunion

Crítica – Friends Reunion

Finalmente, 17 anos depois, temos algo inédito de Friends!

Vou aproveitar e contar a minha história com Friends. A série começou em 1994. Heu não vi desde o início, comecei a acompanhar durante a terceira ou quarta temporada, alguém me indicou e a série passou a fazer parte da minha rotina.

Vamos contextualizar pra quem não viveu a época. Friends passava na TV a cabo, pela Sony. Os episódios da temporada corrente passavam nas terças, no horário nobre – acho que era entre 21h e 21h30. Mas, de segunda a sexta, meia hora antes, tinha um Friends de temporadas anteriores sendo reprisado às 20h30. Ou seja, se por um lado era complicado porque a gente não sabia qual episódio ia ser exibido naquele dia e por isso muitas vezes a gente via episódios repetidos, por outro lado era fácil ver tudo das temporadas anteriores.

(E se vocês acham que ver séries assim era ruim, um dia conto como era ver séries na época da TV aberta. Era beeem pior.)

A partir da quarta temporada, heu já acompanhava os novos episódios nos dias que eram lançados aqui. Lá em casa a gente tinha a “terça feira feliz”, que era dia de pedir pizza e assistir Friends. Vou além: heu gravava os episódios em fitas VHS, cheguei a ter todas as temporadas em várias fitas – se heu soubesse que no futuro lançariam um box em dvd…

Vi Friends até o fim. As últimas temporadas tiveram alguns momentos meio fracos, mas me lembro que a série terminou bem. Teve um spin off do Joey, que era bem mais fraco e durou uma ou duas temporadas, mas ninguém viu, o que ficou na memória de milhares de fãs pelo mundo foram os bons momentos de uma das maiores sitcoms da história da TV.

E desde então começaram a surgir boatos sobre uma volta. Uma nova temporada, ou um filme, quem sabe? Afinal, existiam milhares de fãs órfãos, e nenhum dos atores teve muito sucesso depois que a série acabou – talvez só a Jennifer Aniston, não sei ao certo.

Dezessete anos se passaram, e finalmente temos algo novo. Mas não vimos Monica, Rachel, Phoebe, Joey, Chandler e Joey. Quem aparece em tela são Jennifer Aniston, Courteney Cox, Lisa Kudrow, Matt LeBlanc, Matthew Perry e David Schwimmer. Friends Reunion é focado nos atores e não nos personagens.

O filme se divide em alguns ambientes. Temos os seis atores visitando um set igual ao usado nas filmagens (o apartamento e a cafeteria); temos uma entrevista feita com plateia, guiada por James Corden. Temos depoimentos de anônimos e alguns famosos (como Kit Harrington e David Beckham) sobre como Friends marcou suas vidas (curioso notar que depoimentos de anônimos são muito mais interessantes que os dos famosos). Temos entrevistas com os criadores da série, David Crane, Marta Kauffman e Kevin S. Bright; temos um momento onde os seis estão sentados a uma mesa, lendo trechos do roteiro, entremeados dos trechos originais da série (talvez este seja o melhor momento deste especial). Também temos uma participação desnecessária de Cindy Crawford, Cara Delevigne e Justin Bieber – mas, por outro lado, a participação da Lady Gaga foi sensacional. Tem participações de alguns atores recorrentes da série, mas é spoiler então não vou dizer quem aparece.

Na introdução, comentam que desde que a série terminou, os seis só estiveram juntos em uma ocasião, ou seja, por mais que isso desagrade os fãs mais xiitas, eles não são amigos de verdade, são apenas atores. Não achei um exagero, me lembrei que já tive diversos trabalhos com música onde perdi o contato depois com meus ex companheiros de banda. Claro, sei que nunca tive um trabalho tão relevante e de tanto sucesso assim, reconheço que é uma comparação bem distante. Mas, por exemplo, tive uma banda de heavy metal nos anos 90, gravamos cd, tivemos vários shows em outros estados – e não conseguimos reunir a banda toda nem no único show de revival que a gente fez depois de anos – um dos guitarristas estava morando em outro país e não participou. Mas, isso pouco importa para o espectador. Se eles eram amigos ou não, não importa, o que importa é que eles funcionavam bem atuando juntos.

Li uma crítica que fala que Friends Reunion é “chapa branca”, porque não menciona os podres, não fala dos problemas de drogas, não fala do fracasso do spin off, etc. Mas, sério que vc quer comemorar um reencontro e ficar revirando podres? Não é melhor celebrar os muitos bons momentos?

Não sei se Friends Reunion vai agradar a todos os fãs. Muita gente vai achar que faltou algo, muita gente vai querer mais. Mas heu gostei. Sobre a pergunta por que eles nunca fizeram um filme. a Lisa Kudrow fala que a série terminou com finais felizes para todos os seis, e que para voltarem em uma nova temporada ou em um filme, esses finais felizes teriam que ser bagunçados, e ela disse que preferia que deixasse assim.

