Projeto Gemini

Crítica – Projeto Gemini

Sinopse (imdb): Um assassino de elite enfrenta um clone mais jovem de si mesmo.

Will Smith cinquentão dividindo a tela com Will Smith de vinte anos de idade? Taí, vamos ver qualé.

Dirigido por Ang Lee (As Aventuras de Pi, Hulk, O Tigre e o Dragão), Projeto Gemini (Gemini Man, no original) é um filme de ação genérico. Meu amigo Tom Leão definiu bem: “é um filme do John Woo com o Tom Cruise, mas sem o John Woo e sem o Tom Cruise”. Projeto Gemini tem algumas sequências de ação muito boas, mas, no geral, fica devendo. A gente já viu tudo isso antes, essa trama do “assassino de elite que precisa ser eliminado mas ele é melhor que os que aparecem depois dele” não é exatamente novidade.

Mas, se a história não chama a atenção, pelo menos na parte técnica duas coisas chamam a atenção. Uma delas é o óbvio, que está até no poster: Will Smith rejuvenescido digitalmente. É uma tecnologia que vem evoluindo nos últimos anos – a Marvel já fez isso algumas vezes no MCU. E, claro, como qualquer tecnologia em evolução, os resultados são cada vez melhores. Heu ouvi algumas críticas ao Will Smith rejuvenescido, mas confesso que, pra mim, o resultado ficou convincente. Achei tão bom quanto o Samuel L. Jackson em Capitã Marvel. “Ah, mas na cena X a gente repara que o olhar está um pouco artificial” – sério mesmo? Tem ator de verdade com o olhar mais artificial que aquilo.

O outro detalhe técnico merece uma atenção maior: em algumas salas, Projeto Gemini está sendo exibido em 60 fps. Explico: o cinema tradicional é exibido em 24 quadros por segundo, ou “frames per second” (fps). Alguns anos atrás, Peter Jackson resolveu trazer O Hobbit em 48 fps, mas pelo visto a proposta não foi pra frente. Agora Ang Lee resolveu apresentar seu Projeto Gemini em 60 fps. Por um lado, a textura da imagem às vezes parece novela. Por outro temos uma imagem muito mais nítida que o convencional. O 3D também ficou melhor. Vale catar um cinema que esteja exibindo em 60 fps, nem que seja pela experiência de ver uma inovação nas telas.

No elenco, o filme3 se baseia no sempre eficiente carisma de Will Smith. Ainda funciona. Também no elenco, Mary Elizabeth Winstead, Clive Owen e Benedict Wong.

Vejam nos cinemas. Porque sem a inovação dos 60 fps, Projeto Gemini é um filme bobo.

Ad Astra

Crítica – Ad Astra

Sinopse (imdb): O astronauta Roy McBride assume uma missão através de um sistema solar implacável para descobrir a verdade sobre seu pai desaparecido e sua expedição condenada que agora, 30 anos depois, ameaça o universo.

Dirigido por James Gray, Ad Astra (idem, no original) está sendo vendido como um grande épico de ficção científica, o que pode trazer alguns problemas para o público. Sim, o visual é grandioso, os efeitos especiais são excelentes – mas o clima é mais de reflexão do que se aventura. Ad Astra está mais próximo de Gravidade e A Chegada do que de uma aventura espacial.

Roy McBride é o melhor astronauta do país, mas vive à sombra do pai, um grande ícone da exploração espacial. Mas, na verdade, a ficção científica é o pano de fundo para uma história intimista de um homem atrás do reconhecimento de seu pai ausente. Tire a FC e o filme sobrevive em qualquer outro cenário.

Ad Astra tem um problema. Rolam umas curtas inserções de tramas paralelas, pra agitar o filme (os piratas na lua e a nave norueguesa). O problema é que essas inserções parecem ser mais interessantes que o filme em si. Quero ver um spin off dos piratas lunares!

(Não li em lugar nenhum, mas chuto que a nave abandonada é norueguesa em homenagem a Enigma de Outro Mundo.)

Basicamente o filme todo se baseia no Brad Pitt, não será surpresa se ele for indicado a algum prêmio pelo papel. O resto do elenco pouco aparece – Tommy Lee Jones e Liv Tyler fazem pontas de luxo. Também no elenco, Ruth Negga, Donald Sutherland, LisaGay Hamilton, John Ortiz e Natasha Lyonne.

