Sem Escalas

Sem EscalasCrítica – Sem Escalas

Nova parceria entre Liam Neeson e Jaume Collet-Serra!

Durante um voo atravessando o Atlântico, um policial recebe mensagens de texto ameaçando matar um passageiro a cada 20 minutos se a companhia aérea não pagar um resgate de 150 milhões de dólares.

A Espanha tem tradição no cinema fantástico. Mas, diferente de vários conterrâneos, o espanhol Jaume Collet-Serra construiu carreira em Hollywood. Depois de começar com o fraco Casa de Cera, ele acertou com os bons A Órfã e Desconhecido. Agora, Collet-Serra confirma o talento com mais um bom suspense.

Sem Escalas (Non Stop, no original) é um suspense que usa a estratégia do “whodunit”, mais usada em filmes de terror. Trata-se daquela situação “aghatachristieana”, quando temos que encontrar o assassino no meio de vários suspeitos, e ao longo da trama acontecem eventos para confundir o espectador. E o interessante daqui é que a trama se passa dentro do avião, tornando tudo mais claustrofóbico.

O roteiro do filme é bem construído, mas infelizmente escorrega logo na solução do “whodunit” – aquele fim não convence ninguém. Não chega a ser ruim a ponto de estragar o filme, mas tira um pouco do brilho do filme.

No elenco, Liam Neeson mostra mais uma vez que é “o cara”. Parece que de uns anos pra cá ele se especializou em fazer filmes de ação – além de protagonizar Esquadrão Classe A (2010) e os dois Busca Implacável (2008 e 2012), ele teve papeis menores em Star Wars, Batman e Fúria de Titãs. Ainda no elenco, achei Julianne Moore apagada – seu papel caberia em qualquer atriz mediana. Também estão no filme Michelle Dockery, Scoot McNairy e Lupita Nyong’o, em provavelmente seu último papel pequeno (ela ganhou o Oscar este ano, né?).

Enfim, Sem Escalas pode não ser tão bom quanto A Órfã e Desconhecido, mas mesmo assim ainda é melhor do que a maioria dos suspenses lançados por aí.

p.s.: Algumas vezes durante o filme mencionam o voo de 6 horas como um voo “longo”. Pô, ir do Brasil pra Europa é bem mais demorado…

Picardias Estudantis (1982)

0-Picardias EstudantisCrítica – Picardias Estudantis

Posso falar de um filme que todo mundo viu?

Picardias Estudantis acompanha um grupo de jovens que frequentam a escola Ridgemont High, seus relacionamentos e suas primeiras experiências com a vida adulta.

Os mais novos devem achar Picardias Estudantis (Fast Times at Ridgemont High, no original) um filme bobo de sessão da tarde. Mas, para quem viveu os anos 80, o filme mostra um irresistível painel do que foi a década.

A trama é simples, mas flui bem, com diálogos bem costurados entre os diferentes personagens, todos bem construídos. Ok, temos que admitir que rolam clichês, mas isso faz parte do processo de se fazer um filme neste estilo. A trilha sonora também é muito boa.

Picardias Estudantis tem pedigree: o roteiro é de Cameron Crowe (baseado no livro escrito por ele mesmo), que anos depois dirigiria Quase Famosos, Vanilla Sky e Jerry Maguire; a direção é de Amy Heckerling, que depois faria os primeiros Olhe Quem Está Falando e As Patricinhas de Beverly Hills.

O elenco traz várias curiosidades. Alguns protagonistas viraram grandes estrelas, outros sumiram. E alguns coadjuvantes também entraram para o primeiro escalão de Hollywood.