Para o fã é algo difícil de aceitar, porque o fã quer mais. Mas heu concordo. Prefiro algo que termine bem do que algo que estique e perca a magia. Por isso, adorei o Friends Reunion, e que seja um evento único.

Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio

Critica – Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio

Sinopse (imbd): Os Warren investigam um assassinato que pode estar ligado a uma possessão demoníaca.

James Wan é “o cara” do cinema de terror recente. O problema é que nem sempre a qualidade se mantém quando colocam outro diretor. Os dois primeiros Sobrenatural, dirigidos por Wan, foram excelentes; já o 3 e o 4, com outros diretores, não foram tão bons assim. O mesmo com Invocação do Mal: os dois primeiros, dirigidos por ele, foram excelentes; os spin offs Annabelle (todos os 3), A Freira e A Maldição da Chorona não foram tão bons.

E agora? Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio também não é do James Wan, foi dirigido por Michael Chaves, o mesmo de A Maldição da Chorona. Mas… Aqui Chaves fez um trabalho melhor, e não faz feio na cadeira de diretor. Aliás, tem um take que achei bem legal, pouco depois da introdução, quando conhecemos o canil – o take começa aéreo, chega na porta da casa, entra e vira um breve plano sequência apresentando o local.
Aliás 2, a sequência inicial é muito boa. Um exorcismo tenso e muito bem filmado!

Diferente dos dois filmes anteriores, aqui o clima não é casa mal assombrada, e sim possessão demoníaca. Invocação do Mal 3 é um filme tenso e sério (só me lembro de uma única piada, que faz referência à Annabelle), com alguns bons jump scares.

Se posso falar mal de uma coisa, vou falar mal da parte final. Sem entrar em spoilers, mas, a trama se divide em dois locais diferentes, e um dos locais era muito mais interessante que o outro. Na minha humilde opinião, a sequência do exorcismo na prisão enfraquece o filme (principalmente se a gente lembrar que aquilo era uma prisão, por que um padre estaria lá?), era melhor ignorar isso e focar só na outra coisa que acontece simultaneamente. Mas, Invocação do Mal 3 é baseado no casal Warren, o caso do preso possuído está registrado na história deles, e o outro acontecimento não. Pena, porque cinematograficamente falando, o outro é bem melhor.

Sobre o elenco, Patrick Wilson e Vera Farmiga são ótimos juntos, já perdi a conta de quantas vezes os vimos interpretando Ed e Lorraine Warren, e eles sempre funcionam bem, são a melhor coisa do elenco. Gostei de ver John Noble, da série Fringe. Já o garoto Julian Hilliard não está muito bem, ele estavava melhor como o moleque de óculos de A Maldição da Residência Hill. Também no elenco, Ruairi O’Connor, Sarah Catherine Hook, Eugenie Bondurant e Shannon Kook.

Invocação do Mal 3 estreia nos cinemas amanhã, dia 02 de junho. Lembre-se que os cinemas já reabriram, mas sempre com distanciamento e de máscaras!

Oxigênio

Crítica – Oxigênio

Sinopse (imdb): Uma mulher acorda em uma câmara criogênica sem se lembrar de como chegou lá. Como ela está ficando sem oxigênio, ela deve reconstruir sua memória para encontrar uma maneira de sair de seu pesadelo.

Antes de tudo, é importante falar: Oxigênio (Oxygen, no original) é um filme que vale ser visto sem você saber nada. A protagonista acorda sem saber o que está acontecendo, e o espectador vai aos poucos descobrindo junto com ela. E as informações são bem dosadas, proporcionando alguns plot twists bem colocados.

Oxigênio é um filme pequeno. Quase todo o filme tem um cenário diminuto e uma única atriz em tela (interagindo com a voz de uma Inteligência Artificial). Até tem algumas poucas cenas mostrando outros cenários e outros personagens em flashbacks, mas é pouca coisa – quase tudo se passa dentro da câmera criogênica, e em tempo real.

A ideia lembra Enterrado Vivo, aquele onde Ryan Reynolds passa o filme todo dentro de um caixão (um filme ainda mais radical, porque, se não me falha a memória, não tem nenhuma cena fora do caixão).

O diretor é Alexandre Aja – gosto dele, ele dirigiu Alta Tensão, da onda do cinema francês ultra violento; a refilmagem de Viagem Maldita; Piranha, que é galhofa mas divertido. Aja também escreveu os roteiros de P2 Sem Saída e Maníaco, aquele do assassino serial em câmera pov. Ok, reconheço que não tem nenhum filmaço, mas são vários bons filmes, digamos que ele passa na média.