Vale pelo visual e pelo Brad Pitt. Mas vou ficar esperando o filme dos piratas na lua…

Predadores Assassinos

Crítica – Predadores Assassinos

Sinopse (imdb): Enquanto tenta salvar seu pai durante um furacão de categoria 5, uma jovem se vê presa em uma casa inundada e deve lutar contra jacarés por sua vida.

Vamulá. É um filme sobre jacarés assassinos. Isso mesmo, jacarés assassinos. Precisamos ter isso em mente na hora da análise!

Gosto do diretor francês Alexandre Aja, mesmo reconhecendo que desde que ele foi pros EUA ainda não conseguiu fazer um filme tão bom quanto Alta Tensão, de quando ainda estava na sua França natal. Mas gosto do estilo dele, curti Piranha e Viagem Maldita.

Este novo Predadores Assassinos (Crawl, no original) lembra Piranha, não só por ter um animal aquático como “vilão”, mas principalmente pela pegada de filme B. Se a gente não levar a sério, aumenta a chance de curtir o filme.

Claro que o filme tem muita mentira. Mas isso não me incomodou. O que me incomodou foram as conveniências do roteiro. Tipo, a força da dentada do jacaré depende de quem está sendo mordido – pode arrancar um braço ou apenas deixar uns arranhões. Ou, quebrar um piso de madeira é mais fácil que quebrar um box blindex. E por aí vai…

Ok, precisamos reconhecer que pelo menos a produção é muito boa. A chuva e a enchente são muito bem feitas, e os jacarés convencem. E Aja sabe onde colocar os jump scares. Neste aspecto, Predadores Assassinos está a anos luz de produções vagabundas como Sharknado.

No elenco diminuto, o filme fica em cima da “quase brasileira” Kaya Scodelario e de Barry Pepper. Elenco ok para o que o filme pede.

Preciso admitir que as mentiras me cansaram. Mas, como falei no início do texto, é um filme sobre jacarés assassinos. Então, o lance é não pensar, aceitar a mentirada e curtir os jacarezões.

Midsommar: O Mal Não Espera a Noite

Crítica – Midsommar: O Mal Não Espera a Noite

Sinopse (imdb): Um grupo de amigos viaja para a Suécia para visitar o famoso festival de meados de verão da cidade natal. O que começa como um retiro idílico rapidamente se transforma em uma competição cada vez mais violenta e bizarra nas mãos de um culto pagão.

Escrito e dirigido pelo estreante Ari Aster, Hereditário foi uma agradável surpresa. Claro que o seu filme seguinte seria aguardado.

E veio rápido, logo no ano seguinte. Segundo longa escrito e dirigido por Aster, Midsommar: O Mal Não Espera a Noite (Midsommar, no original) tem um estilo parecido com Hereditário. Um terror lento e tenso, onde o desconforto vale mais do que o susto. Não tem nenhum jump scare, apesar de ter algumas cenas bem gore.

Aster vai construindo a tensão em cima dos bizarros hábitos da comunidade nórdica. Bizarros pra gente, mas que parecem ter lógica lá entre eles (aliás, aqui tem uma cena de sexo digna de constar em rankings de cenas mais bizarras). Intencional ou não, o clima lembra O Homem de Palha, de 1973 (que teve uma refilmagem meia boca em 2006), que também traz um forasteiro para uma comunidade isolada que pratica rituais pagãos.

Uma coisa curiosa é que quase todo o filme se passa de dia. Quem está acostumado com filmes de terror escuros pode achar estranho. Mas sim, temos um ensolarado e florido conto negro… Um cgi discreto em detalhes do cenário (como flores abrindo e fechando) ajuda a ambientação.

Midsommar: O Mal Não Espera a Noite é bem longo (duas horas e vinte e sete minutos), mas não achei cansativo. Mas sei que esse ritmo e essa duração vão afastar parte do público. Principalmente por ser um terror fora do “clichê James Wan”.

No elenco, pouca gente conhecida. Gostei da protagonista Florence Pugh, quero ver mais filmes com ela. Os únicos do elenco que heu reconheci são Jack Reynor e Will Poulter, que inclusive estavam juntos em Detroit em Rebelião. Também no elenco, Vilhelm Blomgren e William Jackson Harper.