O primeiro nome nos créditos é Sean Penn, hoje um grande astro, na época um jovem magrelo – e que já mostrava talento. Seus dois companheiros na tela são Eric Stoltz (Pulp Fiction, Parceiros do Crime), e aquele que quase não fala é Anthony Edwards, que depois fez A Vingança dos Nerds e foi o coadjuvante de Tom Cruise em Top Gun. Judge Reinhold anda meio sumido, mas ainda fez sucesso nos anos 80 com os dois Um Tira da Pesada. Por outro lado, o jogador de futebol americano, personagem secundário, é ninguém menos que Forest Whitaker, ganhador do Oscar de melhor ator em 2007 por O Último Rei da Escócia. E, prestem atenção: um cara de boné que está algumas vezes ao lado de Reinhold, mas não tem nenhum diálogo, é um tal de Nicolas Cage, aqui ainda era creditado como Nicolas Coppola. Robert Romanus e Brian Backer tinham papeis importantes aqui, mas sumiram depois do fim dos anos 80. Ainda no elenco, Vincent Schiavelli e Ray Walston como professores.

Entre as meninas, os papeis principais são de Jennifer Jason Leigh e Phoebe Cates. A primeira se tornou uma atriz conhecida e tem grandes performances até hoje; a segunda se aposentou…

Ah, uma última curiosidade no elenco: sabe a loura que ri de Reihhold quando ele está dirigindo fantasiado de pirata? É Nancy Wilson, vocalista do grupo Heart. Anos depois, Nancy se casaria com Cameron Crowe, o roteirista. Mas não sei se este filme teve algo a ver com isso…

Sou de uma geração que se identifica com a década de 80, então gosto muito do filme. Mas reconheço que talvez a juventude atual ache o filme datado demais. Verdade, talvez seja até o caso de filme que pede uma refilmagem atualizada. Enfim, para alguns, Picardias Estudantis pode ser apenas um “filme bobo de sessão da tarde”. Mas, para este que vos escreve, é um “filme de cabeceira”!

p.s.: Em determinada cena, logo no início, um cambista oferece um ingresso para ver um show do Van Halen, em um local próximo ao palco. O preço cobrado pelo cambista é 20 dólares, porque o ingresso original custava 12,50 dólares. Ah, heu queria estar nos EUA e ter idade para ver shows em 1982!

p.s.2: Olha o oportunismo desta capa de dvd, aqui embaixo. “Também estrelando Nicholas Cage e Anthony Edwards” – acho que a maior parte do público termina o filme sem reparar nos dois…

0-Picardias Estudantis2

Planeta dos Macacos – O Confronto

0-Planeta dos Macacos-posterCrítica – Planeta dos Macacos – O Confronto

Cesar está de volta!

Dez anos depois da “Batalha da Golden Gate”, os macacos se organizaram em sociedade, enquanto um vírus se espalhou e dizimou boa parte da população humana. Tensões crescem em ambos os lados, e o confronto está iminente.

Não sei se podemos chamar este Planeta dos Macacos – O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes, no original) de “o segundo” filme da franquia, já que, na verdade, é o oitavo filme usando este universo – tivemos cinco filmes entre 1968 e 73, mais uma refilmagem decepcionante feita pelo Tim Burton em 2001. Até que houve o reboot em 2011, Planeta dos Macacos – A Origem. O filme novo é a continuação do reboot.

Dirigido por Matt Reeves (Deixe-Me Entrar, Cloverfield), Planeta dos Macacos – O Confronto mantém o alto nível do filme anterior. Roteiro bem amarrado, bons personagens, ação e tensão na dose certa, e efeitos especiais impressionantes.

Um parágrafo à parte pra falar dos efeitos especiais. Ok, a tecnologia de captura de movimento não é exatamente uma novidade, já vimos isso antes. Mas a perfeição alcançada pelos gorilas deste novo filme é ainda mais impressionante que no filme de 2011. Andy Serkis já foi o Gollum, já foi o King Kong, e já tinha sido o Cesar no filme anterior. Aqui, Serkis é o grande nome do filme – seu personagem é o mais complexo, e consegue passar todo o seu conflito interno através de olhares e expressões – isso tudo sem mostrar a cara no filme!