Oxigênio é uma produção bem mais modesta, e mesmo assim tem um resultado melhor que o último do diretor (Predadores Assassinos). Aliás, esse é um filme com a cara da pandemia – mesmo nos poucos flashbacks, não vemos muitas pessoas juntas. Dá pra filmar se aglomerar!

Ok, entendo que a gente precisa de uma suspensão de descrença pra aceitar tudo o que a IA consegue fazer. Mas, se a gente embarcar na premissa que sim, a IA tem aquele poder, Oxigênio flui bem.

O grande lance aqui é a claustrofobia e a tensão – o oxigênio está acabando a cada minuto que passa! Apesar de ser um espaço minúsculo, Aja consegue vários ângulos dentro da câmara criogênica, e o filme nunca cai no marasmo.

Claro que a atuação da Mélanie Laurent (Bastardos Inglórios, Truque de Mestre) ajuda. Com vários closes no seu rosto, Mélanie passa o desespero de quem tem pouco tempo pra descobrir o que está acontecendo. O único outro ator que precisa ser citado é Mathieu Almaric (O Som do Silêncio), que não aparece, mas empresta a sua voz pra IA que conversa com ela durante todo o filme.

Heu poderia falar mais, mas, como falei no início, Oxigênio é daqueles filmes que é bom a gente não saber muito, então, como propus fazer comentários sem spoilers, vou ficando por aqui. Mas confirmo: pra mim foi uma agradável surpresa ver cada pequeno plot twist.

Radioactive

Crítica – Radioactive

Sinopse (imdb): A incrível história real de Marie Sklodowska-Curie e seu trabalho ganhador do Prêmio Nobel que mudou o mundo

O texto de hoje vai ser curtinho, porque não tem muito o que se falar sobre esse filme.
Dirigido por Marjane Satrapi (Persepolis), Radioactive é uma cinebiografia sobre a Marie Curie. Um filme correto, mas, cinematograficamente falando, um filme bobo.

Vejam bem: não é um filme ruim. Pra mim foi ótimo, porque heu conhecia pouca coisa sobre a Marie Curie. Não sabia que ela tinha ganhado o Nobel duas vezes, e que sua filha também ganhou o Nobel! Num mundo muito mais machista que o atual, ela teve importantes conquistas.

No papel principal, Rosamund Pike mais uma vez manda bem – apesar do papel não exigir muito. Sam Riley faz Pierre Curie, personagem historicamente importante, mas atuação burocrática. E foi uma agradável surpresa ver Anya Taylor-Joy no fim do filme, o nome dela nem está na primeira página do imdb.

O filme usa uns flash forwards pra avançar no tempo e mostrar coisas que aconteceram no futuro por causa das descobertas da Marie Curie – coisas boas e coisas ruins. Mas não gostei muito deste artifício, achei tudo meio jogado.

Como personagem histórica, Marie Curie precisa ser conhecida. Mas, como cinema, sua cinebiografia deixa a desejar. Não é um filme que vai ser lembrado no futuro.

Anônimo

Crítica – Anônimo

Outro dia me falaram de um filme do diretor de Hardcore Henry e do roteirista de John Wick. Epa, esse é daqueles filmes que a gente precisa ver!

Sinopse (filmeb) Quando ladrões invadem sua casa, Hutch se recusa a defender a si mesmo ou sua família, na esperança de evitar violência grave. Seu filho adolescente, Blake, está desapontado com ele, e sua esposa, Becca, parece se afastar ainda mais. O rescaldo do incidente acerta a raiva latente de Hutch, desencadeando instintos adormecidos e impulsionando-o em um caminho brutal que revelará segredos obscuros e habilidades letais.

(Normalmente uso a sinopse do imdb, mas estava horrível. Por isso catei em outro lugar.)

Antes de entrar no filme, vou explicar a introdução. Ilya Naishuller é um russo que fez um videoclipe insano e violento, que depois desenvolveu a ideia no igualmente insano e violento Hardcore Henry. É um filme de ação tiro porrada e bomba, todo em câmera POV. Adrenalina ao máximo, com o espectador “vivendo” o papel principal. Filme divertidíssimo, daqueles que dá vontade de rever assim que acaba. Claro que quero ver o novo projeto do mesmo diretor.

E John Wick virou uma nova referência quando se fala de filmes de ação. Ok, concordo que o forte na franquia John Wick é o modo como as cenas de ação são filmadas e não o roteiro, mas, vamulá, o roteirista Derek Kolstad tem o seu mérito.

Anônimo (Nobody, no original) não tem sequências em câmera pov, o formato é mais tradicional, mais próximo dos filmes do John Wick. Um cara aparentemente comum resolve mostrar suas habilidades contra vários oponentes.

