A Maldição da Mansão Bly

Crítica – A Maldição da Mansão Bly

Sinopse do imdb: Após a trágica morte de uma au pair, Henry contrata uma jovem babá americana para cuidar de sua sobrinha e sobrinho órfãos que moram na Mansão Bly com o chef Owen, a zeladora Jamie e a governanta Sra. Grose.

A Maldição da Mansão Bly é a segunda temporada de uma série, mas é uma segunda temporada atípica, porque não tem nada a ver com a primeira, que é A Maldição da Residência Hill. Por isso, antes de falar de Mansão Bly, vou falar um pouco de Residência Hill. E antes de falar da Residência Hill, preciso falar do seu criador, Mike Flanagan.

Vi quase todos os filmes do Mike Flanagan (só falta Ouija a Origem do Mal, preciso consertar isso). Pra ninguém dizer que sou modinha, olhem o que escrevi no heuvi em maio de 2012, quando vi Absentia: “Mike Flanagan, o tal diretor / roteirista / editor, conseguiu um resultado impressionante com o seu Absentia. Fiquemos de olho no nome de Mike Flanagan!”.

Mike Flanagan é um cara legal, talentoso, todos os filmes dele são legais, mas nenhum é “obrigatório”. Doutor Sono, continuação d’O Iluminado, é um filme legal, mas, caramba, não dá pra comparar com o filme do Kubrik! E gosto de Jogo Perigoso, O Espelho e Hush A Morte Ouve, mas são filmes “menores” (de todos os filmes dele, acho que só não gostei de O Sono da Morte). O Mike Flanagan é tipo um aluno que nunca tira 10, mas tá sempre tirando 7 e 8 – você sabe que vai ver algo de qualidade, mas falta um pouco pro cara ser um dos “grandes”.

Até que ele fez a Residência Hill, e finalmente ele tem um “dez”.

A Maldição da Residência Hill é simplesmente fantástico. A ambientação da casa, os personagens, o elenco, a trilha sonora, tudo funciona direitinho. Foi um dos melhores filmes (minissérie?) que vi ano passado. Digo mais: sou burro velho com relação a filmes de terror, e teve um jump scare que me pegou – o do carro. Digo mais de novo – tem um episódio em plano sequência!

Claro que fiquei empolgado com a “continuação”. As aspas são porque sim, é uma nova temporada, mas é uma história completamente diferente.

Residência Hill foi baseado no livro homônimo escrito por Shirley Jackson (que teve uma adaptação meia bomba em 99, chamada A Casa Amaldiçoada, do Jan de Bont e com a Catherine Zeta Jones, Liam Neeson, Lili Taylor e Owen Wilson) (Residência Hill é baseado, mas é uma história diferente da que tá no livro). A história fechou, não tem como continuar. Então, a A Maldição da Mansão Bly é outra adaptação, de outro livro, A Volta do Parafuso, de Henry James (que curiosamente teve outra adaptação, pros cinemas, lançada no início deste ano, o filme Os Orfãos – que é beeem fraco, e tem um final péééssimo).

Mansão Bly é uma história completamente diferente, mas tem pontos em comum com Residência Hill. Não só parte do elenco está de volta, como a produção consegue ter todo um clima parecido, apesar de serem mansões diferentes. Até a trilha sonora se repete!

Assim como Residência Hill, a linha temporal não é linear. E aqui tem um detalhe que achei bem legal – tem um flashback dentro de um flashback que é colocado no ponto certo da trama, e só naquele episódio, não precisa ficar indo e voltando.

O elenco traz 5 dos 8 nomes principais da Residência Hill. Victoria Pedretti, Oliver Jackson-Cohen e Henry Thomas estão entre os personagens principais; Carla Gugino é a narradora; Kate Siegel tem um papel menor, mas importante. (Pra quem não ligou o nome à pessoa, Henry Thomas é o garotinho do ET). De novidade, gostei muito da Amelia Eve, tanto da atriz quanto da personagem. Rahul Kohli, T’Nia Miller e Tahirah Sharif também estão bem. E ainda preciso falar das duas crianças, Amelie Bea Smith e Benjamin Evan Ainsworth. Os dois são muito bons. O garoto tem mudanças na personalidade (que são explicadas no roteiro), e o ator convence. E a menininha… Olha, vou te falar que se tem uma coisa que acho assustadora em filme de terror, é garotinha com sotaque britânico. Perfectly Splendid!

