Sob a Pele

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Crítica – Sob a Pele

Scarlett Johansson em cenas de nu frontal! Nuff said!

A sinopse: uma alienígena seduz e captura homens pelas ruas da Escócia. Aos poucos, ela começa a ter questionamentos sobre isso.

Mais ou menos um mês atrás, vazaram na internet umas imagens da Scarlett Johansson nua, tiradas de seu novo filme. Um amigo meu comentou: “tiro no pé, muita gente vai deixar de ver o filme porque já viu as imagens”. Nada disso, foi um ótimo marketing. Porque muita gente vai querer ver o filme só pela nudez. Que, na verdade, é uma das poucas coisas boas de Sob a Pele.

O filme é lento e pretensioso. Parece que o diretor Jonathan Glazer quis imitar o Kubrick, mas errou longe. Caro sr. Glazer, não basta fazer uma ficção científica cabeça contemplativa. Precisa ter talento.

O filme é tão lento que quase procurei nos créditos se o editor tinha o sobrenome Caymmi. O filme é tão lento que, em uma cena, quando a protagonista pega uma garfo para comer bolo, cochilei quando ela estava cortando o bolo com o garfo, e acordei antes do garfo chegar à boca!

Mas o filme não é ruim só porque é lento, filmes lentos podem ser bons. Sob a Pele é ruim porque não tem ritmo, porque a história é rasa, porque as atuações são ruins, porque a trilha sonora é irritante…

O diretor teve uma ideia que podia ter um resultado interessante. Tinha uma câmera escondida no carro que Scarlett dirigia pelas ruas de Glasgow – as pessoas que ela encontra não são atores, são pessoas “normais” que estavam passando na hora. Por um lado, foi interessante ver a reação espontânea dos homens ao serem abordadas por uma mulher bonita aparentando segundas intenções. Por outro lado, o resultado parece um documentário, e só serviu para deixar o filme ainda mais chato. E o sotaque escocês fortíssimo só atrapalhou.

Tem outra coisa: o roteiro não explica quase nada. Só fui entender alguns detalhes da história quando li o fórum do imdb. Um filme que necessita de “manual de instruções” é um filme que falhou, na minha humilde opinião.

Pra não dizer que nada se salva, gostei do efeito usado para a captura das vítimas, num ambiente escuro com o chão espelhado. Apesar da trilha irritante, as cenas ficaram bem legais.

E a “Scarlett Johansson pelada”? Bem, nisso o filme não decepciona. Ela aparece sem roupa algumas vezes. Por outro lado, sua atuação está apática, ela faz olhar de peixe morto por todo o filme. Os fãs dos atributos físicos da atriz vão gostar, mas quem for esperando uma grande atuação vai quebrar a cara.

Enfim, desnecessário. A não ser para aqueles que têm insônia.

A Vida Secreta de Walter Mitty

walter mittyCrítica – A Vida Secreta de Walter Mitty

Filme novo dirigido pelo Ben Stiller. Seu último foi o bom Trovão Tropical, será que ele manteve o nível?

Walter Mitty é um sonhador, que vive perdido em aventuras dentro da sua cabeça, sempre cheias de ação, heroísmo e romantismo. Quando seu emprego está ameaçado, ele acaba embarcando em uma viagem real por paisagens exóticas que se revelará mais extraordinária do que os seus sonhos.

Dirigido e estrelado por Ben Stiller, A Vida Secreta de Walter Mitty (The Secret Life of Walter Mitty, no original) começa muito bem. Mas infelizmente não segura a onda.

A melhor coisa de Walter Mitty são as viagens internas do protagonista, que só acontecem no início do filme. Quando ele parte para a viagem real, o filme muda de tom – em vez da divertida farsa, o filme fica com cara de livro de auto-ajuda.

A segunda parte não é ruim, visitamos belas locações na Islândia (Walter Mitty também vai para a Groenlândia e o Afeganistão, mas tudo foi filmado na Islândia), e temos um bom uso da trilha sonora (gostei do “momento Space Oddity”, usando a música do David Bowie, parcialmente cantada pela Kristen Wiig). Mas é bem menos interessante do que a primeira parte.

A parte final força um pouco a barra, dificilmente o carinha da barba ia usar aquela foto na primeira página. Mas isso é a minha opinião.