Antes de tudo, gostei muito de Anônimo, mas, preciso falar que tem duas coisas no roteiro que não me agradaram. Nada contra ser uma história parecida com John Wick, isso não me incomodou. A primeira coisa é o vilão caricato. A cena que ele aparece é ótima, um plano sequência que começa com um carro fazendo uma baianada, depois ele sai do carro, entra num clube, toma uma dose de bebida, cheira alguma droga, sobe no palco onde uma pessoa está cantando e começa a dançar. A cena é muito bem filmada, e já mostra que esse é um cara exagerado. Mas, achei caricato demais. Entendo a opção do filme de usar um personagem assim, mas achei over.

Já o segundo problema é um pouco mais grave. Não sei se isso é spoiler, então vamos aos avisos de spoiler.

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

O protagonista Hutch tem um passado badass escondido, vê-lo sozinho enfrentando os outros é muito legal. Mas, na cena final, cena grandiosa, dezenas de inimigos, Hutch não está sozinho. A cena é divertida, mas, achei forçado ver que as outras pessoas têm as mesmas habilidades pra acompanhá-lo.

FIM DOS SPOILERS!

Tirando esses dois detalhes, o roteiro funciona bem. Gostei de como o roteiro mostra o tédio do dia a dia de Hutch, e gostei de ter algumas doses de humor ao longo do filme – não, nunca chega a ser comédia, mas servem pra aliviar o clima – tipo a cena na loja de tatuagem. Também gostei da trilha sonora usar músicas fora do óbvio, tipo aquela num clima Frank Sinatra no início da cena do ônibus, ou o Louis Armstrong quando a casa está pegando fogo.

Também preciso falar do protagonista. Bob Odenkirk é mais conhecido pelas séries Breaking Bad e Better Call Saul. Heu só vi a primeira temporada de Breaking Bad, não curti muito e parei, um dia hei de dar uma nova chance, então, pra mim, não tenho essa referência sobre o ator. Mas, pouco importa, ele está sensacional aqui. Tanto pelo talento em criar um brucutu com camadas, quanto pelo lado físico – segundo o imdb, ele treinou por 2 anos pra protagonizar essas cenas de luta. E, sendo que o cara já tem 59 anos, esse fato é ainda mais impressionante. Arriscaria dizer que, sem ele, Anônimo seria um filme sem graça. Outro nome legal no elenco é o Christopher Lloyd, o eterno Doc Brown de De Volta Para o Futuro, mas ele aparece pouco. O mesmo podemos falar sobre Connie Nielsen e Michael Ironside, que pouco fazem no filme. Tirando o Bob Odenkirk, o único que tem algum destaque é o vilão russo caricato Aleksey Serebryakov.

Por ser do mesmo roteirista de John Wick, rolou um buzz na internet sobre um possível crossover. Acho isso bem difícil de acontecer, mas… seria bem legal, né?

Segundo o filmeB, Anônimo será lançado dia 13 de maio. Será? Tomara!

Mundo em Caos

Crítica – Mundo em Caos

Filme dirigido pelo Doug Liman e estrelado pelo Tom Holland e pela Daisy Ridley. Pára tudo! Como é que heu ainda não sabia da existência desse filme?

Sinopse (imdb): Um mundo distópico onde não há mulheres e todas as criaturas vivas podem ouvir os pensamentos umas das outras em um fluxo de imagens, palavras e sons chamados de Ruído.

Vi o filme sem ler nada, quando terminei fui catar informações. Trata-se de uma adaptação dos livros de Patrick Ness, mesmo autor do livro que gerou o filme Sete Minutos Depois da Meia-Noite. O filme foi anunciado em 2011, teve um rascunho de roteiro escrito por Charlie Kaufman, passou por outros 4 roteiristas (Jamie Linden, John Lee Hancock, Gary Spinelli, e Lindsey Beer) antes de chegar nos dois que estão creditados no filme (Christopher Ford e o próprio Patrick Ness). Robert Zemeckis foi sondado pra dirigir, mas em 2016 a direção acabou nas mãos de Doug Liman (No Limite do Amanhã, Jumper, Identidade Bourne), que filmou e terminou o filme em 2017. Depois de sessões teste resolveram refilmar algumas coisas, mas as agendas de Tom Holland e Daisy Ridley estavam complicadas (por causa das filmagens de Homem Aranha e Star Wars), então essas refilmagens só foram feitas em 2019.

E aí a gente entende porque algumas coisas parecem meio bagunçadas no filme. Vejam bem, heu gostei de Mundo em Caos. Curti, entrei na onda do filme. Mas dá pra ver algumas inconsistências. Vou falar com cuidado pra não dar spoilers.

Um dos principais plots do filme é o lance da sociedade sem mulheres. Isso é explicado, ok. Mas tudo fica muito superficial. O filme poderia ter explorado melhor esse plot.
Outro exemplo, ainda mais gritante, são os alienígenas, citados em determinado momento. Aí aparece um alienígena, mas ele logo some e deixam esse plot pra lá. Vem cá, se o plot dos ETs é pra ser deixado de lado, pra que ele mostrar um?