Agora, o fato de Mansão Bly ser continuação de Residência Hill é um problema. Porque achei Residência Hill bem melhor. Mansão Bly tem alguns momentos sonolentos. Li uma crítica que disse que Mansão Bly perde pontos por ser “menos terror”. Não gosto de me fechar em rótulos, pode ser terror, drama, comédia, aventura, desde que seja bom. E parece que o Mike Flanagan voltou pra média 7 ou 8.

Mesmo assim, é uma boa minissérie. E agora aguardemos a terceira temporada. Qual será o livro que vai ser adaptado?

Destruição Final – O Último Refúgio

Crítica – Destruição Final – O Último Refúgio

Sinopse (imdb): Uma família luta pela sobrevivência em face de um desastre natural cataclísmico.

Filmes catástrofe normalmente seguem uma fórmula padrão. Tem uma amostra da catástrofe, em menor escala, pra mostrar o que enfrentaremos. Aí cientistas aparecem com uma solução, que dá errado. Então, um cientista desacreditado traz uma ideia inusitada, que é executada por um herói improvável. E que acabam salvando o mundo – até o próximo filme catástrofe que vai usar a mesma fórmula.

Destruição Final – O Último Refúgio (Greenland, no original) não usa essa fórmula. Os protagonistas são pessoas comuns, que foram escolhidas para uma vaga num abrigo (o filme não explica se foi sorteio, se foi pelas habilidades, ou sei lá por que eles foram chamados, mas isso pouco importa). O fato é: não temos um herói. Os personagens são uma família tentando sobreviver.

Isso diferencia Destruição Final – O Último Refúgio dos outros. Em vez de enfrentar grandes destruições, nossos personagens enfrentam pessoas no limite. Porque, quando é um caso de sobrevivência, pessoas diferentes reagem de maneira diferente. Pode aflorar o seu melhor ou o seu pior.

Destruição Final – O Último Refúgio foi dirigido por Ric Roman Waugh – vi no imdb que ele tem mais créditos como dublê do que como ator. Ele dirigiu Invasão ao Serviço Secreto, terceiro filme da série, depois de Invasão a Casa Branca e Invasão a Londres – deve ter ficado amiguinho do Gerard Butler…

O elenco se concentra no núcleo familiar, pai, mãe e filho. Gerard Butler é um nome conhecido, e pode causar confusão pro espectador menos atento, porque há poucos anos ele estrelou Geostorm, outro filme catástrofe que o nome original é uma palavra que começa em G… Morena Baccarin é um nome em ascensão, ela é a namorada do Deadpool, e, pra quem não sabe, ela é brasileira, carioca, foi criança pros EUA e fez carreira lá. O menino Roger Dale Floyd estava em Doutor Sono, fez o Danny criança. Ainda tem um nome pra citar no elenco, que é o Scott Glenn, que faz o avô, que tem uma filmografia gigantesca, é aquele cara que você vai olhar e pensar “já vi em algum outro filme…”

Ah, preciso falar dos efeitos especiais – quem vai ver um filme catástrofe que ver cenas de destruição! As cenas de catástrofe não são muitas, o maior foco do filme é nas pessoas. Mas essas poucas cenas são boas, ninguém vai sair do cinema reclamando.

Destruição Final – O Último Refúgio não é o melhor filme catástrofe de todos os tempos, mas vai agradar quem se arriscar pra ir ao cinema.

Os Novos Mutantes

Crítica – Os Novos Mutantes

(Não, não vou falar da versão d’Os Mutantes sem a Rita Lee)

Sinopse (imdb): Cinco jovens mutantes, apenas descobrindo suas habilidades enquanto mantidos em uma instalação secreta contra sua vontade, lutam para escapar de seus pecados passados ​​e se salvar.

Finalmente estreou Os Novos Mutantes (The New Mutants, no original). E quando falo “finalmente”, não é porque heu estava aguardando ansiosamente, mas porque esse filme foi adiado diversas vezes. Já até tinha virado piada interna no Podcrastinadores, porque já citamos esse lançamento em alguns episódios de “expectativas pro ano que vem”.

Não fui procurar detalhes da produção, mas sei que a mesma passou vários problemas. Claro que isso refletiu no resultado que vemos na tela, infelizmente. Vamos primeiro ao filme, depois a gente fala um pouco sobre os percalços.