O elenco está bem. Ben Stiller não é um grande ator, mas funciona perfeitamente para o que o papel pede. Kristen Wiig mais uma vez mostra que deveria ganhar papeis de destaque nas comédias contemporâneas (assim como tínhamos visto em Paul). Sean Penn pouco aparece, e está ótimo como o excêntrico fotógrafo Sean O’Connel. Ainda no elenco, Shirley MacLaine e Adam Scott

Stiller não pode não ter feito um filme tão bom quanto Trovão Tropical, mas este A Vida Secreta de Walter Mittyh vai agradar boa parte do público.

 

Nurse 3D

0-Nurse3DCrítica – Nurse 3D

Durante o dia, Abby Russell é uma enfermeira dedicada, alguém que você não hesitaria em confiar a sua vida. Mas à noite, seu verdadeiro trabalho começa: ela seduz homens que traem suas mulheres e os assassina brutalmente.

Nurse 3D é um daqueles filmes de baixo orçamento que não se propõem a ser grandes filmes. A proposta é uma simples diversão descompromissada e descartável com atores pouco conhecidos. Se visto sob este ângulo, funciona.

O filme foi co-escrito e dirigido por Douglas Aarniokoski, nome pouco conhecido, mas com um currículo interessante como assistente de direção e diretor de segunda unidade: ele trabalhou em Medo e Delírio, Resident Evil 3, no primeiro Austin Powers, e em vários filmes do Robert Rodriguez, como Um Drink no Inferno, Prova Final, Era Uma Vez no México, Grande Hotel e Pequenos Espiões.

Pena que o roteiro não é lá grandes coisas. Nurse 3D tem uma falha básica: a enfermeira Abby dá muita bandeira, ela seria descoberta facilmente. Logo na primeira cena, ela joga um cara do alto de um prédio. Mas eles estavam antes em um lugar público, com dezenas de testemunhas.

O filme traz muito gore e muita nudez feminina. Só acho que a Katrina Bowden (30 Rock) podia ser um pouquinho mais generosa, ela só aparece de longe. Já a Paz de la Huerta (Boardwalk Empire) está bem à vontade – if you know what I mean. Ainda no elenco, participações especiais dos sumidos Kathleen Turner, Judd Nelson e Martin Donovan.

Vi a versão em 2D, mas este parece ser um daqueles que valem vistos em 3D – várias coisas são jogadas na direção da tela – na minha humilde opinião o único tipo de 3D que vale a pena.

Star Wars Holiday Special

0-Star-Wars-Holiday-SpecialCrítica – Star Wars Holiday Special

Em comemoração ao “Star Wars Day” (por causa do trocadilho “may the four” be with you), tomei coragem e revi o famoso Star Wars Holiday Special. Pena que é famoso pelo motivo errado.

A trama: depois dos acontecimentos de Guerra nas Estrelas (na época não tinha esse papo de “episódio”), Chewbacca está voltando para casa em Kashyyyk, onde vai encontrar sua família para celebrar o “dia da vida”, uma espécie de dia de ação de graças wookie.

Mas, antes de falar do filme, vou contar um causo da minha infância. Quando Guerra nas Estrelas passou nos cinemas brasileiros, em 1978, heu tinha 7 anos, e meu pai disse que heu não tinha idade para ver o filme. Não existia video cassete, muito menos internet. Então, colecionei o álbum, mas não vi o filme (só consegui ver quando teve uma reprise depois do lançamento de O Império Contra Ataca).

Mas, eis que surge uma propaganda: ia passar Guerra nas Estrelas na tv! Acho que era na TVS, mas não tenho certeza. Minha família ia viajar, consegui convencê-los a adiar a viagem pra poder ver – não tinha como gravar pra ver depois!

Lembro da decepção na hora, porque não era o filme que heu achava que seria. Mas não me lembrava se era ruim ou não.

Anos se passaram, e, em uma convenção, encontrei um dvd pirata em uma banquinha com o tal Star Wars Holiday Special. Comprei, junto com outros dvds com vários extras. Naquela época, já sabia que era ruim. Um dia, resolvi ver. Mas, olha a ironia – me venderam o disco errado dentro da caixinha do dvd!

Mais alguns anos se passaram, e hoje o Star Wars Holiday Special é facilmente encontrável pela internet. Finalmente, encarei as quase duas horas de um dos filmes mais trash da minha vida!