Mesmo assim, gostei do conceito apresentado no filme. Gostei desse lance dos pensamentos virarem sons e imagens, é um conceito muito interessante, tanto pelo visual, quanto pela ideia de que não existe mais intimidade, já que todos veem e ouvem os seus pensamentos. Os efeitos especiais também são bons, e a trilha sonora de Marco Beltrami é ótima.

No elenco, Tom Holland está apenas ok – ele mostrou em Cherry que é um ator versátil, mas Mundo em Caos não pede muito dele. Digo o mesmo sobre Daisy Ridley e Mads Mikkelsen, este é aquele tipo de filme que não tem muito espaço pra grandes atuações. Mas… Cabe uma crítica, pro David Oyelowo, que faz um fanático religioso louco. Quer dizer, não sei se a crítica é pra ele ou pro personagem, o fato é que ele está exagerado demais, ficou over.

Segundo o filmeB, a previsão era pra estreia nos cinemas esta semana, mas, tô achando que vai ser mais uma estreia adiada. Aguardemos.

Godzilla vs. Kong

Crítica – Godzilla vs. Kong

Sinopse (imdb): O épico capítulo seguinte no cinematográfico Monsterverse coloca dois dos maiores ícones da história do cinema um contra o outro – o temível Godzilla e o poderoso Kong – com a humanidade em jogo.

Antes de entrar no filme, preciso confessar uma coisa. Gosto de filme pipoca, gosto de blockbusters, mas, sei lá por que, não me empolgo com filmes de monstros gigantes. Não tô falando só de Godzilla e King Kong, os filmes de kaijus tipo Pacific Rim também não me empolgam. Vejo quase todos, porque, como falei, gosto de cinemão pipoca, mas, curto mais fc e filmes de super heróis. Tanto que nem vi o último Godzilla, de 2019, perdi na época que passou no cinema e depois acabei me esquecendo de procurar.

Mas, a internet toda estava falando desse Godzilla vs. Kong, bora ver logo! Ah, bom avisar: a internet estava em polvorosa com cada trailer lançado, mas, propositalmente, não vi nenhum dos trailers.

(Estamos numa época de lançamentos escassos, vários grandes lançamentos estão sendo guardados pra quando os cinemas finalmente abrirem de vez. Isso explica a galera falando do filme, afinal, Godzilla vs. Kong é um grande lançamento)

Vamulá. Sempre defendi que cada filme tem um objetivo, e não podemos criticá-lo se ele alcançar esse objetivo. Bora desenvolver esse conceito.

Godzilla vs. Kong é o quarto filme do “Monsterverse” – Godzilla (2014), Kong: A Ilha da Caveira (2017), Godzilla II: Rei dos Monstros (2019), e agora esse Godzilla vs. Kong, lançado neste complicado ano de 2021.

(O nome Monsterverse pode gerar confusões, porque anos atrás tentaram criar outro universo de monstros, com os monstros da Universal, a partir do filme da Múmia, aquele do Tom Cruise, mas que seria chamado de “Dark Universe”. Da wikipedia: “Na metade de 2017, a Universal inaugurou a franquia Dark Universe com o remake de A Múmia estrelado por Tom Cruise. A ideia desse universo compartilhado era trazer de volta monstros icônicos como Frankenstein, a ser interpretado por Javier Bardem, e o Homem Invisível, com Johnny Depp”. Mas, parece que essa ideia foi pra geladeira.)

Tecnicamente falando, Godzilla vs. Kong é um espetáculo. Quem vai ver um filme chamado “Godzilla vs. Kong” quer ver o Godzilla e o Kong saindo na porrada. E nisso o filme não decepciona. São algumas cenas de destruição, em todas os efeitos especiais estão fantásticos. Incrível o nível que o cgi chegou, deu pena de não ter uma grande tela de cinema pra ver isso da melhor maneira.

Agora, o roteiro é bem fuen. E os personagens humanos são todos bem ruins.

Masss… Voltemos ao que disse lá no início. Qual é o objetivo do filme? Era mostrar a porradaria entre os monstros, e isso o filme entrega. Pena que pouca coisa se salva além disso.

Sem entrar em spoilers, mas vou dar um exemplo básico: tem um núcleo de personagens com a Millie Bobby Brown, a Eleven de Stranger Things, que não serve pra nada. Tire aqueles 3 personagens do filme, não se perde nada. Vou além: o trio passa por várias situações que enfraquecem o plot, tipo passar por áreas de segurança máxima sem ninguém notar, ou seja, o filme seria melhor sem os três. Os anos 80 ligaram, pediram essas cenas de volta, naquela época isso funcionava!