Se por um lado Andy Serkis está excelente, por outro, Gary Oldman decepciona. Oldman é um grande ator, mas aqui está apagado. Digo mais: seu papel poderia ser interpretado por qualquer ator mediano. Aliás, ninguém do “elenco humano” se destaca – e achei Kirk Acevedo um pouco over, com um personagem muito previsível. Ainda no elenco, Jason Clarke, Keri Russel e Kodi Smit-McPhee. Ah, Judy Greer está no elenco dos macacos, o que nos leva a crer que seu personagem terá maior destaque em uma provável continuação.

Uma coisa que me incomodava na série orginal, dos anos 60/70, é que mostrava os macacos evoluídos, mas ninguém explicava por que os humanos tinham involuído. Este reboot explica a decadência da raça humana, conseguimos entender o contexto de como as coisas aconteceram. Neste segundo filme, as duas sociedades – macacos e humanos – estão quase pau a pau, e tudo flui bem quando o confronto anunciado pelo subtítulo acontece.

Por fim, uma falha que acontece em quase todas as franquias blockbusters: Planeta dos Macacos – O Confronto não tem fim. Temos que esperar o terceiro (ou nono) filme…

Uma Cilada Para Roger Rabbit (1988)

roger rabbitCrítica – Uma Cilada Para Roger Rabbit

Hora de rever o genial Roger Rabbit!

Um detetive alcoólatra que odeia desenhos é a única esperança de um coelho quando este é acusado de assassinato.

Lançado em 1988, Uma Cilada Para Roger Rabbit (Who Framed Roger Rabbit, no original) foi um filme revolucionário. Misturar atores “live action” com desenhos animados não era novidade, mas isso sempre acontecia com a câmera parada, e o desenho em apenas duas dimensões – era um ator e uma “folha de papel”. Aqui, os desenhos tinham volume, e a câmera não era estática. Pela primeira vez tínhamos desenhos “sólidos” contracenando com atores! E precisamos nos lembrar que não existia cgi – foi tudo desenhado na mão!

Uma Cilada Para Roger Rabbit tinha outra característica incomum. Devido a uma série de acordos entre diferentes estúdios, nós temos personagens de universos diferentes interagindo. Em uma cena, Patolino e Pato Donald tocam piano; em outra, Mickey e Pernalonga pulam de paraquedas. São vários os personagens da Disney e da Warner, além de outros como Betty Boop, Droopy e Pica-Pau. Não me lembro, na história do cinema, de um “crossover” de personagens tão expressivo como este.

Tudo isso seria pouco importante se o filme fosse fraco – o que felizmente não é. Uma Cilada Para Roger Rabbit é divertidíssimo, traz uma boa homenagem aos filmes noir, no personagem Eddie Valiant, e ao mesmo tempo ao humor de desenhos animados antigos. O humor presente no filme é genial! A sequência inicial – o curta do bebê procurando os biscoitos – é de rolar de rir. E ao longo do filme vemos várias cenas com este estilo de humor absurdo, sempre com um pé no humor negro – como nos bons tempos dos desenhos do Pernalonga, do Pica Pau e do Tom & Jerry (que não estão no filme, infelizmente).

Uma Cilada Para Roger Rabbit foi produzido pela Disney e pela Amblin, produtora de Steven Spielberg. A direção ficou a cargo de Robert Zemeckis, que estava em ótima fase – Roger Rabbit foi feito entre De Volta Para o Futuro (1985) e as suas continuações (lançadas em 89 e 90). Não sei se a experiência em Roger Rabbit teve alguma influência nisso, mas anos depois Zemeckis voltaria ao universo das animações, com os longas Expresso Polar (2004), Beowulf (07) e Os Fantasmas de Scrooge (09).