O diretor Josh Boone (A Culpa é das Estrelas) declarou que é o primeiro filme ao mesmo tempo de terror e super heróis. Achei boa a ideia, mas, não, não é a primeira vez. Sem precisar de muito esforço me lembro de Brightburn, que era uma versão terror do Superman.

A proposta era um filme de terror paralelo ao universo dos X-Men (que são citados, mas não mostrados). Gostei da ambientação no hospital / sanatório. Segundo o imdb, a produção se inspirou em Um Estranho no Ninho, Clube dos Cinco e A Hora do Pesadelo 3, a mistura ficou boa. Mas a gente logo vê que é uma produção sem dinheiro – a médica interpretada pela Alice Braga aparentemente trabalha sozinha naquele prédio enorme – ela deve ser médica, segurança, cozinheira, faxineira e responsável por serviços gerais. Será que era tão caro contratar uns dois ou três atores secundários e colocá-los de jaleco branco ao lado dela?

Mas esse não é o pior problema. A protagonista Blu Hunt é uma atriz sem graça interpretando uma personagem sem graça (no imdb, o seu nome é o quinto a ser creditado!). Carisma zero. Se o protagonismo fosse com a Anya Taylor-Joy, talvez o filme fluísse melhor. O poster do filme concorda comigo, a Anya está em destaque, enquanto a Blu está escondida.

E aí a gente vê os problemas da produção. Provavelmente houve mudanças desde o projeto inicial até o resultado nas telas (em um dos pôsteres do filme o cabelo da Maisie Williams está diferente!). E nem todas as mudanças surtiram efeito, e assim coisas ficam soltas no ar. Por exemplo, gostei do “monstro” que assombra a Anya Taylor-Joy, mas ele é pouco explorado pelo roteiro. A ideia inicial era fazer uma trilogia, talvez esse plot fosse desenvolvido. Mas aparentemente não teremos continuação…

O elenco diminuto traz nomes com potencial de criar hype – Anya Taylor-Joy, de A Bruxa e Fragmentado; Maisie Williams, de Game Of Thrones; e Charlie Heaton, de Stranger Things. Mas acho que só Anya se salva. Uma curiosidade pro público brasileiro: o personagem Roberto é brasileiro, e o ator que o interpreta, Henry Zaga, também é – ele solta umas duas frases em português, ia ficar tosco se fosse um gringo. Aliás, não nos esqueçamos de Alice Braga. Produção gringa com dois atores brasileiros, pena que é uma produção que naufragou.

(Já repararam que, aos poucos, Alice Braga constrói uma sólida carreira no cinema fantástico hollywoodiano? Ela também estava em Predadores, Elysium, Eu Sou A Lenda, Repo Men, O Ritual, Ensaio Sobre a Cegueira…)

2020, pandemia, cinemas vazios, Os Novos Mutantes finalmente foi lançado. Não tem como não pensar que foi de propósito. Afinal, “se a bilheteria for ruim, a culpa é da pandemia”.

Borat: Fita de Cinema Seguinte

Crítica – Borat: Fita de Cinema Seguinte

Sinopse (imdb): Continuação da comédia de 2006 centrada nas aventuras da vida real de um jornalista de televisão cazaque fictício chamado Borat.

Borat era o melhor personagem do programa de TV Da Ali G Show (além do Borat, tinha o rapper Ali G e o repórter de moda austríaco gay Bruno, todos interpretados por Sacha Baron Cohen). Tanto que o personagem ganhou um engraçadíssimo longa metragem em 2006.

O primeiro Borat foi genial. Um mockumentary (documentário falso) com um ingênuo repórter do Cazaquistão, e que satirizava o american way of life usando humor politicamente incorreto e muitas vezes grosseiro (uma cena com o Borat e seu assistente, nus, correndo por um hotel, é um dos momentos mais engraçados e ao mesmo tempo mais grotescos que heu já vi). Aquele tipo de cena que a gente ri, mas tem vergonha de admitir que riu.

Nos últimos 14 anos, o mundo mudou, o humor também mudou. Não sei se um filme daquele formato seria aceito hoje. E ainda tinha outra coisa: na época o Borat era pouco conhecido, era mais fácil andar pelas ruas abordando pessoas – hoje muita gente conhece o personagem, fica mais difícil de “enganar” os entrevistados.