Também achei bem forçado o lance da menininha que fala com o Kong. Ela NUNCA seria levada numa missão daquelas. E a atriz mirim, coitada, passa o filme inteiro com cara de choro. Cansou, podiam reduzir a participação dela. Ah, e o vilãozão caricato também é bem ruim.

Por outro lado, o visual do filme é fantástico. Não só as lutas entre os monstros gigantes, mas tem uma parte do filme na terra oca (é hollow earth, não sei se vão traduzir assim) que o visual é muito muito legal. Visto só pelo ângulo do roteiro, não faz muito sentido, mas… pelo visual, é muito muito legal.

A direção é de Adam Wingard, que não tem um bom currículo – ele fez o Death Note da Netflix, que é uma rara unanimidade onde TODOS falam mal, e também fez o terceiro Bruxa de Blair (não vi, o primeiro é ruim, o segundo é pior, pra que ver um terceiro?). Mas acho que aqui o problema não foi ele, o Godzilla vs. Kong é bem filmado. O roteiro é que é ruim.

No elenco, alguns bons atores desperdiçados. Gosto do Alexander Skarsgård desde a época de True Blood, ele merecia uma franquia melhor, e também gosto da Rebecca Hall. A Kaylee Hottle é a menininha que atrapalha esse núcleo. Já no núcleo do alívio cômico, ninguém se salva: Millie Bobby Brown, Julian Dennison e Brian Tyree Henry. Tem o pai da Millie, o Kyle Chandler, outro papel que podia ser apagado. Demian Bichir faz o vilãozão caricato, e, por fim, ainda preciso falar da filha dele, interpretada pela Eiza González, tão caricata quanto. Ou seja, um bom elenco jogado fora.

No fim, o resumo é simples: Pra quem quer ver monstros gigantes lutando, é um filmão. Mas, pra quem gosta de cinema, falta um pouco.

A previsão é pra estrear nos cinemas dia 29 de abril, mas, do jeito que os cinemas estão devagar, nem sei se teremos cinema ainda em abril.

Boss Level

Crítica – Boss Level

Sinopse (imdb): Um oficial aposentado das forças especiais está preso em um loop temporal sem fim no dia de sua morte.

Já tinha lido sobre esse Boss Level, mas nem trailer tinha quando procurei. Aí deixei de lado. Até que o grupo de padrinhos do Podcrast mencionou um filme de tiro porrada e bomba com loop temporal. Era o Boss Level. Fui ver, o diretor era o Joe Carnaham. Opa, furou a fila!

Não sei exatamente quais foram os problemas encontrados pela produção. No imdb fala que Joe Carnaham (Esquadrão Classe A, Smoking Aces, A Perseguição) estava há anos tentando fazer este filme – fala que ele pegou um roteiro escrito em 2010 e reescreveu para filmar em 2012 pela Fox, mas o estúdio teria encrencado com a escolha de Frank Grillo pro papel principal. Outra nota no imdb fala que seria lançado em agosto de 2019, depois adiado pra junho de 2020, e finalmente pra março de 2021, quando finalmente chegou no streaming Hulu.

Antes de entrar no filme, vamos falar do loop temporal. Quando escrevi sobre Palm Springs, falei que aceito ideias repetidas desde que sejam bem utilizadas. Boss Level usa uma ideia repetida: um personagem está preso no mesmo dia em um loop temporal, igual a Feitiço do Tempo, No Limite do Amanhã, A Morte te dá Parabéns e o já citado Palm Springs. Nada de novo. Mas aqui tudo é mostrado como um videogame dos anos 80, quando não tinha como salvar – cada vez que você morria, voltava ao início do jogo. E cada vez que o protagonista Roy, morre, volta ao início do dia. Taí, não me lembro de ver esse tema sob este ângulo.

Boss Level não se leva a sério nunca, inclusive as “tentativas” não são mostradas necessariamente em ordem cronológica – o filme começa na tentativa 139, e avança e retrocede pra mostrar detalhes desse dia! E a narração em off com o Roy de saco cheio ajuda o clima descontraído.

O ritmo alucinado ajuda a distrair alguns efeitos especiais toscos e algumas falhas de roteiro – como por exemplo, se todos os assassinos chegam juntos ao bar por causa do localizador, porque só um assassino aparece quando ele descobre o localizador? Ou, como ele sai do elevador se tem uma câmera de segurança observando seus movimentos? Além disso, a história não faz muito sentido, essa história da máquina que causa o fim do mundo e toda a relação da personagem da Naomi Watts com o Mel Gibson vilãozão são desnecessárias.

Mas… o objetivo de Boss Level não é fazer o espectador refletir sobre a vida. O lance aqui é entregar uma hora e meia de ação descerebrada, repleta de humor negro. O objetivo de Boss Level é oferecer uma hora e meia de diversão. E quem entrar na onda do filme vai se divertir.