No elenco, o pouco conhecido Charles Fleischer tem o destaque: é dele a voz do Roger Rabbit, e, de quebra, ele ainda faz as vozes do Benny The Cab e de duas doninhas. Mas não podemos menosprezar o trabalho de Bob Hoskins, que teve que contracenar boa parte do tempo com um personagem inexistente (diz a lenda que Fleischer teria vestido uma fantasia de coelho para ajudar Hoskins durante as filmagens). Outra voz importante é a de Kathleen Turner, no papel de Jessica Rabbit (quando ela canta, é dublada pela Amy Irving, então sra. Spielberg). Curioso notar que, nesta época, Turner e sua voz grave eram símbolos sexuais – mas poucos anos depois, ela interpretaria um travesti na série Friends. E, claro, não podemos deixar de citar Christopher Lloyd, ótimo como o vilão. Ah, de curiosidade: o próprio Mel Blanc, que fazia as vozes de todos os personagens da turma do Pernalonga nos desenhos clássicos, trabalhou na dublagem aqui, repetindo seus personagens famosos – é dele as vozes do Pernalonga, do Patolino, do Gaguinho, do Frajola e do Piu Piu.

Uma Cilada Para Roger Rabbit ganhou 4 Oscars – efeitos visuais, edição, som e efeitos sonoros. Também foi indicado para fotografia e direção de arte. Mas o que chama a atenção são os efeitos visuais – se bem que, para os nossos olhos atuais, acostumados com cgis perfeitos, alguns efeitos já não são tão impressionantes.

Entre os extras do dvd e do blu-ray, têm os três engraçadíssimos curtas que fizeram com o Roger Rabbit e o Baby Herman na época. Lembro que um deles, o da montanha russa, passou nos cinemas brasileiros na época, antes de algum filme – não me lembro qual. Os outros dois, só vi quando comprei o dvd.

Por fim, uma coisa curiosa. Tenho o dvd e o blu-ray nacionais. Como vi com meus filhos, procurei a versão dublada. E tive que ver o dvd, porque no blu-ray nacional, edição especial de 25 anos, não tem dublado em português – além do original em inglês, só tem dublado em francês e em russo…

Mulheres Perfeitas (2004)

0-mulheres-perfeitasCrítica – Mulheres Perfeitas (2004)

Quando uma alta executiva da tv é demitida e entra em depressão, seu marido a leva para a comunidade de Stepford, em Connecticut, onde todas as mulheres são perfeitas – às vezes até demais.

Frank Oz, além de ter sido o braço direito de Jim Henson nos Muppets e de ter interpretado o Yoda, também era diretor. Não é uma carreira muito extensa (12 longas, segundo o imdb), mas tem alguns filmes excelentes – sou muito fã da sua versão de A Pequena Loja dos Horrores. Oz aqui apresenta mais um bom filme.

Este Mulheres Perfeitas é uma refilmagem de Esposas em Conflito, de 1975, inspirado no livro “As Possuídas”, de Ira Levin, lançado em 1972 (todos têm o nome original “Stepford Wives”). Não vi o original, mas pelo que li, é mais sério, mais puxado para o suspense. Esta versão de 2004 não tem nada de suspense, é uma boa comédia de humor negro.

O clima de Mulheres Perfeitas é de uma deliciosa farsa. Tanto é uma farsa que ninguém trabalha naquela cidade, mas todos têm um alto padrão de vida. Os figurinos, a cenografia e a inspirada trilha sonora de David Arnold (parece Danny Elfman, não?) ajudam no clima farsesco.

Algumas características das mulheres de Stepford são inconsistentes. A cena que uma mulher vira um caixa eletrônico não é coerente com a cena final, por exemplo. Falha do roteiro, precisamos reconhecer…

O elenco é excelente. Nicole Kidman está perfeita no papel principal tanto antes, como executiva estafada, quanto depois, como “mulher perfeita”. Christopher Walken exercita sua divertida canastrice com um papel que é a sua cara. Bette Midler, exagerada como sempre, ganhou um papel exagerado que que combina com o seu estilo. Matthew Brodderick é que está um pouco apagado… Ainda no elenco, Glenn Close, Jon Lovitz, Roger Bart e Faith Hill.

Mulheres Perfeitas não é o melhor filme de Frank Oz. Mas pode divertir quem entrar no clima.

O Espelho

Oculus-posterCrítica – O Espelho

Filme de terror novo na área!

Ao completar 21 anos, um jovem sai de uma instituição onde passou os últimos onze anos, acusado de assassinar seus pais. Sua irmã, dois anos mais velha, tenta provar que os crimes foram cometidos por causa de um poder sobrenatural que reside em um espelho que estava na casa onde moravam.

