Tusk

TuskCrítica – Tusk

Filme novo do Kevin Smith!

Um podcaster vai até o Canadá atrás de uma boa história, mas acaba sendo sequestrado – para virar uma morsa.

Kevin Smith está numa fase da carreira onde ele pode arriscar. E fez isso com este estranho Tusk.

Smith tem um podcast, o “Smodcast”. Uma vez, ele leu uma notícia bizarra, onde um homem oferecia casa e comida, de graça, desde que o inquilino topasse se vestir de morsa. O que era pra ser apenas uma piada rápida virou um papo de quase uma hora. Smith então perguntou aos seus ouvintes se eles queriam ver um filme sobre isso. Adivinhem qual foi a resposta…

Tusk começa bem, num clima entre o humor negro e o suspense. Auxiliados por bons diálogos, escritos pelo próprio Smith, Michael Parks e Justin Long constroem uma tensa e interessante relação, com um que de Encaixotando Helena e outro de Centopeia Humana.

Mas tem um momento que o filme sai do trilho. É quando aparece um Johnny Depp, fantasiado e anônimo (ele não está nos créditos). Seu personagem, Guy Lapointe, é bobo e sem graça, e mesmo assim tem muito tempo de tela – além de um papo looongo, chato e desinteressante, num café, ainda rola um flashback desnecessário.

Assim, um filme que começa esquisito mas promissor termina confuso e arrastado. Pena…

Digo pena porque heu era muito fã do Kevin Smith, na sua fase “Jay & Silent Bob”. Gosto muito de O Balconista, Barrados no Shopping, Procura-se Amy, DogmaO Império do Besteirol Contra-Ataca. Entendo que ele queira coisas diferentes na sua carreira, mas confesso que prefiro a primeira fase da sua filmografia.

No elenco, além dos já citados Parks e Long, Tusk traz Haley Joel “I see dead people” Osment e Genesis Rodriguez. Jennifer Schwalbach Smith, a sra. Kevin Smith, faz uma ponta como uma garçonete; e as duas atendentes da loja de conveniência são Harley Quinn Smith e Lily-Rose Melody Depp, são as filhas de Kevin Smith e Johnny Depp. Ah, e tem Johnny Depp, infelizmente num papel bem abaixo do que costuma fazer.

Tusk faz parte de uma trilogia baseada no Canadá, com outros filmes a serem escritos e dirigidos também por Smith, Yoga HosersMoose Jaws, a serem lançados este ano e ano que vem. Parece que Johnny Depp estará nos outros dois com o seu Guy Lapointe. Tomara que ele e Smith acertem a mão nos próximos filmes!

Snowpiercer – Expresso do Amanhã

SnowpiercerCrítica – Snowpiercer – Expresso do Amanhã

Filme novo do Joon-ho Bong!

No futuro, uma tentativa de se combater o aquecimento global falha e acaba criando uma nova era do gelo, matando toda a vida do planeta, exceto alguns poucos sortudos que conseguiram embarcar no Snowpiercer, um trem autossuficiente que fica rodando pelo globo, e onde uma luta de classes está prestes a acontecer.

O coreano Bong ficou famoso no ocidente com O Hospedeiro, um “filme de monstro” que era bem mais complexo do que o cinema americano costuma apresentar. Agora ele conseguiu cacife para seu primeiro filme em inglês, uma superprodução com estrelas hollywoodianas e parte técnica de primeira linha.

Baseado na graphic novel francesa “Le Transperceneige”, Expresso do Amanhã (Snowpiercer, no original) é mais uma “ficção científica usando futuro distópico”. Mas, diferente dos filmes adolescentes que querem pegar carona no sucesso de Jogos Vorazes, Expresso do Amanhã tem um tema mais adulto, é quase um estudo sobre a sociedade, baseado no microcosmo que habita o trem.