Independente de você gostar ou não do filme, é preciso reconhecer o talento de Aster para filmar. Vários planos são pensados nos detalhes, a câmera sempre está bem posicionada e bem movimentada. Quem gosta de cinema bem filmado vai curtir.

Rambo: Até o Fim

Crítica – Rambo: Até o Fim

Sinopse (imdb): Rambo deve enfrentar seu passado e desenterrar suas implacáveis ​​habilidades de combate para se vingar em uma missão final.

Normalmente, começo a crítica de um filme desses falando “ninguém pediu, mas, olha lá, fulano voltou”. Mas, poxa, Sylvester Stallone já fez Mercenários, já fez um reboot de Rocky – um novo Rambo não é exatamente uma surpresa.

Dirigido por Adrian Grunberg (Plano de Fuga), Rambo: Até o Fim (Rambo: Last Blood no original) é aquilo que se propõe: um filme previsível, violento e exagerado.

Não me lembro de detalhes de todos os outros filmes – só lembro que o primeiro é o único realmente bom da franquia (um veterano de guerra lutando pela sobrevivência é algo crível), então não vou nem comparar. Mas aqui temos uma fórmula meio óbvia: um cara quieto, na dele, ganha um motivo para entrar em uma violenta jornada de vingança. Claro que ele sozinho não ia conseguir tudo aquilo. Mas, caramba, ele é o Rambo! O histórico do personagem justifica todo o exagero.

O filme demora um pouco pra engrenar, mas compensa nas cenas de violência gráfica – são algumas sequências de embrulhar o estômago dos mais fracos. E é impossível não lembrar de Esqueceram de Mim na parte final. Mas mesmo assim, o resultado deixa a desejar. Admiro o trabalho e a carreira do Stallone, mas este Rambo: Até o Fim parece ter como único objetivo pagar as contas.

Tem gente por aí reclamando da violência gratuita. Essas pessoas devem ter começado a ver filmes anteontem. Violência gratuita sempre foi uma das características da franquia. Um filme do Rambo sem violência seria algo completamente sem sentido.

No elenco, o único nome digno de nota além de Stallone é Paz Vega, num papel secundário.

Durante os créditos finais, passam algumas cenas dos outros filmes da franquia, numa bonita homenagem, que vai deixar coroas machões de olhos marejados.

Resumindo: deve agradar os fãs, mas não deixa de ser um filme desnecessário.

Yesterday

Crítica – Yesterday

Sinopse (imdb): Um músico em dificuldades percebe que é a única pessoa na Terra que consegue se lembrar dos Beatles depois de acordar em uma linha do tempo alternativa onde eles nunca existiram.

A ideia era boa, mesmo para aqueles que, como heu, acham os Beatles uma banda superestimada. O que aconteceria se só uma pessoa conhecesse as músicas dos Beatles?

(Antes que me xinguem: reconheço a importância dos Beatles na história da música pop. Só não sou fã de toda a obra deles. Prefiro os Beach Boys, que têm importância semelhante, e músicas melhores imho. Pet Sounds é melhor que Sargent Pepers! :-P)

Bem, sendo fã de Beatles ou não, é inegável que todo mundo conhece as referências. Todos conhecem Let it Be ou Hey Jude. Yesterday (idem, no original) usa muitas dessas referências numa divertida colcha de retalhos de elementos da cultura pop.

A direção é de Danny Boyle, o que nos dá a certeza de um visual diferenciado. Mas achei que o filme tem mais a cara do seu roteirista, Richard Curtis (roteirista de Notting Hill e Bridget Jones, diretor de Simplesmente Amor e Questão de Tempo). Yesterday é o típico “feel good movie” que Curtis está acostumado a fazer. Quando acaba o filme, a plateia se sente feliz!

Uma coisa me chamou a atenção: a edição musical. Boa parte da trilha instrumental evoca temas dos Beatles. Alguns temas estão claros, mas outros são bem discretos, lá no fundo, quem não for ligado nos detalhes musicais nem vai reparar. Mas heu reparei, e achei uma sacada genial.