Em 2011, Mike Flanagan chamou a atenção ao escrever, dirigir e editar Absentia, um filme que, apesar de ser quase amador, é melhor do que muita produção bancada por estúdios com grana. O Espelho (Oculus, no original) é seu novo filme, desta vez com mais recursos.

Baseado no curta Oculus: Chapter 3 – The Man with the Plan (de 2006) escrito e dirigido por ele mesmo, Flanagan, co-escreveu um roteiro muito bem construído. A linha temporal do filme se alterna entre o passado e o presente ao longo da projeção, e em momento nenhum o espectador fica perdido. Além disso, o roteiro também é eficiente ao brincar com ilusão versus realidade.

Por outro lado, talvez o filme decepcione alguns, já que é um terror quase sem sustos. E confesso que não gostei dos fantasminhas que aparecem desde a primeira cena. Pelo menos o clima de suspense funciona bem, assim como os discretos efeitos especiais e de maquiagem.

No elenco, Karen Gillan (da série Dr Who, e que estará em breve em Guardiões da Galáxia) segura bem a onda como a protagonista. Mas quem chama a atenção é Katee Sackhoff, a Starbuck de BSG – ela aparece menos, mas está impressionante. Outro “televisivo” é Rory Cochrane, que fazia CSI Miami e também esteve em 24 Horas. Brenton Thwaites, o príncipe de Malévola, fecha o elenco principal, ao lado das crianças Annalise Basso e Garrett Ryan.

Infelizmente, O Espelho só foi lançado em salas da Zona Oeste e Zona Norte do Rio de Janeiro. Algumas distribuidoras acham que ninguém na Zona Sul gosta de filme de terror…

Labirinto – A Magia do Tempo

labirintoCrítica – Labirinto – A Magia do Tempo

Pro podcast de bonecos, fui rever Labirinto, filme que heu não via desde a época do lançamento nos cinemas.

A adolescente de 15 anos Sarah acidentalmente deseja que seu meio irmão bebê seja levado por Jareth, rei dos duendes, que ficará com o bebê e o transformará em um duende se Sarah não terminar o labirinto em 13 horas.

Lançado em 1986, Labirinto – A Magia do Tempo (Labyrinth, no original) foi o último filme dirigido por Jim Henson, o criador dos Muppets, que viria a falecer em 1990. Baseado num roteiro de Terry Jones (ele mesmo, do Monty Python), e com George Lucas como um dos produtores, Henson fez um dos melhores filmes de fantasia da década de 80.

Os bonecos são muito bem feitos, tanto os marionetes e fantoches, quanto os maiores, com gente dentro da fantasia. Jim Henson não ia dar mole na área onde é especialista, né? E a maior parte dos efeitos especiais continua convincente – a primeira entrada de Sarah no labirinto ainda impressiona!

O elenco tem basicamente três atores – outros aparecem, mas muito rapidamente. David Bowie já era um nome bem famoso na música, e ainda era um ator bissexto. Mas o nome a ser citado é Jennifer Connelly, então com 15 anos, em um de seus primeiros sucessos (ela tinha feito um papel pequeno em Era Uma Vez na América em 1985, e estrelado o underground Phenomena, do Dario Argento, em 86). E chega a dar pena do bebê Toby Froud – que depois, adulto, trabalharia nos efeitos especiais de Crônicas de NárniaParanorman. O menino chora boa parte do filme.

(Dentro dos bonecos, tem algumas pessoas conhecidas, como Frank Oz, Kenny Baker, Warwick Davis, Jack Purvis, Brian Henson e Ron Mueck – hoje conhecido como escultor. Mas não dá pra ver…)

Como ponto fraco, a parte musical de David Bowie perdeu a validade. Nada contra o som ser datado por ter muita cara de anos 80, mas, na boa, não rola um vilão que fica cantando e dançando. Pelo menos a cena com o labirinto “escheriano”, com gravidades em ângulos diferentes, ficou bem legal, apesar da música.