A ambientação claustrofóbica do trem é excelente. A fotografia bem cuidada consegue criar um estilo diferente para cada vagão, desde os sujos e apertados vagões do fim do trem até os agradáveis vagões da primeira classe. E a cena do “vagão escola” é sensacional!

Os efeitos também são ótimos. Além disso, o cinema oriental sabe filmar lutas como ninguém no ocidente. Expresso do Amanhã não é um “filme de luta”, mas temos uma luta sensacional, alternando momentos em câmera lenta e câmera normal, assim como momentos claros e escuros. Ah, é bom avisar: o filme é bem violento, tem muito sangue.

Liderando o elenco, temos talvez a melhor interpretação da carreira de Chris Evans, hoje um nome grande em Hollywood por causa do Capitão América. Mas quem chama mais a atenção é Tilda Swinton, num papel completamente diferente de tudo o que vemos por aí. Expresso do Amanhã também conta com duas estrelas coreanas, Kang-ho Song e Ah-sung Ko (ambos estavam em O Hospedeiro), e isso me fez pensar por que não havia nenhum brasileiro em O Jardineiro Fiel (2005) e Robocop (2014), as estreias hollywoodianas de Fernando Meirelles (Cidade de Deus) e José Padilha (Tropa de Elite)… Ainda no elenco, John Hurt (em seu terceiro filme de futuros distópicos, depois de 1984 e V de Vingança), Ed Harris, Jamie Bell, Octavia Spencer, Ewen Bremner e Allison Pill.

Expresso do Amanhã não vai agradar a todos. Algumas coisas soam forçadas, como o trem levar um ano inteiro para dar uma volta ao mundo (a que velocidade este trem anda?). Mas isso não me incomodou. Na minha humilde opinião, o ponto fraco do filme é o final – mas não digo mais por causa de spoilers.

Não sei por que, mas Expresso do Amanhã não foi lançado por aqui – mesmo tendo nomes fortes (e vendáveis) no elenco, e mesmo constando em listas de melhores filmes de 2014. Aguardemos um bom lançamento em dvd/blu-ray.

Uma Noite no Museu 3: O Segredo da Tumba

Uma-Noite-no-Museu-3Crítica – Uma Noite no Museu 3: O Segredo da Tumba

Ninguém pediu, mas, olha lá fizeram mais um Uma Noite no Museu

Para salvar a tábua de Ahkmenrah, Larry precisa levá-la até o British Museum em Londres.

A série Uma Noite no Museu não é ruim. São filmes leves e com cara de sessão da tarde, com algumas piadas boas, e outras nem tanto. O problema é que a ideia original era divertida, mas não pedia continuações. Porque fica tudo previsível, algumas piadas acabam se repetindo…

Dirigido pelo mesmo Shawn Levy (dos outros dois filmes da série), Uma Noite no Museu 3: O Segredo da Tumba (Night at the Museum: Secret of the Tomb, no original) é aquilo mesmo que o espectador está esperando. Mas o cara que se propuser a ir ao cinema para ver a parte 3 de uma franquia destas sabe o tipo de piada que o espera, e sabe que vai ver algumas delas repetidas.

Pra não dizer que Uma Noite no Museu 3: O Segredo da Tumba só tem piadas repetidas e previsíveis, tem pelo menos duas sequências “novas” muito boas: rola uma perseguição sensacional dentro de um quadro do Escher, e a piada do Wolverine foi hilária!

Sobre o elenco: parece que Robin Williams já tinha filmado toda a sua parte (o ator faleceu alguns meses antes do filme ficar pronto), o seu Teddy Roosevelt tem grande participação ao longo de todo o filme. A outra nota triste: também foi o último filme do veterano Mickey Rooney. Ben Stiller, Owen Wilson, Steve Coogan e Ricky Gervais voltam aos seus papeis, e o elenco ainda ganha os nomes de Ben Kingsley, Rebel Wilson, e Dan Stevens como sir Lancelot, além de pontas de Hugh Jackman e Alice Eve.