Assim, Borat: Fita de Cinema Seguinte (Borat Subsequent Moviefilm: Delivery of Prodigious Bribe to American Regime for Make Benefit Once Glorious Nation of Kazakhstan, no original) foi adaptado. Em vez de atacar o american way of life, quase todo o foco do filme é político; e, para driblar a fama do personagem título, temos um Borat fantasiado, ao lado de sua filha, Tutar (Maria Bakalova).

Analisando pelo lado político, Borat: Fita de Cinema Seguinte foi lançado no momento certo, enquanto o mundo vive tensões de extremistas (sobrou até pro Bolsonaro). Sacha Baron Cohen aproveita para cutucar essa galera.

Não vou entrar em detalhes, mas uma das cenas é bem impactante. Rudolph Giuliani, ex prefeito de Nova York, e que trabalha na campanha do Trump, caiu numa armadilha. Não fui procurar a repercussão, mas provavelmente ele deve ter sido “cancelado” por uma galera.

Na inevitável comparação com o primeiro filme, esta continuação perde um pouco na minha humilde opinião. Prefiro o humor em cima dos costumes sociais em vez do humor político; e gosto da ideia de um repórter ingênuo entrevistando desavisados, ideia que não dá mais pra fazer. Mas mesmo assim, Borat: Fita de Cinema Seguinte ainda é bem engraçado, e vale pros fãs deste estilo de comédia.

Tenet

Crítica – Tenet

Sinopse (imdb) – Armado com apenas uma palavra, Tenet, e lutando pela sobrevivência do mundo inteiro, um Protagonista viaja por um mundo crepuscular de espionagem internacional em uma missão que se desdobrará em algo além do tempo real.

O filme mais aguardado do ano!

Calma, explico. Tenet pode tranquilamente usar o apelido “o lançamento mais aguardado do ano”. Dos grandes lançamentos previstos para 2020 – todos adiados por causa da pandemia – foi o único que até agora resolveu encarar as salas de cinema. Então, de um modo geral, é o filme que simboliza a volta das salas de cinema, depois de sete meses fechados.

Tenet (idem, no original) é o novo projeto de Christopher Nolan. E quem conhece a sua filmografia sabe que um filme desses perde muito se visto numa tela de tv, dentro de um streaming. Tenet é cinemão, pra ser visto numa tela enorme. Por mais que isso seja perigoso nos dias de hoje. Vou voltar a esse assunto mais abaixo, agora vamos ao filme.

Vamos primeiro ao que funcionou. O cinema precisa de gente que nem Christopher Nolan. Tem uma cena onde um avião explode num hangar. O avião era real, a produção comprou um avião para ser destruído! Quase todos os efeitos especiais são efeitos práticos, Nolan não gosta de usar CGI. Outro dia comentei como as cenas de carros eram fracas em Invasão Zumbi 2, aqui é o oposto. Carros reais sendo filmados aparecem muito melhor na tela (e a cena de perseguição de carros de Tenet é de tirar o fôlego!). E isso funciona muito melhor numa tela grande. A sessão de imprensa foi na sala Imax, e Tenet ocupa toda a tela!

Tenet trabalha com viagem no tempo, mas diferente do que o cinema costuma apresentar. Vemos um “tempo reverso” – a pessoa anda pra frente enquanto tudo em volta anda ao contrário. Coerente com as ideias malucas de Nolan: Amnésia tem uma história que vai de trás pra frente; Interestelar,  Inception e Dunkirk têm linhas temporais paralelas que se desenvolvem em tempos diferentes.

Esse novo conceito traz cenas onde temos ao mesmo tempo alguns personagens no “tempo normal” e outros no “tempo reverso”. E algumas cenas assim são muito boas! Ok, fica confuso, é difícil de entender tudo, mas… Dá vontade de rever!

Ah, claro, esqueci de dizer: a fotografia é fantástica, e as locações idem. Tenet é um espetáculo visual sob todos os aspectos.

Agora, não gostei de vários pontos do roteiro. Várias coisas são explicadas (coisa comum em se falando de Nolan), mas coisas básicas ficam no ar – tipo quem são essas pessoas, o que é um “tenet”? Não seria legal a gente conhecer uma agência que recrutasse “agentes temporais”? Porque vemos personagens que não sabemos quem são e de onde vem, e, principalmente, quem está bancando financeiramente.

Além disso, a motivação de alguns personagens não convenceu ninguém. Por exemplo, por que o Protagonista (sim, esse é o nome do personagem) tinha tanto interesse na Kat? Isso dentre outros casos que não vou falar por causa de spoilers. O fato é: temos uma história confusa, com personagens que não convencem.