No elenco, é estranho ver o Mel Gibson de coadjuvante e o Frank Grillo de protagonista. Mas funciona. Frank Grillo não é um grande ator, mas caiu bem no papel. Mel Gibson aparece pouco e está bem caricato, mas o papel pede algo assim. Naomi Watts é que está desperdiçada, ela merecia um papel melhor. Michelle Yeoh aparece pouco, mas é um personagem importante e usa bem a atriz. Dentre os assassinos, ninguém conhecido.

Não gostei do fim, o fim usou a máquina que tenta explicar (mas que na minha humilde opinião era melhor ficar sem explicar nada). Mas mesmo assim ainda recomendo o filme pra quem curte o estilo.

Segundo o filmeB, o título em português vai ser Mate ou Morra, e vai ser lançado em junho. Por enquanto só no hulu mesmo.

Liga da Justiça de Zack Snyder

Crítica – Liga da Justiça de Zack Snyder

Heu não ia postar este texto. Pra fazer um bom texto sobre esta nova versão de Liga Da Justiça, o tal “Snydercut”, heu precisaria rever o original, e não estava nem com tempo nem com saco para tal. Mas, me pediram, e, parafraseando o meu lado músico, “o artista tem que ir aonde o povo está”.

Então vamulá. Mas vou falar mais do conceito do que da nova versão do filme.

Primeiro, queria falar do conceito de “versão do diretor”. Não faz muito tempo, gravei um Podcrastinadores sobre versões do diretor. Existem casos e casos, mas o mais comum é quando o estúdio pede uma alteração e o diretor faz a contragosto (existe uma área cinzenta sobre quem é o “dono” do filme, normalmente o diretor é o dono da visão artística, mas o real dono do filme é o produtor, tanto que é este que ganha o Oscar de melhor filme). Um exemplo famoso é a narração em Blade Runner. Diziam na época que o estúdio pediu uma narração em off, aí o Ridley Scott teria pedido ao Harrison Ford pra falar de má vontade pra convencer os produtores a tirar a narração, mas os produtores teriam achado genial, porque o filme ficou com cara de filme noir.

O fato é: normalmente uma versão do diretor é uma coisa pros fãs. Tenho aqui o DVD de Quase Famosos, um dos meus filmes favoritos. É um DVD duplo, um dos DVDs é a versão que passou nos cinemas, com 1 hora e 58 minutos; o outro é a versão do diretor, com 2 horas e quarenta minutos. Quem quer ver um bom filme, veja a versão pro cinema; quem quer ver um bom filme com mais algumas cenas legais, veja a versão estendida.

Ah, também queria falar de outro caso, A Pequena Loja dos Horrores, outro dos meus filmes favoritos. Na época, 1986, filmaram dois finais – um era o final do teatro, um final pessimista, onde o herói morre e a planta vence (spoiler!); o outro era um final feliz, onde o herói consegue derrotar a planta. Na época, acharam melhor deixar o final feliz, e nem divulgaram o outro final – era 1986, nem existia internet! Até que, uns 20 anos depois, anunciaram na Amazon um blu ray com um “final alternativo”. Comprei, comecei a ver, e eram mais de 20 minutos de cenas novas! Que heu nem sabia que existiam!

Bem, chega de falar de outras versões estendidas. Mas, antes de entrar no Snydercut, vamos nos situar historicamente.

O ano era 2017, mais pro fim do ano. A Marvel estava a toda, lançando filmes do MCU desde 2008 – nessa época estávamos com Thor Ragnarok, o décimo sétimo filme do MCU. Enquanto isso, a DC continuava lançando um filme aqui, outro ali, alguns bons, outros não, o último tinha sido o fraco Batman vs Superman. Ao ficar pra trás, no desespero, a DC fez um “all in” de poker, e lançou um filme com todos os super heróis – mas se esquecendo que antes de lançar o primeiro Vingadores, a Marvel tinha cinco filmes “solo” com Homem de Ferro, Capitão América, Hulk e Thor. E o filme da Liga ainda teve outro problema, que vou falar daqui a pouco. Ou seja, o resultado de Liga da Justiça foi cambaleante, e, na época, perdia na comparação com a rival. O terceiro filme de um herói de segunda linha, Thor, foi melhor que o filme que reunia Superman, Batman e Mulher Maravilha.

(Se heu fosse executivo da DC, propunha outro caminho. Esqueçam a Marvel, esqueçam o MCU, vamos focar em filmes solo, com temas mais adultos. Vamos seguir a linha de Coringa, que chegou a ser indicado a 11 Oscars, dos quais ganhou dois.)