Pra quem não sabe do que se trata: é um especial de tv do canal CBS, que foi ao ar em 17 de novembro de 1978 (não tenho ideia de quando passou aqui). Parece que George Lucas queria manter a franquia na cabeça das pessoas antes do lançamento de O Império Contra Ataca, então aprovou um roteiro e delegou pessoas para desenvolverem o projeto. Mas parece que foram as pessoas erradas…

A ideia podia funcionar. Afinal, tá todo mundo lá – o elenco conta com Mark Hammill, Harrison Ford, Carrie Fisher, Anthony Daniels, Peter Mayhew e até a voz de James Earl Jones como Darth Vader. Era só não esticar demais. Tem MUITA encheção de linguiça!

Provavelmente por razões mercadológicas, fizeram um programa de duas horas (são 97 minutos mais os intervalos). Então o filme mostra o tédio da família wookie enquanto espera pelo Chewbacca. A história é interrompida o tempo todo por números musicais nada a ver com a trama, além de um número de circo (!). E isso porque não estou falando de outras coisas inúteis, como um programa culinário apresentado por um homem vestido de mulher com quatro braços…

Não falei, mas as atuações do elenco são todas péssimas – tanto o elenco principal de atores pouco conhecidos hoje em dia (Art Carney, Bea Arthur, Harvey Korman) quanto as participações especiais dos atores do filme. Os cenários e efeitos especiais têm a qualidade (ou falta de qualidade) coerente com uma produção vagabunda de tv dos anos 70. Mas o pior de tudo, sem dúvida, é a falta de ritmo. As duas horas parecem durar muito mais, o especial é interminável!

Ah, tem o desenho, a única coisa “boa” que veio deste especial desastroso. Determinado momento, o filho do Chewbacca, preocupado com o pai, liga a tv pra ver um desenho animado – que tem o pai como um dos protagonistas. Sim, também não vi a lógica de colocar o filho vendo o pai através de um desenho animado, mas, no meio do caos que é o Star Wars Holiday Special, nem vou questionar isso. A importância deste desenho é que foi a primeira aparição do Bobba Fett, um dos personagens secundários mais cultuados da história.

Ah, o desenho é apenas médio. Ou seja, muito melhor que todo o resto do especial. 😉

Resumindo: se fosse um especial de meia hora, sem as participações off-Star Wars, talvez fosse algo relevante no cânon da franquia. Do jeito que ficou, todos os envolvidos querem esquecer este desastre.

A versão que vi é a “rifftrax”. São três pessoas fazendo comentários engraçadinhos em áudio ao longo de todas as quase duas horas – fazem piadas até em cima dos intervalos comerciais (algumas propagandas são tão ruins quanto o especial em si). Às vezes eles falam demais, heu gostaria de ter ouvido a Carrie Fisher cantando. Mas admito que alguns momentos ficaram hilários, ri alto no momento “I see a little sillouetto of a man”….

Star Wars Holiday Special nunca foi reprisado. Também não foi lançado em vhs, dvd ou blu-ray. Diz a lenda que o George Lucas, num “momento Xuxa”, tentou comprar e destruir todas as cópias. Hoje está no youtube e em outros sites de download, qualquer um pode ver.

Só precisa ter coragem. Não é para os fracos!

O Conselheiro do Crime

ConselheiroDoCrimeCrítica – O Conselheiro do Crime

Filme novo do Ridley Scott, estreia de roteirista famoso, elenco estelar… Será que presta?

Um advogado tem sua cabeça posta a prêmio após envolver-se com o submundo do tráfico de drogas.

O Conselheiro do Crime (The Counselor, no original) é o primeiro roteiro para cinema do premiado escritor Cormac McCarthy (que escreveu os livros onde se basearam Onde os Fracos Não Têm Vez e A Estrada). Os fãs do autor estavam com a expectativa alta. Mas, como roteirista, McCarthy se mostrou apenas mediano. Seu filme é linear e previsível, o roteiro não tem nenhuma reviravolta – tudo o que a gente imagina desde a primeira cena vai acontecer.

Pra piorar, tem a verborragia. Alguns diálogos são longos demais e chegam a tornar o filme cansativo. Algumas cenas poderiam ser bem mais curtas, outras nem precisavam estar aqui – por exemplo, qual o sentido da cena do confessionário?

O que salva é o talento dos realizadores, tanto atrás quanto à frente das câmeras. Com a experiência de quase quatro décadas de bons filmes no currículo, o diretor Ridley Scott consegue belas imagens mesmo quando conta uma história simples.