Tem um outro detalhe, mas isso é algo pessoal, que já me incomodou em outros filmes do Nolan. Em Inception, é estabelecida uma rígida regra de tempo – dentro do sonho, o tempo se passa x mais devagar, então se é sonho dentro do sonho, fica 2x mais devagar. Isso me incomodou porque um sonho não é algo “matemático”, não tem como controlar o tempo assim. E isso acontece aqui, as regras propostas pelo filme me soaram forçadas.

No elenco, acho que só se salva o Robert Pattinson (por incrível que pareça). John David Washington, que estava bem em Infiltrado na Klan, tem um Protagonista com falta de carisma. Kenneth Branagh faz um vilão russo caricato, que lembrou o vilão russo caricato que ele fez em Operação Sombra – Jack Ryan. Elizabeth Debicki não está mal, mas o seu personagem é outro ponto forçado no roteiro – por que ela é tão importante? Ainda no elenco, Clémence Poésy, Dimple Kapadia, Aaron Taylor-Johnson, Himesh Patel, Martin Donovan, e uma ponta de Michael Caine, figurinha recorrente nos filmes do Nolan.

Mas, mesmo com esses pontos negativos, achei o saldo positivo. É sempre bom ver um “filmão” como esses, e foi bem agradável voltar a uma sala de cinema sete meses depois, mesmo com todas as restrições.

Antes de acabar meu texto, preciso falar do “novo normal no cinema”. A cada três poltronas, duas estão bloqueadas. Todos ficam de máscara durante toda a permanência dentro da sala. O UCI anunciou antes de começar a sessão um sistema de ionização dos dutos de ar condicionado, um processo que ajuda a eliminar boa parte dos microorganismos dos ambientes climatizados (tecnologia usada na área de saúde – como em ambulatórios e centros cirúrgicos).

Ir ao cinema é um programa 100% seguro? Não, não é. Mas me pareceu mais seguro do que boa parte das coisas que já estão liberadas há meses.

Cuidem-se!

Enola Holmes

Crítica – Enola Holmes

Sinopse (imdb): Quando Enola Holmes – a irmã adolescente de Sherlock – descobre que sua mãe está desaparecida, ela sai para encontrá-la, tornando-se uma super-detetive por conta própria enquanto supera seu famoso irmão e desvenda uma perigosa conspiração em torno de um misterioso jovem lorde.

Produção da Netflix, Enola Holmes (idem no original) é a adaptação do livro Os Mistérios de Enola Holmes – O Caso do Marquês Desaparecido, primeiro volume de uma série de seis livros (até agora), escritos por Nancy Springer. Com a Millie Bobby Brown (a Eleven de Stranger Things) no papel título (e também na produção), a Netflix tenta emplacar uma nova franquia infanto juvenil.

Vamos primeiro ao que funcionou no filme dirigido por Harry Bradbeer, que tem um monte de séries de TV mas poucos filmes no currículo. Enola Holmes tem um bom ritmo, e cumpre o que se propõe: é um filme divertido. A reconstituição de época também está boa (mesmo abusando dos efeitos digitais), e o filme traz questões sociais importantes sem soar didático.

E precisamos falar de Millie Bobby Brown: ela é jovem, bonita, talentosa e carismática. É agradável vê-la na tela, e ela aparenta estar bem à vontade com a personagem. Henry Cavill, um dos dois maiores nomes do elenco, aparece bem como um Sherlock coadjuvante. Não gostei muito do outro grande nome, Helena Bonham Carter, mas não pela atriz e sim pela personagem – as motivações para o sumiço dela não me convenceram. Sam Claflin e Louis Partridge também estão bem.

Mas, vamos ao que me incomodou. O filme é da Enola “Holmes”, que é irmã do Sherlock. Quem vai ver uma história do Sherlock quer ver mais dedução. Tive a impressão que, se a protagonista tivesse outro sobrenome, o filme poderia ser o mesmo.

Outra coisa: o recurso da quebra da quarta parede me cansou. Ok, isso ajuda a aproximar a personagem do público, e cai bem numa produção infanto-juvenil. Mas aqui é o tempo todo! Na minha humilde opinião, podiam ter cortado algumas dessas cenas.

Mas o pior de tudo é que Enola Holmes é um filme esquecível. Conversei com amigos que tiveram a mesma impressão. Acaba o filme, e a gente esqueceu do que viu. Ok, existe espaço para diversões leves, mas o filme poderia ser mais memorável.