Existem pela internet alguns estudos psicológicos sobre o filme. Pode até existir um fundo psicológico, mas prefiro ver Labirinto como uma fábula. E uma fábula que continua gostosa de se ver.

O Grande Hotel Budapeste

0-grandehotel budapesteCrítica – O Grande Hotel Budapeste

Outro dia falei que o cinema contemporâneo tem poucos “autores”, e citei como exemplos o Tim Burton e o Terry Gilliam. Olha, a gente precisa incluir o Wes Anderson (Moonrise Kingdom) neste seleto clubinho.

O Grande Hotel Budapeste conta as aventuras de Gustave H, um lendário concierge de um famoso hotel europeu entre as as duas grandes guerras; e Zero Moustafa, o lobby boy que vira o seu melhor amigo.

O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel, no original) parece uma fábula. Wes Anderson tem um estilo de filmar onde todas suas cenas parecem mágicas. Parece que estamos lendo um livro de contos infantis!

A fotografia de seus filmes chama a atenção. Arrisco a dizer que o diretor deve ter TOC, cada plano é bem cuidado, tudo simétrico, sempre com o objeto centralizado no meio da tela. Isso, somado a cenários meticulosamente escolhidos e à boa trilha sonora de Alexandre Desplat, torna O Grande Hotel Budapeste um espetáculo visual belíssimo de se ver.

E não é só o visual que chama a atenção. O filme é repleto de personagens exóticos – e, detalhe importante: todos têm sua importância na trama, nenhum parece forçado. E o elenco é impressionante, sugiro checar os nomes no poster – é tanta gente que fica até difícil reconhecer todos ao longo do filme: F. Murray Abraham, Mathieu Almaric, Adrien Brody, Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Harvey Keitel, Jude Law, Bill Murray, Edward Norton, Saoirse Ronan, Jason Schwartzman, Léa Seydoux, Tilda Swinton, Tom Wilkinson e Owen Wilson. Curiosamente, o protagonista é interpretado pelo desconhecido Tony Revolori. Bem, o filme é centrado em dois personagens, não sei exatamente qual do dois seria o principal. Mas sendo que o outro é o Ralph Fiennes, claro que Revolori será chamado de coadjuvante…

Pelo estilo visual de Wes Anderson, talvez O Grande Hotel Budapeste não agrade a todos. Outro problema é que o filme está sendo vendido como uma comédia, e o humor do filme é um humor peculiar, porque diverte mas não causa risadas.

Mas quem entrar no espírito da fábula vai se divertir com a aventura!

Reino de Fogo

Reino de FogoCrítica – Reino de Fogo

Dragões voadores e cuspidores de fogo surgem de dentro de escavações e começam a destruir o mundo. Anos depois, num cenário pós apocalíptico, os poucos humanos que sobraram lutam para sobreviver.

Não sei por que este Reino de Fogo (Reign of Fire, no original), o ponto alto na carreira de Rob Bowman (Arquivo X – O Filme, Elektra), é pouco badalado. Além de Christian Bale, Matthew McConaughey e Gerard Butler no elenco, o filme tem alguns dos melhores dragões já mostrados no cinema.

Ok, a história é difícil de “comprar”. Logo na primeira cena, quem deixaria um garoto sozinho em uma escavação daquelas? E depois, sério que eles querem que a gente acredite que nenhuma arma de fogo conseguiu derrotar os dragões, e mesmo assim eles vão usar flechas??? Talvez isso funcionasse melhor se a história se passasse na Idade Média, ou então em uma realidade paralela bizarra como João e Maria – Caçadores de Bruxas (clima medieval, mas com armas de fogo). Mas – a trama se situa nos dias atuais! (Tem mais algumas coisas forçadas no roteiro, mas deixa pra lá…)

A boa notícia é que quem aceitar a trama “meio” forçada vai se divertir. O cgi dos dragões é muito bem feito – o filme é de 2002, e mesmo assim os dragões são impressionantes! Digo mais: talvez estes sejam os dragões mais assustadores do cinema até hoje. Diferente do padrão atual que vemos hoje em dia, com dragões inteligentes por aí – Smaug, Banguela, Malévola, Mushu -, os dragões aqui são feras selvagens. E o dragãozão que aparece no fim é provavelmente o maior dragão do cinema (tirando os “alfas” de Como Treinar Seu Dragão 2, que pouco se mexem).