O outro destaque está no elenco. Michael Fassbender, um dos melhores atores contemporâneos, arrebenta – como era de se esperar. Javier Bardem e Brad Pitt também estão inspirados, como o quase sempre. A surpresa está com a Cameron Diaz, que estamos acostumados a ver em papeis bobinhos, e que aqui está excelente num papel de mulher fatal. Penelope Cruz é que não se destaca, mas também seu papel de esposa inocente não ajuda. Ainda no elenco, Rosie Perez, John Leguizamo, Bruno Ganz, Natalie Dormer e Dean Norris.

Mas, apesar do talento das pessoas envolvidas, O Conselheiro do Crime fica devendo. Ridley Scott já fez coisa bem melhor.

p.s.: O título nacional, mais uma vez, pisa na bola. O protagonista é um advogado, que não aconselha ninguém – pelo contrário, passa o filme inteiro ouvindo conselhos.

The Raid 2 – Berandal

0-TheRaid2-posterCrítica – The Raid 2 – Berandal

Quando pesquisei quais filmes estariam em cartaz em Londres na mesma época da minha viagem, planejei os pontos imperdíveis da minha viagem: London Eye, Madame Tussaud, o musical We Will Rock You, Camden Town – e uma sessão de cinema para ver The Raid 2 – Berandal.

A sinopse: depois de sobreviver ao primeiro filme, Rama agora tem que virar um policial infiltrado em uma guerra da máfia em Jakarta, Indonésia.

Para quem não viu: o filme indonésio The Raid Redemption, lançado aqui em dvd/blu-ray como Operação Invasão, é um dos melhores filmes de ação dos últimos tempos. Pena que foi mal lançado e quase ninguém conhece.

Agora veio a continuação, escrita, dirigida e editada pelo mesmo Gareth Evans. Se o primeiro filme é um diamante bruto de testosterona, este segundo filme é um diamante do mesmo quilate, só que lapidado. Se no primeiro The Raid a ação é toda em uma trama linear, e tudo acontece dentro do prédio; agora temos vários climas, vários cenários, vários personagens. E a violência extrema continua lá. E ainda melhorada.

Olha, vou contar para vocês: a violência nunca foi mostrada assim antes na história do cinema. Nunca antes o sangue jorrou de maneira tão bela! Estamos acostumados com o “padrão Marvel de violência” – sem sangue, sem gore. A violência aqui é crua, bem longe de Hollywood. A quantidade de sangue derramado e de ossos quebrados é muito grande, com detalhes visuais que chamam a atenção – a ponto de vermos um tiro de escopeta explodindo uma cabeça, sem corte.

Mas não falo de violência gratuita, está bem longe dos “torture porn” como O Albergue ou Jogos Mortais. A violência aqui acontece por causa das lutas. E, meus amigos, que lutas! Se no primeiro filme tínhamos umas duas ou três lutas memoráveis, aqui são mais de dez sequências antológicas, como a briga na lama do presídio e a excelente (e longa) luta final na cozinha.

Dois ótimos vilões novos aparecem, e, pena, foram pouco aproveitados. Mas as duas sequências com a Hammer Girl e o Baseball Bat Man são sensacionais. Digo mais: toda a “sequência do metrô” é uma aula de cinema – narrativa dividida em três, com uma trilha sonora instrumental perfeita sublinhando a tensão na dose exata. E a violência extrema correndo solta, o que a menina bate com os martelos deixaria a Beatrix Kiddo orgulhosa. Foi pouco, mas já prevejo um culto à Hammer Girl.

Falei que The Raid 2 não era linear como o primeiro, certo? E o que podemos dizer sobre a cena de perseguição de carro? Acho que nunca vi algo assim feito em Hollywood. Quase dá pra ouvir “chupa, Velozes e Furiosos!”…

O elenco, claro, traz de volta Iko Uwais, que está sendo comparado com Bruce Lee, e não é à toa – a cena (que está no trailer) onde ele pratica dando socos em uma parede não foi acelerada, ele bate daquele jeito mesmo! Uwais está presente em quase todas as lutas, acho que as duas únicas sem ele são com Yayan Ruhian, que fez o Mad Dog no primeiro filme (e que também estava em Merantau, primeiro filme de Evans, também estrelado por Iko). Outro excelente ator-lutador, a sequência do facão é impressionante. Ainda no elenco, Julie Estelle, Arfin Putra, Oka Antara e Alex Abbad.