Enfim, Uma Noite no Museu 3: O Segredo da Tumba não vai mudar a vida de ninguém, mas proporcionará uma hora e meia de um divertimento honesto àqueles que se aventurarem.

p.s.: Mais alguém achou que o Laa, interpretado pelo Ben Stiller, ficou a cara do Tom Cruise? 🙂

Êxodo: Deuses e Reis

Exodus-posterCrítica – Êxodo: Deuses e Reis

Filme novo do Ridley Scott!

Criados juntos, Moisés e Ramsés se vêem e lados opostos quando Moisés resolve liderar 600 mil escravos hebreus em uma monumental jornada para fugir do Egito.

Ridley Scott resolveu mostrar a sua versão da já manjada história bíblica – todo mundo conhece, né? Pragas, mar se abrindo, tábuas dos dez mandamentos, etc, tá tudo lá. Inclusive, já temos filmes (Os Dez Mandamentos) e desenhos (O Príncipe do Egito) falando sobre isso. A questão é: Scott fez um filme “definitivo”?

Respondendo: sim e não. Por um lado, tecnicamente falando, Êxodo: Deuses e Reis (Exodus: Gods and Kings) é um absurdo. Mas, por outro lado, tire os efeitos, e temos um filme bobo. O filme não chega a ser ruim, só não empolga.

Vamos à parte técnica: temos tomadas aéreas das cidades e das batalhas onde vemos detalhes nunca antes vistos na história do cinema. As pragas que assolaram o Egito também são impressionantes. E a cena mais esperada por todos, o mar se abrindo, ficou fantástica.

Ainda neste assunto: Scott segue a atual tendência de realismo, e adaptou alguns dos milagres para a plateia cética atual. Se a morte dos primogênitos continua um mistério da fé, o mar se abrindo virou um tsunami. Boa sacada!

Tem gente por aí comparando Êxodo: Deuses e Reis com o recente Noé, do Darren Aronofsky. Discordo da comparação, as únicas coisas que ambos têm em comum são os temas bíblicos e os bons efeitos especiais. Noé tem várias “licenças poéticas”, a história bíblica virou um “samba do afro descendente especial” (versão politicamente correta de “samba do crioulo doido”). Neste aspecto, Êxodo: Deuses e Reis é mais próximo da história convencional.

Sobre o elenco, Christian Bale é um grande ator e faz um bom Moisés, podemos dizer que ele é carrega o filme nas costas. O pouco conhecido Joel Edgerton está ok como Ramsés, mas podia ser outro ator, meio que tanto faz. Agora, preciso dizer que não se contrata uma atriz como a Sigourney Weaver para uma participação tão pouco importante. Foi realmente decepcionante vê-la num papel tão secundário. Ainda no elenco, Ben Kingsley, John Turturro, Maria Valverde, Indira Varma e Tara Fitzgerald.

Ridley Scott sempre terá crédito comigo, afinal, o cara é o diretor de Alien e Blade Runner, além de vários outros bons filmes (1492, Gladiador, Falcão Negro em Perigo…). Mas, vou te falar, com uma sequência Robin Hood, Prometheus, Conselheiro do Crime e Êxodo: Deuses e Reis, fica cada vez mais difícil de defender o cara.

Mesmo Se Nada Der Certo

Mesmo se nada der certo

Crítica – Mesmo se nada der certo

Um encontro ao acaso entre um executivo de gravadora desempregado e com problemas com bebida e uma jovem compositora que acabou de levar um fora do namorado que ficou famoso se torna uma promissora colaboração entre os dois talentos.

A princípio parece que Mesmo se Nada Der Certo (Begin Again, no original) é mais uma comédia romântica. Mas, em primeiro lugar, não é uma comédia, apenas um filme romântico. Em segundo lugar, a estrutura do filme não segue o “padrão comédia romântica mocinho não se dá bem com mocinha até o fim do filme quando ficam juntos”. Felizmente!