No elenco, o desconhecido Himesh Patel manda bem com seu personagem que não se sente bem com o seu “plágio” (as aspas são porque, se não existem os Beatles, tecnicamente ele não está plagiando ninguém). Detalhe: Patel canta e toca as músicas. Lily James mais uma vez está num filme que não é um musical, mas onde a música tem um papel fundamental (assim como Baby Driver). O cantor Ed Sheeran interpreta ele mesmo, enquanto Joel Fry faz um divertido alívio cômico. O ponto negativo está com Kate McKinnon, caricata no mau sentido – parece que ela está num esquete do Saturday Night Live. Por fim, Robert Carlyle faz uma ponta que vai deixar beatlemaniacos com olhos marejados; e Ana de Armas está nos créditos mas não está no filme – seu personagem foi cortado da edição final.

Recomendo! Mesmo pra quem não gosta de Beatles!

It: Capítulo Dois

Crítica – It: Capítulo Dois

Sinopse (imdb): Vinte e sete anos após seu primeiro encontro com o terrível Pennywise, o Clube dos Perdedores* cresceu e se afastou, até que um telefonema devastador os traz de volta.

Em 2017 tivemos uma nova adaptação de um dos mais celebrados livros de Stephen King: It – que já tivera uma versão em minissérie de TV nos anos 90. Como o livro é enooorme, o filme de 2017 focou só na parte das crianças. Agora é hora de terminar a história.

Mais uma vez dirigido por Andy Muschietti, It: Capítulo Dois (It Chapter Two, no original) traz todo o elenco do filme anterior, e ainda algumas aquisições de peso, como Jessica Chastain, James McAvoy e Bill Hader. A trama agora acompanha os personagens adultos, entremeada de flashbacks com a garotada.

O problema aqui é que ficou longo demais. Se temos uma primeira parte com duas horas e quinze minutos, agora são duas horas e quarenta e nove! Mais de 5 horas, se a gente contar os dois filmes juntos. Entendo o cuidado da produção em desenvolver cada personagem – certo momento do filme eles se separam, e vemos os medos e alucinações de cada um. Ok, ficou legal. Mas cansou. Muitos flashbacks, muitas histórias paralelas, e várias delas repetindo o mesmo formato – tornando os sustos previsíveis (pecado grave quando falamos de filme de terror).

(No último fim de semana consegui algo que nem sempre consigo: revi o primeiro filme. Quando a trama foca só na garotada, flui melhor. Apesar de também ser longo, o primeiro filme é bem melhor.)

Pelo menos a construção de toda a trama é muito bem feita. Não li o livro, então não posso comparar. Mas, só pelo filme, podemos dizer que o resultado foi positivo.

Um dos pontos chave de It (e aqui falo dos dois filmes) é Bill Skarsgård, que mais uma vez está ótimo como o palhaço Pennywise. Já falei que gosto do Pennywise galhofeiro do Tim Curry (da versão dos anos 90), mas Skarsgård é muito mais assustador.

No elenco, além dos já citados Jessica Chastain, James McAvoy e Bill Hader, temos Isaiah Mustafa, Jay Ryan, James Ransone e Andy Bean como o resto do “Clube dos Perdedores” – o trabalho dos atores ficou bem legal, dá pra ver tranquilamente quem é quem (o mesmo com o “vilão” Nicholas Hamilton / Teach Grant). Nos flashbacks, temos os sete adolescentes de volta (Finn Wolfhard, Sophia Lillis, Jaeden Lieberher, Jeremy Ray Taylor, Chosen Jacobs, Jack Dylan Grazer e Wyatt Oleff). Temos uma rápida e divertida participação do próprio Stephen King, e o veterano diretor Peter Bogdanovich faz uma ponta. E, para os leitores do heuvi, Javier Botet – mais uma vez – interpreta criaturas.

No fim, temos uma bela e asssustadora história de terror, pode entrar na curta lista de boas adaptações de Stephen King. Mas poderia ser mais curto, ah, poderia. Alguns filmes, depois de um tempo, aparece uma versão estendida. Este It poderia ter uma “versão encurtada”…

* As legendas traduziram “Losers Club” como “Clube dos Otários”. Deve ser adaptado da tradução do livro. Mas não gostei. Por que não “Perdedores”? Ficou tosco…

Anna: O Perigo tem Nome

Crítica – Anna: O Perigo tem Nome

Sinopse (imdb): Sob a beleza marcante de Anna Poliatova está um segredo que vai liberar sua força indelével e habilidade para se tornar uma das mais temidas assassinas do mundo.