Mas parece que a recepção geral está boa. Então aguardem, devemos ter em breve mais um filme da Holmes adolescente.

The Old Guard

Crítica – The Old Guard

Sinopse (imdb): Uma equipe secreta de mercenários imortais é subitamente exposta e agora deve lutar para manter sua identidade em segredo, assim como um novo membro inesperado é descoberto.

Oba! Charlize Theron de volta aos filmes de ação!

Atômica foi um grande filme. Boa ambientação, boa trilha sonora, boa fotografia – e o melhor: Charlize Theron, linda linda linda, saindo na porrada de maneira poucos vezes vista nas telas do cinema.

Mas Charlize é uma grande atriz, uma das melhores de sua geração. Sua carreira não se resumiria a filmes de ação a partir daquele momento. Ela engordou 22 kg e foi fazer uma mãe frustrada em Tully. Trabalho físico impressionante, pena que o filme é fraco.

Mostrando que realmente tem domínio do corpo (como fez Christian Bale na época dos Batman e O Operário e O Vencedor), Charlize volta mostrar que está em forma. E que forma!

Mas vamos ao filme. Dirigido por Gina Prince-Bythewood, The Old Guard (sem título em português) é uma adaptação dos quadrinhos homônimos de Greg Rucka. Não li os quadrinhos, mas, pelo filme, parece uma atualização do tema Highlander – “guerreiros imortais nos dias de hoje”. Porque hoje em dia aquela trama do Highlander não convence muito, né? Imortais que precisam se encontrar no mundo novo e duelar até sobrar um… Aqui temos “highlanders” que lutam para salvar a humanidade. Mais coerente com o século XXI.

A Netflix não costuma ter boas produções próprias, me parece que o foco é mais na quantidade que na qualidade. Mas, para sorte do espectador, acertaram desta vez (como também acertaram com o indonésio A Noite Nos Persegue). The Old Guard é bem acima da média das produções Netflix.

Nem tudo é perfeito. Achei o vilão caricatural demais, e algumas mudanças de comportamento de certos personagens não me convenceram, pareceram mais tentativas forçadas de plot twists. Por outro lado, algumas das lutas são muito boas. Na parte final, temos uma sequência onde todo o time de imortais luta quase como se coreografados (o que seria coerente com a experiência do grupo).

Além da Charlize, o elenco conta com KiKi Layne, Matthias Schoenaerts, Chiwetel Ejiofor, Marwan Kenzari e Luca Marinelli. Harry Melling faz o vilão caricato.

No fim, a trama abre pra uma série. Por um lado, legal, porque temos vontade de ver mais desse grupo, principalmente em outras épocas. Por outro lado, a chance de desgaste é grande (olha o fantasma do Highlander assombrando…).

A Noite nos Persegue

Crítica – A Noite nos Persegue

Sinopse (Netflix): Após poupar a vida de uma garota durante um massacre, um assassino de elite se torna o alvo do ataque de criminosos.

Quem me acompanha por aqui sabe que curto o cinema de ação feito na Indonésia, desde que vi o primeiro The Raid no Festival do Rio de 2011. Consegui ver The Raid 2 no cinema, numa viagem ao exterior. E vi Headshot no mesmo Festival do Rio, só que em 2016. Quando vi no Netflix um filme novo, com os nomes Timo Tjahjanto, Iko Uwais e Julie Estelle nos créditos, claro que me empolguei.

A Noite Nos Persegue (The Night Comes for Us, no original) é a primeira produção original Netflix feita na Indonésia. A direção e o roteiro são de  Timo Tjahjanto, desta vez sem seu parceiro habitual Kimo Stamboel (eles co-dirigiram Headshot, Macabre e Killers). E aviso logo: é um filme MUITO violento.

Claro que quem vai ver um filme desses espera ver lutas violentas. Mas, sério, acho que nunca vi uma violência gráfica tão grande. O gore aqui é maior do que em filmes de terror! Ou seja, temos lutas bem coreografadas, muito “tiro porrada e bomba”, e muito, muito sangue.

Por outro lado, a história é meio fuén. O clichê de sempre: um super mega blaster assassino profissional resolve se redimir e larga tudo pra proteger uma criança. Aí toda a organização vai contra ele. Tem uma subtrama com hierarquias do submundo do crime, os tais “seis mares”, mas o filme foca mais na porradaria.