Mesmo se Nada Der Certo é muito legal, mas tem um problema: é parecido demais com Apenas Uma Vez (Once), filme anterior do mesmo diretor John Carney. Toda a estrutura do filme é a mesma – um casal ligado à música se conhece e ele ajuda ela a gravar, usando artistas de rua.

Mas, mesmo usando uma ideia reciclada, Mesmo se Nada Der Certo não parece uma “refilmagem com atores famosos” (o primeiro filme era estrelado pelos desconhecidos Glen Hansard e Markéta Irglova, enquanto este tem Keira Knightley e Mark Ruffalo como protagonistas). Mesmo se Nada Der Certo funciona muito bem por conta própria, é um filme simpático e cativante.

O roteiro escrito pelo próprio John Carney acerta ao contar a história do executivo de gravadora desempregado e da compositora avessa ao mainstream através de uma narrativa não linear e diálogos bem construídos. Mas preciso dizer que esse papo de gravação na rua, tecnicamente falando, é uma grande furada. Aquilo NUNCA funcionaria no mundo real! Mas… É um filme! Dentro do filme, ficou bem legal.

Por outro lado, a cena que mostra como funcionam os arranjos musicais dentro da cabeça do produtor ficou sensacional. Ver os instrumentos criando vida própria e entrando na música foi uma ideia excelente!

O elenco é outro dos destaques. Keira Knightley e Mark Ruffalo mostram boa química e estão muito à vontade nos seus papeis. Adam Levine, vocalista do Maroon 5, está perfeito como o projeto de estrela pop – não sei se o cantor é igual ao personagem, ou se ele é um bom ator. Também no elenco, Hailee Steinfeld, Catherine Keener, James Corden, Ceelo Green e Mos Def, creditado como Yasiin Bey.

Não gostei muito do fim do filme – além de não ter explicado o que aconteceu com a protagonista, ainda teve uma certa semelhança com o fim de Apenas Uma Vez. Mais não conto por causa de spoilers… Mesmo assim, Mesmo Se Nada Der Certo ainda foi uma agradável surpresa.

O Hobbit 3: A Batalha dos Cinco Exércitos

0-Hobit3-posterCrítica – O Hobbit 3: A Batalha dos Cinco Exércitos

Chega ao fim a trilogia d’O Hobbit!

Ao recuperar sua montanha do dragão Smaug, Bilbo Bolseiro, Thorin Escudo-de-Carvalho e a Companhia de Anões involuntariamente despertaram uma força mortal para o mundo. Enfurecido, Smaug espalha sua ira sobre homens, mulheres e crianças indefesas da Cidade do Lago.

A expectativa era grande. Os dois primeiros filmes baseados no livro “O Hobbit” ficaram devendo. Mas quando o mesmo diretor Peter Jackson fez a trilogia O Senhor dos Aneis, o terceiro filme foi o melhor da série, e agora a gente esperava que acontecesse o mesmo com a trilogia do prequel.

Pena, desta vez Peter Jackson falhou. O Hobbit 3: A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit: The Battle of the Five Armies, no original) é o mais fraco dos seis filmes dirigidos por ele baseados em J.R.R. Tolkien.

Vejam bem, o filme não é exatamente ruim. Tecnicamente perfeito, traz bons atores, bons personagens, batalhas bem filmadas, etc. Mas O Hobbit 3 perde – e muito – na comparação com a trilogia anterior, principalmente com o terceiro filme: depois uma batalha sensacional, O Retorno do Rei termina com Aragorn virando rei e dizendo aos Hobbits “you bow to no one”, num momento que arrepia até o nerd mais insensível. E agora, no fim do sexto filme, bem… Nada memorável acontece…

Aliás, mesmo os outros filmes da nova trilogia têm sequências memoráveis. Tem alguma aqui? A batalha que dá título ao filme é deixada de lado enquanto acompanhamos algumas lutas em particular. E o fim da batalha é besta…

Se fosse um filme “independente”, O Hobbit 3 seria um filme razoável, apenas com o mesmo defeito dos outros dois filmes do prequel: a lentidão – foi um erro grave transformar um único livro em três filmes de quase três horas cada, os três filmes têm muita encheção de linguiça. Mas, por ser mais um filme do Peter Jackson, baseado em Tolkien, repetindo atores e personagens, a comparação entre as duas trilogias é inevitável.