Luc Besson é um grande nome no cinema de ação das últimas décadas, seja como diretor, roteirista ou produtor. Mas, na direção, há muito tempo ele vive à sombra dos seus melhores trabalhos. Assim como Lucy, Anna: O Perigo tem Nome (Anna, no original) fica à sombra de Nikita. O filme tem seus bons momentos, mas parece uma cópia genérica do filme de 1990 (principalmente porque o argumento dos dois filmes é bem parecido).

Pelo menos algumas sequências de ação são muito boas – a cena do restaurante é excelente (ah, se o filme todo fosse no mesmo pique desta cena…). A trama traz alguns plot twists, uns meio óbvios, outros nem tanto. E gostei das idas e vindas temporais do roteiro.

No elenco, a modelo Sasha Luss funciona para o que o papel pede. Helen Mirren já teve papeis melhores, mas não atrapalha. Também no elenco, Cillian Murphy, Luke Evans e Lera Abova.

Mas, no fim, fica aquele gosto de comida requentada. Não que seja ruim, mas que podia ser melhor, ah, podia. Bem melhor.

Era Uma Vez em… Hollywood

Crítca – Era Uma Vez em… Hollywood

Sinopse (imdb): Um ator ultrapassado e seu dublê se esforçam para alcançar a fama e o sucesso na indústria cinematográfica durante os anos finais da Era de Ouro de Hollywood, em 1969, em Los Angeles.

Finalmente o novo Tarantino!

Era Uma Vez em… Hollywood (Once Upon a Time… in Hollywood, no original) é uma declaração de amor ao cinema. A gente sabe que o Tarantino é um grande fã da sétima arte, e aqui vemos várias referências bem sacadas ao cinema e à tv, misturando personagens reais e fictícios nos bastidores das produções.

A reconstituição de época é um primor. Tarantino não tem cara de alguém que usa muito cgi, e vemos vários planos abertos, com carros e cenários da época (o filme se passa em 1969). E a parte técnica é impecável, acho que essa é sua produção mais grandiosa. Isso ajuda na metragem, o filme tem duas horas e quarenta minutos, mas você nem sente o tempo passar.

Claro que tem violência. Mas, comparado com a filmografia do diretor, tem até pouca – acho que só tem sangue duas vezes. A cena final é que é muito violenta, mas não só pelo que aparece na tela – a sugestão às vezes é mais forte (que nem a cena da orelha cortada em Cães de Aluguel).

Como sempre, a trilha sonora é um destaque, assim como o humor. Era Uma Vez em… Hollywood não é comédia, mas tem momentos muito engraçados, como a genial cena do Bruce Lee (interpretado pelo desconhecido Mike Moh) – que gerou polêmicas, mas é porque os fãs de Lee não admitem tirá-lo do pedestal. A cena é excelente, um dos melhores momentos do filme.

Ah, o elenco! Que elenco! Vai ser difícil comentar em apenas um parágrafo, mas vamos lá. O trio principal, Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie, claro, está ótimo, com destaque maior para DiCaprio (não será surpresa uma indicação ao Oscar). Mas queria falar mais do elenco secundário. Al Pacino rouba a cena em um papel pequeno; e temos Kurt Russell e Zoë Bell como dublês (Tarantino se auto referenciando!). Não tem Samuel L. Jackson, mas Michael Madsen bate o ponto. Se 25 anos atrás Tarantino trabalhou com Uma Thurman e Bruce Willis, agora ele trabalha com Maya Hawke (filha de Uma Thurman com Ethan Hawke) e Rumer Willis (filha de Bruce Willis com a Demi Moore) – e ainda tem a Harley Quinn Smith, filha do Kevin Smith. Clu Gulager (A Volta dos Mortos Vivos) faz o vendedor de livros; Rebecca Gayheart (Lenda Urbana) faz a esposa do Brad Pitt. E ainda tem Emile Hirsch, Margaret Qualley, Timothy Olyphant, Dakota Fanning, Bruce Dern, Luke Perry, Damian Lewis, Nicholas Hammond, Lorenza Izzo, Victoria Pedretti…

Agora, infelizmente, preciso admitir que não gostei do filme. Uma coisa comum nos filmes do diretor são plot twists inesperados, daqueles que explodem a cabeça do espectador (e, às vezes, também do personagem) e mudam a direção que a trama estava andando, surpreendendo o público. Era Uma Vez em… Hollywood não tem nenhum momento assim, a trama vai do ponto A ao ponto B sem nenhum desvio.