No elenco, os três citados ainda eram nomes menores em Hollywood naquela época – Bale e McConaughey eram estrelas em ascensão (hoje ambos têm Oscars), com alguns bons filmes em seus currículos, mas ainda sem nomes muito fortes; e Butler era apenas um coadjuvante. A ex-bond girl Izabella Scorupco faz o papel feminino principal. Curioso notar que hoje, 12 anos depois, os três homens têm muito mais star power, enquanto Izabella sumiu…

Por fim, rola uma divertida citação ao Império Contra Ataca. Os fãs de Guerra nas Estrelas vão gostar.

Muppets 2: Procurados e Amados

0-muppets-2-posterCrítica – Muppets 2: Procurados e Amados

Ueba! Os Muppets estão de volta!

Um empresário propõe aos Muppets uma turnê pela Europa. Mas é uma armadilha: Constantine, o sapo mais perigoso do mundo, toma o lugar de Kermit, que é levado para uma prisão na Sibéria, enquanto a trupe participa – sem saber – de assaltos a bancos.

Uma das coisas mais legais dos filmes dos Muppets é como eles usam a metalinguagem. Sempre brincam com a linguagem da tv e do cinema, e nunca levam uma trama a sério. Aqui, isso fica claro logo na primeira cena, um número musical que diz “estamos fazendo uma sequência, que não deve ficar tão boa quanto o primeiro filme” (ao longo da música, um personagem lembra que na verdade este seria o oitavo filme…). Bem, discordo da música. Muppets 2: Procurados e Amados (Muppets Most Wanted, no original) é, na minha humilde opinião, tão bom quanto o filme de 2011.

Mais uma vez dirigido por James Bobin, Muppets 2 traz tudo o que se espera de um filme dos Muppets. O humor presente aqui, nonsense, ao mesmo tempo bobo e inteligente, tem várias piadas internas e situações absurdas (eles vão de trem dos EUA até Berlim!). E alguns números musicais são ótimos (“I’ll Get You What You Want” é sensacional, tanto a música quanto a cena em si).

Li no imdb algumas pessoas criticando os personagens que brincam com clichês europeus. Discordo, é uma piada. Quem se sentiu ofendido deve ser algum chato politicamente correto.

No elenco principal, temos Caco (aqui chamado de Kermit), Miss Piggy, Fozzie, Gonzo, Animal, Walter e um incontável número de outros Muppets conhecidos. Ah, também temos alguns atores “humanos”. Ricky Gervais me pareceu um pouco forçado; já Ty Burrell, de Modern Family, e Tina Fey, de 30 Rock, estão ótimos, mesmo com papeis mais caricatos.

Ainda sobre o elenco, Muppets 2 tem um número incrível de participações especiais, várias delas aparecendo em apenas uma curta cena: Christoph Waltz, Chloë Grace Moretz, James McAvoy, Tom Hiddleston, Salma Hayek, Lady Gaga, Tony Bennet, Zach Galifianakis, Frank Langella, Toby Jones, Ray Liotta, Danny Trejo, Jemaine Clement, Rob Corddry, Miranda Richardson, Saoirse Ronan, Til Schweiger e Stanley Tucci, entre outros. E Céline Dion faz um dos números musicais – ao lado dos Muppets!

Infelizmente, os Muppets hoje em dia não têm muito espaço na mídia, talvez por serem adultos demais para as crianças, e ao mesmo tempo infantis demais para os pais. Mas, na humilde opinião deste que vos escreve, o humor dos Muppets tem a dose ideal. Pena que poucos pensam o mesmo.

p.s.: “Boa Noite, Danny Trejo” concorre fácil ao prêmio de melhor piada do ano!