Se salvam alguns detalhes, como falei lá em cima. A parte técnica é fantástica, Jackson e a Weta conseguem perfeição nos efeitos especiais, o dragão mais uma vez enche os olhos, assim como as grandiosas batalhas. Existem versões em 48 quadros por segundo, mas não posso julgar isso, a sessão de imprensa foi nos tradicionais 24 qps.

O elenco também está bem, felizmente Jackson conseguiu manter os mesmos atores durante toda a saga. Martin Freeman mais uma vez faz um bom trabalho liderando o elenco, que conta com Ian McKellen, Richard Armitage, Evangeline Lilly, Luke Evans, Orlando Bloom, Lee Pace, Billy Connolly e Manu Bennett. Só achei que alguns atores aparecem pouco – Cate Blanchett e Benedict Cumberbatch (que não mostra a cara mas dá a voz para dois vilões) deveriam ter participações maiores, seus personagens foram sub-aproveitados. Ian Holm, Christopher Lee e Hugo Weaving fazem pontas nos papeis esperados.

No fim, fica a certeza: o livro “O Hobbit” não tinha como virar uma trilogia de quase 9 horas (na sua versão curta, porque existe uma versão estendida). Se fosse apenas um filme, ou, no máximo, dois, seria beeem melhor.

p.s.: Será que Jackson agora pensa na trilogia do Silmarillion? Ou será que a Disney vai comprar tudo e inventar episódios 7, 8 e 9? 😛

Homens, Mulheres e Filhos

0-Homens Mulheres e FilhosCrítica – Homens, Mulheres e Filhos

Um grupo de adolescentes do ensino médio e seus pais tentam lidar com as mudanças sociais que a internet impôs a seus relacionamentos, sua comunicação, autoimagem e vidas amorosas. Um olhar sobre a anorexia, a infidelidade, a busca pela fama e a proliferação de material não autorizado na internet, revelando que ninguém está imune às armadilhas criadas por nossos smartphones, tablets e computadores.

Baseado no livro homônimo de Chad Kultgen, o novo filme de Jason Reitman (Juno, Amor Sem Escalas), Homens, Mulheres e Filhos (Men, Women & Children, no original) é um bom retrato das relações interpessoais através do uso da internet na sociedade atual.

Às vezes Homens, Mulheres e Filhos parece um Picardias Estudantis contemporâneo – assim como o filme de 1982, Homens, Mulheres e Filhos parece uma comédia, mas na verdade é um drama que mostra um retrato de uma sociedade e seus personagens comuns, e como eles se relacionam entre si. Inclusive, alguns temas aparecem nos dois filmes, como o garoto com postura de pegador mas com problemas sexuais ou a menina que tem uma experiência frustrante com a primeira vez (e acaba engravidando sem querer).

A grande diferença, além das três décadas que separam os filmes (e de toda a tecnologia conectada à internet), é que Homens, Mulheres e Filhos também mostra o lado dos pais, ignorados no filme dos anos 80.

A narrativa de Homens, Mulheres e Filhos vai seguindo estes personagens (não temos um personagem principal) em seus dramas pessoais, e Reitman consegue envolver a audiência, consegue trazer o espectador para dentro daquele mundo.