A notícia triste é que, assim como o primeiro, The Raid 2 também está sendo muito mal vendido. Não tem previsão de passar no Brasil, assim como o primeiro, que foi direto para o mercado de home video. E, na sessão que vi, em Londres, tinham apenas 5 pessoas na sala do cinema – sendo que um casal de idosos saiu na metade do filme.

Depois de The Raid 2, o telefone do Gareth Evans deve estar frenético. Os Stallones, Stathams e Diesels da vida devem estar tentando contratá-lo para a sua estreia hollywoodiana (assim como Van Damme, que trouxe John Woo para os EUA em 1993). Mas vão ter que esperar, segundo o imdb, Evans agora está na pré produção de The Raid 3 – desde já um dos filmes mais esperados da década.

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Heu em Londres!

Divergente

0-DivergenteCrítica – Divergente

Ué? Já tá na época de um novo Jogos Vorazes? Ah, é outro filme…

Em um futuro distópico dividido em facções baseadas em virtudes, uma menina descobre que é uma Divergente e por isso não se encaixa em uma única facção. Quando ela descobre um plano para matar todos os Divergentes, ela precisa descobrir por que estes são perigosos – antes que seja tarde demais.

Rótulos, rótulos. A mídia precisa de rótulos, fica mais fácil de vender. Com o sucesso da franquia Jogos Vorazes, apareceu o rótulo “jovens adultos” pra classificar aquela garotada que cresceu com o Harry Potter e, mesmo sem admitr, acompanhou a saga Crepúsculo.

Claro que fariam mais filmes na mesma onda, né? Assim como as três franquias citadas no parágrafo acima, Divergente também é baseado em uma série de livros, escritos por Veronica Roth.

Tudo aqui lembra Jogos Vorazes, até o cartaz. Mas a história do filme dirigido por Neil Burger (Sem Limites) está mais próxima de Matrix – o escolhido que pode destruir o sistema. Tudo isso, claro, numa trama cheia de clichês. Todos os eventos esperados estão lá, tudo no seu lugar, tudo bem previsível.

Não achei muita lógica nesta sociedade distópica – por exemplo, não tem nenhum velho na Audácia? Mas, para mim, o pior de Divergente foi a temática adolescente. Tanto que a revista Capricho oferece um teste para você saber qual facção pertenceria…

O elenco não está mal. Shailene Woodley e Theo James fazem o par principal, e têm tudo para virarem nomes mais conhecidos. Ashley Judd está bem, apesar de parecer mais velha do que é (ela faz 46 anos esta semana, mas aqui parece ter mais de 50). Kate Winslet tenta fazer uma vilã mas não consegue acertar o tom. Ainda no elenco, Ray Stevenson, Zoë Kravitz e Maggie Q.

Divergente não tem fim, claro, é uma série de três livros. Mas o pior não é ter um fim aberto, o pior é que a gente já consegue adivinhar o que vai acontecer no próximo filme. Tomara que façam que nem na franquia “prima” Jogos Vorazes e a trama se desenvolva por um caminho menos óbvio.

Capitão América 2 – O Soldado Invernal

0-CAPITÃO-AMÉRICA-2Crítica – Capitão América 2 – O Soldado Invernal

Mais um (bom) filme da Marvel!

Após os eventos de Os Vingadores, Steve Rogers, também conhecido como Capitão América, vive em Washington, DC e tenta se ajustar ao mundo moderno. Mas quando um colega da S.H.I.E.L.D. é atacado, Steve se vê preso em uma rede de intrigas que ameaça colocar o mundo em risco, e conhece um inimigo formidável e inesperado — o Soldado Invernal.

Antes de tudo preciso falar que, desde a minha adolescência, nutria antipatia pelo personagem Capitão América, que sempre me parecia ser um símbolo do imperialismo norte-americano. Mas… admito que o primeiro filme do Capitão foi bem conduzido e me convenceu como um heroi assim pode se inserir no mundo globalizado contemporâneo.

Agora que o heroi não precisa mais de introdução, o filme já começa em ritmo acelerado. Os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely fizeram um bom trabalho, e o filme dirigido pelos pouco conhecidos irmãos Anthony e John Russo tem um excelente equilíbrio entre a tensão e o bom humor – principal característica que diferencia a Marvel da DC. Capitão América 2 – O Soldado Invernal não é comédia, mas tem seus momentos engraçados espalhados aqui e ali, como a lista de coisas que o Capitão perdeu. E a lápide que aparece no fim do filme é desde já uma das melhores piadas do ano!