E, quem quer ver porradaria, dificilmente vai se decepcionar. São muitas sequências, de vários estilos, com armas de fogo, com armas brancas, sem armas, homem contra homem, mulher contra mulher, explosões, pedaços de corpos decepados, o cardápio é vasto. Heu prefiro a câmera do Gareth Evans (The Raid), mas o Timo Tjahjanto não decepcionou.

No elenco, o onipresente Iko Uwais (estrela dos três filmes citados no segundo parágrafo, e o cara ainda tem tempo de fazer 22 Milhas com o Mark Wahlberg e Triple Threat com o Tony Jaa) desta vez não é o principal. O protagonista é Joe Taslim, que também era um dos principais do primeiro The Raid, e que teve papeis menores em Velozes & Furiosos 6 e Star Trek: Sem Fronteiras. Julie Estelle, a Hammer Girl do segundo The Raid, é terceiro nome do elenco, mas aqui tem outras mulheres lutando, Hannah Al Rashid e Dian Sastrowardoyo. Também no elenco, Zack Lee, Abimana Aryasatya, Sunny Pang e Salvita Decorte.

(Segundo o imdb, Yayan Ruhian, Arifin Putra, Cecep Arif Rahman e Very Tri Yulisman, todos com papeis importantes nos The Raid, estavam inicialmente no elenco deste A Noite nos Persegue, mas tiveram que abandonar o projeto por conflitos na agenda)

Tjahjanto disse que este é o primeiro de uma trilogia, e que o próximo filme será centrado na personagem da Julie Estelle. Já que aparentemente não teremos o terceiro The Raid tão cedo, esse passa a ser a minha próxima expectativa indonésia!

Vivarium

Crítica – Vivarium

Sinopse (imdb): Um jovem casal que procura o lar perfeito se vê preso em um bairro misterioso de labirintos, com casas idênticas.

Outro dia, passeando pelo imdb, achei esse filme, que estava classificado como “Horror, mistério, sci-fi”. Opa, já entrou no radar!

Dirigido por Lorcan Finnegan, com roteiro do próprio em parceria com Garret Shanley, Vivarium (não sei se tem nome em português) tem um clima meio Twilight Zone: os personagens caem numa “zona de crepúsculo” e não conseguem sair. Se por um lado o conceito não é muito criativo, por outro o clima esquisitão do filme é ótimo. Gostei muito dos cenários repetitivos e artificiais (até as nuvens!).

Os únicos atores conhecidos do elenco são o casal Imogen Poots e Jesse Eisenberg. Mas quem heu gostei foi o menino Senan Jennings, que faz o filho bizarro. Quero ver mais filmes com esse menino, pra saber se é um bom ator ou se simplesmente é um garoto esquisito. Outro que também está bem (ainda no tema “bizarro”) é Jonathan Aris, que faz o corretor.

O fim do filme não vai agradar a todos, porque não explica nada. Mas heu prefiro assim. Tomara que nunca façam uma continuação explicando o que aconteceu. Vou até catar Without Name, o filme anterior da dupla Lorcan Finnegan e Garret Shanley.

p.s.: Curioso ver este filme nos dias de hoje, quando a maior parte das pessoas está presa em casa por causa da quarentena…

Bloodshot

Crítica – Bloodshot

Sinopse (imdb): Ray Garrison, um soldado morto, é re-animado com superpoderes.

Vin Diesel é um cara bom pra vender filmes de ação. Enquanto isso continuar acontecendo, vão encontrar novos projetos com ele. Mesmo que a qualidade seja questionável, o importante é que vai vender ingressos.

Assim como a franquia xXx – que foi ressuscitada recentemente só por ter o Vin Diesel como protagonista – Bloodshot (idem, no original) é um filme de ação genérico com um fortão carismático na linha de frente. É um bom filme? Não. Mas vai vender ingressos.

Dirigido por Dave Wilson, estreante na direção de longas, mas com algum currículo em efeitos especiais e videogames. Bloodshot é a adaptação dos quadrinhos homônimos pouco conhecidos da Valiant Comics, e também conta com Eiza González, Toby Kebbell, Lamorne Morris e Guy Pearce no elenco. O roteiro traz alguns plot twists bem colocados, e algumas cenas de ação têm um visual interessante, como a cena do túnel.

Enfim, como dito lá em cima, filme de ação genérico. Tem seu público alvo…