O elenco está muito bem. Adam Sandler surpreende em uma atuação contida, bem diferente do seu caricato habitual. Jennifer Garner é outro destaque, fazendo a mãe paranoica – que nos ensina “o que não fazer”. Ainda no elenco dos adultos, Judy Greer, Rosemarie DeWitt, Dean Norris, Dennis Haysbert, J.K. Simmons e a voz de Emma Thompson como narradora. No elenco “jovem”, acho que o único conhecido é Ansel Elgort, de A Culpa é das Estrelas. Será que em breve ouviremos falar mais de nomes como Olivia Crocicchia, Elena Kampouris e Kaitlyn Dever? (Lembrem-se que Picardias Estudantis tinha, entre outros, Forest Whitaker num papel pequeno e Nicolas Cage numa ponta, sem falas…)

Por fim, preciso falar que gostei muito dos efeitos especiais usados para demonstrar o mundo virtual paralelo ao mundo real. Realmente criativos, os efeitos serviram pra ilustrar como o mundo atual funciona.

Quero Matar Meu Chefe 2

0-queromatarmeuchefe2Crítica – Quero Matar Meu Chefe 2

O primeiro Quero Matar Meu Chefe custou 35 milhões de dólares e rendeu mais de 117 milhões. Claro que iam fazer uma continuação, né?

Cansados de experiências ruins com seus chefes, os amigos Nick, Kurt e Dale resolvem abrir seu próprio negócio. Mas, quando a companhia começa a deslanchar, eles sofrem um golpe do investidor que bancou o negócio. O trio decide partir para um ato desesperado: sequestrar o filho do investidor.

Quero Matar Meu Chefe era uma comédia meio besta que se apoiava em duas coisas: um trio de protagonistas com boa química (Jason Bateman, Jason Sudeikis e Charlie Day) e excelentes coadjuvantes. Na continuação dirigida pelo pouco conhecido Sean Anders, a boa química do trio continua, e temos mais dois bons atores engrossando o corpo de coadjuvantes. Pena que o humor continue grosseiro e com um pé na escatologia – não é exatamente o meu estilo preferido. Se salvam algumas piadas politicamente incorretas, isso sim está mais perto do meu gosto.

Se o roteiro é previsível e as piadas nem sempre são engraçadas, o que salva o filme são os coadjuvantes. Colin Farrell é o único que não está na continuação, mas Jennifer Aniston, Kevin Spacey e Jamie Foxx estão de volta aos seus papeis. E o filme ganhou muito com a adição dos novos coadjuvantes, Christoph Waltz e Chris Pine.

(Curioso ver que uma comédia besta conta com três ganhadores de Oscar: Kevin Spacey, Jamie Foxx e Christoph Waltz. Parabéns aos responsáveis, sem estes três, Quero Matar Meu Chefe 2 seria bem mais fraco. Os três estão ótimos!)

Mesmo assim, Quero Matar Meu Chefe 2 não convence. O humor bobo prevalece e o resultado final é fraco. Talvez divirta quem quiser algo descartável, pra se esquecer no dia seguinte. E só.

Por fim: achei uma pena não ver uma cena com Foxx e Waltz, para revermos Django e dr. King Schultz mais uma vez juntos. Se heu fosse o diretor, não perderia esta oportunidade…

November Man: Um Espião Nunca Morre

0-November ManCrítica – November Man: Um Espião Nunca Morre

Ué? Pierce Brosnan voltou ao 007?

James Bond Peter Deveraux, um ex-espião da CIA, é chamado de volta à ação por motivos pessoais, e se vê contra o seu antigo pupilo num jogo mortal que envolve altos agentes da CIA e o provável novo presidente da Rússia.

Explicando a primeira frase: não, Brosnan não está de volta ao seu personagem mais famoso. É que November Man: Um Espião Nunca Morre (November Man, no original) parece querer ser um “James Bond genérico”. O filme é construído para o espectador acreditar que Peter Deveraux é o James Bond voltando da aposentadoria – e o título nacional ajuda isso. Usaram até uma ex-bond girl no elenco…

Na comparação, claro que perde para o 007 – uma franquia que apesar de longeva sempre manteve a alta qualidade, mesmo depois da influência dos filmes da série Bourne, que deram uma sacudida no cinema contemporâneo de espionagem.