Nick Fury e Viúva Negra têm uma participação maior aqui – não seria exagero dizer que a personagem de Scarlet Johansson é tão importante quanto o protagonista. Maria Hill aparece pouco, mas em momentos-chave; sei lá por que, o Gavião Arqueiro, que andava com a Viúva Negra, foi ignorado pelo roteiro. Ah, aparece um novo heroi, mas não digo qual… E temos um bom vilão novo também.

Capitão América 2 – O Soldado Invernal é um filme “independente”, mas segue a “linha temporal Marvel”. Se por um lado isso é muito legal – todos os filmes são interligados – por outro traz um dos poucos pontos fracos do filme. Assim como aconteceu em Homem de Ferro 3 e Thor 2, fica a pergunta: cadê o resto dos Vingadores? Na hora que o bicho pega, todos se esquecem do “time de super amigos”… Pelo menos a SHIELD está bem presente aqui.

O elenco traz de volta Chris Evans, Scarlett Johansson, Samuel L. Jackson e Cobie Smulders repetindo os seus papeis. De novidades, temos Robert Redford, Anthony Mackie e Sebastian Stan. E, claro, Stan Lee aparece em uma ponta.

Por fim, algo que os fãs de Marvel já sabem, mas é sempre bom lembrar: Capitão América 2 – O Soldado Invernal tem cenas depois dos créditos! Rolam uns créditos bem legais, num estilo que lembra o traço do Will Eisner, e logo depois vemos uma cena que aparentemente fará uma ligação com Os Vingadores 2. Depois temos os créditos convencionais – letrinhas subindo – e, ao fim, uma segunda cena, que deve fazer uma conexão com Capitão América 3.

Agora vamos esperar os próximos passos da Marvel, que ainda tem três filmes a serem lançados antes do fim do ano.

Crítica – 12 Anos de Escravidão

12_anos_de_escravidaoCrítica – 12 Anos de Escravidão

Um pouco atrasado, vi o ganhador do Oscar de melhor filme de 2014.

EUA pré Guerra Civil. Solomon Northup, um negro livre, morador de Nova York, é sequestrado, levado para o sul e vendido como escravo.

12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave, no original), é tudo aquilo que parece ser. Um excelente elenco em um filme apenas correto, e com uma história previsível, filmada de modo tão lento que beira o tédio. E, pra piorar, o título do filme já entrega um grande spoiler: já sabemos que ele será escravo por um bom período de tempo.

Muita gente incensou este filme porque ele se baseia numa história real, e realmente é uma história forte – um cara livre forçado a viver como escravo. Mas o desenvolvimento ficou tão didático que parece que o filme será adotado em escolas… Isso sem falar no “maniqueísmo de botequim”, onde querem que o homem branco se sinta culpado por erros históricos que nada têm a ver com ele.

Acho que uma das coisas que atrapalhou foi o azar de vir pouco depois do Django Livre do Quentin Tarantino, filme que também aborda o tema da escravatura, mas sob outro ângulo, mais ácido e irônico. Steve McQueen (o diretor contemporâneo, não o ator famoso nos anos 70) não é Tarantino, em todas as fotos de divulgação ele passa a impressão de ser um cara sisudo. Um sujeito sério, falando sobre um assunto sério. E parece que McQueen filmou tudo com o objetivo de ganhar prêmios, tudo é muito contemplativo, um monte de câmera parada filmando o nada, pro espectador “pensar”. Objetivo alcançado, levou o Oscar de melhor filme. Pena que o resultado, enquanto cinema, ficou devendo.

Apesar dos defeitos, 12 Anos de Escravidão não chega a ser ruim. Além de uma fotografia caprichada e um ou outro plano-sequência aqui e acolá, o filme tem um elenco inspirado. Michael Fassbender, em sua terceira contribuição com o diretor, mostra (mais uma vez) que é um dos maiores atores do cinema contemporâneo. Chiwetel Ejiofor também está muito bem, passa segurança no papel principal. Curiosamente, a única pessoa do elenco que ganhou o Oscar foi a Lupita Nyong’o, que não está mal mas tem um papel apenas burocrático. Ainda no bom elenco, Paul Giamati, Benedict Cumberbatch, Paul Dano, Sarah Paulson, Alfre Woodard, Garret Dilahunt e uma ponta de Brad Pitt, também produtor (ganhou seu primeiro Oscar este ano por isso!).