Mas, ok, reconheço que foi um problema meu, meu “head canon”, não necessariamente o filme é ruim por causa disso. Preciso rever para pegar uma segunda opinião.

Puxa, que tarefa “ruim”. Ter que rever um filme do Tarantino. Ok, “it’s a dirty job, but someone has to do it”. 😉

Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw

Crítica – Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw

Sinopse (imdb): O policial Luke Hobbs e o marginal Deckard Shaw formam uma improvável aliança quando um vilão cibergeneticamente melhorado ameaça o futuro da humanidade.

Se tem uma franquia que tem conseguido manter a qualidade no que propõe, é a franquia Velozes e Furiosos. Filmes divertidos, com sequências de ação de tirar o fôlego, estrelados por um monte de atores carismáticos, e – sempre – sem levar nada a sério. As mentiras apresentadas em cada filme rivalizam com os filmes do James Bond.

(Tem gente que não gosta da comparação, mas acho que Velozes e Furiosos tem muito a ver com 007 – filmes de ação bem feitos, todos meio parecidos entre eles, e muita, muita mentira.)

Vou retirar um parágrafo do imdb:

“A idéia de um spin-off de Velozes e Furiosos, com Hobbs e Shaw, surgiu durante as filmagens do oitavo filme, depois que os produtores e executivos do estúdio repararam na química cômica entre os dois ao longo de suas cenas juntos. Os planos para desenvolver o spin-off foram informalmente aprovados antes do final das filmagens, e mais tarde revelaram-se o motivo por trás da animosidade muito discutida que surgiu entre Vin Diesel e Dwayne Johnson na última semana de produção – que resultou que Diesel teria cancelado algumas das cenas de Johnson (que estava dentro de seu alcance como um dos produtores executivos do filme) e não aparecendo para filmar em pelo menos um dia de produção, deixando centenas de elenco e equipe ociosos. Depois que as notícias do spin-off se tornaram públicas, Michelle Rodriguez (Letty) e Tyrese Gibson (Roman) criticaram publicamente por prejudicar a “família” de V&F, assim como atrasaram o lançamento do nono filme da série por pelo menos um ano. Em fevereiro de 2019, Johnson declarou que “provavelmente não” retornaria para “Velozes e Furiosos 9″, mas o consideraria para o 10º da série.”

A direção deste Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw (Fast & Furious Presents: Hobbs & Shaw, no original) é de David Leitch, o mesmo de Atômica e Deadpool 2. Ex-dublê, claro que Leitch é muito eficiente nas sequências de ação. Mas, aqui tem uma “meia boa notícia”. As sequências são boas, mas são “apenas” boas – diferente de Atômica, onde temos sequências antológicas.

Mesmo não sendo um filme “antológico”, Hobbs & Shaw não vai decepcionar nenhum fã da franquia V&F. Personagens carismáticos, cenas de ação excelentes, e muita, muita mentira. Aliás, parece que a mentira está testando os limites. Hobbs & Shaw flerta com a ficção científica e cria um vilão com super poderes!

No elenco, se você tem dois grandões carismáticos como os mocinhos (Dwayne Johnson e Jason Statham), precisa de um outro ator tão carismático quanto para ser o vilão – Idris Elba. Apesar da grande diferença de idade, Vanessa Kirby funciona como a irmã de Statham; Helen Mirren repete o papel da mãe (que ela fez em V&F 8). Eddie Marsan parece que está repetindo o papel que fez em Atômica; Eiza González me pareceu um pouco deslocada – talvez fosse melhor uma atriz russa em vez de uma latina.

No fim, temos que admitir, Hobbs & Shaw é uma bobagem. Uma divertida e barulhenta bobagem. Que venham outras bobagens assim no circuito!