Na verdade, o que mais me incomodou não foi a falta de originalidade – alguns bons filmes por aí são ideias copiadas. O pior problema foi um roteiro previsível e inconsistente – escrito por dois roteiristas com currículos duvidosos, Karl Gajdusek (Reféns), e Michael Finch (Predadores). Algumas cenas são desnecessárias e/ou não têm muita lógica, como todas as cenas que envolvem a vizinha de (a cena sem lógica é quando ela vira refém, algo incoerente com o personagem, na minha humilde opinião).

A direção ficou nas mãos de Roger Donaldson, que, apesar de ter dirigido o primeiro A Experiência (em 1995), nunca se firmou no primeiro time de diretores. Assim como este seu filme mais recente, Donaldson virou um diretor “genérico” para filmes de ação, seus dois filmes anteriores foram O PactoEfeito Dominó, dois filmes que não são ruins mas tampouco são bons.

No elenco, além de Brosnan, o único nome conhecido é a Olga Kurilenko, que estava em 007 – Quantum of Solace. Ainda no elenco, Luke Bracey, Bill Smitrovich e Will Paton.

Enfim, quem não for muito exigente pode se divertir.

Uma Noite de Crime: Anarquia

0-uma-noite-de-crime-anarquiaCrítica – Uma Noite de Crime: Anarquia

Continuação de Uma Noite de Crime

Algumas pessoas se vêem perdidas nas ruas poucas horas antes da tradicional noite em que todos os crimes são permitidos pelo governo, para os cidadãos poderem liberar os seus instintos violentos. Sem poder contar com a ajuda de ninguém, eles se ajudam para tentar sobreviver à barbárie nas ruas.

Tenho um problema com o conceito da série Uma Noite de Crime. Quando vi o primeiro filme, escrevi na minha crítica que acho muito estranho tudo ser focado apenas em assassinatos. Parece que todos os que vivem naquela sociedade se divertem vendo pessoas morrendo, e ninguém pensa em outros crimes, digamos, lucrativos, como furtos, roubos, fraudes, desvio de dinheiro – imaginem um hacker se divertindo em sites de bancos? Isso sem contar com crimes ligados a motivos pessoais. O cachorro do vizinho vive fazendo cocô no seu jardim? Pode botar fogo na casa dele. O outro vizinho comprou um carro melhor que o seu e gosta de ostentar? Pode depredar o carro. Sua ex te enche o saco? Pode matá-la.

Pelo menos neste aspecto, Uma Noite de Crime: Anarquia (The Purge: Anarchy, no original) é um pouco mais abrangente que o primeiro filme. Vemos crime passional, tentativa de estupro… Ainda falta muito pro conceito convencer, mas já melhorou.

(Mesmo assim, o próprio conceito traz algumas coisas sem sentido. Logo que começa o “purge”, vemos um casal, com os dois fortemente armados, passeando calmamente na calçada. Passa um caminhão ao lado deles, eles quase dão tchauzinho, como se fosse uma noite tranquila. Aí alguém de dentro do caminhão fuzila o casal. Caramba, pra que aquele casal estaria de bobeira ali???)

Também escrito e dirigido pelo mesmo James DeMonaco que escreveu e dirigu o primeiro, Uma Noite de Crime: Anarquia mostra a desordem nas ruas (o primeiro focava mais em uma família e seus vizinhos). Neste aspecto, este filme é superior ao outro. Aqui também vemos interesses financeiros por trás do “purge”, ou aspecto interessante que não foi abordado antes.

Se o filme anterior trazia dois nomes conhecidos (Ethan Hawke e Lena Headey), este aqui tem menos “star power”. O elenco conta com Frank Grillo, Kiele Sanchez, Carmen Ejogo, Zoë Soul e Zach Gilford.

O filme não termina exatamente com um gancho, mas conseguimos imaginar o plot de um provável terceiro filme…