Pena que, no fim do filme, em vez de uma reflexão sobre a escravatura, a mensagem que fica é “por que Solomon esperou 12 anos para falar com alguém sobre o seu problema?”

Noé

0-noe1Crítica – Noé

Novo blockbuster bíblico?

Um homem é escolhido por Deus para uma missão de resgate de todos os animais da Terra, antes que um dilúvio apocalíptico destrua o planeta.

Tem gente achando que é um blockbuster, né? Ué, não viram quem é o diretor? Darren Aronofsky, o mesmo de Pi e Réquiem Para um Sonho? Claro que o filme não será convencional!

Noé falha logo de cara, no seu conceito mais básico. É uma história bíblica, todo mundo conhece, então não dá pra inventar muita coisa. Agora, se o Darren Aronofsky queria inovar, deveria ter chamado o seu filme de outro nome, como “Norberto” ou “Nerval”. Porque Noé, o filme, parece que se passa em outro planeta. Vemos estrelas no céu mesmo de dia, e gigantes de pedra, com quatro braços e olhos luminosos, dividem as terras com os humanos.

Me parece que Aronofsky quis criar um clima onírico, talvez pra justifcar as viagens de ácido que tem no roteiro (co-escrito por ele mesmo). Afinal, fica mais fácil “comprar a ideia” de um dilúvio onde a água também brota do chão ou uma fumacinha mágica que faz os animais chaparem por tempo indeterminado – serve para TODOS os animais, mamíferos, aves, répteis, mas não afeta os humanos.

Ainda tem o personagem Matusalém, interpretado pelo grande Anthony Hopkins. A melhor definição para este personagem ouvi do meu amigo Eduardo Miranda: Matusalém é o Mestre dos Magos! Não só ele é careca em cima da cabeça mas com longos e lisos cabelos brancos na laterais, como é um velhinho que aparece apenas em momentos-chave, capaz de mágicas poderosas que resolvem problemas pontuais, mas que sempre fala frases incompletas e some logo depois. Pô, se a mágica do Matusalém é tão poderosa, por que ele não ajuda na hora do pega pra capar?

(E por que Noé o deixou de fora da arca é outra coisa que nem vou perguntar…)

O resto do elenco parece tão perdido quanto Hopkins. Russell Crowe me parece um pouco “gladiador” demais, sempre imaginei Noé como um velho sábio e tranquilo. Jennifer Connelly e Emma Watson estão desperdiçadas em papeis sem sal. Ray Winstone está bem até começar a chuva, depois seu papel vai ladeira abaixo. Logan Lerman e Douglas Booth parece que só estão no filme por serem rostos bonitinhos. E diz a lenda que temos as vozes de Nick Nolte e Frank Langella como vozes dos monstros de pedra, mas as vozes têm tantos efeitos que na verdade tanto faz quem dublou.

Ainda sobre a arca: o roteiro vai tropeçando até o dilúvio. Mas o filme piora muito quando toda a ação vai para dentro da arca. Spoiler leve: tem personagem desnecessário escondido na arca, tire o personagem, nada muda no rumo do filme.

Outro problema: Noé tem um maniqueísmo que chega a incomodar. Todos os descendentes de Caim são malvados que merecem ser varridos da face da Terra por uma enchente gigantesca – aparentemente só porque não são vegetarianos, segundo o filme, comer carne deve ser um pecado tão terrível que leva os pecadores direto ao inferno. Já o descendente de Seth pode ameaçar matar crianças que não deixa de ser o “mocinho”.

Nem tudo é ruim. Os efeitos especiais são excelentes. Parece que não tinha nenhum animal no set de filmagens, é tudo cgi – e são perfeitos! Os efeitos que mostram a criação dos monstros de pedra também foram impressionantes. O dilúvio em si também é muito bem feito. E tem uma breve sequência muito boa que mostra guerras ao longo dos tempos.

Mas é pouco, muito pouco. Noé está sendo vendido como um grande blockbuster, e está longe disso. E isso porque nem vou entrar na polêmica religiosa. Desculpem o trocadilho óbvio, mas Noé vai naufragar nas bilheterias…