O outro problema de Liga da Justiça não tem nada a ver com falta de planejamento, foi uma coisa muito triste. A filha do diretor Zack Snyder cometeu suicídio, e ele se afastou do projeto, que foi assumido pelo Joss Whedon. E foi por causa dessa troca que o Snyder, de um tempo para cá, começou a anunciar que queria apresentar a versão dele do filme, e seus fãs começaram a encher o saco de todos.

Até aí, ok. Faça que nem A Pequena Loja dos Horrores e lance uma nova versão para os fãs em home vídeo.

Mas, não. Novas filmagens foram feitas – ué, se refilmou, ainda conta como “novo corte”? – e os fãs malas estavam cada dia mais chatos sobre esse assunto. Não me lembro de nenhuma outra versão de diretor que gerou tanto assunto!

Bem, finalmente, vamos falar do filme.

Já falei que não revi o primeiro Liga da Justiça, então não vou fazer muitas comparações. Mas tem duas coisas que a gente precisa falar logo de cara. A primeira é essa imagem 4×3. Snyder queria lançar em Imax. Lembro que vi Dunkirk com imagem assim, 4×3, ocupando toda a tela do Imax. Aquilo ficou muito legal, realmente, a imagem quadrada numa tela daquelas faz diferença. Mas… o Snydercut está sendo lançado em streaming! Os cinemas estão fechados há um ano! Qual é o sentido de ter uma imagem quadrada pra se ver na TV de casa?

A segunda é a duração. 4 horas de filme??? Tirando O Senhor dos Anéis, que era um livro enorme adaptado, não lembro de outro caso na história do cinema onde uma versão de 4 horas se justificaria.

Resultado: o filme é chato. É um filme longo demais, com sérios problemas de ritmo, difícil de se ver de uma vez – quase todos que conheço que viram, o fizeram em partes.

A história em si não tem muita coisa diferente. Fiquei até curioso pra saber como o cara conseguiu esticar tanto, com duas horas e meia de filme não tinha quase nada de inédito, e o filme anterior só tinha duas horas! Mas não, não faço questão de saber o que foi acrescentado, deixa pra lá. A vida é curta demais pra ficar comparando versões de Liga da Justiça!

Agora, admito que tem coisa que ficou melhor. O Ciborgue tem uma história bem mais complexa (já que não teve filme de origem). O vilão, Steppenwolf, também tem uma história maior por trás (mas a minha implicância com ele é o nome – não dá pra não pensar na banda). Ah, na outra versão tinha uma história paralela, bem chatinha, com uma família russa, e isso sumiu.

Tem uma outra mudança que é bem visível: o filme é mais escuro e tem menos piadas. Os fãs acham que isso é uma coisa que melhorou, mas não acho isso nem melhor nem pior, é apenas uma característica: um filme mais escuro e mais sério. Heu, particularmente, gosto das piadas, então, na minha humilde opinião, um filme ter menos piadas não é uma boa mudança… (Aliás, o Flash tem menos piadas, mas continua como alívio cômico. Se era pra ser um filme sério, por que manter um alívio cômico?)

Outra coisa: o Snydercut tem muita câmera lenta. MUITA câmera lenta. Mas isso é característica do diretor. Reclamar disso não rola, é que nem reclamar de lens flare nos filmes do JJ Abrams.

Seguindo a mesma linha, li críticas falando que Snydercut parece uma colagem de comerciais, usando heróis posando e falando frases de efeito. Mais uma vez, isso é a cara do diretor, e se a gente pensar que isso é um produto direcionado ao fã, deixa quieto, porque os fãs devem ter gostado.

Tem gancho pra continuação, aparece um vilãozão, o Darkseid, ele aparece que nem o Thanos nas primeiras vezes que apareceu no MCU. Dá pra sacar que é um personagem importante, mas ele só vai ser usado em outros filmes.

Tem uma cena extra num epílogo que parece uma tentativa de continuação – “ei, fãs, olha só o novo filme que posso fazer, comecem a encher o saco!”. A cena não é ruim, mas também não é boa, é apenas uma cena solta, sem nenhuma conexão a nada no filme, jogada lá só pros fãs darem gritinhos.

(Falando nisso, lembro da sessão pra imprensa do Liga da Justiça em 2017, tinha fãs dando gritinhos em algumas cenas, tipo quando aparece um Lanterna Verde. Isso foi uma vantagem de ver o novo filme em casa, beatlemania é uma coisa ultrapassada.)

No fim, fica a sensação que Liga da Justiça de Zack Snyder é um produto só pros fãs. Os fãs devem ter adorado. Heu ia gostar de uma versão exagerada de um filme que sou fã. Mas, pra quem não é fã, talvez seja melhor ficar com a versão de 2017. Não que aquele seja um filme bom, mas pelo menos não é chato. Um filme de super herói pode ser ruim, pode ser tosco, mas não pode ser chato. E Liga da Justiça de Zack Snyder é chato.